quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O SOCIALISMO NOS SÉCULOS XIX E XX (Prof. José Antônio Brazão.)

Uma das teorias de maior impacto na história dos últimos séculos foi o socialismo, particularmente as ideias socialistas dos séculos XIX e XX. O que propõe, propriamente, o socialismo? Em linhas gerais, a coletivização da propriedade, dos meios de produção e sua colocação a serviço de todos os membros da sociedade, buscando, com isto, o fim da pobreza e da miséria, bem como o acesso de todas as pessoas aos bens fundamentais necessários à vida, fruto da natureza e da ação do trabalho histórico e transformador humano.
A proposta de uma sociedade ideal é antiga. Já em Platão (séculos V/IV a.C.), no livro A República, se pode ver. Ali o filósofo propõe uma cidade ideal, fundada na justiça (em que cada um faz sua parte para o bem maior de toda a coletividade, cumprindo bem sua função), dirigida por filósofos e filósofas, protegida por guardiões e guardiãs, mantida pela classe produtiva, composta por comerciantes, artesãos e agricultores. A corrupção seria banida e estritamente proibida. Atenas e outras cidades-estados (póleis) do tempo de Platão eram cheias de contradições e injustiças, decadentes, com uma forte divisão social que beneficiava a poucos. Sócrates, que fora mestre de Platão, havia sido condenado à morte nessa cidade. Tal fato deixou o jovem Platão muito triste e descontente com a política efetiva de seu tempo.
Uma sociedade ideal e justa aparece também no cristianismo (século I d.C. e seguintes). Ainda que não seja uma filosofia, mas uma religião, o cristianismo funda-se em valores éticos, morais, ensinados por Jesus de Nazaré e disseminados por ele e por seus discípulos, inicialmente na Palestina e, com eles, em várias regiões do Império Romano e do mundo antigo. A lei fundamental a guiar as pessoas deve ser o AMOR, a caridade. O amor a Deus, a si mesmo e ao próximo. Esse ideal foi tão forte que, nas primeiras comunidades cristãs, de acordo com o livro neotestamentário dos Atos dos Apóstolos, os membros tinham tudo em comum e não havia necessitados entre eles. E esse ideal persiste, ainda hoje, nas religiões de influência cristã. No Império Romano, nesse tempo, havia muita injustiça, cobrança altíssima de impostos, na maioria das vezes não revertidos em benefício dos povos dominados e das pessoas mais simples. A dominação armada e as estruturas de governo bem divididas, tendo o imperador no ápice, davam poder e privilégios a poucos.
O próprio Aurélio Agostinho, um dos grandes teólogos e filósofos da Patrística, influenciado pelo pensamento platônico e neoplatônico, juntamente com os ideais cristãos, escreveu um livro intitulado A Cidade de Deus. Neste, Agostinho rebate a todos aqueles que criticavam e culpavam o cristianismo pela decadência do Império Romano. Ao mesmo tempo, fala de duas cidades, uma dos homens, onde imperam a injustiça e o pecado, e a cidade de Deus, cujo fundamento encontra-se no amor cristão. Na cidade de Deus há garantia de que todos os seus habitantes vivam plenamente bem e em harmonia.
Nos primeiros séculos da era moderna (séculos XV/XVI - XVIII), dois pensadores europeus se destacaram: Tomás Campanella, italiano, que escreveu o livro A Cidade do Sol, e Thomas More (Thomas Morus), inglês, que escreveu a Utopia. Ambos falam de sociedades ideais, pautadas pelos valores ético-cristãos e profundamente preocupadas com o bem estar de cada membro, nas quais deixam de existir a pobreza, a miséria e a exploração do homem sobre o homem. A sociedade utópica de More, inclusive, oferece acesso à educação e preocupa-se com a formação dos cidadãos que a compõem, cuidados com a saúde, a alimentação, enfim, com o bem comum. Em ambos os filósofos há uma crítica incisiva, dura, ora direta, ora indireta, à sociedade de seu tempo, em que à acumulação de riquezas por poucos juntavam-se a miséria e o sofrimento de muitos, com o nascimento e o desenvolvimento progressivo do capitalismo.
A acumulação chamada primitiva, reforçada, principalmente, entre os séculos XVI e XVII/XVIII, possibilitou o posterior impulso da Revolução Industrial, com novas máquinas, com as fábricas e seus ambiente, uma nova organização do trabalho e uma exploração intensa dos trabalhadores pelos capitalistas. Nesse momento, entre a segunda metade do século XVIII e ao longo do XIX, apareceram os socialistas chamados utópicos (Owen, Proudhon, dentre outros), cujas críticas sociais eram muito duras ao capitalismo, porém suas propostas eram, em boa parte, de reformas, através de mudanças, aqui e ali, até a constituição de sociedades socialistas. Nessa época, também os anarquistas, que propunham mudanças radicais no sistema econômico e um estado sem controle central, numa sociedade em que o poder seria disseminado, visando o bem comum.
No entanto, foram as ideias dos socialistas científicos (Karl Marx e Friedrich Engels) que marcaram decisivamente a história. Ambos falam da necessidade de organização dos trabalhadores, de sua união em torno de uma luta comum por mudanças radicais, pautadas na luta de classes, luta até mesmo armada, instauradora do socialismo e, enfim, do comunismo.
A influência da dialética hegeliana, lida não mais de forma idealista, a respeito da história e das contradições a ela inerentes foi também decisiva na compreensão dos mecanismos de funcionamento da história humana real. Marx virou de ponta à cabeça a dialética proposta por Hegel, por exemplo, na Fenomenologia do Espírito. Marx enxergou, juntamente com Engels, seu amigo e colaborador, a existência da luta de classes como motor da história. Dentro da luta de classes, em seu tempo, a luta entre capitalistas e proletários (trabalhadores), entre exploração de alguns homens (minoria) sobre outros (maioria) e libertação das amarras que prendiam os trabalhadores.
