domingo, 18 de maio de 2014

ESTÉTICA: A ARTE E O MUNDO DOS SÍMBOLOS (Prof. José Antônio Brazão.)


Dentre as grandes formas de expressão da percepção humana do mundo circundante encontra-se a arte. E nela se encontram diversidades de expressão: a pintura, a escultura, a literatura, o desenho, a música com suas diferenciações (clássica, hip hop, rock, sertaneja, instrumental, oral, oral-instrumental, etc.), a modelagem, a arquitetura, além de muitas outras. A arte é linguagens carregadas da capacidade de transmitir ideias e valores, em cada tempo da história. Através dela pode-se justificar ou criticar a realidade social, econômica e política, comunicar valores como o amor ou o ódio, a alegria ou a tristeza, dentre outros tantos usos e significações.

A arte é muito antiga: agrupamentos humanos que viviam junto ao mar, há milhares de anos, perfuravam conchas e as entrelaçavam com linhas feitas de fibras e formavam colares, com certeza usados, por exemplo, como enfeites e formas de embelezamento das mulheres. A vaidade, seguramente, é antiga e significativa! Houve outros grupos que, vivendo nas cavernas, ao aprender a dominar a técnica de extrair cores de certas rochas e\ou do carvão e\ou de plantas, misturando um pouco de água e\ou cuspe, fizeram pinturas em paredes de suas respectivas cavernas.

As mais famosas pinturas rupestres de cavernas são, provavelmente, as de Lascaux, na França, em razão do detalhismo nelas presente. Mas também encontráveis até no nordeste e no norte do Brasil. Isto prova a importância dos elementos artísticos para a vida das pessoas primitivas, seja como formas de certo domínio ritual sobre os animais que eram caçados (muitas pinturas rupestres são, de fato, de animais), para dar sorte nas caçadas, seja como forma de registro para outras pessoas, num tempo em que a escrita propriamente dita ainda não havia surgido.

A pintura do corpo, seja no momento dos rituais de passagens de fases da vida, seja como preparação para a guerra, seja para separar os chefes ou por qualquer outro motivo, foi ainda outro tipo de arte presente em tempos bem recuados, sendo, aliás, ainda em nosso tempo. Curiosamente, quanto ao corpo, a estética facial, a modelagem corporal, a maquiagem, a radicalidade das tatuagens, dentre outras, são formas vivas do quanto as pessoas são capazes de usar a arte para transmitir ideias de beleza, de atratividade humana, de expressão do amor ou do desejo de transmitir certas mensagens, de pertença a algum grupo (a alguma tribo, como se diz no dia a dia) ou até de crítica social e política  (há pessoas que tatuam símbolos políticos e\ou sociais).

Outra arte fundamental, desde o momento em que os seres humanos primitivos aprenderam a articular a linguagem falada, foi a arte de contar histórias. Para tanto, a capacidade de criar (a criatividade) e a imaginação foram fundamentais, aliadas à observação do mundo, à curiosidade e ao desejo de entender a realidade, inserindo nela a vida da tribo, das pessoas, dos seres humanos. A arte de contar histórias chegou a um grau tão grande e significativo que passou a ser usada como um meio educativo de transmissão de valores e ideias às novas gerações, como meio, juntamente com a religiosidade, de criar mitos, formas primitivas de explicação do mundo, tão fortes que até hoje são usados na arte contemporânea, desde a pintura, passando pela ciência psicanalítica e junguiana, até o cinema (inúmeros filmes contêm elementos da mitologia greco-romana, chinesa e de outros povos).

Ao sair das cavernas e com a sedentarização de grupos e tribos, a arte da arquitetura, em diferentes sociedades, para uso público ou privado e como forma de embelezamento e de poder: pirâmides no Egito e na América Central, zigurates na Mesopotâmia, prédios públicos e templos magníficos nesses lugares, na Grécia e em Roma. No mundo atual: grandiosas e magníficas obras arquitetônicas em muitos lugares.

Retomando o campo do relato do sagrado, do mítico, a arte de contar histórias foi enriquecida com a invenção da escrita. Dois bons exemplos disto, no mundo ocidental, foram Hesíodo e Homero, poetas gregos que viveram há vários séculos antes de Cristo e cujas obras-primas (Teogonia, Os Trabalhos e os Dias, do primeiro; Ilíada e Odisseia, do segundo) foram copiadas e recopiadas, transmitidas e retransmitidas ao longo dos últimos milênios, chegando aos tempos atuais.

Com o passar do tempo e com a complexificação das relações político-economico-sociais, a arte foi também complexificando-se. No campo religioso, por exemplo, com o surgimento das cidades e de novos deuses que antes não existiam em tribos caçadoras. Houve a incorporação, em alguns casos (o gregos, por exemplo, adoravam Pã, Diana e outros), de deuses da caça e do campo. O fato é que, juntamente com as novidades, com as novas relações sociais e políticas, a arte também foi tomando novas formas: no Egito antigo, na Grécia antiga, na Mesopotâmia com suas cidades-estados, Persas, além de outros povos antigos, a arte foi aprimorada a um alto grau de desenvolvimento: formas e contornos mais precisos e naturalísticos, uma imensa quantidade de tonalidades de cores, com novas técnicas de produção material destas, etc. A arte também passou a expressar, mais profunda e significativamente, o poder: desde o poder político-social humano até o poder de deuses e deusas e, com estes, dos seus representantes religiosos, os sacerdotes e as sacerdotisas.

E quanto aos mundos mitológicos greco-romano e egípcio, vale a pena lembrar que a poesia dos aedos (poetas), no caso dos gregos, ou dos sacerdotes, no caso dos egípcios, a escrita e a escultura de deuses e deusas, juntamente com a pintura nas paredes, com a arte da ourivesaria e outras ligadas ao culto das divindades, mostram o quanto tipos diferentes de artes podem ser usados. No mundo atual, curiosamente, nos meios de comunicação social e, para citar novamente, no cinema, pode-se perceber claramente a conjugação de diferentes artes, tanto auditivas quanto visuais, gráficas e computacionais, tornando-os fortemente atrativos, convidativos. Conjunção de formas artísticas com finalidades comerciais (incentivo ao consumo e ao consumismo), políticas (artes usadas para transmitir ideias de poder e para garantir sua manutenção), ou simplesmente para expressar o amor e a vida, as relações entre as pessoas, dando a tais relações significados novos. Conjunção também presente igualmente em tendências artísticas, com sua rica expressividade e sua beleza própria, sem desmerecer toda a riqueza do caráter histórico da arte e que acrescentam à história desta algo novo ou revisto com novos olhos, dentro de cada contexto.

