COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO BIMESTRE
AULA 32 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:
MAX WEBER – A TEORIA COMPREENSIVA DA SOCIEDADE
(Prof. José Antônio.)
De acordo com Maria de
Fátima da Costa Gonçalves:
“Max Weber faz uma distinção radical entre Ciências
da Natureza e Ciências da Cultura, as quais têm requisitos metodológicos
próprios. Enquanto as primeiras tentam explicar os fatos, comportando leis
específicas, as segundas se orientam pela probabilidade de compreender o
sentido da ação e, portanto, não admitir leis enunciativas. Nas Ciências da
Natureza as relações são de necessidade, nas Ciências da Cultura as relações
são de probabilidade, uma vez que não há relações de causa e efeito, como
naquelas manifestamente naturais. Este é o cerne da sociologia compreensiva.” (GONÇALVES, Maria de Fátima da Costa. SENTIDO E VALOR DA SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE MAX WEBER.
Disponível em: < https://cajapio.ufma.br/index.php/rppublica/article/download/3755/1818/11748 >
Acesso em 03/10/2024.
Página 6.)
Por que estabelecer uma
diferença entre Ciências da Natureza e as Ciências da Cultura? No século XIX e
no início do século XX, época quem que Weber viveu, as ciências da natureza
haviam chegado a grande nível de desenvolvimento, com uma série de descobertas
e teorias novas sobre o mundo e a natureza, com raízes que estendem, sem
dúvida, até a Revolução Científica Moderna (século XV adiante).
Estudos voltados para o
conhecimento da sociedade e da cultura humana buscavam meios de se firmar como
ciências, influenciadas, com certeza, pelo rigor das ciências da natureza.
Desmembradas da Filosofia, à qual estiveram ligadas por muito tempo.
A Sociologia nasceria
como ciência nesse contexto, graças aos trabalhos de homens como Durkheim e
Weber, além da influência de Marx, Engels e outros. Max Weber, inclusive,
empenhou-se decididamente em estruturar a Sociologia como ciência e ciência
rigorosa.
Gonçalves continua:
“Ao indicar sociologia compreensiva como resultado
dessa preocupação em demarcar limites específicos tanto quanto aos conceitos
como instrumentos operacionais das ciências da natureza e das ciências da
cultura, Weber afirmou: ‘A sociologia compreensiva. entretanto, não se interessa pelos fenômenos
fisiológicos e pelos anteriormente chamados fenômenos ‘psicofísicos’ [...],
tampouco se interessa pelos dados físicos brutos... Pelo
contrário, estabelece diferenças da ação conforme referências típicas. providas
de sentido (sobretudo referências ao exterior)[...]’ (WEBER, 1995, p. 315, grifo nosso).”
(GONÇALVES, op. cit. , p. 6). (Grifo escurecido: meu.)
A sociologia compreensiva
põe o indivíduo no centro da análise. Weber, diferentemente de Marx, não olha
para a realidade social como sendo tecida por conflitos históricos entre
classes sociais dominantes e dominadas, mas como resultado das relações entre
pessoas, indivíduos. Ora tudo que as pessoas fazem é fruto de motivações, isto
é, de ideias e valores que motivam suas ações, que dão razões a estas.
Pergunta para debate e
levantamento (tempestade de ideias): O que leva você, estudante, [o que o/a
motiva] a levantar cedo e vir para a escola? (Levantamento: anotar no quadro da
sala de aula.)
Outro ponto importante da
sociologia compreensiva é o impacto de ideias, valores e crenças sobre as
mudanças sociais. Vale lembrar que Weber estudou a Reforma Protestante e a
influência desta, inclusive, sobre o pensamento econômico capitalista! Ora, para
levar adiante a Reforma Lutero, Calvino e outros tiveram motivações profundas,
crenças e ideias em que acreditavam.
Gonçalves dirá:
“Em ‘A Ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo’ (Die Protestantische Ethik und der Geist des Kapitalismus”), o
autor, na parte introdutória do trabalho, referindo-se à relação entre o
capitalismo e as formas de organização administrativa e jurídica no Ocidente,
afirmou:
‘Entre os fatores de importância incontestável,
encontram-se as estruturas racionais do direito e da administração. Isto porque
o moderno capitalismo racional baseia-se, não só nos meios técnicos de
produção. como num determinado sistema legal e numa administração orientada por
regras formais. (...). Esse tipo de direito e de administração foram válidos
para a atividade econômica, em grau de relativa perfeição. somente no Ocidente.
Deve-se perguntar agora onde é que se originou esse Direito. (...) Forças inteiramente
diversas também atuaram no seu desenvolvimento. Se não, por que não fizeram
os mesmos interesses capitalistas na China ou na índia? Por que lá não alcançou
o desenvolvimento científico, artístico, político ou econômico. o mesmo grau de
racionalização que é peculiar no Ocidente?’ (WEBER, 1999,10-11, grifo nosso)”
(GONÇALVES. Op. cit., p. 8.)
(Professor, explicar cada
parte do texto, esmiuçando-o de forma simples e de tranquilo entendimento.)
No que diz respeito às
ações e suas motivações, cuja análise faz parte da teoria compreensiva da
sociedade, Weber define as ações em quatro espécies:
1)
AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS. É toda ação,
baseada na reflexão e no uso da razão, que se motiva pelos fins que podem ser
alcançados. Por exemplo: Um estudante que que empenha para aprender muito
porque acredita racionalmente que isto será um diferencial profundo em sua vida
futura. Outro (e, de repente, ambos), porque quer(em) ser aprovado(s) no ENEM e
entrar(em) na universidade.
2)
AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES. É toda ação,
baseada na reflexão e no uso da razão, carregada por valores – sejam valores
éticos, políticos, religiosos, estéticos [de beleza] ou outros. Por exemplo:
alguém que pratica a caridade para com o próximo levado por valores religiosos
e/ou éticos, humanitários.
3)
AÇÃO TRADICIONAL. É toda ação que se realiza por
conta de costumes e hábitos fortemente presentes na sociedade de que o
indivíduo faz parte. Exemplo: a celebração coletiva, de indivíduos, do Natal,
de uma formatura ou outra fundada nos costumes habituais da sociedade.
4)
AÇÃO SOCIAL AFETIVA. É toda ação que é levada por
afetos e sentimentos. Por exemplo: alguém que se declara à sua amada ou ao seu
amado, dando-lhe flores ou até pedindo-lhe em namoro ou casamento; os filhos
que dão presentes a mães e pais, nos respectivos dias destes ou no aniversário
ou independentemente destes. No caso do dia dos pais ou das mães, uma mescla de
ação tradicional com ação social afetiva.
Toda ação tem uma
motivação, levando os indivíduos (as pessoas) a agir como agem, a fazer coisas
as mais diversas no dia a dia e junto com outras pessoas. Ora, toda ação é ação
situada no interior da sociedade em que se vive, desde uma sociedade de organização
mais simples até uma sociedade mais complexa.
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES,
Maria de Fátima da Costa. SENTIDO E VALOR DA SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE MAX
WEBER. Disponível em: < https://cajapio.ufma.br/index.php/rppublica/article/download/3755/1818/11748 > Acesso em 03/10/2024.
ROMEIRO,
Julieta et alii. Diálogo – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São
Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.) (Livros didáticos.)
SILVA,
Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. 2.ed. São Paulo,
Moderna, 2016/2017. (Livro didático.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário