SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO BIMESTRE
AULA 33 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS
TEMA: HELENISMO(Parte3). (Prof. José Antônio Brazão.)
HELENISMO-CIÊNCIA/NEOPLATONISMO (Prof. José Antônio
Brazão.)
Foco:ciência/neoplatonismo.
Entre os séculos IV a.C. e V da era cristã, ao final
do período dos grandes filósofos gregos, com a dominação macedônica e, tempos depois, a romana, as
cidades-estados (póleis) gregas haviam perdido muito de sua liberdade e sua
autonomia. A cidadania, que antes estava ligada à pólis (cidade-estado), agora
foi perdida. No entanto, em meio a essa perda de autonomia e sob a dominação da
Macedônia (e no período romano), a cultura grega foi levada a diversos povos
dominados pelo novo império.
Ocorreu o que se convencionou chamar helenismo,
por causa dos gregos, também chamados helenos.
Um dos grandes responsáveis por isto foi Alexandre
Magno, rei e poderoso general macedônico. Esse processo foi continuado
por seus generais, depois da morte de Alexandre, os quais dividiram entre si o
império conquistado. A Grécia
foi dominada, contudo acabou dominando culturalmente.
Alexandre Magno, inclusive, fundou uma cidade no Egito
que leva o seu nome, ainda hoje, Alexandria,
na qual veio a existir uma grande biblioteca, que durou por vários séculos e,
depois, destruída. Essa biblioteca
representa o valor do conhecimento humano, que passou a ser conservado, por
intermédio da escrita, da pesquisa (a biblioteca foi também um importante
centro de pesquisa no mundo antigo), da cópia, aquisição e reprodução de livros
e ideias. Livros de
comerciantes, estudiosos viajantes e de outros navegantes, que se encontravam
nos navios, eram solicitados e copiados, devolvidos, ampliando o acervo dessa
grande biblioteca. No entanto, conforme Carl Sagan, cientista norte-americano
do século XX, no episódio 1 de sua série em vídeo-documentários COSMOS, nem
todas as pessoas tinham acesso a ela, principalmente as mais pobres. Pensadores
importantes da antiguidade fizeram parte dos que por ela passaram, como Cláudio
Ptolomeu (astrônomo, matemático e geógrafo) e a filósofa Hipácia. A
regularidade e a beleza do cosmo
(ou cosmos) eram intrigantes.
A arquitetura, a arte, a religião e as ideias gregas
atravessaram as fronteiras da Grécia, marcando, de modo especial, o mundo
ocidental. Nos livros dos Macabeus, parte da Bíblia católica e considerados
apócrifos por judeus e evangélicos, há menção a esse período, ao domínio
helenístico e à reação da família macabeia.
No que diz respeito ao mundo ocidental propriamente
dito, de um modo muito particular, no caso de Roma e de suas províncias, a arquitetura do Império Romano
foi muito marcada pela simetria geométrica dos gregos, sua língua predominante,
o Latim, assimilou muitas palavras e raízes da língua grega, deuses e deusas
gregos foram incorporados na mitologia romana, com nomes diferentes (ver no
texto A humanidade e os mitos), festas, costumes, além de outros elementos
culturais. Curiosamente, da língua latina, os vocábulos gregos e suas raízes
passaram para as línguas neolatinas, que evoluíram durante o fim do mundo
antigo e o mundo medieval (até hoje!): inglês (em boa parte), francês,
italiano, romeno, português, espanhol, etc.
Dentro da ciência, na época helenística, Ptolomeu (séc. II d.C.) fez
muitas observações dos céus, das estrelas e outros astros, conhecendo também as
ideias astronômicas de filósofos e astrônomos que o antecederam, desenvolveu um
sistema astronômico geocêntrico,
com a Terra (Geia, em grego) no centro e os astros girando em torno dela,
inclusive o Sol. O que o diferenciou de outros foi o acréscimo de epiciclos
(círculos menores em cima dos círculos orbitais), percorridos, de tempos em
tempos, pelos astros celestiais e que tinham por finalidade explicar porque as
órbitas planetárias sofriam, aqui e ali, variações, parecendo ir e voltar ao
movimento normal. Hoje se sabe que a causa é o fato de as órbitas serem
elípticas, não circulares, porém, no tempo de Ptolomeu fazia-se necessário
manter a perfeição circular. Ptolomeu, como geógrafo, também fez mapas e criou
linhas de longitude a latitude (informação apresentada no Globo Ciência,
Cláudio Ptolomeu, que pode ser visto no Youtube). O geocentrismo perdurou até o
século XVI, quando foi contestado por Copérnico (heliocentrismo).
