domingo, 12 de maio de 2024

SEGUNDO BIMESTRE - AULA 17 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS: ÉMILE DURKHEIM – A CIENTIFICIDADE DA SOCIOLOGIA (Prof. José Antônio.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

SEGUNDO BIMESTRE

AULA 17 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:

ÉMILE DURKHEIM – A CIENTIFICIDADE DA SOCIOLOGIA (Prof. José Antônio.):

*APRESENTAR.

*ESQUEMATIZAR.

*EXPLICAR.

“Capítulo VI: Regras relativas à administração de provas

“Contudo, a Sociologia não pode reproduzir os fenômenos e não pode construir a sua experiência, como o físico, no laboratório: a experimentação da sociologia é, portanto, impossível.” (Yvon Pesqueux)

COMENTÁRIO (Prof. José Antônio.):

*A Sociologia, na percepção de Émile Durkheim, não é uma ciência como a Química, que precisa de laboratório, com instrumentos, mesas, béqueres e outros materiais. Não há como colocar o ser humano em um tubo de ensaio e descobrir, daí, as relações sociais e o impacto delas na vida das pessoas.

*A Sociologia é, na visão de Durkheim, sem dúvida alguma, uma ciência. Mas uma ciência que exige investigação direta dos fatos sociais e das interrelações entre grupos (famílias, classes, etc.). Com toda certeza, informações obtidas poderão ser numeradas, quantificadas, analisadas e interpretadas – por exemplo: o fato social casamento: em cada sociedade que existe o casamento é realizado de uma dada maneira, tem características próprias, envolve pessoas, comunidade, entre outros elementos que fazem parte e que, em seu conjunto, constituem esse fato social. Como quantificar? Há estatísticas, hoje, por exemplo, que quantificam quantos casamentos ocorreram em um dado ano, quantas separações, analisam as possíveis causas, etc.

“Para demonstrar uma relação causal entre dois fenômenos sociais, devemos comparar situações em que os fenômenos estão presentes ou ausentes e procurar as variações que apresentam.” (Yvon Pesqueux.) Vejamos o que podemos tirar deste trecho.

COMENTÁRIO (Prof. José Antônio.):

*Fenômeno é uma palavra grega que significa aquilo que aparece, aquilo que se manifesta. Fenômeno social é aquilo que manifesta (aparece), se apresenta, na sociedade e que tem impacto na vida das pessoas. Uma tragédia ambiental é um exemplo de fenômeno que tem impactos drásticos na vida social, seja de uma cidade, de uma região, de um Estado, país e até, certamente, do mundo.

*Tragédias ambientais são de diferentes tipos (inundações, terremotos, furacões, afundamento de terra, tempestades imensas, maremotos, entre outros tantos tipos), em situações as mais diversas (numa cidade marítima, numa comunidade de pescadores, etc.), podendo variar no tempo e no espaço (uma inundação que tenha ocorrido nos anos 1940 e uma nos anos 2020 terão tido, com certeza, modos diferentes e similares de enfrentamento, bem como características parecidas, comparáveis), mas que, com certeza, têm traços em comum e de diferença, cuja intepretação objetiva dá caráter científico ao seu estudo (estudo objetivo, não baseado em meras opiniões). Suas similitudes (semelhanças) e diferenças podem ser comparadas, elementos comuns podem estar presentes (exemplos: destruição, mortes, problemas de diferentes tipos), outros ausentes (a comunicação de uma tragédia, nos anos 1940, não teve a amplitude que tem a comunicação de uma tragédia, nos anos 2020, nem na Idade Média).

