COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO BIMESTRE
AULA 35 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS
HELENISMO: CIÊNCIA (Prof. José Antônio
Brazão.)
No campo do conhecimento
científico, o helenismo (difusão da cultura grega nos povos dominados por
macedônicos e, depois, pelos romanos) teve destaques importantíssimos, como o
matemático Euclides de Alexandria (século III a.C.), o astrônomo Cláudio Ptolomeu
(90 a 168 d.C.), Arquimedes de Siracusa (287 a 212 a.C.) e o Mecanismo de
Anticítera (século I a.C.), Heron de Alexandria (10 a 80 d.C.) e Eratóstenes de
Cirene (276 a 194 a.C.).
A matemática é uma
ciência muito antiga, tendo nascido da necessidade de contar número de animais,
evoluindo para as artes de construir, de fazer comércio e outras demandas
sociais. Manuais de ensino de matemática podem ser encontrados em tábuas de
argila da Mesopotâmia, hoje expostas em museus, papiros egípcios, entre outros
documentos de outros povos.
Até na Bíblia são usados
os números. No Livro dos Números, no Pentateuco, por exemplo, há registros de
contagens do número dos habitantes em cada tribo de Israel. Nela ainda há
números ligados aos dias da semana lunar (7), números de igrejas cristãs, etc.
Os templos gregos, as pirâmides do Egito, zigurates da Babilônia, pirâmides de
maias e astecas e outras construções demonstram claramente o quanto a
matemática foi usada.
O nome geometria,
originalmente, do grego, é medida da terra. Com efeito, no Egito antigo, por
exemplo, as terras eram medidas, anualmente, para fins de cobrança de impostos,
antes e depois das cheias ricas de ingredientes do Rio Nilo.
A Matemática, enquanto
ciência, foi, de fato, muito desenvolvida e utilizada na antiguidade. Houve,
inclusive, homens dedicados ao seu estudo, como todos os citados no primeiro
parágrafo (Euclides, Arquimedes, Eratóstenes, Heron, Ptolomeu, o construtor do
mecanismo de Anticítera, entre muitos outros e até houve Hipácia de Alexandria,
mulher, professora e filósofa do século IV d.C.).
Euclides de Alexandria
foi um estudioso tão dedicado da matemática que acabou por elaborando um
manual, em treze livros, dessa ciência, intitulado ELEMENTOS. Um livro, ainda
hoje, muitíssimo valioso e de grande valor, nos campos da geometria e da
matemática elementar. Os Elementos constituem uma obra que perdurou, por muitos
séculos, como manual e referência no aprendizado de Matemática, sendo, como foi
dito, valioso até hoje. Isaac Newton, em seu livro Princípios Matemáticos da
Filosofia Natural, por exemplo, segue uma estrutura parecida com aquela que
constitui os Elementos de Euclides.
Arquimedes de Siracusa,
colônia grega na Itália, foi um prolífico matemático e inventor. Conta a história
que, quando os romanos quiseram dominar a cidade de Siracusa, por conta de sua
riqueza, Arquimedes inventou máquinas e armas poderosas para protege-la. Antes
disto, conta uma história, houve um problema com a coroa do rei de Siracusa – o
ourives que a fez foi acusado de misturar prata no meio do ouro da coroa,
tornando-a impura e ganhando com o ouro dela subtraído.
Arquimedes foi convocado
pelo rei para resolver o dilema da coroa. Pensativo, certo dia em que estava
tomando banho, notou o deslocamento de água para cima e para fora da banheira.
Descobriu aí, então, um meio de resolver o problema. Conta-se que saiu pelado
pelas ruas gritando Eureka (Descobri...). Colocada a coroa em uma vasilha com
água e, em outra, a mesma quantidade de ouro puro, notou diferença entre ambos,
conseguindo provar a corrupção da coroa. O ourives foi condenado à morte.
Arquimedes, agraciado pelo rei.
Heron de Alexandria
também foi matemático e inventor. Inventou dispositivos (máquinas) para templos
e outros. De acordo com Gabi Noronha, para o R7:
“Dentre as principias invenções de Heron, podemos
citar:
·
Roda
eólica operada por um órgão, que marcou o primeiro projeto de energia eólica de
uma máquina na história.
·
Bomba
de força, bastante utilizada na sociedade romana. Hoje, podemos ver o legado
dessa invenção nos carros de bombeiros.
