COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO BIMESTRE
AULA 31 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS
ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (Prof. José Antônio )
Aristóteles viveu no século IV antes
de Cristo (a.C.), foi filósofo, cientista, pesquisador, homem culto. Filho de
Nicômaco, médico do rei macedônico. ou
seja, conviveu com o rei e os nobres. Em sua juventude, foi estudar com Platão
(plato, grego, o “de ombros largos”,
mesma raiz de omoplata [escápula], apelido de Arístocles, nome um pouco
parecido com o de Aristóteles, mas que não é este). A escola de Platão era
chamada de ACADEMIA (em homenagem a um herói chamado Academus).
Mas o que tem a ver o pensamento de
Aristóteles e o de Platão conosco, ainda hoje? Para que estudá-los? Tratando de
Aristóteles, tocar-se-á, aqui e ali, no pensamento de Platão. Para começar,
aproveitemos o nome da escola de Platão, ainda HOJE, muito presente na
sociedade ocidental (sociedade influenciada muito pela cultura europeia e que
fica, em boa parte, a Oeste do mundo) e, dentro desta, no Brasil. Fala-se,
hoje, de: ACADEMIA DE LETRAS, ACADEMIA DE GINÁSTICA, ACADEMIA DE POLÍCIA,
ACADEMIA DE MÚSICA, entre outras muitas academias! Usa-se, inclusive, o termo
ACADÊMICOS para se referir aos estudantes de faculdades e universidades! Tem
até escola de samba, em São Paulo, que se chama ACADÊMICOS DO TATUAPÉ!
Um dos maiores filósofos da
antigüidade. Em sua juventude foi discípulo de Platão, em Atenas, na Academia.
Em razão de seu interesse pelos estudos e pela leitura assídua, Platão
apelidou-o "O Leitor". Após a morte de seu mestre, Aristóteles tentou
ocupar a vaga de diretor da Academia, porém perdeu-a para Espeusipo, sobrinho
de Platão. Viajou por vários lugares. Casou-se, enviuvou e tornou-se a casar-se
tempos depois. Foi tutor de Alexandre Magno, filho do rei Filipe, na Macedônia.
De retorno a Atenas, fundou uma escola filosófica à qual deu o nome de LICEU,
em honra ao deus Apolo Lício. Apolo é o deus do Sol, da luz. Os discípulos de
Aristóteles eram conhecidos como peripatéticos, isto é,
"passeadores", em razão de terem aulas passeando pelos jardins do
Liceu. Vejam: Goiânia tem uma escola pública chamada LICEU, em homenagem ao
Liceu de Aristóteles.
Boa parte de sua vida Aristóteles
passou-a em Atenas, dedicando-se ao ensino. Quando Alexandre morreu e os gregos
começaram a se rebelar contra o domínio macedônico, Aristóteles fugiu para a
ilha de Cálcis, onde havia terras por ele herdadas, evitando que fosse julgado
e preso, como o fôra antes dele Sócrates. Tempos depois, veio a falecer ali.
Algumas obras de Aristóteles: Política, Metafísica, Física, Órganon, dentre
outras, tratando de assuntos os mais diversos. Aristóteles opõe-se à teoria das
Idéias, de Platão, não acreditando na existência de formas eternas
pré-existentes em um mundo hiperfísico (Mundo das Idéias ou Inteligível). Para
ele, as idéias são formadas a partir da ligação estabelecida na mente entre as
informações fornecidas pelos cinco sentidos. Nada há na mente que antes não
tenha passado pelos sentidos. Aprender, portanto, não é lembrar. Aprender
demanda percepção do mundo e apreensão de conteúdos através dos sentidos,
particularmente o da visão e da audição. O aprendizado, para Aristóteles, deve
ser algo sistemático, ordenado, supõe memorização e compreensão, não uma
reminiscência de algo que a alma já tenha contemplado em outro mundo.
No âmbito da física, Aristóteles
interessou-se pela compreensão do movimento. De acordo com ele, o movimento
seria a passagem da potência ao ato, isto é, da possibilidade de vir a ser para
a realização em ato do ser. Por exemplo: uma semente seria uma árvore em
potência, pois carrega consigo a possibilidade de vir a ser uma árvore,
necessitando, para tanto, de solo adequado e de água. A árvore seria, por sua
vez, a realização da potência existente na semente.