VISUALIZAÇÃO:
Conjunto1:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ptolemeu#/media/Ficheiro:Ptolemy_16century.jpg
Conjunto2:
Outro destaque importante, no campo da ciência, que
antecedeu Ptolomeu, foi Arquimedes
de Siracusa (Siracusa, 287 a.C. – 212 a.C.), um grande cientista, que
desenvolveu um sistema de bombeamento de água
chamado, hoje, parafuso de Arquimedes, estudou a curva os planos, a parábola, o cilindro, os esferoides, os
corpos flutuantes, o contador de areia, estudou a alavanca e seu poder,
projetou armas que viriam a proteger Siracusa, por um bom tempo, da invasão dos
romanos. Arquimedes foi um verdadeiro gênio e inventor.
VISUALIZAÇÃO:
No campo da filosofia, no período helenístico
desenvolveram-se também diversas escolas filosóficas, dentre as quais
destacaram-se:
O CETICISMO:
Teve, por exemplo, como representante, Pirro
de Élis ou Élida. Os céticos punham em dúvida (sképsis, em grego) a possibilidade do conhecimento
da verdade. O conhecimento objetivo e universal não é
possível. Num contexto de incertezas e de decadência dos valores das póleis
gregas, essa maneira de encarar a realidade encontra um momento propício de
retomada (vale lembrar que os sofistas, tempos antes, foram também céticos).
O CINISMO.
Diógenes de Sínope, o Cínico,
foi um de seus representantes. Os cínicos tinham o ideal de uma vida simples,
não viam com bons olhos e até desprezavam as convenções sociais. O nome cínico
vem de kyon, kynos, que
significa cachorro, cão, em
grego (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinismo). Conta-se, inclusive, que Diógenes vivia em um
barril, sendo visto por pessoas que passavam pela rua e convivendo com animais
que por aí circulavam.
O ESTOICISMO.
Zenão de Citio foi seu
fundador. Teve também um imperador romano, Marco
Aurélio, que o seguiu. Além deles, os romanos Cícero e Sêneca.
Defendiam o controle dos desejos,
das paixões e dos impulsos, propunham uma vida
simples, sem a radicalidade dos cínicos. Além do imperador, teve
também, como seguidor, no período romano, por exemplo, o filósofo Sêneca. Um
outro elemento importante, no estoicismo, principalmente romano, o AMOR FATI.
Segundo a Wikipédia:
“Amor
fati (do latim amor, nominativo singular
de amor,óris: 'amor a algo' e fati genitivo singular
de fatum,i, 'destino') é uma expressão latina que significa 'amor
ao destino', 'amor ao fado'.[1] No estoicismo e
na filosofia de Friedrich Nietzsche,
significa a aceitação integral da vida e do destino humano, mesmo em seus
aspectos mais cruéis e dolorosos – aceitação que só um espírito
superior é capaz.[2] “ (WIKIPÉDIA. Amor
fati. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Amor_fati > Acesso em
04/11/2023.)
Os estoicos buscavam também a ATARAXIA, palavra grega
que significa imperturbabilidade da alma, “ausência de inquietude/de
preocupação, tranquilidade de ânimo” (WIKIPÉDIA. Ataraxia. Disponível
em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Ataraxia > Acesso em 04/11/2023.)
O EPICURISMO.
Epicuro de Samos foi seu fundador, daí o nome. Os epicuristas tinham como
objetivo a busca do prazer,
de forma equilibrada. De acordo com Epicuro, o mundo é formado por átomos, inclusive a alma. Os
átomos da alma se desfazem com o corpo, ao final da vida. Para ele, as pessoas
não devem se preocupar com os deuses. Epicuro
era ateu. Curiosamente,
Paulo, no primeiro século da era cristão, debateu, em Atenas, no Areópago, com
filósofos estoicos e epicureus ou epicuristas. Quando falou da ressurreição dos
mortos, os filósofos o abandonaram. O tal debate
de Paulo, o discípulo,
apóstolo, seguidor de Jesus Cristo, com esses filósofos é apresentado no
capítulo 17 do livro Atos dos Apóstolos, presente no Novo Testamento bíblico. Além
dos estoicos, os epicuristas buscavam também a ataraxia (ver acima).
