domingo, 3 de dezembro de 2023

TERCEIRO BIMESTRE - AULA 27 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS: LÓGICA (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

TERCEIRO BIMESTRE

AULA 27 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS

TEMA: LÓGICA (Prof. José Antônio Brazão.)

LÓGICA (Prof. José Antônio Brazão.)

Entre as palavras contidas na língua portuguesa e que advêm da língua grega, desde os tempos antigos, com o helenismo, encontra-se a palavra LÓGICA.

Lógica é uma palavra derivada de LOGOS, termo que se traduz por palavra (ver o início do Evangelho Segundo João: o Verbo = Palavra), discurso e razão.

Lógica é a parte da filosofia que estuda a constituição e elaboração dos raciocínios que compõem textos, argumentos e a expressão precisa das palavras. Raciocínio é o trabalho da razão que interconecta informações/premissas e delas extrai uma conclusão.

A lógica tem uma história que se estende aos tempos dos grandes filósofos gregos, a saber: Sócrates, Platão e Aristóteles. Além deles e convivendo com eles, os sofistas. Numa época em que as póleis (cidades-Estados) gregas vinham se desenvolvendo e crescendo, necessitando de cidadãos preparados para a vida política.

Sócrates gostava de fazer uso do logos (palavra, discurso, razão) por meio do diálogo com jovens e outras pessoas, a discutir sobre temas diversos. Andava pelas ruas, praça, entre outros locais públicos de Atenas sempre buscando alguém com quem debater.

Platão, que foi discípulo de Sócrates, soube, como ninguém, fazer um diálogo entre o logos e o mito. Muitos de seus textos contam histórias similares ao modo mítico de relatar. O mais famoso de seus mitos é o mito da caverna, em que fala de prisioneiros, moradores de uma caverna, e de um prisioneiro liberto, no início do Livro VII de A República.

Platão também escreveu muitos de seus livros na forma de diálogos, na maioria dos quais Sócrates aparece como principal debatedor, com outros, tratando de temas como o amor, a cidade ideal, a justiça, o respeito às leis, entre outros. A composição de tais diálogos tem uma lógica (estrutura) própria, no uso do método socrático da ironia (perguntar simulando não saber, com um encadeamento de perguntas a levar o interlocutor-debatedor à confusão e à percepção da própria ignorância) e da maiêutica (parto de ideias).

Aristóteles foi além, chegando a compor um conjunto de textos que tratam diretamente da lógica, hoje formando um livro único chamado Órganon (instrumento). Aristóteles fundou a lógica formal, ou seja, a lógica que trata da forma como as palavras e os argumentos. De acordo com o dicionário Google, argumento é: “(substantivo masculino) 1.razão, raciocínio que conduz à indução ou dedução de algo. 2.prova que serve para afirmar ou negar um fato.” (In: https://www.google.com/search?q=argumento&oq=argumento&aqs=chrome..69i57j0i433l3j0l4.3058j0j15&sourceid=chrome&ie=UTF-8). A lógica formal trata também dos raciocínios. Raciocínio é uma elaboração fundada na razão (ratio, em latim) que une juízos (afirmações, negações...).

Raciocínios estão presentes na matemática (contas e cálculos), na gramática, no dia a dia, em muitos lugares. A lógica formal busca a precisão na expressão das ideias por meio de raciocínios e argumentos. Entre os tipos de raciocínios podem ser encontrados, por exemplo: a dedução, a indução, a analogia e o sofisma.

DEDUÇÃO: raciocínio que parte de uma afirmação ou negação universal (premissa maior), de uma premissa menor e de uma conclusão. Premissas são afirmações ou negações que se colocam antes da conclusão. A dedução vai do universal ao particular. Veja:

Todo homem é mortal. (Premissa maior.)

Sócrates é homem. (Premissa menor.)

Logo, Sócrates é mortal. (Conclusão.)

A DEDUÇÃO tem três termos fundamentais: o termo maior (palavra de caráter universal, um gênero ou uma espécie) – no caso acima: mortal; o termo médio (palavra de caráter mediador, entre o universal e o sujeito – pode ser uma espécie) – no caso acima: homem; termo menor (palavra de caráter particular, referindo-se a um indivíduo) – no caso acima: Sócrates. Sócrates é um indivíduo da espécie homem, pertencente ao gênero mortal.