Os filósofos também pensaram a arte. Para Platão (grego, séculos V\IV a.C.), como expõe na República, a arte é uma imitação da imitação, uma cópia da cópia do mundo inteligível, isto é, cópia imperfeita do mundo sensível, que é, por sua vez, cópia do Mundo das Ideias (mundo inteligível). Para Hegel (séculos XVIII\parte do XIX d.C.), em sua Fenomenologia do Espírito, uma manifestação do espírito objetivo e do conjunto da evolução do espírito, desde o espírito subjetivo, passando pelo objetivo, até o momento em que o espírito (a cultura humana tomada em um caráter abstrato, ou seja, a nível de pensamento, separadamente do real) alcança seu nível mais alto: o espírito absoluto. Para Nietzsche (séc. XIX) a arte carrega a vitalidade da vida, uma manifestação dos princípios apolíneo e dionisíaco, da dialética entre a preocupação com a precisão e a ponderação do apolíneo, o desequilíbrio (como a da embriaguez do vinho produzido nas vinhas de Baco-Dioniso), a desordem, a vitalidade e a alegria do dionisíaco. Para Marx e Engels, também do século XIX, como mostram, por exemplo, o Manifesto do Partido Comunista e A Ideologia Alemã, a arte faz parte da superestrutura nascida da base econômica, da produção da vida material e das relações que aí se estabelecem a cada época da história.

No século XIX, Freud e Jung, os grandes pesquisadores da psicologia humana, souberam explorar bem o conhecimento da arte e de como nela encontram-se também elementos da expressão do inconsciente humano, como forma de sublimação dos impulsos sexuais (Freud) ou como expressão do inconsciente coletivo da humanidade e da capacidade criativa do inconsciente (Jung). Com certeza, a arte é uma das grandes manifestações da criatividade consciente e inconsciente humana. No século XX, Adorno e Horkheimer, ambos da Escola de Frankfurt, chamaram atenção para a transformação econômica da arte, como objeto de consumo e servindo ao mundo do consumo, por meio da indústria cultural. É claro, mesmo percebendo que essa indústria é capaz de incorporar diferentes formas de arte, souberam distinguir, por exemplo, entre o tipo próprio, mais comum da música da indústria cultural (citam, p. ex., entre outras, o jazz, marcante em sua época), com suas repetições e pouca complexidade, que atinge um grande público, e as obras da música clássica, com sua rica complexidade.

Curiosamente, nos primeiros meses de 2014, uma discussão acerca da arte e de sua relação com a vida social e a indústria cultural abriu-se, por ocasião de uma prova aplicada para estudantes em Brasília, em torno de uma pergunta proposta por um professor de Filosofia, o que mostra a atualidade da discussão frankfurtiana.

No mundo atual, a arte encontra-se espalhada em muitos lugares: nas ruas (p. ex.: cantores e cantoras de ruas, grafites nos muros, na arquitetura dos prédios), nas paredes de diversas repartições públicas, nos teatros, nos ateliês, nos museus e assim por diante.

Enfim, manifestada como expressão do espírito humano e mesmo posta em leves ou acirradas discussões, o fato é que sem a arte, com certeza, a vida humana tornar-se-ia entediante e poderia perder muito de sua riqueza humanístico-cultural e até mesmo de sua história (arqueólogos, pesquisadores e historiadores que o digam!).

Professor(a) de Filosofia: (1) proponha um trabalho em grupos sobre a arte em diferentes épocas da história da arte, através de cartazes, slides e\ou vídeos produzidos pelos e pelas estudantes; (2) que tragam o resultado para a sala de aula e discutam, explorando diversos aspectos da arte e refletindo sobre eles; (3) a seguir, por diferentes meios, trabalhe com textos de filósofos(as), de diferentes épocas da história da Filosofia, sobre a arte e, com as turmas, como eles(as) dela tratam; (4) reflita com as turmas sobre a arte e a estética hoje e seus aspectos econômicos, sociais, políticos e ideológicos e como, mesmo ligada a estes, a arte manifesta profundamente o humano, demasiadamente humano.

terça-feira, 13 de maio de 2014

OS SÍMBOLOS PARTE 2: OS SÍMBOLOS E AS RELAÇÕES DE PODER: (Prof. José Antônio Brazão.)

Se os símbolos, como foi visto antes, são parte integrante da vida humana, vitais à existência, também podem marcar ou definir relações de poder no interior das sociedades, historicamente situadas. Mesmo em agrupamentos menores, como as tribos indígenas, por exemplo, há símbolos de poder: os cocares dos chefes, os colares, as tatuagens dos pajés, de chefes e guerreiros, as vestimentas cerimoniais, dentre outros elementos, demarcam claramente relações de poder.

No Japão medieval, as bandeiras dos clãs, as roupas dos chefes, as armaduras e outros elementos das vestimentas dos samurais, por exemplo, constituíam símbolos de poder, de separação e de prestígio social, de definição entre quem manda e quem é comandado.

No Egito antigo, as pirâmides foram e ainda são (pois continuarão existindo por muito tempo) estruturas arquitetônicas imponentes do poder dos faraós, símbolos de poder visíveis a longas distâncias. Além delas, as vestimentas ricamente elaboradas, algumas das quais cravejadas de ouro e pedras preciosas e semipreciosas, as pinturas no corpo, os palácios ricamente elaborados e fortemente construídos, lembravam a todos o poder divino no faraó, poder sustentado também pelos símbolos, pelos relatos (mitos) religiosos e pelos sacerdotes. Curiosamente, os sacerdotes egípcios costumavam raspar o corpo e estavam dentre aqueles poucos que conheciam um símbolo fundamental, até mesmo de poder: a escrita hieroglífica, também dominada por escribas. A maioria do povo não conhecia a língua escrita. Portanto, quem a conhecia dispunha também de poder.

