COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
TERCEIRO BIMESTRE
AULA 27 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS
TEMA: LÓGICA (Prof. José Antônio Brazão.)
LÓGICA (Prof. José Antônio Brazão.)
Entre as palavras
contidas na língua portuguesa e que advêm da língua grega, desde os tempos
antigos, com o helenismo, encontra-se a palavra LÓGICA.
Lógica é uma palavra
derivada de LOGOS, termo que se traduz por palavra (ver o início do Evangelho
Segundo João: o Verbo = Palavra), discurso e razão.
Lógica é a parte da
filosofia que estuda a constituição e elaboração dos raciocínios que compõem
textos, argumentos e a expressão precisa das palavras. Raciocínio é o trabalho
da razão que interconecta informações/premissas e delas extrai uma conclusão.
A lógica tem uma história
que se estende aos tempos dos grandes filósofos gregos, a saber: Sócrates,
Platão e Aristóteles. Além deles e convivendo com eles, os sofistas. Numa época
em que as póleis (cidades-Estados) gregas vinham se desenvolvendo e crescendo,
necessitando de cidadãos preparados para a vida política.
Sócrates gostava de fazer
uso do logos (palavra, discurso, razão) por meio do diálogo com jovens e
outras pessoas, a discutir sobre temas diversos. Andava pelas ruas, praça,
entre outros locais públicos de Atenas sempre buscando alguém com quem debater.
Platão, que foi discípulo
de Sócrates, soube, como ninguém, fazer um diálogo entre o logos e o
mito. Muitos de seus textos contam histórias similares ao modo mítico de
relatar. O mais famoso de seus mitos é o mito da caverna, em que fala de
prisioneiros, moradores de uma caverna, e de um prisioneiro liberto, no início
do Livro VII de A República.
Platão também escreveu
muitos de seus livros na forma de diálogos, na maioria dos quais Sócrates
aparece como principal debatedor, com outros, tratando de temas como o amor, a
cidade ideal, a justiça, o respeito às leis, entre outros. A composição de tais
diálogos tem uma lógica (estrutura) própria, no uso do método socrático
da ironia (perguntar simulando não saber, com um encadeamento de perguntas a
levar o interlocutor-debatedor à confusão e à percepção da própria ignorância)
e da maiêutica (parto de ideias).
Aristóteles foi além,
chegando a compor um conjunto de textos que tratam diretamente da lógica, hoje
formando um livro único chamado Órganon (instrumento). Aristóteles fundou a
lógica formal, ou seja, a lógica que trata da forma como as palavras e os argumentos.
De acordo com o dicionário Google, argumento é: “(substantivo masculino)
1.razão, raciocínio que conduz à indução ou dedução de algo. 2.prova que serve
para afirmar ou negar um fato.” (In: https://www.google.com/search?q=argumento&oq=argumento&aqs=chrome..69i57j0i433l3j0l4.3058j0j15&sourceid=chrome&ie=UTF-8). A lógica formal trata
também dos raciocínios. Raciocínio é uma elaboração fundada na razão (ratio, em
latim) que une juízos (afirmações, negações...).
Raciocínios estão
presentes na matemática (contas e cálculos), na gramática, no dia a dia, em
muitos lugares. A lógica formal busca a precisão na expressão das ideias por
meio de raciocínios e argumentos. Entre os tipos de raciocínios podem ser
encontrados, por exemplo: a dedução, a indução, a analogia e o sofisma.
DEDUÇÃO: raciocínio que
parte de uma afirmação ou negação universal (premissa maior), de uma premissa
menor e de uma conclusão. Premissas são afirmações ou negações que se colocam
antes da conclusão. A dedução vai do universal ao particular. Veja:
Todo homem é mortal.
(Premissa maior.)
Sócrates é homem.
(Premissa menor.)
Logo, Sócrates é mortal.
(Conclusão.)
A DEDUÇÃO tem três termos
fundamentais: o termo maior (palavra de caráter universal, um gênero ou uma
espécie) – no caso acima: mortal; o termo médio (palavra de caráter mediador,
entre o universal e o sujeito – pode ser uma espécie) – no caso acima: homem;
termo menor (palavra de caráter particular, referindo-se a um indivíduo) – no
caso acima: Sócrates. Sócrates é um indivíduo da espécie homem, pertencente ao
gênero mortal.