É interessante notar que, entre os séculos XVIII e XIX, particularmente, houve a formação de sindicatos e associações de trabalhadores, lutando por condições melhores de trabalho e de vida e por leis que os beneficiassem no âmbito do trabalho e da vida social. Houve momentos de radicalização, porém o capitalismo neocolonialista, então instalado na Europa e em outros lugares do mundo, continuou persistindo. Sem dúvidas, houve conquistas dos trabalhadores, as quais, adentrando o século XX, transformaram-se em leis, inclusive internacionais, como é o caso de leis trabalhistas e direitos fundamentais que aparecerão, inclusive, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU.
No século XX, a teoria socialista transformou-se em realidade em vários países, nos quais ocorreram revoluções violentas. Tais, por exemplo, os casos da Rússia (depois transformada, com a anexação de países próximos, na URSS), da China, do Vietnã do Norte, de Cuba. No caso da Revolução Russa, ocorrida a partir de 1917, os ideais marxistas de Lênin, Trotsky e Stalin levaram-nos a formar um exército (Exército Vermelho) e a optarem pela luta direta. Trotsky, inclusive, acreditava na necessidade de uma internacionalização da luta dos trabalhadores, da revolução. Sua proposta, porém, não foi levada adiante por todos os revolucionários russos e a revolução concentrou-se, inicialmente, naquele país.
Na Alemanha, Rosa Luxemburgo foi uma grande teórica e agente do socialismo. Na Itália, Antônio Gramsci, que foi, inclusive, preso durante a ditadura de Benito Mussolini. Na cadeia escreveu vários cadernos, onde expõe a necessidade de tomada de posições na luta socialista dos trabalhadores contra o sistema capitalista. Morreu algum tempo depois de liberto, por causa de complicações na saúde advindas de seu aprisionamento.
No decurso da década de 1980, um novo presidente da URSS, Mikhail Gorbachev, propôs mudanças no regime comunista implementado em seu país, a fim de atualizá-lo, modernizá-lo, aprimorá-lo, tornando mais humanitário. Sua proposta de mudança chamou-se Perestroika (palavra traduzida, em geral por Reestruturação) e Glasnost (Transparência). Inclusive escreveu vários livros, nos quais expôs suas propostas. Porém, a queda do muro de Berlim, no final da década de 1980, a unificação da Alemanha e conflitos separatistas de países que compunham a URSS contribuíram para dar uma nova direção ao socialismo soviético. Dentre as mudanças ocorridas encontram-se a separação de repúblicas que antes faziam parte da URSS. A isto somou-se um golpe de estado dentro da própria Rússia, que manteve no poder, como presidente, Boris Yeltsin. Atualmente, a Rússia já se encontra reintegrada ao capitalismo, porém persistindo, ainda hoje, como potência nuclear.
Em outros países do leste europeu, dominados pela antiga URSS ou em sua área de influência, também ocorreu o fim do socialismo real. O socialismo real persiste, hoje, em países como China, Cuba e Coreia do Norte, ainda que aí não atenda plenamente a todos os ideais propostos pelo socialismo teórico, existindo problemas sociais. A China, por exemplo, tem expandido sua economia e é uma grande produtora e exportadora de produtos (Made in China). Ademais, o socialismo também persiste, como proposta e como bandeira de luta, em muitos partidos políticos e em movimentos de trabalhadores, em todo o mundo e, inclusive, no Brasil.
Como se pôde ver, as ideias econômicas, filosóficas e políticas podem fermentar mudanças sociais, às vezes até mesmo radicais. O socialismo é um sistema de governo projetado para o bem comum. Sua efetivação na prática demandou, demanda e demandará, indubitavelmente, grande empenho coletivo. O ideal persiste e alimenta lutas de trabalhadores no sistema capitalista, assim como nos próprios países socialistas, na busca de humanização das pessoas. E os ideais de justiça para todos, de bem comum, de partilha e de solidariedade persistem ainda em religiões atuais, como, por exemplo, o ideal cristão de igualdade, amor e fraternidade verdadeira entre os seres humanos, aquele ideal que alimentou as primeiras comunidades cristãs, como foi dito acima. Enfim, são ideais que alimentam lutas e esperanças.
A dialética, que ocorre efetivamente no interior da história, por meio de contradições, mostrou-se (e mostra-se), pois, bem presente nas ações humanas, nas mais diversas sociedades, ao longo do tempo histórico. O caráter dialético da história humana, de forma idealista em Hegel e materialista em Marx, mostrou-se claramente, para este último, nos modos de produção e, particularmente, nas lutas de classes que, no interior daqueles foram se instaurando, passando a constituir-se no motor que impulsiona a história: senhores e escravos, senhores e servos, burgueses e senhores feudais, capitalistas e proletários (trabalhadores). No campo da história, Marx acreditava que as crises internas e contínuas do capitalismo, somadas à luta dos trabalhadores, acabariam levando à derrocada desse modo de produção e à instauração do modo de produção socialista e do comunismo.
A história tem mostrado que, apesar das crises, verdadeiramente frequentes no capitalismo, este continua e continuará existindo por um bom tempo, assim como o socialismo real, que persiste na China e em outros lugares citados do mundo, também tendo, sem dúvidas, suas contradições. O fato é que ideais, como o socialista, o cristão, dentre outros de sociedades igualitárias, permanecem em mentes e desejos humanos, impulsionando, inclusive, ações.
CORRIDA DAS QUESTÕES FILOSÓFICAS:


