COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE
AULA 18 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS
OS SOFISTAS E SÓCRATES: RELATIVISMO VERSUS
ABSOLUTISMO (Prof. José Antônio Brazão.):
Estudo do texto Relativismo x absolutismo, de Julieta Romeiro e outros, referente aos
sofistas e Sócrates. (Parte final do conteúdo da aula 17. Acrescentar elementos
na fala, na explicação oral, como é o caso de mais exemplos possíveis e atuais.)
Continuando o estudo
sobre Sócrates e os sofistas, aqui serão comentados trechos de Julieta Romeiro
e outros sobre o relativismo e o absolutismo.
“A oposição entre relativismo e absolutismo
continua aberta até hoje. De acordo com os defensores do relativismo, pessoas
de culturas e sociedades diferentes têm ideias diversas acerca dos valores
morais, como o bem e o mal; mesmo no interior de uma mesma sociedade, os
indivíduos divergem entre si sobre essas questões, que também tendem a se
transformar ao longo do tempo.
Já os absolutistas argumentam que há valores morais
objetivos, permanentes e universais, que independem da opinião de cada sujeito.
Se não fosse assim, qualquer conduta seria permitida. Um indivíduo poderia
cometer as ações mais degradantes e não seria repreendido por seus atos, o que
inviabilizaria a vida em sociedade.
Existirá um caminho para acabar com esse
antagonismo? Talvez tenhamos de construir uma perspectiva intermediária entre o
relativismo e o absolutismo, levando em conta as preocupações legítimas das
duas posições. Quem sabe caiba à humanidade construir acordos mínimos sobre
valores humanos que não sejam entendidos como absolutos, mas que tendam ao
universal; afinal, a condição humana se expressa também na constante reflexão
que o ser humano faz de sua vida, de suas ações e da sociedade.” (ROMEIRO,
Julieta et alii. Cap. 7: A origem da filosofia ocidental. In:
_____________________. Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Ser
humano, cultura e sociedade. São Paulo, Moderna, 2020. P. 73)
Os sofistas estão
errados? E Sócrates? Enfim, quem está certo, o relativismo sofístico ou a
crença absoluta socrática na verdade? Com certeza, como se pôde ver nos
exemplos dados acima, a religião e as crenças são relativas, há valores éticos
que, de fato, são relativos, a aplicação da justiça depende de cada povo, e
assim por diante – há, portanto, aí, algo de relativo e fundamentado em
convenções.
Entretanto, Sócrates tem
razão também: em nenhum povo o desrespeito à vida é aceito, sendo proibidos o
roubo, o assassinato criminoso; a ciência tem um conhecimento que é universal,
compartilhado em comum entre os povos, independentemente de crenças religiosas,
ainda que essa mesma ciência, de tempos em tempos, sofra revoluções e admita a
relatividade einsteiniana; etc.
O relativismo parcial é
bem vindo e ajuda a evitar, inclusive, a intolerância. Ora, a intolerância é
fruto, muitas vezes, de crenças postas como absolutas e incontestáveis, até
mesmo embasadas em textos sagrados. Nesse sentido, a intolerância é perigosa e
deve ser evitada.
O relativismo total é
perigoso, pois abre caminho para não se levar leis, valores e leis com a
seriedade com a qual se lhes deve respeito. O relativismo absoluto não aceita
nada como verdade universal. O trabalho da ONU em declarar direitos universais
humanos e até de seres vivos, conforme os documentos, de nada valeria, ainda
que uma revisão possa ser feita, de tempos em tempos, a título de aprimoramento
da lei. Portanto, há valores que podem ser tidos como universais, tendo em vista que as
características essenciais dos seres humanos (seres dotados de vida, de razão,
de inteligência...) são comuns a todos os seres humanos.
Judeus e palestinos têm o
mesmo direito à vida, devendo haver respeito mútuo, com base naquela Declaração
Universal dos Direitos Humanos. Assim também, ucranianos e russos. Sem essa
crença na universalidade de valores, a matança seria comum, aceita e banalizada.
O absolutismo da verdade
também é igualmente perigoso. Quando alguém acredita que é dono da verdade ou
que naquilo em que acredita tão-somente existe a verdade absoluta e única, a
loucura pode brotar daí, bem como os crimes. Um bom e terrível exemplo disto
foi o assassinato de milhões de judeus e judias, nos campos de concentração
nazistas e fascistas, sob a alegação de que seriam uma raça inferior.
Quando alguém apela para
a ideia de pecado e culpa de religiões afro-brasileiras ou de ateus para
explicar desastres ambientais que atingem e matam muita gente, em diferentes
lugares, essa pessoa (ou essas pessoas) se baseia(m) em crenças absolutas e,
o que é pior, nega(m) e esconde(m), escamoteia(m), o fato de que a ciência
não foi ouvida, advertindo sobre perigos que viriam, que há pessoas de má
índole que não cumprem as determinações e ações devidas, mesmo tendo o poder
nas mãos, que a ambição humana extrema só é exposta quando suas consequências
atingem a coletividade social, e assim por diante, coisas claramente visíveis
em análises de cientistas e em reportagens bem feitas e com muita
responsabilidade.
Enfim, é preciso
aproveitar o que há de positivo no relativismo e no absolutismo, não levados ao
extremo. Extremismos são perigosos. Assim como existe diversidade e ela é
muitíssimo positiva e bem vinda, também há algo de universal e de verdadeiro
que pode ser compartilhado por todos os seres humanos, ainda que possam ser
aprimorados, como nos casos citados da Declaração Universal dos Direitos
Humanos e da indignação humana diante de tragédias e outros males que possam
atingir grupos e sociedades inteiras. Ainda que a Declaração Universal dos
Direitos Humanos seja, sabidamente, uma CONVENÇÃO (documento fruto de ACORDO
entre países), respeitá-la é dever de todos os que com ela se comprometeram,
estendendo-se, com certeza, até mesmo a todos os povos da Terra, aos quais ela
se dirige, tendo em vista que se universaliza para todos os seres humanos.
REFERENCIAL BÁSICO:
GOOGLE E YOUTUBE. Reportagens diversas sobre
desastres climáticos.
ROMEIRO,
Julieta et alii. Capítulo 7: A origem da filosofia ocidental. In:
_______________________. Diálogo: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – Ser
humano, cultura e sociedade. São Paulo, Moderna, 2020. (Livro didático.)
USP –
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Holocausto. Disponível em: < https://diversitas.fflch.usp.br/holocausto-e-anti-semitismo#:~:text=Holocausto%20ou%20Shoah%20(palavra%20hebraica,de%20judeus%20da%20Alemanha%20e > Acesso em 10/05/2024.
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