Ainda quanto ao conhecimento da língua escrita e da interpretação dos textos sagrados, que definiam a vida e até mesmo constituíam-se como normas legais, os sacerdotes israelitas (saduceus, fariseus e sacerdotes do templo de Jerusalém), até nos tempos de Cristo e tempos depois, juntamente com os escribas, estavam entre os poucos letrados no antigo Israel. Consequentemente, eram os únicos que podiam interpretar as leis judaicas condensadas nas sagradas escrituras, contribuindo, deste modo, para manter seu poder e o poder dos reis, em meio a uma população cuja maioria era, sem dúvida, analfabeta. E quanto a outros símbolos de seu poder, as roupas sacerdotais ricamente decoradas (vejam-se, por exemplo, descrições nos livros bíblicos do Levítico, do Êxodo, do Deuteronômio e dos Números), os altares aos quais somente eles tinham acesso, dentre outros, marcavam uma clara separação entre o sagrado e o profano, entre quem tem acesso direto a Deus e à interpretação de suas leis e quem deve seguir suas normas, divinamente definidas. Ao poder divino, sagrado, sacerdotal, aliava-se o poder legal e político.

Quanto aos reis e rainhas, faraós e outros chefes, durante muito tempo, o seu poder era reforçado simbolicamente pela escolha divina, pela bênção e pela coroação feita por sacerdotes. Por quê? Porque o poder político, investido de poder religioso, contribuía para reforçar a obediência de súditos e súditas, mantendo seu respeito por aquele(s).

As construções também (as pirâmides, comentadas acima, por exemplo) eram e são, ainda hoje, símbolos da imponência do poder político: palácios, templos, tribunais, prédios de ministérios, dentre outras edificações, além de locais de trabalho dos dirigentes, meios simbólicos de demonstração do poder político e ideológico.

Estátuas e monumentos encontram-se entre outros elementos simbólicos de poder: Alexandre Magno e os imperadores romanos souberam usar de estátuas e bustos, em cópias espalhadas pela totalidade de seus respectivos impérios, lembravam aos súditos quem manda e quem deve obedecer. Ora mostravam o poder de dar vida, ora de, se necessário, matar, ora com símbolos militares, ora mostrando-se, ao mesmo tempo, brandos, capazes de sujeitar inimigos (a coluna de Trajano é um bom exemplo) e firmes em seu poder.

Além dos prédios imponentes e das estátuas, em pedra ou bronze, também as estelas, os obeliscos, as colunas ricamente esculpidas, os zigurates, as esculturas em paredes mostrando vitórias sobre inimigos (o palácio de Persépolis, do antigo império persa, é um exemplo), os inimigos presos mostrados em paredes e montanhas, eis aí mais símbolos vivos do poder.

Curiosamente, ainda hoje, escolas, repartições públicas e outras trazem a foto do(a) presidente da república, do(a) governador(a), do(a) prefeito(a), do rei ou da rainha, lembrando aos cidadãos e cidadãs que, para além daquele ambiente em que se encontram, há um(a) chefe, um(a) líder, com grande poder, respaldado(a) pelo referendo popular ou por transmissão familiar (dinastia) ou por determinação religiosa ou por conquista. É claro, nenhum(a) líder dirigiu ou dirige sozinho(a) seu país ou seu império, precisando de ministros, sacerdotes, generais, administradores e outras pessoas constituídas de certo poder para poder mandar. Aí, interessantemente, o poder da classe ou da casta ou estamento social a quem o(a) governante representa ou da(o) qual até mesmo faz parte e cujo poder econômico, político e social é mantido.

Os símbolos militares, definindo as patentes de cada tipo de militar, lembram da hierarquia de poder e de obediência no mundo militar e de respeito no mundo social e político.

Em termos econômicos, prédios comerciais, marcas de roupas e outras tantas, logotipos, imagens, outdoors, revistas prestigiadas de moda, de carros e outros, em outras mídias (a televisão, que é mais vista pela maioria da população), etc., são símbolos claros do poder econômico, social e de prestígio de empresas e de grupos nacionais e multinacionais. São símbolos do poder e da força dos grupos e classes cujo poder econômico é grande e que é preciso ser mantido e lembrado, reforçando-o e mesmo ampliando-o significativamente.

Professor(a), proponha para as turmas um levantamento de símbolos de poder político, econômico, social e ideológico, com cartazes ou em vídeos ou slides feitos por grupos, em diferentes povos e épocas da história e, especialmente, no mundo atual. Cada grupo pode ficar encarregado de uma etapa (momento) histórica(o) ou de um povo ou de um aspecto atual dos símbolos no poder político, religioso, econômico, etc. A seguir, cada grupo ficará encarregado de apresentar os símbolos de poder que conseguiu, com sua pesquisa e seu trabalho, obter. A pesquisa de tais símbolos poderá ser feita no laboratório de informática da escola e\ou na internet em casa e\ou em livros e revistas existentes na biblioteca da escola e\ou outra biblioteca a que os grupos tenham acesso. Pode ser um trabalho imensamente enriquecedor do aprendizado de Filosofia! Ademais, pode ser feito de forma interdisciplinar, com a ajuda da História, da Geografia e de outras áreas do conhecimento estudadas nas escolas.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Por que o coelho foi escolhido para a Páscoa e não o cachorro, que é “o melhor amigo do homem”? O ser humano e os símbolos. (Prof. José Antônio Brazão.)

             Por que o rei e a rainha usam coroa(s)?

Por que se usa anel de casamento e por que se chama aliança? Há povos em que o casamento é reconhecido por outro(s) símbolo(s).

Por que são necessárias as placas de trânsito?

O que as placas de trânsito significam?

Por que “o diabo foge da cruz” [dito popular]?

Por que razão os ovos de Páscoa?

Por que o coelho foi escolhido para a Páscoa e não o cachorro? O cão não é “o melhor amigo do homem” [dito popular]?