ARISTÓTELES (Prof. José Antônio Brazão.)
Em Atenas, uma nova escola
Platão fundou
Da filosofia e das
verdadeiras ciências o conhecimento
Nova maneira de encarar se
disseminou,
Abrindo de grandes
discípulos, por séculos, o entendimento.
Destacando-se entre todos, na
Academia, entre eles,
Um macedônico discípulo
apareceu,
Nobre intelectual, filho de
médico da corte, Aristóteles,
O Leitor por Platão
apelidado, o nome era seu.
Tendo muito lido e por imenso
empenho se destacando,
Aristóteles homem
extremamente culto se tornou,
Do mestre Platão, um mundo
das Ideias não aceitando,
Nem ideais, uma filosofia
muito própria fundou.
Em seus livros, condensou-se
o aristotélico conhecimento:
Política, Ética, Física, Metafísica, do
mundo e da natureza,
Pois por muitos temas interessou-se seu filosófico pensamento
E sobre todos eles escreveu
e, no Liceu, ensinou com saber e destreza.
Ideias grandes teve o
estagirita,
Por estudos muitos contidas
no pensamento,
Do mundo seria mais rica
pepita,
De aurífera grandeza, o
conhecimento.
Sabendo de Empédocles as
sentenças,
Aristóteles concordou que por
quatro elementares
Princípios são feitas as
coisas terrenas:
Terra, água, ar e fogo,
esteios basilares.
Conforme reflexões do
agrigentino,
Arqués unidas por força do
Amor
E desarticuladas pelo Ódio,
Um unificador, o outro
desagregador.
Para dar à linguagem
fundamentação,
Criou Aristóteles o
raciocínio silogismo:
De duas premissas tirando a
conclusão,
Na lei geral o caso
particular necessaríssimo.
Do que são os céus feitos,
Perguntava-se o peripatético,
De modo a serem tão
perfeitos,
Senão do éter puro,
arquetípico?
Do aristotélico éter a tese,
há tempos, descartada,
Hoje, de cósmicas ondas
gravitacionais o requinte,
Na união espaço-tempo, a
hipótese comprovada
De um germânico cientista do
século vinte.
Mas para Aristóteles e seu
tempo um universo geocêntrico
Era, por conta do senso
comum, uma imensa certeza,
Composto de planetares
círculos concêntricos,
De cósmica harmonia e extrema
beleza.
Sobre a queda dos graves
corpos refletindo
Na sublunar, terrena,
realidade,
O mais pesado ao chão
primeiro acaba indo
Eis algo do que cria ser a
mais pura verdade.
Matutando da ética o humano
destino,
Acerca do que seria a virtude
Concluiu ser esta do meio o
caminho,
Como a temperança, no correto
alimentar atitude.
A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE ARISTÓTELES: (Prof. José
Antônio Brazão.)
Do
movimento Aristóteles
Ao
estudo se lança.
Movimentos
são devires:
Transformação,
deslocamento, mudança.
Movimento
é passagem
Da
potência ao ato
Nele
há fatores que agem
Até
tornar-se um fato.
Potência
é possibilidade
Que
tudo tem de vir a ser.
Ato
é o tornar realidade,
Fazendo
a potência acontecer.
Quatro
causas fundamentais
Fazem
o movimento dos seres no plano terrenal,
Provocando-lhes
mudanças essenciais.
São
elas material, formal, eficiente e final.
Material
é a matéria de um ser,
Formal
é a forma dada por homem ou natureza,
Eficiente
é aquela que faz acontecer,
Final
é a razão, o objetivo de toda essa proeza.
Uma
estátua feita de pedra
Tem
nesta sua causa material,
Tendo
o escultor na mente a forma,
Sendo
ele causa eficiente visando a causa final.
Árvore
é feita de matéria da terra,
Sua
forma, internalizada na semente,
Teve
nas condições naturais causa eficiente,
Tornar-se
frondosa e/ou frutífera seu fim inerente.
No
caso da natureza,
A
forma contida na semente foi a maneira
Que
ela encontrou, com fineza,
Para
distinguir jequitibá de pitangueira.
A
madeira-matéria do carvalho
É
transformada na forma de mesa
Na
mente do marceneiro, cujo eficiente trabalho
Tem
por uma causa final o altar da igreja.
