domingo, 8 de setembro de 2019

FILOSOFIA EM POESIA 22: A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE ARISTÓTELES: (Prof. José Antônio Brazão.)


FILOSOFIA EM POESIA 22: A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE ARISTÓTELES: (Prof. José Antônio Brazão.)
Do movimento Aristóteles
Ao estudo se lança.
Movimentos são devires:
Transformação, deslocamento, mudança.

Movimento é passagem
Da potência ao ato
Nele há fatores que agem
Até tornar-se um fato.

Potência é possibilidade
Que tudo tem de vir a ser.
Ato é o tornar realidade,
Fazendo a potência acontecer.

Quatro causas fundamentais
Fazem o movimento dos seres no plano terrenal,
Provocando-lhes mudanças essenciais.
São elas material, formal, eficiente e final.

Material é a matéria de um ser,
Formal é a forma dada pelo homem ou pela natureza,
Eficiente é aquela que faz acontecer,
Final é a razão, o objetivo de toda essa proeza.

Uma estátua feita de pedra
Tem nesta sua causa material,
Tendo o escultor na mente a forma,
Sendo ele causa eficiente visando a causa final.

Árvore é feita de matéria da terra,
Sua forma, internalizada na semente,
Teve nas condições naturais causa eficiente,
Tornar-se frondosa e/ou frutífera seu fim inerente.

No caso da natureza,
A forma contida na semente foi a maneira
Que ela encontrou, com fineza,
Para distinguir jequitibá de pitangueira.

A madeira-matéria do carvalho
É transformada na forma de mesa
Na mente do marceneiro, cujo eficiente trabalho
Tem por uma causa final o altar da igreja.

Mais causas finais a mesa poderia ter:
Numa bela sala de jantar vir a servir,
Em salas com professor e estudantes a debater
Ou suporte para vasos de plantas a florir.

Outras matérias podem a mesa compor:
Metal, pedra, plástico, outras e até vidro.
Conforme deseje o fator
Que venha a tê-la feito e polido.

A forma de mesa pode ser
Quadrada, retangular, circular, oval
Da básica geometria o saber
Matemático fundamental.

A eficiência do trabalho de quem faz
Transporá a forma na matéria
Conforme o fim-objetivo sagaz,
Tornando-a sólida e não etérea.

A eficiência da chuva na natureza,
Faz a semente brotar e crescer com fulgor,
Caindo na terra, faz despontar a beleza
Que tem do pé de maracujá a flor.

No geocêntrico universo, no mundo sublunar,
As quatro causas do movimento,
Ao tudo, aqui, pôr em devir, modificar,
Expõem sua força e seu acento.

Devir de que falava o efésio Heráclito:
Tudo em movimento se encontra,
Como a imagem de bélico conflito
Que a reis com seus súditos remonta.

Chauí as quatro causas analisando,
Descobriu não terem o mesmo valor,
Aristóteles, as hierarquizando,
Relações sociais a nelas transpor.

Menos é a eficiente valiosa,
Junto com a causa material,
Sendo a formal prestigiosa
Junto com a causa final.

Material e eficiente causas
São ao corpo externas,
Formal e final, frutos de mentais pausas,
São ao humano intelecto internas.

Na antiga Grécia escravista,
Havia senhores com muitos escravos
A realizar os afazeres da vida
Tirando daqueles desta os agravos.

Senhores podiam dedicar-se à política,
A assistências às tragédias e comédias do teatro,
Intelectuais à filosofia, à poesia e à escrita.
E certos políticos? Em estátuas, seu retrato.

Nas atividades técnicas e de fabricação
Senhores e filhos não iam se aventurar:
Eram de escravos e cidadãos de baixa condição.
Mas no governo e na teoria tempo tinham para adentrar.

Por milênios, melhor explicação do mundo representou,
No Ocidente, a das quatro causas teoria.
No entender da sublunar realidade perdurou,
Na filosofia, na física e na ciência.

No geocêntrico mundo aristotélico
Dois mundos havia: o supralunar,
Dos astros, claro e belo, etérico,
E a Terra, no centro, sublunar.

O éter é pura e cristalina substância,
A preencher as formas e a composição
Da Lua, de planetas e estrelas a essência,
Incapazes de sofrer falhas ou imperfeição.

Do geocêntrico do mundo sistema
Platão e Eudoxo já tinham dado conta,
Mas foi o aristotélico esquema
Que marcou pensadores e até poetas de ponta.

Aprimorado foi por Cláudio Ptolomeu,
A mostrar a cêntrica Terra e sua redondeza,
No Almagesto, por finos cálculos que conheceu
De Euclides e matemáticos de esperteza.

De Dante a Comédia Divina,
A ir do Inferno profundo aos céus fecundos,
Aos portugueses, de Camões, que Tétis ensina,
Ao ir da celestial  realidade ao terreno mundo.

Com a moderna natural filosofia,
De Copérnico a Isaac Newton,
Que novas leis da natura descobriria,
A teoria das quatro causas perdeu o tom.

Aristóteles, sem dúvida,
Foi brilhante filósofo e cientista,
Deixando rica herança legada
Para o mundo à plena vista.


REFERÊNCIAS SIMPLES:

CHAUÍ, Marilena. O que é Ideologia? 2.ed. São Paulo, Brasiliense, 2008. (Primeiros Passos, 13.)

Livros didáticos: (1) Filosofando: Introdução à Filosofia. (Martins e Arruda) (2) Convite à Filosofia. (M. Chauí). (3) Iniciação à Filosofia. (M. Chauí)