Desenhos nas cavernas, marcas em pedras e outras rochas, pequenas estatuetas em forma de mulheres, bandeiras, placas, escritas diversas, diferentes línguas e linguagens, entre muitos outros símbolos, são formas de expressão humana e de sua necessidade vital. Sem dúvida, nenhum ser humano, homem ou mulher, criança ou adulto ou ancião(ã) consegue viver sem símbolos. Desde tempos recuados, há milhares de anos, eles vêm se tornando parte fundamental da vida de cada pessoa e marcam uma grande diferença entre o humano e o animal.

Símbolos da linguagem oral, visual, dos gestos, que apelam para os diferentes sentidos humanos. Símbolos matemáticos, geográficos, climáticos, dentre tantos outros, nas mais diversas ciências. O que são símbolos? A palavra, em si, provém do grego symbolon, significando aquilo que está no lugar de outro ser para representa-lo.  De fato, todo símbolo é, na verdade, uma representação.

Representação, por sua vez, é re-present-ação, literalmente: ação de tornar novamente (re-) presente. Uma palavra torna presente, por meio de seu significado, um animal, como, por exemplo, cavalo. Quando se diz cavalo, logo vem à mente a imagem daquele animal. Uma placa de trânsito pode indicar uma curva acentuada à direita ou à esquerda, tornando presente à mente da(o) motorista a indicação de que adiante encontrará uma determinada curva no caminho. E assim por diante. Portanto, são os símbolos que tornam possível a vida humana.

A comunicação entre pessoas ocorre através de símbolos: o pedido da mãe à filha usando palavras e\ou gestos, uma história contada pela avó, um caderno de desenhos, um quadro de Van Gogh, todos são meios simbólicos de comunicação de mensagens, de ideias. Este texto também.

Os símbolos exigem o trabalho mental da abstração. Abstração é, literalmente: ação de tirar para fora. Para fora de quê? Da realidade sensível, transformando os seus elementos em ideias, as quais, por sua vez, acabam por remeter, simbolicamente, à realidade: a ideia contida no símbolo da placa, as ideias contidas nas palavras da avó que conta a história, e assim por diante. Os símbolos correspondem a ideias, as quais, por seu turno, juntas, permitem a formação de pensamentos.

Os homens primitivos, antes do nascimento das línguas, para se comunicarem uns com os outros, faziam uso de gestos e sons, os quais, com o decorrer do tempo, foram aumentando e se complexificando, até formarem linguagens mais complexas (mais repletas de símbolos), conforme os lugares e ambientes aqueles foram se encontrando, em seu vagar pelo mundo afora, em bandos, e, depois, no momento em que parte deles se sedentarizaram.

Hoje vive-se em um mundo permeado de símbolos: ao ligar um celular, ao falar com alguém em uma língua qualquer, ao sair de casa e deparar-se com um outdoor, aquela tabuleta contendo informações de certo produto em um supermercado, além de outros tantos. Porém, algo é exigido: conhecer os símbolos e entender seus significados. Ora, uma pessoa que jamais estudou sueco dificilmente poderá entender o que uma pessoa da Suécia diz em sua língua, principalmente se as palavras não forem acompanhadas de gestos. Portanto, entender os símbolos com os quais uma dada sociedade expressa sua vida é fundamental para se poder viver dentro dela, ainda que possam haver, com certeza, alguns símbolos universais ou universalizados.

Curiosamente, muitas vezes, enquanto se comunicam por meio da língua, a esta acompanham os gestos. De onde veio isto? Da própria pré-história humana, quando, por falta de termos ou de sons que correspondessem a certos seres, as pessoas faziam gestos para os indicarem. E, no transcurso da história, tal forma de comunicação, aliando gesticulação e palavras faladas, acabou incorporando-se nas pessoas. Ainda hoje, em pleno século XXI, se faz uso das palavras e de gestos que remetem aos significados daquelas.

Os símbolos, é claro, não são eternos, não permanecem para sempre. Sofrem mudanças, podem até ser substituídos, criticados, bem ou mal aceitos, conforme o que signifiquem, enfim, transformados (p. ex.: a suástica, em sua origem religiosa oriental, é símbolo da vida e de suas vicissitudes, contudo, por causa dos nazistas, no mundo ocidental, principalmente, tornou-se lembrança de algo negativo do passado histórico: muito sofrimento e morte).

As religiões são permeadas de símbolos: a cruz, no cristianismo, lembra a morte (crucifixo: cruz com Jesus nela pregado) e a ressurreição (simbolizada na cruz vazia) de Jesus; a estrela de Davi para os judeus, com suas seis pontas (em seis dias Deus fez o mundo, conforme o capítulo um do livro bíblico do Gênesis; a estrela lembra também a luz); a estrela que conduziu os magos até Jesus; a lua crescente do Islã, que simboliza a beleza e a força, o despontar crescente da luz que ilumina (a iluminação da lua vai crescendo até esta ficar toda iluminada e esparramar a luz no céu noturno, como a fé que cresce e se difunde ou a luz divina que ilumina o caminho das pessoas).

E por que a internet, a televisão e os meios de comunicação em geral são tão atraentes? Por que estão carregados de imagens e sons, com cores, formatos, sonoridades e outros elementos muito enriquecidos simbolicamente e, sem dúvida, atraindo com fins comerciais. Com efeito, todo símbolo contém elementos sensoriais e a estes remetem: cores, sons, cheiros (os perfumes, por exemplo), formatos geométricos, além de tantos outros. Tais símbolos, como muitos outros, mexem profundamente com a psique humana, isto é, com a mente e o inconsciente humanos, daí serem usados para chamar a atenção das pessoas e até para atraí-las, conseguir sua anuência (aceitação, concordância) e até sua audiência, levando-as a agir, a buscar.

Logo, pode-se ver que o ser humano, que forja os símbolos, acaba sendo também forjado por eles, como numa dialética. E, para que não se percam, são constantemente usados (as línguas que o digam), relembrados, revividos, até mesmo reverenciados (a cruz, por exemplo, reverenciada, isto é, profundamente respeitada, por cristãos, ainda que não idolatrada), alguns se perdem, outros surgem, fruto da criatividade humana.