·
Fonte
autônoma operada através de energia hidrostática, atualmente chamada de Fonte
de Heron.
·
Um
dispositivo detalhado como algo para controlar o fornecimento de ar ou
líquidos, o que, mais tarde, ajudou no desenvolvimento da seringa.
·
Máquina
de venda automática, aquelas mesmas nas quais hoje nós colocamos a moeda para o
produto selecionado cair da bandeja.
O projeto eolípila – esfera oca que funciona a
partir do abastecimento de uma bacia com água para que, assim, o vapor seja
produzido -, por exemplo, foi criado com o intuito de gerar movimento.
Posteriormente, passou a ser conhecida também como Máquina de Heron ou Máquina
Térmica de Heron.” (NORONHA, Gabi. Heron de
Alexandria, quem foi? História, principais invenções e legado. Disponível em: < https://conhecimentocientifico.r7.com/heron-de-alexandria/ > Acesso em 18/11/2023.)
Como se pode ver, Heron foi um
inventor de imensa capacidade criativa, como também foi Arquimedes de Siracusa,
além de outros tantos do mundo antigo. Curiosamente, a Bíblia menciona também
Hirão (ou Hurão), um artesão extremante habilidoso que auxiliou na construção
do templo erguido pelo Rei Salomão.
No I Livro dos Reis, capítulo 7,
menciona-se o seguinte acerca de Hirão (ou Hurão):
“¹³ E enviou o rei Salomão um mensageiro e mandou trazer a Hirão de
Tiro.
¹⁴ Era ele filho de uma mulher viúva, da tribo de Naftali, e fora seu
pai um homem de Tiro, que trabalhava em cobre; e era cheio de sabedoria, e de
entendimento, e de ciência para fazer toda a obra de cobre; este veio ao rei
Salomão, e fez toda a sua obra.
¹⁵ E formou duas colunas de cobre; a altura de cada coluna era de
dezoito côvados, e um fio de doze côvados cercava cada uma das colunas.
¹⁶ Também fez dois capitéis de fundição de cobre para pôr sobre as
cabeças das colunas; de cinco côvados era a altura de um capitel, e de cinco
côvados a altura do outro capitel.
¹⁷ As redes eram de malhas, as ligas de obra de cadeia para os capitéis
que estavam sobre a cabeça das colunas, sete para um capitel e sete para o
outro capitel.
¹⁸ Assim fez as colunas, juntamente com duas fileiras em redor sobre
uma rede, para cobrir os capitéis que estavam sobre a cabeça das romãs, assim
também fez com o outro capitel.
¹⁹ E os capitéis [capitel: parte superior, geralmente
ornamentada, de pilar, pilastra ou similar. Dicionário Oxford Languages,
Google.] que estavam sobre a cabeça das colunas eram de
obra de lírios no pórtico [pórtico: local coberto à entrada de um
edifício, de um templo, de um palácio etc. Idem.] , de quatro côvados.
²⁰ Os capitéis, pois, sobre as duas colunas estavam também defronte, em
cima da parte globular que estava junto à rede; e duzentas romãs, em fileiras
em redor, estavam também sobre o outro capitel.
²¹ Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a
coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda,
pôs-lhe o nome de Boaz.
²² E sobre a cabeça das colunas estava a obra de lírios; e assim se
acabou a obra das colunas.
²³ Fez mais o mar de fundição, de dez côvados de uma borda até à outra
borda, perfeitamente redondo, e de cinco côvados de alto; e um cordão de trinta
côvados o cingia em redor.
²⁴ E por baixo da sua borda em redor havia botões que o cingiam; por
dez côvados cercavam aquele mar em redor; duas ordens destes botões foram
fundidas quando o mar foi fundido.
²⁵ E firmava-se sobre doze bois, três que olhavam para o norte, e três
que olhavam para o ocidente, e três que olhavam para o sul, e três que olhavam
para o oriente; e o mar estava em cima deles, e todas as suas partes
posteriores para o lado de dentro.
²⁶ E a grossura era de um palmo, e a sua borda era como a de um copo,
como de flor de lírios; ele levava dois mil batos.
²⁷ Fez também as dez bases de cobre; o comprimento de uma base de
quatro côvados, e de quatro côvados a sua largura, e três côvados a sua altura.
