segunda-feira, 24 de março de 2008

O MITO (Prof. José Antônio Brazão.)

Dentre as formas de conhecimento e compreensão do mundo, encontram-se o mito, a religião, a filosofia e a ciência. No que diz respeito ao mito, dentre as preocupações que nele se inserem, encontram-se:
1 - Além de necessidade de compreender e explicar a realidade, a necessidade de apaziguar forças naturais e divinas, colocando-as a favor da comunidade. Nesse sentido, mito e rito andam juntos. O mito como relato sagrado do que ocorreu nas origens e o rito como celebração, culto, na busca de buscar o favorecimento divino. Por exemplo: ao fazer sacrifícios e elevar orações à deusa Diana, deusa grega da caça, buscava-se seu apoio para que a caça fosse abundante e que os caçadores protegidos e obtivessem sucesso.
2 - A explicação do sagrado, presente na natureza e nas forças que nela atuam. Sagrado é aquilo que se encontra separado do dia-a-dia, pois se refere ao divino. Para citar um exemplo atual, curioso, religioso: não se vai a uma missa ou a um culto vestido como se fosse ir para o trabalho; além do mais, o silêncio durante a celebração é exigido, para que o padre ou o pastor possa dar dirigir a palavra e a celebração. O sentimento do sagrado não surgiu de um dia para outro. Deu-se após um bom tempo. Os grupos humanos primitivos tinham medo do relâmpago, do trovão, das tempestades fortes, de certos animais, etc. Com certeza, o medo e a curiosidade, aliados à imaginação, foram parte fundamental para a percepção de forças sobrenaturais e da percepção de que algo ia além das forças humanas. Além disto, outro elemento importante encontra-se nos sonhos. Nestes a mente cria imagens e seres os mais diversos. Com o passar do tempo, pessoas começaram a elaborar as construções intelectuais que se chamam mitos.
3 - A preocupação com o que ocorreu nas origens, pois aí se encontram os fundamentos da crença ou fé que passa a ter na existência do sobrenatural. Curiosamente, nas celebrações (ritos, cultos), muitos povos (talvez todos) vão fazer um movimento de retorno às origens, às forças elementares ou a seres divinos (deuses, semideuses) responsáveis por acontecimentos naturais (chuva, neve, por exemplo) ou sociais (p.ex.: a vitória ou a derrota na batalha ou na guerra). Havia povos, na antigüidade, que não saíam para a batalha sem consultar adivinhos, profetas ou sacerdotes. Até na Bíblia isto aparece.
4 - Ao preocupar-se com os primórdios, o rito(a celebração) ocupará grande papel, pois é através deste que vai se fazer um movimento cíclico de retorno àqueles. Um bom exemplo disto são as festas dedicadas aos deuses, em que se relatavam, por meio dos mitos, o que ocorreu no princípio e, ao mesmo tempo, faziam-se oferendas àqueles, a fim de buscar seus favores, como já foi dito. É interessante notar que, até hoje, religiões as mais diversas fazem esse "retorno" cultual cíclico. Um bom exemplo disto, o tempo litúgico católico, que vai do tempo do advento até as celebrações relacionadas ao final dos tempos, referindo-se ao retorno de Cristo ao mundo e ao julgamento final da humanidade.

(Texto de José Antônio Brazão.)