Símbolos podem ser usados para o bem e para o mal. As procissões religiosas, de diferentes religiões, no passado e no presente, foram ou são carregadas de elementos simbólicos. As passeatas, no Brasil e em outros lugares do mundo, contêm cartazes, faixas, além de muitos outros elementos cuja carga simbólica aponta para a necessidade de certos bens sociais e para uma profunda preocupação com a vida coletiva. A cruz vermelha, numa placa de estrada, lembra que logo à frente há um hospital ou que se está próximo de um posto de atendimento médico. Os nazistas e fascistas fizeram largo uso dos símbolos: em desfiles, passeatas, discursos públicos em praças lotadas, havia centenas de bandeiras contendo imagens, músicas, fardas, dentre muitos outros, símbolos de força, de poder, infelizmente usados para defender a ambição e a dominação de seres humanos. Enfim, os símbolos são paradoxais.

Os símbolos, matemáticos e linguísticos, também permitem o avanço das ciências: fórmulas matemáticas, a sequência em letras do DNA humano ou de qualquer outro ser vivo em estudo, os símbolos que aparecem na lógica filosófica (formal ou simbólica, matemática), fórmulas da Física, dentre outros tantos recursos simbólicos científicos. O próprio Galileu Galilei, no século XVII, como Pitágoras bem antes dele, dizia que o universo está carregado de linguagem matemática e que para conhece-lo é preciso conhecer tal linguagem: os símbolos (números, formas geométricas e outros elementos).

A compreensão dos símbolos é, como se pode ver, fundamental à sua interpretação e, consequentemente, ao seu uso. E o uso e esse entendimento dos símbolos são igualmente fundamentais para que haja ciência, literatura, comércio e tantas outras coisas, enfim, para que as pessoas se humanizem. O próprio aprendizado na família, na escola, em todo lugar, ocorre por meio de símbolos. Os poetas e escritores, até mesmo os cientistas e filósofos, assim como os contadores de histórias, sabem bem da carga simbólica das metáforas, das figuras de linguagem e da imaginação.

Professora, professor, faça um levantamento com suas turmas, na escola, de símbolos que são usados no dia a dia e que façam uma pesquisa sobre símbolos usados no trânsito, nas religiões, nas ciências e em outras manifestações humanas. Peça para os grupos trazerem para a sala de aula tantos símbolos quantos puderem encontrar. Depois, discuta com essas turmas o caráter econômico, social, político, afetivo, etc., de tais símbolos, buscando, inclusive, entender em que eles se fundamentam e o que eles apontam. Bom proveito!

sábado, 5 de abril de 2014

USANDO RECURSOS DE COMPUTADOR E INTERNET NO ENSINO DE FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)

BLOGS de Filosofia podem ser feitos por professores, professoras e estudantes no estudo-aprendizado filosófico. Ex.: este site, além de outros também muito ricos (procure, investigue, e você, professor, professora, descobrirá).

ENCICLOPÉDIAS ELETRÔNICAS (Ágora, Encarta, da Universidade Stanford, Wikipedia, Brittanica Escola Online, além de outras que podem ser descobertas). As que forem de línguas estrangeiras, professor(a), não tema fazer uso delas, pois costumam ser muito ricas. Para tanto, use tradutores online. Em caso de dúvida na tradução, use mais de um tradutor online. Estes podem ser encontrados através de sites de busca (Google, MSN, Yahoo, UOL, etc.).

FILMES E VÍDEOS. Por exemplo, no YOUTUBE. Há muitos filmes de filosofia e ligados a temáticas filosóficas no Youtube. No site da TV ESCOLA há também muitos vídeos em sua Videoteca. Vale a pena dar uma olhada e fazer um levantamento para se poder ver o que pode ser aproveitado no ensino de Filosofia.

IMAGENS DE FILÓSOFOS E TEMAS FILOSÓFICOS podem ser encontrados, por meio de sites de pesquisa, na internet.

JOGOS ONLINE LIGADOS À FILOSOFIA. Ex.: no Só Filosofia (www.filosofia.com.br).  

LIVROS E TRECHOS DE LIVROS ligados à filosofia podem ser encontrados na internet e em boas enciclopédias online. Há audiobooks (livros orais) de filosofia, inclusive. O site DOMÍNIO PÚBLICO, por exemplo, contém muitos textos ligados à filosofia e áreas afins, cedidos gratuitamente e expostos ao estudo e à consulta de cada cidadã e cidadão.

MAPAS ONLINE. O Google Earth contém muitos mapas virtuais que podem ser úteis no ensino de Filosofia. A vantagem deste é que podem ser feitas verdadeiras viagens virtuais. Além dele, por meio de sites de pesquisa, por meio do recurso imagens desses sites, podem ser encontrados mapas e informações cartográficas muito ricos para o ensino e a aprendizagem filosóficos. As enciclopédias citadas também têm.

MÚSICAS LIGADAS A TEMÁTICAS FILOSÓFICAS. Por exemplo: no site Vagalume, além de outros que podem ser encontrados através de sites de busca. A vantagem destes é que costumam ter as músicas e suas respectivas letras. Estas podem ser projetadas na parede da sala de aula ou do laboratório de informática ou da sala de vídeo com o auxílio de um data show.  Uma boa música pode fazer todo diferencial no aprendizado de certos conteúdos de filosofia e reforçar o aprendizado. Aparelhos de som, com CD, podem servir também.

RÁDIO ESCOLAR, com uso de recursos de áudio e som, até mesmo de imagens, do computador. Muitos assuntos e ideias que tenham relação com a filosofia podem ser apresentados e discutidos na rádio escolar, presente em muitas escolas pelo Brasil e o mundo afora.

SITES DE BUSCA, por assunto (a filosofia e sua história têm muitos assuntos). Ex.: Google, Yahoo, MSN, UOL, etc. O tema filosofia, pesquisas sobre filósofos e ideias filosóficas, dentre outros materiais.