 “Durkheim afirma que a sociologia deve praticar o seu próprio método: ‘o método da experimentação indireta’ ou método comparativo (usando a variedade existente de fatos sociais para compará-los entre si).” (Yvon Pesqueux)

COMENTÁRIO (Prof. José Antônio.):

*A experimentação, na Sociologia, não é direta, porque não se faz em laboratório fechado, com análises químico-físico-biológicas. O método (caminho) da pesquisa sociológica é o da experimentação indireta, ou seja, o sociólogo (cientista social) não pode intervir no objeto de estudo diretamente (grupos, costumes, acontecimentos, etc.): o sociólogo pode ver, observar, levantar informações desses fatos sociais, bem como compará-los, a fim de ver o que há em comum e o que há diferente entre eles, bem como a relação deles com eventos políticos e econômicos a nível maior (de país e de mundo, por exemplo). Observar como a inflação tem impacto sobre a vida de uma comunidade de pescadores e como ela tem impacto sobre a vida de uma comunidade rural e até uma comunidade enriquecida (mais elevada economicamente). Poderá fazer um quadro, uma tabela, um gráfico ou outro instrumento que possa apresentar números e informações matemáticas e seu impacto na vida social. Além do mais, poderá buscar as causas dessa inflação e as soluções buscadas por cada comunidade, comparando, assim, os dados levantados em cada grupo com os demais.

Este método comparativo é composto por vários processos [ações continuadas, seguimentos, sequências] . Contudo, Durkheim apenas mantém o método conhecido como ‘variações concomitantes’, porque atinge o nexo causal ‘de dentro’ e permite a utilização de documentos selecionados. Em suma, devemos reter do método de experimentação científica a lógica do pensamento e não as técnicas e procedimentos.” (Yvon Pesqueux.) (Grifos e o que está entre chaves são do Professor José Antônio.)

COMENTÁRIO (Prof. José Antônio.):

*O método comparativo é composto de vários processos: não é um caminho (método) de pesquisa que começa e acaba nas reações químicas que ocorrem em um laboratório fechado. O método comparativo da Sociologia não lida com um fatos sociais que começam e acabam, simplesmente, pois o ser humano continua a vida, a sociedade tem história, com presente, passado e futuro.

*Nexo causal: nexo entre causas de um fato social (exemplo: tragédia ambiental com impactos sociais profundos). O sociólogo precisa saber fazer uma LIGAÇÃO (NEXO) ou ver com clareza as LIGAÇÕES (NEXOS) entre causa e efeito ou causas e efeitos dos fatos sociais. Uma tragédia ambiental (ou qualquer outra), por exemplo, é um fato social que tem causas e cujos efeitos são, muitas vezes, visíveis na vida social, seja de uma comunidade pequena ou grande. Quanto maior o número de informações o sociólogo ou estudioso puder obter do fato estudado, tanto maior a objetividade (clareza, nitidez) com que poderá apresentar suas conclusões acerca do fato estudado.

*O método comparativo estuda também as ‘variações concomitantes’, por quê? Concomitante é o que se apresenta ao mesmo tempo que outra. Mesmo sendo concomitante, um fato social e outro podem ter variações: uma tragédia ambiental em comunidades que vivem numa mesma região pode ter variações. Ao mesmo tempo que a tragédia acontece, uma comunidade que vive no vale sofre seus impactos de modo diferente (variado) de um grupo que mora no alto de um morro. Para uns o impacto é destruidor, para outros pode ser, quando muito, amedrontador. Se um sociólogo faz análise desse fato social, vários anos depois ou décadas depois, precisará de documentos (fontes) dos mais diferentes tipos (exemplo: jornais, livros, notícias de televisão, internet, etc.), precisará ficar atento para o modo como varia a visão de uma fonte para outra – uma tragédia vista por um repórter de jornal, por exemplo, poderá apresentar os fatos, o que aconteceu e como se desenrolou a tragédia na vida das pessoas, bem como as causas materiais daquela;  um documento religioso poderá ter uma visão mística, em que, de repente, a tragédia foi vista como uma praga dos deuses, por conta dos pecados, entre outras fontes. A atenção para essas variações é essencial para o sociólogo ou pesquisador social ter uma visão mais ampla e completa do fato em estudo, com uma visão mais clara e objetiva.

(Textos citados e comentados de: PESQUEUX, Yvon. Síntese da obra As Regras do Método Sociológico, de Émile Durkheim, conclusões dos capítulos IV a VI.) (Grifos e negritados meus.)

REFERÊNCIAS:

PESQUEUX, Yvon. Síntese da obra As Regras do Método Sociológico, de Émile Durkheim, conclusões dos capítulos IV a VI.

 

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