INDUÇÃO: tipo de raciocínio que parte de premissas particulares (premissas que contêm casos particulares) e tira daí uma conclusão universal. Por exemplo: um litro de água ferve a cem graus célsius, cinco litros também, dez litros igualmente, etc., portanto a água ferve a cem graus célsius.

ANALOGIA: tipo de raciocínio indutivo que parte de premissas particulares (casos particulares) e tira uma conclusão também particular. Analogia é uma comparação, pois compara casos. Por exemplo: a vacina contra a COVID-19 já passou pelo teste com um grupo pequeno de pessoas (primeira etapa), a seguir passando por um grupo maior (centenas de pessoas, na segunda etapa), a seguir passará por um grupo ainda maior (milhares de pessoas), depois de que se chegará a uma conclusão válida, possivelmente, para todo mundo (indução e analogia juntas). Outro exemplo: Manoel, tome um chá de limão que lhe fará bem para a gripe (caso particular), pois minha irmã tomou e lhe fez bem contra esse problema (caso particular).

SOFISMA: tipo de raciocínio (construção de argumentos) que tem por finalidade enganar as pessoas com algum propósito. O nome foi criado por Aristóteles, por conta dos sofistas, filósofos-professores ambulantes da Grécia, que faziam uso de raciocínios desse tipo e ensinavam seu uso a seus discípulos-alunos. Exemplos: (Argumento de força) Joaquim, faça agora seu trabalho, senão perderá seu emprego. Meninos, parem de brincar na lama, caso contrário serão postos de castigo. / (Tautologia) Este remédio é recomendado para todo mundo em razão de ser um remédio. [Tautologia é repetição do mesmo (tautos, em grego). / (Argumento de apelo sentimental) Votem no Manuel, pois ele é um pobre coitado que precisa do apoio de todos, gosta de cachorros, de pessoas, é amigo de todos, etc. / Outro sofisma comum na política: É preciso mudar a lei, os trabalhadores têm direitos demais e isso atrapalha a vinda de empresas para o Brasil, para o Estado, para o município... É preciso rever os direitos (= retirar muitos) para que haja mais empregos no país. O que está, na verdade, escondido aqui? O fato de que, ao tirar direitos trabalhistas torna-se possível o aumento dos lucros capitalistas, frutos da exploração de classes.

A lógica também está presente na gramática. Toda gramática é a lógica da língua de um povo. A análise sintática, por exemplo, tem uma estrutura claramente lógica: mostra como as partes de um discurso se reúnem para formar um todo, além de buscar compreender cada elemento e seu funcionamento dentro das orações (afirmações e negações ou perguntas) que compõem os períodos (cada oração ou mais de uma oração concatenadas, ligadas) que formam os parágrafos (cada parte de um texto).

A lógica está presente igualmente na computação: lógica da programação. Sem as linhas de programação não é possível que um computador funcione devidamente.

A lógica está presente no dia a dia, por exemplo, quando se diz: É lógico! Ex. 1: - Márcia, você vai à festa de aniversário do Jean no sábado?  - É lógico! Acha que vou perder essa festa? Ex. 2: É logicamente possível que aquilo que todos desejamos possa ser conseguido. Dependerá do empenho de cada um(a).

A LÓGICA também dispõe de algumas leis, as quais vale aqui destacar:

A lei da identidade:  (p  p)

·                 A é A. A = A.

·                 Uma coisa é e ela mesma.

·                 Um enunciado não pode permanecer o mesmo caso altere seu valor de verdade.

·                 Exemplo: por definição “um vegetariano não come carne; portanto, quem só come carne uma vez por semana não é vegetariano”.

·                 Parece bobo, mas pelo princípio da identidade não se aplica atributos a quem ou àquilo que não se identifica com algo específico.

A lei da não contradição: p

·                 NÃO (A e não A).

·                 Nada pode existir e não existir ao mesmo tempo.

·                 Nenhuma afirmação é simultaneamente verdadeira e falsa.