SITES DE FILOSOFIA NA INTERNET (além deste, professora, professor, pesquise e descubra outros). Os sites de busca podem ajudar. Podem ser utilizados em pesquisas feitas pelos e pelas estudantes (ver um modelo de proposta de pesquisa simples neste site FILOSOFIA NO DIA A DIA), na exposição e discussão de conteúdos, além de outras maneiras que podem ser exploradas.

SOFTWARES (PROGRAMAS DE COMPUTADORES) DE ESCRITA (EX.: WORD, da Plataforma Windows, e BrOFFICE WRITER, da Plataforma Linux). Podem ser úteis para muitos tipos de trabalhos de estudantes e professores(as) ligados à filosofia: pequenos textos, redações filosóficas, jornalzinho filosófico, revista filosófica, tabelas,  revista em quadrinhos (gibis) filosófica(os), cartas, poesias, além de muitos outros tipos. Cabe a cada professor(a) conhecer mais e mais tal recurso e aproveitar tudo o que há de bom nele e, sem dúvida, em outros softwares.

SOFTWARES DE BILHETES E CARTAZES podem ser muito úteis na elaboração de pequenos comunicados e exposições simples e básicas de ideias filosóficas, sem perder a profundidade necessária.

SOFTWARES DE DESENHO E CORES podem ser muito úteis no trabalho de elaboração de desenhos ligados a muitas ou, talvez, todas as temáticas da filosofia.

SOFTWARES DE ELABORAÇÃO DE VÍDEO. Professores(as) e estudantes podem fazer excelente uso da elaboração de vídeos relacionados aos temas de Filosofia estudados em sala de aula e até mesmo para além deles. Um vídeo bem elaborado por professores, professoras e estudantes, em Filosofia, pode ser uma rica fonte de aprendizado, tanto na sua elaboração quanto na sua exposição, pois demanda muito trabalho: pesquisas, leituras, levantamento de imagens, de sons, de músicas possíveis de utilização, além de outros recursos que tais softwares costumam dispor. Tanto na plataforma Windows quanto na plataforma Linux podem ser encontrados softwares de elaboração de vídeos muito bons.

SOFTWARES DE SLIDES. Slides são um recurso muito rico de aprendizado dos conteúdos escolares e, particularmente, de Filosofia. Nos slides podem haver imagens, desenhos filosóficos feitos por estudantes e professores(as) escaneados, rostos, paisagens, pequenos textos, etc. Neste caso, é preciso também um data show, para se poder projetar os slides. Estudantes podem ser convidados(as) a elaborar conjuntos de slides de filosofia. O laboratório de informática escolar pode ser de muito valor e apoio para este e outros trabalhos.

SOFTWARES DE TABELAS E PLANILHAS: resumos e tabelas de filosofia podem ser feitos por professores, professoras e estudantes.

 É preciso atentar para a possibilidade de trabalhos interdisciplinares, que envolvam vários conteúdos (matérias) estudados, juntamente com a Filosofia. Ademais, professor(a), explore outros recursos de computador com potencial para o ensino de filosofia, durante as aulas (é preciso bom planejamento) e em casa, além do laboratório de informática escolar (o MEC, na última década e ainda hoje, continua fornecendo bons laboratórios para as escolas públicas, através do PROINFO; em muitas escolas particulares também há laboratórios desse tipo, além dos científicos).

Além do computador, use também outras tecnologias, como a TV, o vídeo (DVD, Blue Ray e outros aparelhos), aparelhos de som, o pen drive (gravação de imagens, textos e sons, além de outros materiais), até mesmo o telefone celular e outros podem ser utilizados no ensino de Filosofia. Professor, professora, aprenda a utilizá-los e bem aproveitá-los no trabalho de ensino-aprendizagem na escola. Nas capitais e cidades grandes costumam haver NTEs, Núcleos de Tecnologia Escolar, que dão cursos gratuitos e de excelente qualidade para docentes que queiram aprender mais sobre o uso de tecnologias no ensino, de Filosofia inclusive.

O fato é que as tecnologias estão aí e continuarão estando. Novas são e continuarão sendo criadas. Saber usá-las bem no ensino de Filosofia pode fazer grande diferencial no aprendizado das ideias filosóficas, juntamente com a interdisciplinaridade possível com outros conteúdos (matérias, disciplinas) de ensino escolares. Professor, professora, explore ao máximo todos os recursos tecnológicos possíveis, além de outros recursos de outros tipos existentes nas escolas. Use também a criatividade e explore a criatividade de cada estudante, tanto quanto for possível.

sexta-feira, 28 de março de 2014

UM POUCO MAIS SOBRE O USO DE IMAGENS: PARMÊNIDES E ZENÃO DE ELEIA (Prof. José Antônio Brazão.)

No ensino de Filosofia, o trabalho com imagens pode ajudar muito no entendimento de textos escritos por filósofos e intérpretes. Podem facilitar a compreensão de cada estudante em sala de aula. Quatro outros exemplos vão a seguir. São desenhos feitos sem muita destreza e que podem ser passados no quadro da sala de aula, com uso de gizes (quadro comum) ou canetões (quadro branco) coloridos.
Vale lembrar que podem acompanhar os textos e servir como instrumentos de auxílio em sua interpretação.
1) A VISITA DE PARMÊNIDES À DEUSA DA JUSTIÇA (THÊMIS):
O relato encontra-se no poema escrito por Parmênides de Eleia.
 
2) ZENÃO DE ELEIA, DISCÍPULO DE PARMÊNIDES: O PARADOXO DO ESTÁDIO:
Veja o texto abaixo, em Para saber mais.

 
3) ZENÃO DE ELEIA: O ARGUMENTO DA FLECHA.
Veja o texto abaixo, em Para saber mais.

 
4) ZENÃO DE ELEIA: A CORRIDA DE AQUILES COM A TARTARUGA.
Veja o texto abaixo, em Para saber mais.

