A bioética é uma área relativamente
recente da filosofia, lidando com questões relativas à vida, postas pelo mundo
social e, particularmente, pela ciência. Envolve questões do campo da biologia,
da medicina, da tecnologia ligada à vida, dentre outras. Dentre essas questões
encontram-se: intervenções (manipulação) no DNA humano e dos seres vivos por
meio da engenharia genética, com seus riscos, a eutanásia, o aborto, a
fabricação de armas biológicas, o uso de seres vivos em estudos científicos,
implicações da medicina em relação ao corpo humano, dentre outros desafios
postos à vida e à sua preservação.
A bioética preocupa-se com o cuidado
da vida humana e, seguramente, também com a preservação da existência dos demais
seres vivos que convivem com os seres humanos no planeta Terra. No mundo atual
e na história contemporânea relativamente recente, com efeito, tem havido
incremento na poluição, na fabricação e no uso de produtos químicos diversos,
problemas relacionados à radioatividade que afetam diretamente a vida, a
destruição de florestas, ecossistemas e biomas, aquecimento global, crescimento
populacional humano mundial, dentre outros desafios.
Resguardar e preservar a vida humana
e as demais formas de vida têm sido objeto de preocupação da bioética,
justamente porque existe uma clara conexão entre todos os seres vivos, entre
todos os ecossistemas. Quando um desses ecossistemas é destruído, é quebrado um
elo que faz parte de toda a vida planetária, trazendo problemas graves para
outros ecossistemas e, particularmente, para o ser humano.
Vale observar que o evolucionismo
demonstrou que o homem e a mulher não são os reis da criação, mas seres vivos
(animais) que compartilham com os demais características comuns e que evoluem
biologicamente como estes. Os seres humanos fazem parte de uma história muito
mais ampla: a história da vida no planeta Terra. A luta em favor da vida
implica, pois, em ter clara a percepção dessa história.
A base de códigos de direito
relacionados à vida, no Brasil e no mundo, deve (ou deveria) ser constituída,
no fundo, pela ética, mais propriamente fazendo parte da bioética: um código florestal,
um código de engenharia genética, dentre outros. A ética da vida (bioética) lembra do respeito
necessário aos mundos biológico e humano, extrapolando os interesses
econômicos, políticos, militares e outros que possam estar na base de pesquisas
e descobertas ligadas à vida, às intervenções constantes e perigosas na
natureza, ocorridas em nome do aumento do capital.
Questões de Direito adentram o campo
ético, bioético, demandando um diálogo com as leis e normas
politico-legislativas: o direito de intervir na vida ou de resguardá-la, tendo
em vista sua preservação para as gerações atuais e futuras. Na base das leis
que tocam na vida é preciso que esteja a ética.
A bioética não quer impor limites que
possam tolher o desenvolvimento econômico e social, mas quer que tal
desenvolvimento ocorra de forma sustentável e responsável. A responsabilidade
dos seres humanos é imensa e dela ninguém pode excusar-se, desde os que detêm o
poder político nacional e internacional até pessoas comuns, que podem agir no sentido
de exigir um maior cuidado com as questões ambientais, naturais e humanas
propriamente ditas.
A bioética acompanha a ciência, com a diferenciada evolução científica das mais diversas
sociedades. E toda discussão nesse campo envolve não somente intelectuais,
juristas e governantes, mas toda a sociedade, que é a mais atingida pelas ações
sociais, políticas, econômicas e científicas que atingem diretamente a vida.
A história da filosofia demonstra
claramente preocupações com a cosmologia, em suas origens, com o entendimento
do ser (metafísica), com a constituição das sociedades e seus fundamentos
(política), a ética, a linguagem e várias outras. A realidade histórica dos
últimos séculos e a potencialização cada vez maior das descobertas humanas, bem
como as intervenções nos mundos naturais e humano pelo capital, a exploração do
homem e do mundo natural, com a Revolução Industrial, puseram desafios à
discussão filosófica, fazendo-a abrir-se a questões vitais daí brotadas,
nascendo, assim, de modo interdisciplinar, a bioética.
Portanto, a filosofia abre-se para o
diálogo interdisciplinar, sabendo que precisa de outras ciências e do Direito para
discutir questões como as que aqui foram apresentadas. A bioética não tem
respostas acabadas, mas as põe em debate coletivo. Nesse sentido, ela é
interdisciplinar, ainda que tenha parte de suas raízes na ética filosófica.
Enfim, os desafios bioéticos competem a todos!
Sugestões para trabalhar em sala de
aula, a título de introdução e de materiais valiosos:
*Cartazes + debate coletivo de cada turma.
*Imagens extraídas de revistas antigas (séc. XX) +
debate coletivos de cada turma sobre tais imagens, buscando ampliar o leque que
vai bem além delas.
*Estudo de códigos de ética ambiental, florestal e outros
ligados a questões da vida.
*Slides, contendo imagens e pequenos comentários sobre
alguma(s) questão(ões) discutida(s) pela bioética. Etc.
*A critério de cada professora e professor.
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