domingo, 3 de dezembro de 2023

TERCEIRO BIMESTRE - AULA 25 DE TCH DOS PRIMEIROS ANOS: José Joaquim da Veiga Valle (1806-1874) (Prof. José Antônio Brazão.)

  

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COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

TERCEIRO BIMESTRE

AULA 25 DE TCH DOS PRIMEIROS ANOS:

José Joaquim da Veiga Valle (1806-1874) (Prof. José Antônio Brazão.): 

Para podermos entender bem a figura de José Joaquim da Veiga Valle, é preciso que entendamos um pouco da cultura religiosa do XIX que aqui nos interessa, mas que tem antecedente no século XVIII. De acordo com Heliana Salgueiro, historiadora:

“As manifestações da religiosidade persistem no século XIX, reforçando-se, exteriores, no Padroado. O culto litúrgico e a oração doméstica absorvem o devoto, irrupção [manifestação] do mistério, revelação do Eterno à luz das velas e dos santos. Principalmente em casa: no oratório, as imagens congregam [reúnem] a família, que pode estender-se na comunhão ampliada pelos agregados [pessoas que fazem parte da família], passantes, vizinhos. Cimento, a imagem é o símbolo de uma sociedade que consegue, no retiro profano [fora da igreja, em casa], a utopia da comunhão [união comum] que a sociedade reprime. Representando o mundo invertido, a participação no espaço sagrado do culto – igreja, capela, casa – é um ato coletivo [grupal] que apaga as cotidianas desigualdades e opressões. Porque as irmandades hierarquizam a sociedade [as irmandades, de fato, havia algumas mais ricas e influentes que outras, em Goiás e em outros lugares], o lugar doméstico é ecumênico [reúne a todos]: na casa, irmanam-se aqueles que as irmandades separam, brevidade da prece. Catolicismo popular, em que o culto dos santos ocasiona um tempo para o eterno e um topos [lugar, local] para o utópico [o que está fora de lugar, mas que é desejado e buscado: a fraternidade, a convivência, a união de pessoas, a busca conjunta de Deus, independentemente de classe social].” (SALGUEIRO, Heliana. A Singularidade da Obra de Veiga Valle. Dissertação de Mestrado. Goiânia, Universidade Federal de Goiás, 1982. P. 306.)

Sem dúvida, muitas imagens foram encomendadas a Veiga Valle, seja por igrejas, seja por famílias. Faziam parte da devoção popular. Devoção significa: sentimento religioso, piedade, amor, dedicação, atenção. Aqui, é o sentimento religioso e o amor que as pessoas têm para com Deus e seres divinos ou ligados ao divino – anjos, santos, a Virgem Maria, entre outros.

*Local de nascimento de José Joaquim da Veiga Valle: Arraial de Meia Ponte (Pirenópolis) – 1806. Capitania e, no tempo do Império, Província de Goiás.

*Artista: escultor, dourador, desenhista, pintor.

Não se sabe exatamente quem foi seu mestre, mas também pode ter aprendido, em parte, e aperfeiçoado seu aprendizado de forma autodidática (aprendizado por conta própria, pelo próprio esforço e, com certeza, muito talento). Mas como pode ter aprendido, parte, por conta própria? Sem dúvida alguma, partindo do aprendizado inicial, por meio do contato com obras de arte e de artistas com os quais teve contato (artesãos), no decorrer da infância e da juventude.

*Segundo a Wikipédia e o Itaú Cultural, em Meia Ponte (atual Pirenópolis) foi vereador, juiz municipal, major da Guarda Nacional.

Veiga Valle era católico. Membro da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Irmandades são agrupamentos de homens e, em alguns casos, também de mulheres que participam da Igreja Católica. São antigas. Reúnem-se em torno de objetivos comuns, religiosos e devocionais (de devoção, ver significado acima). A Irmandade do Santíssimo Sacramento era formada, basicamente, por homens que tinham por finalidade resguardar a devoção (o amor) para com o Divino e Santíssimo Sacramento, isto é, Jesus na Hóstia Sagrada. Seus membros ajudavam a cuidar das igrejas e ajudavam os padres durante as missas, em procissões do Santíssimo Sacramento, em momentos de adoração, entre outros, como momentos de oração. Hoje, a Irmandade do Santíssimo Sacramento também vem assimilando a presença de mulheres.

*1841: Veiga Valle mudou-se para a Cidade de Goiás, morando no Largo do Rosário. Casou-se com Joaquina Porfiria Jardim, “filha do então governador José Rodrigues Jardim” (Wikipédia, verbete Veiga Valle).

*Trabalhou como dourador de altares, escultor de estatuetas de santos(as), anjos e outras imagens. Como se pode ver, era um trabalho profundamente ligado à devoção popular em relação a santos, anjos, à Virgem Maria, etc.

*Em seus trabalhos, atendeu “várias igrejas e irmandades de Goiás” (Idem).

*Henrique da Veiga Vale, um de seus filhos, também foi escultor, em Goiás e em Cuiabá.

*Material preferido para fazer esculturas: madeira de cedro.

*Algumas de suas obras:

**São Miguel Arcanjo (escultura), pode ser encontrado no Museu de Arte Sacra da Cidade de Goiás, na Igreja da Boa Morte.

**Madonas (imagens de Maria, Mãe de Jesus): Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora d’Abadia, Nossa Senhora dos Remédios, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Penha, Nossa Senhora do Bom Parto, Nossa Senhora das Mercês, Nossa Senhora da Guia, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora da Natividade. (Ibidem).

**Imagens do Menino Jesus.

**Presépio.

**Outras (ver imagens em Google Imagens).

*José Joaquim da Veiga Valle recebeu também encomendas de outros lugares.

* Imagens de Veiga Valle podem ser vistas no site:

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10404/veiga-valle

*Também em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Veiga_Valle

Na história da devoção ao Divino Pai Eterno, como será visto mais adiante, houve uma encomenda a José Joaquim da Veiga Valle para que fizesse uma imagem do Divino Pai Eterno a partir de um medalhão encontrado, na região de onde hoje fica a Cidade de Trindade. Essa imagem hoje se encontra no Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade – GOIÁS. Mais detalhes serão dados no estudo sobre a festa anual do Divino Pai Eterno.

A pessoa de Veiga Valle, sem dúvida, marca profundamente a cultura e a história goianas, com sua habilidade e com a qualidade de suas obras artísticas.

REFERÊNCIAS:

SALGUEIRO, Heliana. A Singularidade da Obra de Veiga Valle. Dissertação de Mestrado. Goiânia, Universidade Federal de Goiás, 1982.

VEIGA Valle. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10404/veiga-valle. Acesso em: 27 de agosto de 2023. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

WIKIPÉDIA. Veiga Valle. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Veiga_Valle > Acesso em 26/08/2023.

 

 

 

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