Por que se usa anel de casamento e por que se chama aliança? Há povos em que o casamento é reconhecido por outro(s) símbolo(s).
Por que são necessárias as placas de
trânsito?
O que as placas de trânsito significam?
Por que “o diabo foge da cruz” [dito
popular]?
Por que razão os ovos de Páscoa?
Por que o coelho foi escolhido para a
Páscoa e não o cachorro? O cão não é “o melhor amigo do homem” [dito popular]?
Desenhos nas cavernas, marcas em
pedras e outras rochas, pequenas estatuetas em forma de mulheres, bandeiras,
placas, escritas diversas, diferentes línguas e linguagens, entre muitos outros
símbolos, são formas de expressão humana e de sua necessidade vital. Sem
dúvida, nenhum ser humano, homem ou mulher, criança ou adulto ou ancião(ã)
consegue viver sem símbolos. Desde tempos recuados, há milhares de anos, eles
vêm se tornando parte fundamental da vida de cada pessoa e marcam uma grande
diferença entre o humano e o animal.
Símbolos da linguagem oral, visual,
dos gestos, que apelam para os diferentes sentidos humanos. Símbolos
matemáticos, geográficos, climáticos, dentre tantos outros, nas mais diversas
ciências. O que são símbolos? A palavra, em si, provém do grego symbolon, significando aquilo que está
no lugar de outro ser para representa-lo. De fato, todo símbolo é, na verdade, uma
representação.
Representação, por sua vez, é
re-present-ação, literalmente: ação de tornar novamente (re-) presente. Uma
palavra torna presente, por meio de seu significado, um animal, como, por
exemplo, cavalo. Quando se diz cavalo, logo vem à mente a imagem daquele
animal. Uma placa de trânsito pode indicar uma curva acentuada à direita ou à
esquerda, tornando presente à mente da(o) motorista a indicação de que adiante
encontrará uma determinada curva no caminho. E assim por diante. Portanto, são
os símbolos que tornam possível a vida humana.
A comunicação entre pessoas ocorre
através de símbolos: o pedido da mãe à filha usando palavras e\ou gestos, uma
história contada pela avó, um caderno de desenhos, um quadro de Van Gogh, todos
são meios simbólicos de comunicação de mensagens, de ideias. Este texto também.
Os símbolos exigem o trabalho mental
da abstração. Abstração é, literalmente: ação de tirar para fora. Para fora de
quê? Da realidade sensível, transformando os seus elementos em ideias, as
quais, por sua vez, acabam por remeter, simbolicamente, à realidade: a ideia
contida no símbolo da placa, as ideias contidas nas palavras da avó que conta a
história, e assim por diante. Os símbolos correspondem a ideias, as quais, por
seu turno, juntas, permitem a formação de pensamentos.
Os homens primitivos, antes do
nascimento das línguas, para se comunicarem uns com os outros, faziam uso de
gestos e sons, os quais, com o decorrer do tempo, foram aumentando e se
complexificando, até formarem linguagens mais complexas (mais repletas de
símbolos), conforme os lugares e ambientes aqueles foram se encontrando, em seu
vagar pelo mundo afora, em bandos, e, depois, no momento em que parte deles se
sedentarizaram.
Hoje vive-se em um mundo permeado de
símbolos: ao ligar um celular, ao falar com alguém em uma língua qualquer, ao
sair de casa e deparar-se com um outdoor, aquela tabuleta contendo informações
de certo produto em um supermercado, além de outros tantos. Porém, algo é
exigido: conhecer os símbolos e entender seus significados. Ora, uma pessoa que
jamais estudou sueco dificilmente poderá entender o que uma pessoa da Suécia
diz em sua língua, principalmente se as palavras não forem acompanhadas de
gestos. Portanto, entender os símbolos com os quais uma dada sociedade expressa
sua vida é fundamental para se poder viver dentro dela, ainda que possam haver,
com certeza, alguns símbolos universais ou universalizados.
Curiosamente, muitas vezes, enquanto
se comunicam por meio da língua, a esta acompanham os gestos. De onde veio isto?
Da própria pré-história humana, quando, por falta de termos ou de sons que
correspondessem a certos seres, as pessoas faziam gestos para os indicarem. E,
no transcurso da história, tal forma de comunicação, aliando gesticulação e
palavras faladas, acabou incorporando-se nas pessoas. Ainda hoje, em pleno
século XXI, se faz uso das palavras e de gestos que remetem aos significados
daquelas.
Os símbolos, é claro, não são
eternos, não permanecem para sempre. Sofrem mudanças, podem até ser
substituídos, criticados, bem ou mal aceitos, conforme o que signifiquem,
enfim, transformados (p. ex.: a suástica, em sua origem religiosa oriental, é
símbolo da vida e de suas vicissitudes, contudo, por causa dos nazistas,
no mundo ocidental, principalmente, tornou-se lembrança de algo negativo do passado histórico: muito sofrimento e
morte).