 
 
Para saber mais: 
 
Na indicação, em Para saber mais, há quatro citações de fragmentos de Zenão e comentários interpretativos.
Professora, professor: aprimore os desenhos, fazendo-os com melhor elaboração, use bons textos dos filósofos e faça bom proveito dessas ideias em sala de aula.
A vantagem dos desenhos, feitos no quadro, em sala de aula, é que não são difíceis e não demandam tecnologias mais complexas. Imagens, mesmo simples, não substituem os textos escritos pelos filósofos e as filósofas, porém podem contribuir significativamente a compreensão dos mesmos e, principalmente, para o aprendizado da filosofia, em sua história e em seu dia a dia.
Estudantes podem também fazer desenhos. Neste caso, podem ser feitos:
a) Usando cadernos de desenhos, talvez o quadro da sala de aula, cartolinas, papeis reaproveitados (reciclagem é uma boa ideia e ajuda muito a natureza e o bolso). Tecnologias simples, como se pode ver.
b) Usando computadores do laboratório de informática da escola: existem excelentes softwares de desenho e que usam cores, o uso do scanner ou outro equipamento\software que se queira e possa utilizar.
Em ambas atividades, as e os estudantes, sem dúvida, terão muito a aprender, aplicando as ideias trabalhadas nas aulas e contidas nos textos dos filósofos e\ou dos livros didáticos. E há bons livros didáticos, que incluem pequenos textos de obras filosóficas.
E vale lembrar a você, professora, professor: busque sempre fazer uma ponte entre o passado, da história da filosofia, com o presente, procurando pontos em comuns e diferenças. As ideias de Parmênides e de Zenão, ao obrigarem a refletir detidamente sobre elas, contribuem para o desenvolvimento de capacidades intelectuais fundamentais para o mundo atual e mesmo para o mundo do trabalho.
Bom proveito!

IMAGENS NO PAPEL, FEITAS POR ESTUDANTES:

IMAGEM 1: CONTEXTUALIZANDO O MUNDO DA FILOSOFIA MEDIEVAL: O FEUDO.

 
IMAGEM 2: TOTALITARISMO - CAMPO DE CONCENTRAÇÃO NAZISTA.

 

domingo, 9 de março de 2014

USO DE IMAGENS SIMPLES, EM PAPEL, NO ENSINO DE FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)

MATERIAL: Imagens de livros, revistas, internet, jornais usados e outros materiais disponíveis e\ou já existentes no livro didático utilizado na escola, panfletos com imagens e outros materiais que iriam ser enviados para reciclagem.

Através de imagens simples, de livros e revistas ou impressas da internet ou outro material sujeito à reciclagem, com objetivo exclusivamente educativo, pode-se fazer, em sala de aula, um bom trabalho no campo do ensino da Filosofia. Ademais, não demanda uso de tecnologias (exceto as que foram usadas no preparo da aula) diretamente no trabalho e o material pode ser reaproveitado em diferentes turmas, em outras aulas.

Por exemplo:

1)      Imagens dos elementos químicos e dos quatro elementos de Empédocles e outros princípios originários: introduzir e até discutir ideias e textos dos primeiros filósofos gregos: Tales, Anaxímenes, Anaximandro, Heráclito, Demócrito e os demais pré-socráticos.

2)      Imagens do nazismo e do fascismo podem levar à discussão de ideias e textos de filósofos(as) contemporâneos que trataram, direta e\ou indiretamente, dessa temática, como, por exemplo: Sartre, Camus, Hannah Arendt.

3)      Imagens de descobertas científicas e invenções humanas podem contribuir para uma boa discussão de ideias e textos de filósofos e filósofas que trataram ou tratam dessa questão: os da Escola de Frankfurt, filósofos do Positivismo Lógico, dentre outros(as).

4)      Imagens artísticas (obras de arte [pinturas, esculturas, etc.], figuras de pintores e pintoras e artistas em geral) podem ser úteis na discussão e no estudo da ESTÉTICA.

5)      Imagens positivas de pessoas ajudando outras e\ou negativas de violências e injustiças podem ser úteis para o trabalho sobre ÉTICA, incluindo textos e ideias de filósofos(as) que trataram dessa área: Platão, Aristóteles, Tomás de Aquino, Immanuel Kant, filósofos e filósofas do mundo contemporâneo, etc.

6)       Imagens do mundo feudal, de igrejas, escolas e universidades medievais, minaretes, descobertas dos árabes medievais, rostos de filósofos daquele tempo e ligadas a conteúdos discutidos no mundo medieval, no campo da filosofia, podem ser muito úteis para introduzir, discutir e\ou concluir o estudo de textos e ideias dos filósofos daquele tempo.

7)      Muitas outras, conforme a área em estudo a cada momento do ano escolar. Professor(a) de Filosofia: uma boa pesquisa pode ajudar muito.

PASSO A PASSO:

A)    Colocar a turma em círculo ou semicírculo.

B)     Distribuir uma imagem para cada estudante ou dupla de estudantes.

C)    Pedir que olhem e analisem suas respectivas imagens.

D)    Se for o caso, que anotem suas ideias acerca de cada imagem.

E)     Dado o tempo para a visão e análise, pedir que cada estudante exponha suas ideias e opiniões acerca da imagem que tem em mãos.

F)     Ouvidos(as) todos(as) ou quase todos(os) os(as) estudantes, o(a) professor(a) de Filosofia poderá fazer uma revisão e uma síntese do debate.

G)    Em caso de trabalho com texto escrito pelo(a) filósofo(a), lido o texto e entregue a imagem, pedir que cada um(a) veja e analise o texto e a imagem. Depois, siga os passos D, E e F.

UM EXEMPLO: Distribuir para cada estudante uma imagem do nazismo e\ou do fascismo e de suas consequências nefastas (maléficas), opiniões em folha a ser afixada num varal de barbante ou outro meio (no quadro, p. ex.) e debate coletivo. Colocar a turma em semicírculo (melhor, em caso de varal) ou em círculo. Material: barbante e cópias de imagens. Esse material, por sua vez, pode ser guardado, ao final, para ser utilizado em outras turmas. Pedir que cada um(a), portanto, cuide e devolva o material sem estragos, nem amassado, e, ao término dos debates, devolva.

