COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO BIMESTRE
AULA 32 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS:
ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL – A POBREZA É
ALGO NATURAL? (Prof. José Antônio Brazão.)
A divisão de muitas
sociedades em classes e a pobreza e parte significativa delas não são naturais,
isto é, não foram impostas ou definidas pela natureza. Elas, na verdade, são
frutos de condições históricas reais e efetivas, geradas ao longo de gerações
anteriores e mantidas e/ou reforçadas hoje.
Como surgiram as classes
sociais e a desigualdade? No início da humanidade, há muitos milhares de anos,
os grupos humanos eram andarilhos (nômades) coletores e caçadores. À medida que
os grupos foram crescendo, surgiram tribos, com divisões, chefes, guerreiros e
outros. A divisão do trabalho masculino e do feminino, por sua vez, veio a se
intensificar. Os seres humanos aprenderam a escravizar os derrotados em guerras
e os capturados, fazendo surgir a escravidão.
Tribos nômades eram
também criadoras de animais, dados o aprendizado, com o tempo, da domesticação
destes e o seu uso para a produção de carne, leite, couro, lã e outros
produtos: ovelhas, carneiros, cabras e outros animais, incluindo aves. Cães
também foram domesticados a partir do contato com lobos mais mansos (ver
Cosmos, de Neil de Grasse Tyson).
Com a agricultura, a
divisão de terras e o domínio sobre elas nas mãos de poucos se firmaram e
acentuaram, mais ainda, as diferenças sociais. Além das tribos, aldeias e,
principalmente, cidades surgiram. Reis, exércitos, em cidades, agricultores,
artesãos, escravos, pessoas pobres e ricas despontaram cada vez mais. Nada
fruto da natureza, como se pode claramente ver.
Os generais dos exércitos
e os ligados à administração tomaram terras, deslocaram limites de terrenos e
se enriqueceram com a escravidão e a exploração dos mais pobres (ver Manifesto
do Partido Comunista, de Marx e Engels). Além desses grupos, os sacerdotes, com
funções específicas de culto, dispondo, inclusive, de terras próprias e até
mesmo de escravos e escravas. Ligados fortemente ao Estado – um excelente
exemplo disto é o Egito Antigo.
Na Grécia e na Roma
antigas, ricos, pobres e escravos. Milhares de escravizados, sem direito algum.
Com o crescimento das
cidades, intimamente ligadas ao campo (agricultura, pecuária e criação de
outros animais), os donos de terras (latifundiários e grandes pecuaristas) e os
líderes estabeleceram leis que, mesmo se apresentando como universais, resguardavam
seus interesses, domínios e privilégios, o que pode ser bem visto, por exemplo,
no Código de Hamurabi, antigo rei da Babilônia. E hoje? (Discussão. Para
ajudar: imagens de uma aula anterior.)
IMAGENS:
http://filosofianodia-a-dia.blogspot.com/2024/09/terceiroquarto-bimestre-aula-30-de_8.html
Na Idade Média, os
feudos, imensas extensões de terras dominadas por um senhor, sob cujo domínio
estavam vassalos e, particularmente, muitos servos, camponeses e artesãos, os
quais, mesmo sendo livres, por conta da religião e da organização social, tinham
que trabalhar, alguns dias, para o senhor feudal, além de pagar-lhe tributos
diversos.
Na Idade Média e até
antes da Revolução Francesa, a divisão social punha, no topo, o rei e a Igreja
Católica, com os senhores feudais; abaixo e mantendo a pirâmide social, os
servos já mencionados. Havia também comerciantes e outros, especialmente nas cidades
que ainda existiam e que, com o tempo, até a Revolução Francesa, iriam crescer
muito.
Nos tempos da Revolução
Industrial, a exploração de operários, muitos dos quais advindos do campo e
seus descendentes nas cidades, chegou ao auge, incluindo o trabalho de mulheres
e crianças nas indústrias.
O hoje tem raízes no
passado. Basta ver como foi feita a colonização do Brasil, bem como os ciclos
econômicos – ciclo do pau brasil, ciclo da cana de açúcar, ciclo do ouro, ciclo
do café, e assim por diante. Na maioria do tempo, a escravidão imperou. Terras
indígenas foram tomadas, tribos inteiras massacradas. Até índios foram
escravizados (basta lembrar dos bandeirantes e a caça de índios), mas,
sobretudo, a escravidão negra, deixando marcas profundas que repercutem na
divisão social até hoje e no acesso aos bens fundamentais à vida e à cidadania.
No mundo atual, há
favelas ao lado de palacetes (ver imagens de uma aula anterior), há lugares
onde o esgoto corre a céu aberto e há aqueles onde se tem esgoto canalizado e
tratado. Os mais pobres trabalham para sustentar grupos enriquecidos. São
assalariados, serviçais e, infelizmente, escravizados(as), dependendo dos
locais e das situações – basta dar uma olhada em noticiários.
REFERENCIAL:
MODERNA. História do Brasil. São Paulo, Moderna,
2006. (ENCICLOPÉDIA DO ESTUDANTE, Vol. 16)
JUS.COM.BR. Uma visão do combate ao trabalho escravo
contemporâneo no Brasil pela ótica dos direitos humanos. Disponível em:
< https://jus.com.br/artigos/66171/uma-visao-do-combate-ao-trabalho-escravo-contemporaneo-no-brasil-pela-otica-dos-direitos-humanos > Acesso em 20 de setembro de 2024.
R7. Escravos bolivianos são resgatados na zona
leste de SP. Disponível em: < https://noticias.r7.com/sao-paulo/escravos-bolivianos-sao-resgatados-na-zona-leste-de-sp-13102014 > Acesso em 20 de setembro de 2024.
ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo – Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.) (Livros didáticos.)
SILVA, Afrânio et alii. Mundo
do trabalho e desigualdade social. In: _________________. Sociologia em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2016/2017.
(Unidade 4)
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