terça-feira, 13 de maio de 2014

OS SÍMBOLOS PARTE 2: OS SÍMBOLOS E AS RELAÇÕES DE PODER: (Prof. José Antônio Brazão.)

Se os símbolos, como foi visto antes, são parte integrante da vida humana, vitais à existência, também podem marcar ou definir relações de poder no interior das sociedades, historicamente situadas. Mesmo em agrupamentos menores, como as tribos indígenas, por exemplo, há símbolos de poder: os cocares dos chefes, os colares, as tatuagens dos pajés, de chefes e guerreiros, as vestimentas cerimoniais, dentre outros elementos, demarcam claramente relações de poder.

No Japão medieval, as bandeiras dos clãs, as roupas dos chefes, as armaduras e outros elementos das vestimentas dos samurais, por exemplo, constituíam símbolos de poder, de separação e de prestígio social, de definição entre quem manda e quem é comandado.

No Egito antigo, as pirâmides foram e ainda são (pois continuarão existindo por muito tempo) estruturas arquitetônicas imponentes do poder dos faraós, símbolos de poder visíveis a longas distâncias. Além delas, as vestimentas ricamente elaboradas, algumas das quais cravejadas de ouro e pedras preciosas e semipreciosas, as pinturas no corpo, os palácios ricamente elaborados e fortemente construídos, lembravam a todos o poder divino no faraó, poder sustentado também pelos símbolos, pelos relatos (mitos) religiosos e pelos sacerdotes. Curiosamente, os sacerdotes egípcios costumavam raspar o corpo e estavam dentre aqueles poucos que conheciam um símbolo fundamental, até mesmo de poder: a escrita hieroglífica, também dominada por escribas. A maioria do povo não conhecia a língua escrita. Portanto, quem a conhecia dispunha também de poder.

Ainda quanto ao conhecimento da língua escrita e da interpretação dos textos sagrados, que definiam a vida e até mesmo constituíam-se como normas legais, os sacerdotes israelitas (saduceus, fariseus e sacerdotes do templo de Jerusalém), até nos tempos de Cristo e tempos depois, juntamente com os escribas, estavam entre os poucos letrados no antigo Israel. Consequentemente, eram os únicos que podiam interpretar as leis judaicas condensadas nas sagradas escrituras, contribuindo, deste modo, para manter seu poder e o poder dos reis, em meio a uma população cuja maioria era, sem dúvida, analfabeta. E quanto a outros símbolos de seu poder, as roupas sacerdotais ricamente decoradas (vejam-se, por exemplo, descrições nos livros bíblicos do Levítico, do Êxodo, do Deuteronômio e dos Números), os altares aos quais somente eles tinham acesso, dentre outros, marcavam uma clara separação entre o sagrado e o profano, entre quem tem acesso direto a Deus e à interpretação de suas leis e quem deve seguir suas normas, divinamente definidas. Ao poder divino, sagrado, sacerdotal, aliava-se o poder legal e político.

Quanto aos reis e rainhas, faraós e outros chefes, durante muito tempo, o seu poder era reforçado simbolicamente pela escolha divina, pela bênção e pela coroação feita por sacerdotes. Por quê? Porque o poder político, investido de poder religioso, contribuía para reforçar a obediência de súditos e súditas, mantendo seu respeito por aquele(s).

As construções também (as pirâmides, comentadas acima, por exemplo) eram e são, ainda hoje, símbolos da imponência do poder político: palácios, templos, tribunais, prédios de ministérios, dentre outras edificações, além de locais de trabalho dos dirigentes, meios simbólicos de demonstração do poder político e ideológico.

Estátuas e monumentos encontram-se entre outros elementos simbólicos de poder: Alexandre Magno e os imperadores romanos souberam usar de estátuas e bustos, em cópias espalhadas pela totalidade de seus respectivos impérios, lembravam aos súditos quem manda e quem deve obedecer. Ora mostravam o poder de dar vida, ora de, se necessário, matar, ora com símbolos militares, ora mostrando-se, ao mesmo tempo, brandos, capazes de sujeitar inimigos (a coluna de Trajano é um bom exemplo) e firmes em seu poder.

Além dos prédios imponentes e das estátuas, em pedra ou bronze, também as estelas, os obeliscos, as colunas ricamente esculpidas, os zigurates, as esculturas em paredes mostrando vitórias sobre inimigos (o palácio de Persépolis, do antigo império persa, é um exemplo), os inimigos presos mostrados em paredes e montanhas, eis aí mais símbolos vivos do poder.

Curiosamente, ainda hoje, escolas, repartições públicas e outras trazem a foto do(a) presidente da república, do(a) governador(a), do(a) prefeito(a), do rei ou da rainha, lembrando aos cidadãos e cidadãs que, para além daquele ambiente em que se encontram, há um(a) chefe, um(a) líder, com grande poder, respaldado(a) pelo referendo popular ou por transmissão familiar (dinastia) ou por determinação religiosa ou por conquista. É claro, nenhum(a) líder dirigiu ou dirige sozinho(a) seu país ou seu império, precisando de ministros, sacerdotes, generais, administradores e outras pessoas constituídas de certo poder para poder mandar. Aí, interessantemente, o poder da classe ou da casta ou estamento social a quem o(a) governante representa ou da(o) qual até mesmo faz parte e cujo poder econômico, político e social é mantido.

Os símbolos militares, definindo as patentes de cada tipo de militar, lembram da hierarquia de poder e de obediência no mundo militar e de respeito no mundo social e político.

Em termos econômicos, prédios comerciais, marcas de roupas e outras tantas, logotipos, imagens, outdoors, revistas prestigiadas de moda, de carros e outros, em outras mídias (a televisão, que é mais vista pela maioria da população), etc., são símbolos claros do poder econômico, social e de prestígio de empresas e de grupos nacionais e multinacionais. São símbolos do poder e da força dos grupos e classes cujo poder econômico é grande e que é preciso ser mantido e lembrado, reforçando-o e mesmo ampliando-o significativamente.

Professor(a), proponha para as turmas um levantamento de símbolos de poder político, econômico, social e ideológico, com cartazes ou em vídeos ou slides feitos por grupos, em diferentes povos e épocas da história e, especialmente, no mundo atual. Cada grupo pode ficar encarregado de uma etapa (momento) histórica(o) ou de um povo ou de um aspecto atual dos símbolos no poder político, religioso, econômico, etc. A seguir, cada grupo ficará encarregado de apresentar os símbolos de poder que conseguiu, com sua pesquisa e seu trabalho, obter. A pesquisa de tais símbolos poderá ser feita no laboratório de informática da escola e\ou na internet em casa e\ou em livros e revistas existentes na biblioteca da escola e\ou outra biblioteca a que os grupos tenham acesso. Pode ser um trabalho imensamente enriquecedor do aprendizado de Filosofia! Ademais, pode ser feito de forma interdisciplinar, com a ajuda da História, da Geografia e de outras áreas do conhecimento estudadas nas escolas.

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