A) Dispor a sala de tal modo que fique um corredor central.

B) No corredor central (espaço aberto), colocar 10 fichas (folhas) com números de 1 a 10 do lado esquerdo e igual tanto, com a mesma numeração, do lado direito. Uma folha complementar escrita CHEGADA.

C) Em cada lado ficará um(a) aluno(a) escolhido(a). Dois (duas) ao todo. Solicitar.

D) Antes de ficarem em pé diante de seu percurso de folhas enumeradas, deverão ler o texto acima atentamente em um período de dez minutos (prazo máximo), se possível, duas vezes.

E) Sortear para ver quem vai ficar como participante 1 e como participante 2.

F) Acabadas as leituras, os(as) estudantes ficarão de pé em frete ao percurso de cada um(a). Então, serão colocadas as questões a seguir, UM(A) POR VEZ, para cada um(a).

G) Conforme forem acertando as questões, vão seguindo no percurso.

H) Quem errar alguma questão ficará no número em que estiver até poder seguir adiante.

I) Quem chegar ao final primeiro será o(a) vencedor(a). Se chegarem juntos, vencem.

PRIMEIRO GRUPO DE QUESTÕES:

PARTICIPANTE [“CORREDOR(A)”] 1 (P1) / PARTICIPANTE [“CORREDOR(A)”] 2 (P2)

(P1) 1) Por que o socialismo foi uma das teorias de maior impacto nos últimos séculos da história humana?
(P2) 1) O que a proposta socialista tem que a tornou ou torna tão perigosa para o sistema capitalista?

(P1) 2) O que propõe, propriamente, o socialismo?
(P2) 2) O trabalho, no socialismo, é tratado de forma igual à do sistema capitalista? (Comente.)

(P1) 3) Como é a proposta platônica de uma sociedade ideal?
(P2) 3) Como era Atenas no tempo de Platão e o que aconteceu com Sócrates?

(P1) 4) Como era o Império Romano no tempo de Jesus, em relação às pessoas dominadas e aos povos subjugados?
(P2) 4) Como é a proposta cristã de uma sociedade ideal? Alguma vez foi aplicada? Comente.