Boas imagens, ligadas ao estudo de textos escritos pelos(as) filósofos(as), podem ser muito úteis na compreensão das ideias destes(as) e até mesmo na interpretação daqueles. Imagens de cavernas e de prisioneiros podem dar margem a uma boa introdução ao texto da Alegoria da Caverna, de Platão, que se encontra no livro VII de A República. Imagens do nazismo e do fascismo ou acerca do consumismo no mundo atual com a indústria cultural podem ser usadas na leitura e melhor compreensão da Dialética do Esclarecimento, de Adorno e Horkheimer. Imagens e palavras podem ajudar-se muito, de maneira extremamente rica e positiva. E tanto as imagens quanto os textos podem ser guardados em envelopes para serem reutilizados, como foi dito acima.

Professor(a) de Filosofia, lembre-se sempre de fazer uma ponte entre o passado, com o contexto em que o texto foi escrito, as imagens e o mundo atual (hoje). Assim, você poderá mostrar aos seus alunos e alunas que a ideias filosóficas têm certa perenidade. Bom proveito!

sábado, 1 de março de 2014

BIOÉTICA (UMA PROPOSTA DE INTRODUÇÃO) (Prof. José Antônio Brazão.)

A palavra bioética tem sua origem na língua grega, sendo composta por bio(s), que significa vida, e ética, de ethos, que significa casa, costume, referindo-se aqui, mais especificamente, à moral e aos valores morais, humanísticos e humanizadores. Bioética é, literalmente: ética da vida.

A bioética é uma área relativamente recente da filosofia, lidando com questões relativas à vida, postas pelo mundo social e, particularmente, pela ciência. Envolve questões do campo da biologia, da medicina, da tecnologia ligada à vida, dentre outras. Dentre essas questões encontram-se: intervenções (manipulação) no DNA humano e dos seres vivos por meio da engenharia genética, com seus riscos, a eutanásia, o aborto, a fabricação de armas biológicas, o uso de seres vivos em estudos científicos, implicações da medicina em relação ao corpo humano, dentre outros desafios postos à vida e à sua preservação.

A bioética preocupa-se com o cuidado da vida humana e, seguramente, também com a preservação da existência dos demais seres vivos que convivem com os seres humanos no planeta Terra. No mundo atual e na história contemporânea relativamente recente, com efeito, tem havido incremento na poluição, na fabricação e no uso de produtos químicos diversos, problemas relacionados à radioatividade que afetam diretamente a vida, a destruição de florestas, ecossistemas e biomas, aquecimento global, crescimento populacional humano mundial, dentre outros desafios.

Resguardar e preservar a vida humana e as demais formas de vida têm sido objeto de preocupação da bioética, justamente porque existe uma clara conexão entre todos os seres vivos, entre todos os ecossistemas. Quando um desses ecossistemas é destruído, é quebrado um elo que faz parte de toda a vida planetária, trazendo problemas graves para outros ecossistemas e, particularmente, para o ser humano.

Vale observar que o evolucionismo demonstrou que o homem e a mulher não são os reis da criação, mas seres vivos (animais) que compartilham com os demais características comuns e que evoluem biologicamente como estes. Os seres humanos fazem parte de uma história muito mais ampla: a história da vida no planeta Terra. A luta em favor da vida implica, pois, em ter clara a percepção dessa história.

A base de códigos de direito relacionados à vida, no Brasil e no mundo, deve (ou deveria) ser constituída, no fundo, pela ética, mais propriamente fazendo parte da bioética: um código florestal, um código de engenharia genética, dentre outros.  A ética da vida (bioética) lembra do respeito necessário aos mundos biológico e humano, extrapolando os interesses econômicos, políticos, militares e outros que possam estar na base de pesquisas e descobertas ligadas à vida, às intervenções constantes e perigosas na natureza, ocorridas em nome do aumento do capital.

Questões de Direito adentram o campo ético, bioético, demandando um diálogo com as leis e normas politico-legislativas: o direito de intervir na vida ou de resguardá-la, tendo em vista sua preservação para as gerações atuais e futuras. Na base das leis que tocam na vida é preciso que esteja a ética.

A bioética não quer impor limites que possam tolher o desenvolvimento econômico e social, mas quer que tal desenvolvimento ocorra de forma sustentável e responsável. A responsabilidade dos seres humanos é imensa e dela ninguém pode excusar-se, desde os que detêm o poder político nacional e internacional até pessoas comuns, que podem agir no sentido de exigir um maior cuidado com as questões ambientais, naturais e humanas propriamente ditas.

A bioética acompanha a ciência, com a diferenciada evolução científica das mais diversas sociedades. E toda discussão nesse campo envolve não somente intelectuais, juristas e governantes, mas toda a sociedade, que é a mais atingida pelas ações sociais, políticas, econômicas e científicas que atingem diretamente a vida.

A história da filosofia demonstra claramente preocupações com a cosmologia, em suas origens, com o entendimento do ser (metafísica), com a constituição das sociedades e seus fundamentos (política), a ética, a linguagem e várias outras. A realidade histórica dos últimos séculos e a potencialização cada vez maior das descobertas humanas, bem como as intervenções nos mundos naturais e humano pelo capital, a exploração do homem e do mundo natural, com a Revolução Industrial, puseram desafios à discussão filosófica, fazendo-a abrir-se a questões vitais daí brotadas, nascendo, assim, de modo interdisciplinar, a bioética.

Portanto, a filosofia abre-se para o diálogo interdisciplinar, sabendo que precisa de outras ciências e do Direito para discutir questões como as que aqui foram apresentadas. A bioética não tem respostas acabadas, mas as põe em debate coletivo. Nesse sentido, ela é interdisciplinar, ainda que tenha parte de suas raízes na ética filosófica. Enfim, os desafios bioéticos competem a todos!

Sugestões para trabalhar em sala de aula, a título de introdução e de materiais valiosos:

*Cartazes + debate coletivo de cada turma.

*Imagens extraídas de revistas antigas (séc. XX) + debate coletivos de cada turma sobre tais imagens, buscando ampliar o leque que vai bem além delas.

*Estudo de códigos de ética ambiental, florestal e outros ligados a questões da vida.

*Slides, contendo imagens e pequenos comentários sobre alguma(s) questão(ões) discutida(s) pela bioética. Etc.

*A critério de cada professora e professor.