A
energia é igual ao valor da massa multiplicada pela constante da velocidade da
luz ao quadrado. É a descrição da fórmula famosa de Albert Einstein, famoso
físico alemão que viveu entre meados do século XIX e meados do XX. E = MC2 (o
dois, aqui, indica quadrado, a multiplicação da constante da velocidade da luz
por si mesma). Essa fórmula aponta a existência de uma profunda relação entre a
energia e a matéria (massa), indicando que uma pode transformar-se na
outra.
No
transcurso dos milênios, os seres humanos aprenderam a transformar movimento em
energia e energia em movimento: a energia dos braços ou dos animais em energia
mecânica em máquinas, a energia dos ventos em movimento de moinhos e barcos, a energia do
vapor em movimento de navios a vapor, e outras coisas mais. Nos últimos
séculos, aprenderam a transformar também a energia elétrica em luminosa
(lâmpadas), bem como a força da matéria da água em energia elétrica em turbinas
nas usinas. E assim por diante.
A
curiosidade de Einstein, unida aos vastos conhecimentos que lhe vieram das
muitas leituras e debates com amigos interessados em física, professores e
outras pessoas, junto com a genialidade, permitiram-lhe perceber que também a
matéria pode transformar-se em energia e vice-versa. Há, inclusive, dois
exemplos fortíssimos que evidenciam essa relação, essa transformação: a
explosão de bombas atômicas e o nascimento do universo por meio do Big Bang.
No
primeiro caso, o das bombas, a liberação da energia contida na matéria dos
átomos estilhaçados de urânio ou outro elemento radioativo, capaz de destruir
cidades inteiras! Matéria transformada em uma tremenda energia. No caso de
bombas atômicas, o inferno! A comparação é por conta do calor imenso liberado
por elas, além da radiação e da força incrivelmente destrutiva.
No
caso do Big Bang, a explosão que deu origem ao universo e a tudo que nele
existe, uma imensa energia, com um imensíssimo calor que dela foi liberado, com
a formação de subpartículas atômicas (partículas muito menores que um átomo),
que, com o passar do tempo, foi-se esfriando no espaço vazio e frio, permitindo
que tais subpartículas se unissem e formassem átomos de hidrogênio. Unidos
formaram imensas estrelas, galáxias e alguns elementos formados, por pressões,
dentro das estrelas, outros com a explosão muitas delas. Energia que
transformou-se e transforma-se, ainda hoje, no âmbito estelar, em matéria e
vice-versa. Formaram-se, assim, os céus.
Vale
lembrar que Einstein previu a transformação da energia em massa (matéria) e
vice-versa. Quem inventou as primeiras bombas atômicas foi um grupo de
cientistas, durante a II Guerra Mundial, principalmente, com base nas ideias do
cientista alemão. Quem descobriu o Big Bang foi um cientista norte-americano
chamado Edwin Hubble (1889 – 1953), um grande e sagaz astrônomo, que descobriu
galáxias e o movimento delas, evidenciando o movimento do universo e imaginando
que ele poderia vir de um ponto inicial. Einstein o conheceu.
Esses
dois casos mostram claramente o como a ciência dos últimos séculos, devedora de
toda a história passada, com seus percalços e seus avanços, vem sendo capaz de descobrir coisas
incríveis, mas, ao mesmo tempo, por conta de seu uso econômico-político-militar, também
capaz de, a partir de certas descobertas, fabricar armas de destruição em
massa. No mundo de hoje, inclusive, há milhares de bombas, capazes de, juntas,
destruírem a Terra muitas vezes.
Criação
(o “céu”) e destruição (o “inferno”) do mundo, dois eventos fundamentais que se
interligam de alguma maneira, frutos das descobertas e das ciências humanas (aqui, as ciências
criadas pelos seres humanos). É claro, pode-se perceber que nenhuma descoberta
científica é neutra, ou seja, não é pura descoberta, mas é fruto de
necessidades econômicas, políticas, de desafios humanos, da necessidade da
sobrevivência, por um lado, e do enriquecimento do outro, aliado à busca e ao
empenho de manutenção do poder.
A
neutralidade científica é um mito, criado de propósito, que se torna perigo por
esconder o jogo de interesses que está por trás dela (ou dele). O interesse dos
cientistas de descobrirem e desvendarem os segredos do cosmos alia-se aos interesses
econômicos, políticos e militares, já citados. Muito dinheiro é investido nas
pesquisas e isto demanda a contrapartida do resguardo e da defesa dos últimos
interesses.
O
telescópio e o satélite espaciais que auxiliam no desvendar dos íntimos
segredos do universo também servem para vigiar povos, movimentos de tropas,
entre outros usos militares e políticos. Isto não desmerece a ciência, mas faz lembrar
que é preciso atentar para o fato de que ela não tem
nenhuma neutralidade. É preciso olhar a ciência com olhos críticos, isto é,
olhos que problematizam, questionam, são capazes de pôr em dúvida a fundamentação
do que se encontra por trás de cada descoberta, tanto do passado quanto do
presente. É preciso o olhar filosófico, atento e interpretativo, aliado a um
trabalho interdisciplinar com outras áreas do conhecimento humano, como as das
ciências humanas, também não neutras.
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