quinta-feira, 10 de outubro de 2024

QUARTO BIMESTRE - AULA 32 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS: MAX WEBER – A TEORIA COMPREENSIVA DA SOCIEDADE (Prof. José Antônio Brazão.)

  

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Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

QUARTO BIMESTRE

AULA 32 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:

MAX WEBER – A TEORIA COMPREENSIVA DA SOCIEDADE (Prof. José Antônio.)

De acordo com Maria de Fátima da Costa Gonçalves:

“Max Weber faz uma distinção radical entre Ciências da Natureza e Ciências da Cultura, as quais têm requisitos metodológicos próprios. Enquanto as primeiras tentam explicar os fatos, comportando leis específicas, as segundas se orientam pela probabilidade de compreender o sentido da ação e, portanto, não admitir leis enunciativas. Nas Ciências da Natureza as relações são de necessidade, nas Ciências da Cultura as relações são de probabilidade, uma vez que não há relações de causa e efeito, como naquelas manifestamente naturais. Este é o cerne da sociologia compreensiva.” (GONÇALVES, Maria de Fátima da Costa. SENTIDO E VALOR DA SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE MAX WEBER. Disponível em: < https://cajapio.ufma.br/index.php/rppublica/article/download/3755/1818/11748 > Acesso em 03/10/2024. Página 6.)

Por que estabelecer uma diferença entre Ciências da Natureza e as Ciências da Cultura? No século XIX e no início do século XX, época quem que Weber viveu, as ciências da natureza haviam chegado a grande nível de desenvolvimento, com uma série de descobertas e teorias novas sobre o mundo e a natureza, com raízes que estendem, sem dúvida, até a Revolução Científica Moderna (século XV adiante).

Estudos voltados para o conhecimento da sociedade e da cultura humana buscavam meios de se firmar como ciências, influenciadas, com certeza, pelo rigor das ciências da natureza. Desmembradas da Filosofia, à qual estiveram ligadas por muito tempo.

A Sociologia nasceria como ciência nesse contexto, graças aos trabalhos de homens como Durkheim e Weber, além da influência de Marx, Engels e outros. Max Weber, inclusive, empenhou-se decididamente em estruturar a Sociologia como ciência e ciência rigorosa.

Gonçalves continua:

“Ao indicar sociologia compreensiva como resultado dessa preocupação em demarcar limites específicos tanto quanto aos conceitos como instrumentos operacionais das ciências da natureza e das ciências da cultura, Weber afirmou: ‘A sociologia compreensiva. entretanto, não se interessa pelos fenômenos fisiológicos e pelos anteriormente chamados fenômenos ‘psicofísicos’ [...], tampouco se interessa pelos dados físicos brutos... Pelo contrário, estabelece diferenças da ação conforme referências típicas. providas de sentido (sobretudo referências ao exterior)[...]’ (WEBER, 1995, p. 315, grifo nosso).” (GONÇALVES, op. cit. , p. 6). (Grifo escurecido: meu.)

A sociologia compreensiva põe o indivíduo no centro da análise. Weber, diferentemente de Marx, não olha para a realidade social como sendo tecida por conflitos históricos entre classes sociais dominantes e dominadas, mas como resultado das relações entre pessoas, indivíduos. Ora tudo que as pessoas fazem é fruto de motivações, isto é, de ideias e valores que motivam suas ações, que dão razões a estas.

Pergunta para debate e levantamento (tempestade de ideias): O que leva você, estudante, [o que o/a motiva] a levantar cedo e vir para a escola? (Levantamento: anotar no quadro da sala de aula.)

Outro ponto importante da sociologia compreensiva é o impacto de ideias, valores e crenças sobre as mudanças sociais. Vale lembrar que Weber estudou a Reforma Protestante e a influência desta, inclusive, sobre o pensamento econômico capitalista! Ora, para levar adiante a Reforma Lutero, Calvino e outros tiveram motivações profundas, crenças e ideias em que acreditavam.

Gonçalves dirá:

“Em ‘A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo’ (Die Protestantische Ethik und der Geist des Kapitalismus”), o autor, na parte introdutória do trabalho, referindo-se à relação entre o capitalismo e as formas de organização administrativa e jurídica no Ocidente, afirmou:

‘Entre os fatores de importância incontestável, encontram-se as estruturas racionais do direito e da administração. Isto porque o moderno capitalismo racional baseia-se, não só nos meios técnicos de produção. como num determinado sistema legal e numa administração orientada por regras formais. (...). Esse tipo de direito e de administração foram válidos para a atividade econômica, em grau de relativa perfeição. somente no Ocidente. Deve-se perguntar agora onde é que se originou esse Direito. (...) Forças inteiramente diversas também atuaram no seu desenvolvimento. Se não, por que não fizeram os mesmos interesses capitalistas na China ou na índia? Por que lá não alcançou o desenvolvimento científico, artístico, político ou econômico. o mesmo grau de racionalização que é peculiar no Ocidente?’ (WEBER, 1999,10-11, grifo nosso)” (GONÇALVES. Op. cit., p. 8.)

(Professor, explicar cada parte do texto, esmiuçando-o de forma simples e de tranquilo entendimento.)

No que diz respeito às ações e suas motivações, cuja análise faz parte da teoria compreensiva da sociedade, Weber define as ações em quatro espécies:

1)    AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A FINS. É toda ação, baseada na reflexão e no uso da razão, que se motiva pelos fins que podem ser alcançados. Por exemplo: Um estudante que que empenha para aprender muito porque acredita racionalmente que isto será um diferencial profundo em sua vida futura. Outro (e, de repente, ambos), porque quer(em) ser aprovado(s) no ENEM e entrar(em) na universidade.

2)    AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A VALORES. É toda ação, baseada na reflexão e no uso da razão, carregada por valores – sejam valores éticos, políticos, religiosos, estéticos [de beleza] ou outros. Por exemplo: alguém que pratica a caridade para com o próximo levado por valores religiosos e/ou éticos, humanitários.

3)    AÇÃO TRADICIONAL. É toda ação que se realiza por conta de costumes e hábitos fortemente presentes na sociedade de que o indivíduo faz parte. Exemplo: a celebração coletiva, de indivíduos, do Natal, de uma formatura ou outra fundada nos costumes habituais da sociedade.

4)    AÇÃO SOCIAL AFETIVA. É toda ação que é levada por afetos e sentimentos. Por exemplo: alguém que se declara à sua amada ou ao seu amado, dando-lhe flores ou até pedindo-lhe em namoro ou casamento; os filhos que dão presentes a mães e pais, nos respectivos dias destes ou no aniversário ou independentemente destes. No caso do dia dos pais ou das mães, uma mescla de ação tradicional com ação social afetiva.

Toda ação tem uma motivação, levando os indivíduos (as pessoas) a agir como agem, a fazer coisas as mais diversas no dia a dia e junto com outras pessoas. Ora, toda ação é ação situada no interior da sociedade em que se vive, desde uma sociedade de organização mais simples até uma sociedade mais complexa.

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, Maria de Fátima da Costa. SENTIDO E VALOR DA SOCIOLOGIA COMPREENSIVA DE MAX WEBER. Disponível em: < https://cajapio.ufma.br/index.php/rppublica/article/download/3755/1818/11748 > Acesso em 03/10/2024.

ROMEIRO, Julieta et alii. Diálogo – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. (Seis volumes.) (Livros didáticos.)

SILVA, Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2016/2017. (Livro didático.)

 

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