domingo, 10 de março de 2024

PRIMEIRO BIMESTRE - AULA 08 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS: REVISÃO (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

PRIMEIRO BIMESTRE

AULA 08 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:

REVISÃO (Prof. José Antônio Brazão.):

1)    Debate com as turmas com as quais não se o tenha feito na semana anterior.

2)    Linha temporal, tratando da Sociologia e do Positivismo no século XIX.

O SÉCULO XIX, O POSITIVISMO E A SOCIOLOGIA (Prof. José Antônio Brazão.):

*A continuidade da Revolução Francesa com o General Napoleão Bonaparte, que viria a ser, inclusive, imperador da França (parte inicial da primeira metade do século XIX).

*Revolução Industrial em expansão. Para se ter uma ideia bem clara, vale a pena citar um trecho de Marx e Engels, que estudaram o capitalismo no século XIX e tiveram grande contribuição no desenvolvimento da Sociologia enquanto ciência:

TRECHO DO MANIFESTO COMUNISTA, de Karl Marx e Friedrich Engels:

“A moderna sociedade burguesa, saída do declínio da sociedade feudal, não aboliu as oposições de classes. Apenas pôs novas classes, novas condições de opressão, novas configurações de luta, no lugar das antigas.

A nossa época, a época da burguesia, distingue-se, contudo, por ter simplificado as oposições de classes. A sociedade toda cinde-se, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que directamente se enfrentam: burguesia e proletariado.

Dos servos da Idade Média saíram os Pfahlbürger (38) das primeiras cidades; desta Pfahlbürgerschaft desenvolveram-se os primeiros elementos da burguesia [Bourgeoisie].

O descobrimento da América, a circum-navegação de África, criaram um novo terreno para a burguesia ascendente. O mercado das Índias orientais e da China, a colonização da América, o intercâmbio [Austausch] com as colónias, a multiplicação dos meios de troca e das mercadorias em geral deram ao comércio, à navegação, à indústria, um surto nunca até então conhecido, e, com ele, um rápido desenvolvimento ao elemento revolucionário na sociedade feudal em desmoronamento.

O modo de funcionamento até aí feudal ou corporativo da indústria já não chegava para a procura que crescia com novos * mercados. Substituiu-a a manufactura. Os mestres de corporação foram desalojados pelo estado médio [Mittelstand] industrial; a divisão do trabalho entre as diversas corporações [Korporationen] desapareceu ante a divisão do trabalho na própria oficina singular.

Mas os mercados continuavam a crescer, a procura continuava a subir. Também a manufactura já não chegava mais. Então o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção industrial. Para o lugar da manufactura entrou a grande indústria moderna; para o lugar do estado médio industrial entraram os milionários industriais, os chefes de exércitos industriais inteiros, os burgueses modernos.

A grande indústria estabeleceu o mercado mundial que o descobrimento da América preparara. O mercado mundial deu ao comércio, à navegação, às comunicações por terra, um desenvolvimento imensurável. Este, por sua vez, reagiu sobre a extensão da indústria, e na mesma medida em que a indústria, o comércio, a navegação, os caminhos-de-ferro se estenderam, desenvolveu-se a burguesia, multiplicou os seus capitais, empurrou todas as classes transmitidas da Idade Média para segundo plano.

Vemos, pois, como a burguesia moderna é ela própria o produto de um longo curso de desenvolvimento, de uma série de revolucionamentos no modo de produção e de intercâmbio [Verkehr].

Cada um destes estádios de desenvolvimento da burguesia foi acompanhado de um correspondente progresso político *. Estado [ou ordem social — Stand] oprimido sob a dominação dos senhores feudais, associação ** armada e auto-administrada na comuna ***, aqui cidade-república independente ****, além terceiro-estado na monarquia sujeito a impostos *****, depois ao tempo da manufactura contrapeso contra a nobreza na monarquia de estados [ou ordens sociais — ständisch] ou na absoluta ******, base principal das grandes monarquias em geral — ela conquistou por fim, desde o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, a dominação política exclusiva no moderno Estado representativo. O moderno poder de Estado é apenas uma comissão que administra os negócios comunitários de toda a classe burguesa.