·                 Exemplo: não é possível a proposição “Chove aqui e agora, mas também não chove aqui e agora”.

·                 Na confusão entre crença e proposição muitos raciocinam ilogicamente (mas eticamente válido em nome da tolerância): “A religião X é verdadeira para você, mas para mim a religião Y é a verdadeira”.

A lei do terceiro excluído: (x) [F(x) F(x)]

·                 Qualquer (A ou não A).

·                 Algo existe ou não existe,

·                 Todo enunciado é ou verdadeiro ou falso. Não pode haver algo mais ou menos verdadeiro. [Exclui-se uma terceira possibilidade, daí princípio ou lei do terceiro excluído.]

·                 Exemplo: “A Terra não pode ser ao mesmo tempo plana e esférica (geóide) para satisfazer esses dois públicos”.

·                 É um erro comum de tentar chegar a um compromisso reconciliando posições antitéticas. Não dá para satisfazer gregos e troianos.” (ENSAIOS E NOTAS CULTURA GERAL. As três leis da lógica. Disponível em: < https://ensaiosenotas.com/2022/11/22/leis-da-logica/ > Acesso em 16/09/2023.)

Essas três leis da lógica clássica (aristotélica) seriam linhas mestras para o pensamento, a fim de evitar contradições que poderiam invalidar (tirar a validade) das afirmações e das conclusões do pensamento humano. Assim sendo, pretender dar a este rigor (precisão, segurança, grau maior de certeza).

No decorrer dos últimos séculos, a contradição, entretanto, passou a ser vista como possível, podendo ser verificada na evolução do Espírito, segundo Hegel (Georg Wilhelm Friedrich Hegel), tendo tese (afirmação), antítese (negação ou oposição à tese) e síntese (composição de elementos da tese e da antítese, num momento mais elevado do espírito), de modo contínuo no decurso da história. Marx (Karl Marx) viria a falar da contradição na história, mas com os pés bem no chão, vendo-a na luta de classes, como bem resume, com Engels (Friedrich Engels), no Manifesto do Partido Comunista. A contradição, portanto, engendra-se no interior da história. Para entender esta é preciso entender a lógica (estrutura...) da contradição.

REFERÊNCIAS:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. FILOSOFANDO: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.

BÍBLIA NVI. Atos 17:13-34 (NVI – Nova Versão Internacional.) Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/nvi/atos/17 > Acesso em 21/09/2020.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 2.ed. São Paulo, Ática, 2014.

COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. Disponível em: <  https://www.academia.edu/37334864/Fundamentos_de_FILOSOFIA_GILBERTO_COTRIM_MIRNA_FERNANDES > Acesso em 21/09/2020.

EPICURO. Pensamentos. São Paulo, Martin Claret, 2006. (Col. A Obra-Prima de Cada Autor.)

INTERNET ENCYCLOPEDIA OF FILOSOFIA. Verbete Epicurus. Disponível em: < https://iep.utm.edu/epicur/ > Acessos de 2015 a 2020. [Em 2020: 21 de setembro.]

WIKIPÉDIA. Verbetes: Helenismo, Zenão de Cítio, Marco Aurélio, Sêneca e outros. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso: 21 de setembro de 2020.

Obs.: Epicuro, 2013 – Ver livro de COTRIM e FERNANDES.

Para saber mais:

http://www.ime.unicamp.br/~calculo/history/arquimedes/arquimedes.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquimedes

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinismo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Helenismo

http://plato.stanford.edu/entries/epicurus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/stoicism/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/epictetus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/marcus-aurelius/ (em inglês) (Use tradutores online.)

http://plato.stanford.edu/entries/seneca/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/skepticism-ancient/ (em inglês) (Use tradutores online.)

http://plato.stanford.edu/entries/ammonius/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/plotinus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)

http://plato.stanford.edu/entries/cosmopolitanism/ (em inglês, contém informações também sobre Diógenes de Sínope) (Use tradutores online. São bons.)

Obs.: Todas as páginas em inglês foram traduzidas com uso do Google Tradutor ou outro(s) tradutor(es) online:

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http://www.clubedoprofessor.com.br/traduz/

http://onlinetradutor.com/

 

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