INDUÇÃO: tipo de
raciocínio que parte de premissas particulares (premissas que contêm casos
particulares) e tira daí uma conclusão universal. Por exemplo: um litro de água
ferve a cem graus célsius, cinco litros também, dez litros igualmente, etc.,
portanto a água ferve a cem graus célsius.
ANALOGIA: tipo de
raciocínio indutivo que parte de premissas particulares (casos particulares) e
tira uma conclusão também particular. Analogia é uma comparação, pois compara
casos. Por exemplo: a vacina contra a COVID-19 já passou pelo teste com um grupo
pequeno de pessoas (primeira etapa), a seguir passando por um grupo maior
(centenas de pessoas, na segunda etapa), a seguir passará por um grupo ainda
maior (milhares de pessoas), depois de que se chegará a uma conclusão válida,
possivelmente, para todo mundo (indução e analogia juntas). Outro exemplo:
Manoel, tome um chá de limão que lhe fará bem para a gripe (caso particular),
pois minha irmã tomou e lhe fez bem contra esse problema (caso particular).
SOFISMA: tipo de
raciocínio (construção de argumentos) que tem por finalidade enganar as pessoas
com algum propósito. O nome foi criado por Aristóteles, por conta dos sofistas,
filósofos-professores ambulantes da Grécia, que faziam uso de raciocínios desse
tipo e ensinavam seu uso a seus discípulos-alunos. Exemplos: (Argumento de
força) Joaquim, faça agora seu trabalho, senão perderá seu emprego.
Meninos, parem de brincar na lama, caso contrário serão postos de castigo. / (Tautologia)
Este remédio é recomendado para todo mundo em razão de ser um remédio.
[Tautologia é repetição do mesmo (tautos, em grego). / (Argumento de apelo
sentimental) Votem no Manuel, pois ele é um pobre coitado que precisa do
apoio de todos, gosta de cachorros, de pessoas, é amigo de todos, etc. / Outro
sofisma comum na política: É preciso mudar a lei, os trabalhadores têm
direitos demais e isso atrapalha a vinda de empresas para o Brasil, para o
Estado, para o município... É preciso rever os direitos (= retirar muitos) para
que haja mais empregos no país. O que está, na verdade, escondido aqui? O fato
de que, ao tirar direitos trabalhistas torna-se possível o aumento dos lucros
capitalistas, frutos da exploração de classes.
A lógica também está
presente na gramática. Toda gramática é a lógica da língua de um povo. A
análise sintática, por exemplo, tem uma estrutura claramente lógica: mostra
como as partes de um discurso se reúnem para formar um todo, além de buscar
compreender cada elemento e seu funcionamento dentro das orações (afirmações e
negações ou perguntas) que compõem os períodos (cada oração ou mais de uma
oração concatenadas, ligadas) que formam os parágrafos (cada parte de um
texto).
A lógica está presente
igualmente na computação: lógica da programação. Sem as linhas de programação
não é possível que um computador funcione devidamente.
A lógica está presente no
dia a dia, por exemplo, quando se diz: É lógico! Ex. 1: - Márcia, você vai à
festa de aniversário do Jean no sábado?
- É lógico! Acha que vou perder essa festa? Ex. 2: É logicamente
possível que aquilo que todos desejamos possa ser conseguido. Dependerá do
empenho de cada um(a).
A LÓGICA também dispõe de
algumas leis, as quais vale aqui destacar:
“A lei da identidade: ∼(p ∧ ∼p)
·
A é A.
A = A.
·
Uma
coisa é e ela mesma.
·
Um
enunciado não pode permanecer o mesmo caso altere seu valor de verdade.
·
Exemplo:
por definição “um vegetariano não come carne; portanto, quem só come carne uma
vez por semana não é vegetariano”.
·
Parece
bobo, mas pelo princípio da identidade não se aplica atributos a quem ou àquilo
que não se identifica com algo específico.
A lei da
não contradição: p ∨ ∼p
·
NÃO (A
e não A).
·
Nada
pode existir e não existir ao mesmo tempo.
·
Nenhuma
afirmação é simultaneamente verdadeira e falsa.
·
Exemplo:
não é possível a proposição “Chove aqui e agora, mas também não chove aqui e
agora”.