(P1) 5) Teólogo e filósofo da Patrística, cristão, que escreveu A Cidade de Deus.
(P2) 5) Principal influência filosófica exercida sobre Aurélio Agostinho.

(P1) 6) A que e a quem Agostinho responde ao escrever A Cidade de Deus?
(P2) 6) Como aparece a sociedade ideal em A Cidade de Deus, de Agostinho?

(P1) 7) Como é a cidade dos homens, conforme descreve Agostinho?
(P2) 7) Nos primeiros séculos da era moderna, que pensadores europeus se destacaram quanto à proposta de sociedades ideiais?

(P1) 8) Livro escrito por Thomas More em que descreve uma sociedade ideal.
(P2) 8) Livro escrito por Tomás Campanella em que descreve uma sociedade ideal.

(P1) 9) O que as sociedades ideais de More e Campanella têm em comum?
(P2) 9) Cite alguns cuidados da sociedade, em Utopia, em relação aos seus habitantes.

(P1) 10) O que criticavam Campanella e More ao escreverem e publicarem os livros citados?
(P2) 10) Comente a seguinte afirmação de Karl Marx: “O capital nasceu jorrando sangue por todos os poros.”

Ao final da atividade, professor(a), comentá-la com a turma e discutir o conteúdo da folha de leitura. Sugere-se trabalhar essa atividade antes da apresentação do conteúdo, como uma introdução a este.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

ÉTICA E ÉTICA NA POLÍTICA – UM COMENTÁRIO (Prof. José Antônio Brazão.)

A ética é constituída a partir de um conjunto de valores que norteiam ou devem nortear a vida humana, incluindo a sociedade e a vida pessoal. A vivência da ética pode possibilitar uma melhor qualidade de vida dentro da sociedade. Ela inclui o respeito à dignidade das pessoas, sua valorização e o empenho coletivo de construção de uma sociedade mais justa e humana. Junto com a ética vão também a garantia dos direitos e o cumprimento dos deveres, fundamentais à vida em sociedade.

Os valores éticos, bem vivenciados pelas pessoas, podem ajudar na garantia de uma vida melhor a todos, na busca do bem comum. A ética, de fato, visa o bem comum e sua vivência, sua aplicação vai desde o mais simples cidadão até o político cujo trabalho deve ser o serviço bem feito à coletividade.

Contudo, no Brasil e no mundo, encontram-se casos em que a ética se vê desfigurada: problemas graves no trânsito, a continuidade da miséria e da pobreza num mundo em que existe fartura, as desigualdades sociais que implicam em acessos diferentes a bens sociais, a corrupção, conflitos armados aqui e ali, a violência urbana e no campo, a destruição do meio ambiente com conseqüências graves para todo o planeta, etc.

No campo da política, casos de corrupção: desvio de verbas públicas que poderiam contribuir para um melhor atendimento à população, superfaturamento de obras públicas, nepotismo, empresas falsas prestando serviços ao estado, usos indevidos de dinheiro e bens públicos, etc. O que deveria beneficiar a toda a população passa a beneficiar a poucos, que fazem mal uso de seu trabalho e do dinheiro que têm à disposição.

Algo positivo, porém, pode-se ver de uns anos para cá: fala-se mais, na TV e em outros meios de comunicação social, da corrupção e de corruptos; a Polícia Federal, aliada ao Ministério Público, atuando para descobrir e desbaratar esquemas de corrupção; a realização de CPIs pelo Congresso Nacional e assembleias estaduais; julgamentos de casos graves de corrupção, com prisões e devolução de bens, perdas de mandatos, etc. Mas, mesmo assim, muito ainda precisa ser feito: uma maior conscientização da população a respeito da política, aliada ao acesso e à permanência no âmbito da educação formal, uma vigilância cada vez maior, por parte de todos, sobre o uso das verbas públicas municipais, estaduais e federais, a melhoria da educação em todos os seus níveis, o cumprimento de leis de forma mais rigorosa, dentre outras ações.

O fato é que corrupção fere a ética e todo o dinheiro desviado por ela (bilhões de reais anualmente) poderia ser investido na melhoria de vida de muitas pessoas, muitas das quais poderiam ser, inclusive, tiradas da margem da pobreza e da miséria. Esse dinheiro falta à saúde, à educação, à habitação, ao saneamento, à pesquisa científica, além de outros. É muito dinheiro indo para os bolsos de pessoas e grupos particulares, trazendo prejuízos terríveis a todos os demais.