²⁸ E esta era a obra das bases; tinham cintas, e as cintas estavam
entre as molduras.
²⁹ E sobre as cintas que estavam entre as molduras havia leões, bois, e
querubins, e sobre as molduras uma base por cima; e debaixo dos leões e dos
bois junturas de obra estendida.
³⁰ E uma base tinha quatro rodas de metal, e lâminas de cobre; e os
seus quatro cantos tinham suportes; debaixo da pia estavam estes suportes
fundidos, do lado de cada uma das junturas.
³¹ E a boca da pia estava dentro da coroa, e de um côvado por cima; e
era a sua boca redonda segundo a obra da base, de côvado e meio; e também sobre
a sua boca havia entalhes, e as suas cintas eram quadradas, não redondas.
³² E as quatro rodas estavam debaixo das cintas, e os eixos das rodas
na base; e era a altura de cada roda de côvado e meio.
³³ E era a obra das rodas como a obra da roda de carro; seus eixos, e
suas cambas e seus cubos, e seus raios, todos eram fundidos.
(ACF – ALMEIDA CORRIGIDA E FIEL. 1 Reis
7:13-33. Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/acf/1rs/7 > Acesso em 18/11/2023.)
Ao citar o texto acima, o que se
quis mostrar é que, na antiguidade havia pessoas muitíssimo habilidosas, como
artesãos (artífices), que eram empregados em serviços diversos. Pessoas
criativas, com grande capacidade e conhecimento, inclusive matemático e
científico. O texto acima também está disponível em um livro comum a muitas
casas e famílias, além da internet, podendo-se consulta-lo facilmente, conforme
o interesse de cada um(a).
Cláudio Ptolomeu (século II
d.C.) foi matemático e astrônomo. Escreveu o livro ALMAGESTO, que condensa a astronomia geocêntrica (com a Terra no centro do
universo) de seu tempo e até de um pouco antes). Nesse livro, Ptolomeu expõe a
redondeza da Terra, uma série de tabelas com informações sobre estrelas e
constelações do céu noturno do Egito, mas também fazendo referências à
Mesopotâmia, em um tempo em que os instrumentos de pesquisa astronômica eram
simples e no qual não havia telescópio para ajudar – ou seja, tudo era a olhos
nus. O livro também guarda uma série de informações geométricas, similares às
contidas no livro Elementos, de Euclides, seguindo estrutura similar a este.
No que diz respeito ao Mecanismo
(ou Máquina) de Anticítera, o nome vem de uma máquina descoberta de um antigo
naufrágio, perto da Ilha grega de Antikythera (Anticítera), no início do século
XX. Ao estuda-lo as peças corroídas com uso de raios-x e outros recursos
científicos contemporâneos, vários cientistas descobriram para que servia a tal
máquina – na verdade, um verdadeiro computador analógico, girado por manivela à
mão e com uma série de engrenagens dentro.
O Mecanismo de Anticítera era e
ainda é capaz de prever eclipses, o movimento e as fases da lua, dar
informações sobre o movimento dos planetas, tendo a Terra no centro do universo
(universo geocêntrico), apresentar os tipos de eclipses lunares e solares que
iam (e vão) acontecer, suas características. Ora: “As fases da Lua eram
extremamente úteis na época dos gregos antigos. Com base nelas, determinavam-se
épocas de plantio, estratégias de batalha, festas religiosas, momentos de pagar
dívidas e autorizações para viagens noturnas.” (BBC
NEWS BRASIL. Mecanismo de Antikythera: o
objeto mais misterioso da história da tecnologia.
Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/geral-36639213
> Acesso em 18/11/2023.). Portanto, um dispositivo muito útil. É claro, também extremamente
valioso para o entendimento acerca dos céus, naqueles tempos.
REFERÊNCIAS:
ACF – ALMEIDA CORRIGIDA E FIEL. 1
Reis 7:13-33. Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/acf/1rs/7 > Acesso em 18/11/2023.
BBC NEWS BRASIL. Mecanismo
de Antikythera: o objeto mais misterioso da história da tecnologia. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/geral-36639213 > Acesso em 18/11/2023.
NORONHA,
Gabi. Heron de Alexandria, quem foi? História, principais invenções e legado.
Disponível em: < https://conhecimentocientifico.r7.com/heron-de-alexandria/ > Acesso em 18/11/2023.
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