COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO BIMESTRE
AULA 33 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:
MAX WEBER – RELAÇÃO SOCIAL: COMUNIDADE E SOCIEDADE
(Prof. José Antônio Brazão.)
A Sociologia tem por
objeto de estudos, como o próprio nome indica claramente, a sociedade. Max
Weber também se empenhou por entender a sociedade, bem como as comunidades que
a formam. Nesse sentido, buscou definir as relações sociais que perpassam a comunidade.
Segundo Maria Aparecida
da S. Fernandes Trindade:
“Max Weber (In: FERNANDES,
1973, p. 140) define as relações sociais na comunidade ‘quando a atitude na
ação social inspira-se no sentimento subjetivo (afetivo ou tradicional) dos
partícipes da constituição de um todo’; e na sociedade, ‘quando a atitude
na ação social inspira-se numa compensação de interesses por motivos racionais
(de fins e de valores) ou numa união de interesses com idêntica motivação e que
‘a imensa maioria das relações sociais participam em parte da comunidade e em
parte da sociedade.’ (FERNANDES, 1973, p. 141).” (TRINDADE,
Maria Aparecida da S. F. Comunidade e sociedade: norteadoras das relações
sociais. R. FARN, Natal, v.l, n.l, p. 165 - 174 Jul./dez. 2001. P. 166.
Disponível em: < https://revistas.unirn.edu.br/index.php/revistaunirn/article/download/30/33/295 >
Acesso em 11/10/2024.)
Vamos entender o trecho
acima parte por parte.
Primeira parte: “Max
Weber (In: FERNANDES, 1973, p. 140) define as relações sociais na comunidade
‘quando a atitude na ação social inspira-se no sentimento subjetivo (afetivo ou
tradicional) dos partícipes da constituição de um todo’.” (TRINDADE. Op. cit.,
p.166.). Comunidade é um agrupamento (grupo) humano, reunido com propósitos
comuns e a necessidade de sobrevivência. A comunidade se estabelece em relações
sociais, isto é, relações entre pessoas entre si e entre grupos menores que
dela fazem parte.
Segundo Weber, na
comunidade a
ação social (lembrar da aula anterior, na qual falamos das ações sociais)
“inspira-se no sentimento subjetivo (afetivo e tradicional) dos partícipes da
constituição de um todo” – lembrando: ação afetiva é aquela que é carregada de
sentimentos (por exemplo, o amor de pais e mães pelos filhos, que os leva à
busca de preservação e ao cuidado destes), ação tradicional é aquela definida
por costumes ou hábitos já instaurados na sociedade, ao longo do tempo, por
meio da tradição (aquilo que é transmitido pela sociedade, no decorrer do
tempo). Subjetivo é o que depende de cada SUJEITO, isto é, aquilo que cada
membro “partícipe” (participante) da comunidade faz e que tem repercussões
(consequências) na vida social.
Nas comunidades do
Nordeste do Brasil, por exemplo, são muito comuns as festas tradicionais do São
João, isto é, as festas juninas, preservadas, ao longo de décadas e até de
séculos, pela tradição (costumes, hábitos) e que são carregadas de afetividade
– alegria, festejo, encontros humanos, convivências. Muitos membros dessas
comunidades e até comunidades inteiras se envolvem nessa atividade anual
(tradicional).
As comunidades nordestinas, por sua
vez, fazem parte de algo mais amplo: a sociedade brasileira, que também é
formada por outras comunidades espalhadas em diferentes regiões e estados, cada
qual com seus costumes e tradições, mas tendo elementos em comum.
Parte 2: “(...) e
[relações sociais] na sociedade, ‘quando a atitude na ação social inspira-se
numa compensação de interesses por motivos racionais (de fins e de valores) ou
numa união de interesses com idêntica motivação e que ‘a imensa maioria das
relações sociais participam em parte da comunidade e em parte da sociedade.’
(...)” (Idem, p. 166.). A sociedade abarca um grupo maior que a comunidade. As
ações dos sujeitos (indivíduos, pessoas) “inspira-se numa compensação”, isto é
na busca de benefícios (compensação) definidos por interesses.
Simples: ação racional
segundo fins é uma ação levada por algum(ns) objetivo(s), isto é, alguma
finalidade: estudar para alcançar a aprovação no ENEM é uma ação racional,
porque levada adiante pelo pensamento, pelo intelecto, motivada para alcançar a
entrada numa universidade ou faculdade (ensino superior). Numa SOCIEDADE
grande, como o Brasil, milhares de jovens prestam as provas do ENEM, visando,
justamente, o fim (objetivo, finalidade) de conseguir vaga em curso superior
gratuito ou com bolsa de estudos oferecida pelo governo, conforme as notas.