·
Na
confusão entre crença e proposição muitos raciocinam ilogicamente (mas
eticamente válido em nome da tolerância): “A religião X é verdadeira para você,
mas para mim a religião Y é a verdadeira”.
A lei do
terceiro excluído: (∀x) [F(x) ⊃ F(x)]
·
Qualquer
(A ou não A).
·
Algo
existe ou não existe,
·
Todo
enunciado é ou verdadeiro ou falso. Não pode haver algo mais ou menos verdadeiro. [Exclui-se uma terceira
possibilidade, daí princípio ou lei do terceiro excluído.]
·
Exemplo:
“A Terra não pode ser ao mesmo tempo plana e esférica (geóide) para satisfazer
esses dois públicos”.
·
É um
erro comum de tentar chegar a um compromisso reconciliando posições
antitéticas. Não dá para satisfazer gregos e troianos.” (ENSAIOS E NOTAS
CULTURA GERAL. As três leis da lógica. Disponível em: < https://ensaiosenotas.com/2022/11/22/leis-da-logica/ > Acesso em 16/09/2023.)
Essas três leis da lógica
clássica (aristotélica) seriam linhas mestras para o pensamento, a fim de
evitar contradições que poderiam invalidar (tirar a validade) das afirmações e
das conclusões do pensamento humano. Assim sendo, pretender dar a este rigor
(precisão, segurança, grau maior de certeza).
No decorrer dos últimos
séculos, a contradição, entretanto, passou a ser vista como possível, podendo
ser verificada na evolução do Espírito, segundo Hegel (Georg Wilhelm Friedrich
Hegel), tendo tese (afirmação), antítese (negação ou oposição à tese) e síntese
(composição de elementos da tese e da antítese, num momento mais elevado do
espírito), de modo contínuo no decurso da história. Marx (Karl Marx) viria a
falar da contradição na história, mas com os pés bem no chão, vendo-a na luta
de classes, como bem resume, com Engels (Friedrich Engels), no Manifesto do
Partido Comunista. A contradição, portanto, engendra-se no interior da
história. Para entender esta é preciso entender a lógica (estrutura...) da
contradição.
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria
Helena Pires. FILOSOFANDO: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo,
Moderna, 2009.
BÍBLIA NVI. Atos 17:13-34 (NVI – Nova Versão
Internacional.) Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/nvi/atos/17
> Acesso em 21/09/2020.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia.
2.ed. São Paulo, Ática, 2014.
COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos
de Filosofia. Disponível em: < https://www.academia.edu/37334864/Fundamentos_de_FILOSOFIA_GILBERTO_COTRIM_MIRNA_FERNANDES > Acesso em 21/09/2020.
EPICURO. Pensamentos. São Paulo, Martin
Claret, 2006. (Col. A Obra-Prima de Cada Autor.)
INTERNET ENCYCLOPEDIA OF FILOSOFIA. Verbete Epicurus.
Disponível em: < https://iep.utm.edu/epicur/ > Acessos de 2015 a 2020. [Em 2020: 21 de
setembro.]
WIKIPÉDIA. Verbetes: Helenismo, Zenão de
Cítio, Marco Aurélio, Sêneca e outros. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso: 21 de setembro de 2020.
Obs.: Epicuro, 2013 – Ver livro de COTRIM e
FERNANDES.
Para saber mais:
http://www.ime.unicamp.br/~calculo/history/arquimedes/arquimedes.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquimedes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Helenismo
http://plato.stanford.edu/entries/epicurus/ (em inglês) (Use tradutores online. São
bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/stoicism/ (em inglês) (Use tradutores online. São
bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/epictetus/ (em inglês) (Use tradutores online. São
bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/marcus-aurelius/ (em inglês) (Use tradutores online.)
http://plato.stanford.edu/entries/seneca/ (em inglês) (Use tradutores online. São
bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/skepticism-ancient/ (em inglês) (Use tradutores online.)
http://plato.stanford.edu/entries/ammonius/ (em inglês) (Use tradutores online. São
bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/plotinus/ (em inglês) (Use tradutores online. São
bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/cosmopolitanism/ (em inglês, contém informações também sobre
Diógenes de Sínope) (Use tradutores online. São bons.)
Obs.: Todas as páginas em inglês foram
traduzidas com uso do Google Tradutor ou outro(s) tradutor(es) online:
http://translate.google.com.br/
http://www.clubedoprofessor.com.br/traduz/
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