A corrupção alia-se a interesses de grupos, de grandes empresas que prestam serviços para os governos, dentre outros, pessoas já enriquecidas, aliadas a políticos, que usurpam muitos bens econômicos da coletividade. Tais grupos, inclusive, doam grandes quantias de dinheiro para as campanhas políticas, a fim de eleger políticos que sirvam a seus propósitos, garantindo a continuidade dos casos de corrupção. Infelizmente, há casos de grupos cujas atividades são ilegais que aplicam grandes quantias em políticos e pessoas ligadas à vida política, estendendo seus tentáculos até ao âmbito da polícia, aliciando policiais que passam também a servir a seus propósitos, além de colocar pessoas a seu serviço em órgãos públicos.

O conhecimento, a consciência e a conscientização a respeito da corrupção são de fundamental importância para a busca do resgate dos valores éticos, da exigência e da luta em prol do bem comum. Não são fáceis de serem obtidos, porém são possíveis e necessários. A isto devem aliar-se ações comuns (acompanhamento do trabalho dos políticos, passeatas, abaixo-assinados, uso positivo e valioso da internet e de outros meios de comunicação social, etc.), buscando lutar coletivamente contra aquele grave problema sócio-político. Não basta votar nos políticos na época das eleições. É preciso mais: o acompanhamento do trabalho de cada um deles, do uso das verbas, etc. Algo hoje muito positivo é a exigência federal da publicação das verbas e dos gastos públicos através da internet. Isto pode permitir um maior e melhor acompanhamento do uso dos bens e do dinheiro públicos.

A conscientização passa pela educação. Esta, por sua vez, ocorre no âmbito da família: ensino e vivência de valores éticos por parte de pais e filhos, acompanhamento do desenvolvimento dos filhos e filhas, dos valores por eles e elas aprendidos, de suas ações, aprendizado até mesmo de valores religiosos (que também são carregados de significância ética), etc. No âmbito da escola: a fala e a vivência de valores éticos, intervenções positivas que possam ser feitas, estudos reforçados de história, cidadania, filosofia, ética, aliás, de todos os conteúdos, sabendo-se que cada professor e professora podem transmitir, através de suas respectivas matérias, ideias e discutir temas que envolvam o mundo da ética: ética na política, na família, no que se refere ao meio ambiente, no campo da ciência, etc. Na sociedade em geral, até mesmo em empresas públicas e privadas, na transmissão, na vivência e na exigência de aplicação da ética dentro e fora. Isto demanda muito esforço por parte de todos e o compromisso sério com a vivência dos valores éticos, na busca do bem comum, indo muito além dos interesses particulares, tendo em vista que a corrupção prejudica decisivamente a todos, desde aquele miserável que vive nas ruas até o grande empresário que necessita de meios e condições para ampliar e melhorar seus serviços e, com isto, até mesmo seus ganhos.

A educação, que envolve consigo a ética, é dever de todos, não só da escola, assim como a luta em favor do bem de toda a coletividade, lembrando que, quando não há aplicação efetiva da ética, todos perdem, e que, quando ela existe, todos ganham, sem sombra de dúvida: aquele hospital cujas obras são concluídas devidamente, com o uso correto das verbas em sua construção e em sua constante manutenção material e econômica, pode permitir o atendimento de muitas pessoas, salvar muitas vidas; aquela escola concluída e bem feita pode dar atendimento a muitas crianças e jovens, que aí poderão se preparar bem para a vida social e profissional; etc.

Mas não pode haver descuido. A vigilância precisa ser constante e plenamente consciente, com o envolvimento de todos e de todas: adultos, jovens e até mesmo crianças. É preciso conhecer, agir e jamais cruzar os braços. É fácil? Não, mas sim um verdadeiro desafio a todas as pessoas que convivem em sociedade. Individualmente é difícil, porém coletivamente as ações são possíveis e imprescindíveis!

Professores e professoras de Filosofia e de todos os outros conteúdos escolares, interdisciplinarmente: ao discutir esse tema com as turmas, nas escolas, aproveitem materiais de revistas, jornais, internet (informações e imagens), que possam ser pesquisados e estudados com alunos e alunas, e tragam-nos para a sala de aula, enriquecendo, assim, debates e discussões diversas a respeito do conteúdo proposto. O texto acima pode ajudar, mas precisa ser enriquecido com informações, conseguidas através daqueles meios, além de outros textos, de autores e autoras diversos em livros e na internet.