As ações são conduzidas
também por valores – a prática da Justiça (LEIS) é baseada em valores
racionais, como o direito de todos, o respeito pelos bens pessoais, familiares
e coletivos, de acordo com normas definidas no interior de toda a sociedade,
valendo para todas as comunidades que dela fazem parte e para cada sujeito
(indivíduo, pessoa, independentemente da idade).
Segundo Trindade:
“No pensamento sociológico, são as relações
comunitárias que norteiam as reflexões acerca dos fatos sociais. Para Durkheim, ‘é com a 'communitas' [comunidade] e não com a 'societas'
[sociedade] que residem as verdadeiras raízes da sociedade’; para Auguste Comte, ‘a sociedade existe
independentemente do indivíduo e anteriormente a ele’. E ambos - Durkheim e
Comte - concebem a sociedade ‘como uma comunidade ampla’ (NISBET, 1984, p. 82).”
(TRINDADE. Op. cit., p.167.)
As relações comunitárias
“norteiam reflexões acerca dos fatos sociais”, como assim? Fácil de entender,
com ajuda de exemplo: a festa anual do São João (festas juninas) no Nordeste é
um fato social, isto é, um acontecimento que envolve membros da sociedade, no
caso, das comunidades, sendo que se pode pensa-las (fazer reflexões em torno
delas) a partir das relações comunitárias – também simples: as pessoas das
comunidades relacionam-se entre si e se envolvem no trabalho coletivo de fazer
acontecer a festa.
Na sequência, Trindade
diz: “(...) Para Durkheim, ‘é com a 'communitas'
[comunidade] e não com a 'societas' [sociedade] que residem as verdadeiras
raízes da sociedade’(...)” (p. 167). Simples: a comunidade é um grupo menor.
Uma sociedade é formada por várias comunidades. As raízes da sociedade se
encontram em cada comunidade que a forma – desde aquela comunidade da roça até
aquelas comunidades de bairros e outras (comunidades religiosas, culturais,
filantrópicas, etc.) dentro das cidades, todas juntas formando a sociedade.
Você faz parte de uma comunidade, a qual, por seu turno, faz parte de uma
sociedade maior – cidade, Estado, país, inclusive o mundo humano, se pensarmos
em sentido amplo. E você é importante para a comunidade e esta para a
sociedade!
Seguindo: “(...)para
Auguste Comte, ‘a sociedade existe independentemente do indivíduo e
anteriormente a ele’(...)” (p. 167). Augusto Comte viveu no século XIX e foi,
com Weber, Durkheim e Marx, além de Engels, um dos fundadores da Sociologia
enquanto ciência da sociedade. MAS por que “a sociedade existe
independentemente do indivíduo e anteriormente a ele”? Fácil de entender: a
sociedade onde nascemos já existia antes de nós nascermos! Antes de nascermos
já havia uma sociedade estruturada com hospitais, escolas, entre outras
instituições sociais (criadas pela sociedade). O indiozinho do século XV, na
América do Norte, já nascia dentro de uma sociedade, a tribo.
Finalmente: “(...)E ambos
- Durkheim e Comte - concebem a sociedade ‘como uma comunidade ampla’(...)”
(Idem ibidem, p. 167). Como assim? Vamos aproveitar a palavra 'communitas',
citada acima. Ela vem da língua latina, língua dos antigos romanos e da qual
descende também nossa língua. COMMUNITAS é comunidade – comunidade é COMUM
UNIDADE, isto é, unidade (união) comum (coletiva) de todos os membros que fazem
parte do agrupamento social. Portanto, a sociedade é também uma COMUNIDADE,
porém uma comunidade grande, que abarca várias outras comunidades menores.
Dentro da sociedade (a
grande comunidade) e das comunidades as pessoas agem, vivem, convivem,
estabelecem normas de convivência, leis, constroem costumes e valores
motivadores de muitas ações, onde há uma racionalidade (organização, ordem,
compreensão intelectual...).
REFERÊNCIAS:
ROMEIRO,
Julieta et alii. Diálogo – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São
Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.) (Livros didáticos.)
SILVA,
Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. 2.ed. São Paulo,
Moderna, 2016/2017. (Livro didático.)
TRINDADE,
Maria Aparecida da S. F. Comunidade e sociedade: norteadoras das relações
sociais. R. FARN, Natal, v.l, n.l, p. 165 - 174 Jul./dez. 2001. Disponível em:
< https://revistas.unirn.edu.br/index.php/revistaunirn/article/download/30/33/295 > Acesso em 11/10/2024.
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