As religiões são permeadas de
símbolos: a cruz, no cristianismo, lembra a morte (crucifixo: cruz com Jesus
nela pregado) e a ressurreição (simbolizada na cruz vazia) de Jesus; a estrela
de Davi para os judeus, com suas seis pontas (em seis dias Deus fez o mundo,
conforme o capítulo um do livro bíblico do Gênesis; a estrela lembra também a
luz); a estrela que conduziu os magos até Jesus; a lua crescente do Islã, que
simboliza a beleza e a força, o despontar crescente da luz que ilumina (a
iluminação da lua vai crescendo até esta ficar toda iluminada e esparramar a
luz no céu noturno, como a fé que cresce e se difunde ou a luz divina que
ilumina o caminho das pessoas).
E por que a internet, a televisão e
os meios de comunicação em geral são tão atraentes? Por que estão carregados de
imagens e sons, com cores, formatos, sonoridades e outros elementos muito enriquecidos
simbolicamente e, sem dúvida, atraindo com fins comerciais. Com efeito, todo
símbolo contém elementos sensoriais e a estes remetem: cores, sons, cheiros (os
perfumes, por exemplo), formatos geométricos, além de tantos outros. Tais
símbolos, como muitos outros, mexem profundamente com a psique humana, isto é,
com a mente e o inconsciente humanos, daí serem usados para chamar a atenção
das pessoas e até para atraí-las, conseguir sua anuência (aceitação,
concordância) e até sua audiência, levando-as a agir, a buscar.
Logo, pode-se ver que o ser humano,
que forja os símbolos, acaba sendo também forjado por eles, como numa
dialética. E, para que não se percam, são constantemente usados (as línguas que
o digam), relembrados, revividos, até mesmo reverenciados (a cruz, por exemplo,
reverenciada, isto é, profundamente respeitada, por cristãos, ainda que não
idolatrada), alguns se perdem, outros surgem, fruto da criatividade humana.
Símbolos podem ser usados para o bem
e para o mal. As procissões religiosas, de diferentes religiões, no passado e
no presente, foram ou são carregadas de elementos simbólicos. As passeatas, no
Brasil e em outros lugares do mundo, contêm cartazes, faixas, além de muitos
outros elementos cuja carga simbólica aponta para a necessidade de certos bens
sociais e para uma profunda preocupação com a vida coletiva. A cruz vermelha,
numa placa de estrada, lembra que logo à frente há um hospital ou que se está
próximo de um posto de atendimento médico. Os nazistas e fascistas fizeram
largo uso dos símbolos: em desfiles, passeatas, discursos públicos em praças
lotadas, havia centenas de bandeiras contendo imagens, músicas, fardas, dentre
muitos outros, símbolos de força, de poder, infelizmente usados para defender a
ambição e a dominação de seres humanos. Enfim, os símbolos são paradoxais.
Os símbolos, matemáticos e
linguísticos, também permitem o avanço das ciências: fórmulas matemáticas, a
sequência em letras do DNA humano ou de qualquer outro ser vivo em estudo, os
símbolos que aparecem na lógica filosófica (formal ou simbólica, matemática),
fórmulas da Física, dentre outros tantos recursos simbólicos científicos. O
próprio Galileu Galilei, no século XVII, como Pitágoras bem antes dele, dizia
que o universo está carregado de linguagem matemática e que para conhece-lo é
preciso conhecer tal linguagem: os símbolos (números, formas geométricas e
outros elementos).
A compreensão dos símbolos é, como se
pode ver, fundamental à sua interpretação e, consequentemente, ao seu uso. E o
uso e esse entendimento dos símbolos são igualmente fundamentais para que haja
ciência, literatura, comércio e tantas outras coisas, enfim, para que as
pessoas se humanizem. O próprio aprendizado na família, na escola, em todo
lugar, ocorre por meio de símbolos. Os poetas e escritores, até mesmo os
cientistas e filósofos, assim como os contadores de histórias, sabem bem da
carga simbólica das metáforas, das figuras de linguagem e da imaginação.
Professora, professor, faça um
levantamento com suas turmas, na escola, de símbolos que são usados no dia a
dia e que façam uma pesquisa sobre símbolos usados no trânsito, nas religiões,
nas ciências e em outras manifestações humanas. Peça para os grupos trazerem
para a sala de aula tantos símbolos quantos puderem encontrar. Depois, discuta
com essas turmas o caráter econômico, social, político, afetivo, etc., de tais
símbolos, buscando, inclusive, entender em que eles se fundamentam e o que eles
apontam. Bom proveito!
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