Mais
causas finais a mesa poderia ter:
Numa
bela sala de jantar vir a servir,
Em
salas com professor e estudantes a debater
Ou
suporte para vasos de plantas a florir.
Outras
matérias podem a mesa compor:
Metal,
pedra, plástico, outras e até vidro.
Conforme
deseje o fator
Que
venha a tê-la feito e polido.
A
forma de mesa pode ser
Quadrada,
retangular, circular, oval
Da
básica geometria o saber
Matemático
fundamental.
A
eficiência do trabalho de quem faz
Transporá
a forma na matéria
Conforme
o fim-objetivo sagaz,
Tornando-a
sólida e não etérea.
A
eficiência da chuva na natureza,
Faz
a semente brotar e crescer com fulgor,
Caindo
na terra, faz despontar a beleza
Que
tem do pé de maracujá a flor.
No
geocêntrico universo, no mundo sublunar,
As
quatro causas do movimento,
Ao
tudo, aqui, pôr em devir, modificar,
Expõem
sua força e seu acento.
Devir
de que falava o efésio Heráclito:
Tudo
em movimento se encontra,
Como
a imagem de bélico conflito
Que
a reis com seus súditos remonta.
Chauí
as quatro causas analisando,
Descobriu
não terem o mesmo valor,
Aristóteles,
as hierarquizando,
Relações
sociais a nelas transpor.
Menos
é a eficiente valiosa,
Junto
com a causa material,
Sendo
a formal prestigiosa
Junto
com a causa final.
Material
e eficiente causas
São
ao corpo externas,
Formal
e final, frutos de mentais pausas,
São
ao humano intelecto internas.
Na
antiga Grécia escravista,
Havia
senhores com muitos escravos
A
realizar os afazeres da vida
Tirando
daqueles desta os agravos.
Senhores
podiam dedicar-se à política,
A
assistências às tragédias e comédias do teatro,
Intelectuais
à filosofia, à poesia e à escrita.
E
certos políticos? Em estátuas, seu retrato.
Nas
atividades técnicas e de fabricação
Senhores
e filhos não iam se aventurar:
Eram
de escravos e cidadãos de baixa condição.
Mas
no governo e na teoria tempo tinham para adentrar.
Por
milênios, melhor explicação do mundo representou,
No
Ocidente, a das quatro causas teoria.
No
entender da sublunar realidade perdurou,
Na
filosofia, na física e na ciência.
No
geocêntrico mundo aristotélico
Dois
mundos havia: o supralunar,
Dos
astros, claro e belo, etérico,
E
a Terra, no centro, sublunar.
O
éter é pura e cristalina substância,
A
preencher as formas e a composição
Da
Lua, de planetas e estrelas a essência,
Incapazes
de sofrer falhas ou imperfeição.
Do
geocêntrico do mundo sistema
Platão
e Eudoxo já tinham dado conta,
Mas
foi o aristotélico esquema
Que
marcou pensadores e até poetas de ponta.
Aprimorado
foi por Cláudio Ptolomeu,
A
mostrar a cêntrica Terra e sua redondeza,
No
Almagesto, por finos cálculos que conheceu
De
Euclides e matemáticos de esperteza.
De
Dante a Comédia Divina,
A
ir do Inferno profundo aos céus fecundos,
Aos
portugueses, de Camões, que Tétis ensina,
Ao
ir da celestial realidade ao terreno
mundo.
Com
a moderna natural filosofia,
De
Copérnico a Isaac Newton,
Que
novas leis da natura descobriria,
A
teoria das quatro causas perdeu o tom.
Aristóteles,
sem dúvida,
Foi
brilhante filósofo e cientista,
Deixando
rica herança legada
Para
o mundo à plena vista.
REFERÊNCIAS
SIMPLES:
CHAUÍ,
Marilena. O que é Ideologia? 2.ed.
São Paulo, Brasiliense, 2008. (Primeiros Passos, 13.)
Livros
didáticos: (1) Filosofando: Introdução à Filosofia. (Martins e Arruda) (2) Convite à Filosofia. (M. Chauí). (3) Iniciação à Filosofia. (M. Chauí)
DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR: Filosofia – Sociologia –
História.
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