quinta-feira, 4 de junho de 2015

ENTRE O CÉU E O INFERNO - FATOS DA CIÊNCIA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO (Prof. José Antônio Brazão.)

Desenho feito por uma aluna, a partir de um outro desenho passado no quadro, em 2015, em aula.
A energia é igual ao valor da massa multiplicada pela constante da velocidade da luz ao quadrado. É a descrição da fórmula famosa de Albert Einstein, famoso físico alemão que viveu entre meados do século XIX e meados do XX. E = MC2 (o dois, aqui, indica quadrado, a multiplicação da constante da velocidade da luz por si mesma). Essa fórmula aponta a existência de uma profunda relação entre a energia e a matéria (massa), indicando que uma pode transformar-se na outra.

No transcurso dos milênios, os seres humanos aprenderam a transformar movimento em energia e energia em movimento: a energia dos braços ou dos animais em energia mecânica em máquinas, a energia dos ventos em movimento de moinhos e barcos, a energia do vapor em movimento de navios a vapor, e outras coisas mais. Nos últimos séculos, aprenderam a transformar também a energia elétrica em luminosa (lâmpadas), bem como a força da matéria da água em energia elétrica em turbinas nas usinas. E assim por diante.

A curiosidade de Einstein, unida aos vastos conhecimentos que lhe vieram das muitas leituras e debates com amigos interessados em física, professores e outras pessoas, junto com a genialidade, permitiram-lhe perceber que também a matéria pode transformar-se em energia e vice-versa. Há, inclusive, dois exemplos fortíssimos que evidenciam essa relação, essa transformação: a explosão de bombas atômicas e o nascimento do universo por meio do Big Bang.

No primeiro caso, o das bombas, a liberação da energia contida na matéria dos átomos estilhaçados de urânio ou outro elemento radioativo, capaz de destruir cidades inteiras! Matéria transformada em uma tremenda energia. No caso de bombas atômicas, o inferno! A comparação é por conta do calor imenso liberado por elas, além da radiação e da força incrivelmente destrutiva.

No caso do Big Bang, a explosão que deu origem ao universo e a tudo que nele existe, uma imensa energia, com um imensíssimo calor que dela foi liberado, com a formação de subpartículas atômicas (partículas muito menores que um átomo), que, com o passar do tempo, foi-se esfriando no espaço vazio e frio, permitindo que tais subpartículas se unissem e formassem átomos de hidrogênio. Unidos formaram imensas estrelas, galáxias e alguns elementos formados, por pressões, dentro das estrelas, outros com a explosão muitas delas. Energia que transformou-se e transforma-se, ainda hoje, no âmbito estelar, em matéria e vice-versa. Formaram-se, assim, os céus.

Vale lembrar que Einstein previu a transformação da energia em massa (matéria) e vice-versa. Quem inventou as primeiras bombas atômicas foi um grupo de cientistas, durante a II Guerra Mundial, principalmente, com base nas ideias do cientista alemão. Quem descobriu o Big Bang foi um cientista norte-americano chamado Edwin Hubble (1889 – 1953), um grande e sagaz astrônomo, que descobriu galáxias e o movimento delas, evidenciando o movimento do universo e imaginando que ele poderia vir de um ponto inicial. Einstein o conheceu.

Esses dois casos mostram claramente o como a ciência dos últimos séculos, devedora de toda a história passada, com seus percalços e seus avanços, vem sendo capaz de descobrir coisas incríveis, mas, ao mesmo tempo, por conta de seu uso econômico-político-militar, também capaz de, a partir de certas descobertas, fabricar armas de destruição em massa. No mundo de hoje, inclusive, há milhares de bombas, capazes de, juntas, destruírem a Terra muitas vezes.

Criação (o “céu”) e destruição (o “inferno”) do mundo, dois eventos fundamentais que se interligam de alguma maneira, frutos das descobertas e das ciências humanas (aqui, as ciências criadas pelos seres humanos). É claro, pode-se perceber que nenhuma descoberta científica é neutra, ou seja, não é pura descoberta, mas é fruto de necessidades econômicas, políticas, de desafios humanos, da necessidade da sobrevivência, por um lado, e do enriquecimento do outro, aliado à busca e ao empenho de manutenção do poder.

A neutralidade científica é um mito, criado de propósito, que se torna perigo por esconder o jogo de interesses que está por trás dela (ou dele). O interesse dos cientistas de descobrirem e desvendarem os segredos do cosmos alia-se aos interesses econômicos, políticos e militares, já citados. Muito dinheiro é investido nas pesquisas e isto demanda a contrapartida do resguardo e da defesa dos últimos interesses.

O telescópio e o satélite espaciais que auxiliam no desvendar dos íntimos segredos do universo também servem para vigiar povos, movimentos de tropas, entre outros usos militares e políticos. Isto não desmerece a ciência, mas faz lembrar que é preciso atentar para o fato de que ela não tem nenhuma neutralidade. É preciso olhar a ciência com olhos críticos, isto é, olhos que problematizam, questionam, são capazes de pôr em dúvida a fundamentação do que se encontra por trás de cada descoberta, tanto do passado quanto do presente. É preciso o olhar filosófico, atento e interpretativo, aliado a um trabalho interdisciplinar com outras áreas do conhecimento humano, como as das ciências humanas, também não neutras.