COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE
AULA 17 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:
ÉMILE DURKHEIM – A CIENTIFICIDADE DA
SOCIOLOGIA (Prof. José Antônio.):
*APRESENTAR.
*ESQUEMATIZAR.
*EXPLICAR.
“Capítulo VI: Regras relativas à administração
de provas
“Contudo,
a Sociologia não pode reproduzir os fenômenos e não pode construir a sua
experiência, como o físico, no laboratório: a experimentação da sociologia é,
portanto, impossível.” (Yvon Pesqueux)
COMENTÁRIO
(Prof. José Antônio.):
*A
Sociologia, na percepção de Émile Durkheim, não é uma ciência como a Química, que
precisa de laboratório, com instrumentos, mesas, béqueres e outros materiais.
Não há como colocar o ser humano em um tubo de ensaio e descobrir, daí, as
relações sociais e o impacto delas na vida das pessoas.
*A
Sociologia é, na visão de Durkheim, sem dúvida alguma, uma ciência. Mas uma
ciência que exige investigação direta dos fatos sociais e das interrelações
entre grupos (famílias, classes, etc.). Com toda
certeza, informações obtidas poderão ser numeradas, quantificadas, analisadas e
interpretadas – por exemplo: o fato social casamento: em cada sociedade que
existe o casamento é realizado de uma dada maneira, tem características
próprias, envolve pessoas, comunidade, entre outros elementos que fazem parte e
que, em seu conjunto, constituem esse fato social.
Como quantificar? Há estatísticas, hoje, por exemplo, que quantificam quantos
casamentos ocorreram em um dado ano, quantas separações, analisam as possíveis
causas, etc.
“Para
demonstrar uma relação causal entre dois fenômenos sociais, devemos comparar
situações em que os fenômenos estão presentes ou ausentes e procurar as
variações que apresentam.” (Yvon Pesqueux.) Vejamos o que podemos tirar deste
trecho.
COMENTÁRIO
(Prof. José Antônio.):
*Fenômeno
é uma palavra grega que significa aquilo que aparece, aquilo que se manifesta.
Fenômeno social é aquilo que manifesta (aparece), se apresenta, na sociedade e
que tem impacto na vida das pessoas. Uma tragédia ambiental é um exemplo de
fenômeno que tem impactos drásticos na vida social, seja de uma cidade, de uma
região, de um Estado, país e até, certamente, do mundo.
*Tragédias ambientais são de diferentes tipos
(inundações, terremotos, furacões, afundamento de terra, tempestades imensas,
maremotos, entre outros tantos tipos), em situações as mais diversas (numa
cidade marítima, numa comunidade de pescadores, etc.), podendo variar no tempo e no espaço
(uma inundação que tenha ocorrido nos anos 1940 e uma nos anos 2020 terão tido,
com certeza, modos diferentes e similares de enfrentamento, bem como
características parecidas, comparáveis), mas que,
com certeza, têm traços em comum e de diferença, cuja
intepretação objetiva dá caráter científico ao seu estudo (estudo objetivo, não
baseado em meras opiniões). Suas similitudes (semelhanças)
e diferenças podem ser comparadas, elementos comuns podem estar presentes
(exemplos: destruição, mortes, problemas de diferentes tipos), outros ausentes
(a comunicação de uma tragédia, nos anos 1940, não teve a amplitude que tem a
comunicação de uma tragédia, nos anos 2020, nem na Idade Média).
“Durkheim afirma que a sociologia deve
praticar o seu próprio método: ‘o método da experimentação
indireta’ ou método comparativo (usando a variedade existente de fatos sociais
para compará-los entre si).” (Yvon Pesqueux)
COMENTÁRIO
(Prof. José Antônio.):
*A
experimentação, na Sociologia, não é direta, porque não se faz em laboratório
fechado, com análises químico-físico-biológicas. O método
(caminho) da pesquisa sociológica é o da experimentação indireta, ou seja, o
sociólogo (cientista social) não pode intervir no objeto de estudo diretamente
(grupos, costumes, acontecimentos, etc.): o
sociólogo pode ver, observar, levantar informações desses fatos sociais, bem
como compará-los, a fim de ver o que há em comum e o que há diferente entre
eles, bem como a relação deles com eventos políticos e econômicos a nível maior
(de país e de mundo, por exemplo). Observar como a inflação tem
impacto sobre a vida de uma comunidade de pescadores e como ela tem impacto
sobre a vida de uma comunidade rural e até uma comunidade enriquecida (mais
elevada economicamente). Poderá fazer um
quadro, uma tabela, um gráfico ou outro instrumento que possa apresentar
números e informações matemáticas e seu impacto na vida social. Além do mais, poderá buscar as causas dessa
inflação e as soluções buscadas por cada comunidade, comparando, assim, os
dados levantados em cada grupo com os demais.