A burguesia desempenhou na história um papel altamente revolucionário.

A burguesia, lá onde chegou à dominação, destruiu todas as relações feudais, patriarcais, idílicas. Rasgou sem misericórdia todos os variegados laços feudais que prendiam o homem aos seus superiores naturais e não deixou outro laço entre homem e homem que não o do interesse nu, o do insensível ‘pagamento a pronto’. Afogou o frémito sagrado da exaltação pia, do entusiasmo cavalheiresco, da melancolia pequeno-burguesa, na água gelada do cálculo egoísta. Resolveu a dignidade pessoal no valor de troca, e no lugar das inúmeras liberdades bem adquiridas e certificadas pôs a liberdade única, sem escrúpulos, de comércio. Numa palavra, no lugar da exploração encoberta com ilusões políticas e religiosas, pôs a exploração seca, directa, despudorada, aberta.

A burguesia despiu da sua aparência sagrada todas as actividades até aqui veneráveis e consideradas com pia reverência. Transformou o médico, o jurista, o padre, o poeta, o homem de ciência em trabalhadores assalariados pagos por ela.” (MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Disponível em: < https://www.pcp.pt/publica/edicoes/25501144/manifes.pdf > Acesso em 07/03/2024.) (Português de Portugal)

*Máquinas.

*Largo desenvolvimento das ciências, em diferentes campos de estudos.

*Largo desenvolvimento da Matemática, fugindo da matemática euclidiana, ainda que mantendo-a existente.

*POSITIVISMO, filosofia de Auguste (Augusto) Comte, francês, exaltadora das ciências e de seu impacto no progresso da humanidade.

*Além de outras ciências, Comte acreditava na necessidade de uma que estudasse a sociedade, de maneira objetiva (clara, precisa), com base em informações observadas e mensuradas, a fim de compreender essa mesma sociedade e se poder atuar dentro dela.

*Comte acreditava que as sociedades, outrora, passaram por três estados (estágios) de desenvolvimento: teológico, metafísico e positivo.

*No estado (estágio) teológico tudo era explicado a partir dos seres divinos (deuses, deusas, semideuses e semideusas, etc.), desde o cair do relâmpago até a formação dos ventos, entre outros fenômenos (ocorrências naturais e outras).

*No estado (estágio) metafísico, ainda que tenha uma ligação com o estado anterior, sociedades começaram a buscar uma explicação com base em conceitos abstratos (mentais), como o ser, a essência, a existência, entre outros, como se pode ver entre os antigos filósofos gregos e romanos.

*No estado (estágio) positivo, enfim, ao longo de muitas descobertas e invenções que vieram a ser feitas com o tempo, a humanidade chegou a uma etapa em que tudo passa a ser explicado de modo científico, entendendo-se aqui: com base em leis naturais, em informações precisas, em cálculos matemáticos e com largo uso de máquinas e experimentos comprobatórios, além de demonstrações as mais exatas possíveis.

OBS.: Numa aula posterior, comparar os estados apresentados por Comte com os estados acima expostos no texto de Marx e Engels.

*O impacto da filosofia positivista pode ser encontrado claramente na Bandeira Nacional Brasileira, com o lema ORDEM E PROGRESSO, tirado diretamente do pensamento escrito de Augusto Comte, cuja influência se fez presente entre os homens que levaram adiante a República no Brasil, ao final do século XIX (1889 em diante).

*No que diz respeito à SOCIOLOGIA, ainda vale a pena lembrar o significado da palavra: estudo (logia, gr.) da sociedade (socio-). Ela se põe como uma das ciências humanas e seu objetivo é entender a formação da sociedade, sua estrutura, as classes que a constituem, a constituição de diferentes sociedades, sua estrutura de poder (governo e relações de poder), entre outros elementos essenciais para o entendimento claro, objetivo, científico, das sociedades humanas.

REFERÊNCIAS:

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Disponível em: < https://www.pcp.pt/publica/edicoes/25501144/manifes.pdf > Acesso em 07/03/2024.

Ver referências de aulas anteriores.

 

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