“Este método comparativo é composto por
vários processos [ações continuadas, seguimentos, sequências] .
Contudo, Durkheim apenas mantém o método conhecido como ‘variações concomitantes’,
porque atinge o nexo causal ‘de dentro’ e
permite a utilização de documentos
selecionados. Em suma, devemos
reter do método de experimentação científica a lógica do pensamento e não as
técnicas e procedimentos.” (Yvon Pesqueux.)
(Grifos e o que está entre chaves são do Professor José Antônio.)
COMENTÁRIO
(Prof. José Antônio.):
*O
método comparativo é composto de vários processos: não é um caminho (método) de
pesquisa que começa e acaba nas reações químicas que ocorrem em um laboratório
fechado. O método comparativo da
Sociologia não lida com um fatos sociais que começam e acabam, simplesmente,
pois o ser humano continua a vida, a sociedade tem história, com presente,
passado e futuro.
*Nexo
causal: nexo entre causas de um fato social (exemplo: tragédia ambiental com
impactos sociais profundos). O sociólogo precisa saber
fazer uma LIGAÇÃO (NEXO) ou ver com clareza as LIGAÇÕES (NEXOS) entre causa e
efeito ou causas e efeitos dos fatos sociais. Uma
tragédia ambiental (ou qualquer outra), por exemplo, é um fato social que tem
causas e cujos efeitos são, muitas vezes, visíveis na vida social, seja de uma
comunidade pequena ou grande. Quanto maior o número de informações o sociólogo
ou estudioso puder obter do fato estudado, tanto maior a objetividade (clareza,
nitidez) com que poderá apresentar suas conclusões acerca do fato estudado.
*O
método comparativo estuda também as ‘variações concomitantes’, por quê?
Concomitante é o que se apresenta ao mesmo tempo que outra. Mesmo sendo concomitante, um fato social e outro
podem ter variações: uma tragédia ambiental em comunidades que vivem numa mesma
região pode ter variações. Ao mesmo tempo que a tragédia acontece, uma
comunidade que vive no vale sofre seus impactos de modo diferente (variado) de
um grupo que mora no alto de um morro.
Para uns o impacto é destruidor, para outros pode ser, quando muito,
amedrontador. Se um sociólogo faz análise
desse fato social, vários anos depois ou décadas depois, precisará de
documentos (fontes) dos mais diferentes tipos (exemplo: jornais, livros,
notícias de televisão, internet, etc.), precisará ficar atento para o modo como
varia a visão de uma fonte para outra – uma tragédia vista por um repórter de
jornal, por exemplo, poderá apresentar os fatos, o que aconteceu e como se
desenrolou a tragédia na vida das pessoas, bem como as causas materiais
daquela; um documento religioso poderá
ter uma visão mística, em que, de repente, a tragédia foi vista como uma praga
dos deuses, por conta dos pecados, entre outras fontes. A
atenção para essas variações é essencial para o sociólogo ou pesquisador social
ter uma visão mais ampla e completa do fato em estudo, com uma visão mais clara
e objetiva.
(Textos
citados e comentados de: PESQUEUX, Yvon. Síntese da
obra As Regras do Método Sociológico, de Émile Durkheim,
conclusões dos capítulos IV a VI.) (Grifos e negritados meus.)
REFERÊNCIAS:
PESQUEUX, Yvon. Síntese da obra As Regras do Método Sociológico, de Émile Durkheim,
conclusões dos capítulos IV a VI.
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