O NEOPLATONISMO.
Já no período cristão, fundado por Amônio
Saccas, teve como grande expoente um discípulo deste: Plotino. O pensamento
neoplatônico de Plotino
encontra-se apresentado no livro Enéadas (ou Enéades). Retoma o pensamento platônico
e defende a busca do UNO (faz
recordar o BEM de Platão),
através de um movimento de elevação da alma,
numa ascensão progressiva.
Tendência filosófica carregada de racionalismo e idealismo, especialmente de
influência platônica. O neoplatonismo veio a exercer forte influência sobre o
pensamento do cristão Aurélio Agostinho (Santo Agostinho). Para este a
filosofia não é inimiga da fé, mas auxiliar.
VISUALIZAÇÃO:
Amônio:
https://pt.wikiquote.org/wiki/Amônio_Sacas
Plotino:
https://pt.wikiquote.org/wiki/Plotino
“O uno – origem
de tudo e finalidade essencial de todos os seres – é todas as coisas e nenhuma
delas é o uno. Ele é radicalmente transcendente, está acima do ser e, por isso,
não pode sequer ser nomeado. Dele procedem emanações: o noús (o
intelecto divino) e, em seguida, a alma, que se projeta para o mundo,
identifica-se com a natureza e se emaranha na encarnação física. Os seres
humanos, em última análise originários do uno, devem – através da contemplação
do belo – fazer o caminho inverso, retornar até a alma “sem mescla” e dali
unir-se ao princípio intelectual, a fim de “ver o que ele (o uno) vê”.”(IN: https://jornal.usp.br/cultura/finalmente-na-integra-plotino-explica-o-uno-e-suas-emanacoes/)
VISUALIZAÇÃO:
As escolas de Platão e Aristóteles – Academia e Liceu,
respectivamente – continuaram existindo durante séculos, tendo sido, enfim,
fechadas no período cristão. Uma das grandes vantagens destas escolas é que possibilitaram a
reprodução e a preservação das ideias de seus filósofos fundadores, que viriam
a exercer forte influência sobre o pensamento cristão da Patrística e da
Escolástica.
Uma característica importante desse período, no campo
do pensamento e da sociedade em geral foi o cosmopolitismo, palavra que quer dizer, basicamente:
cidadania (da palavra pólis, cidade-estado, cidade)
e cosmo (palavra grega que quer dizer mundo), em razão daquela perda do
referencial da autonomia das cidades-estados, da expansão do helenismo e de uma
percepção maior da realidade política.
Um fato interessante e digno de nota é que, no período
cristão, a filosofia helenística conviveu com o pensamento cristão, como pôde
ser observado ao falar do debate de Paulo com os filósofo, além de outros
episódios de contato de intelectuais cristãos com a filosofia greco-romana
(helenística), como foi o caso dos que pertenceram à Patrística, até o
fechamento, por força da influência da fé cristã, então institucionalizada, da
Academia.
VISUALIZAÇÃO:
Alexandria:
INDICAÇÃO(proposta) (Filme Alexandria [Ágora], sobre a
filósofa Hipácia de Alexandria):
Trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=7l8kDV6-Oys
O filme (em espanhol):
https://www.youtube.com/watch?v=lja2D8-tB7s
Máquina de Anticítera:
Máquina de Anticítera:
Anticítera:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antic%C3%ADtera
Desvendando o mistério de Anticítera –
Science(Resumido):
https://www.youtube.com/watch?v=3enNQfuHiNI
O Primeiro Computador do Mundo Mecanismo de
Antikythera(COMPLETO):
https://www.youtube.com/watch?v=uWNBRnuzsTg
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena
Pires. FILOSOFANDO: Introdução à
Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
BÍBLIA NVI. Atos 17:13-34 (NVI – Nova Versão
Internacional.) Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/nvi/atos/17
> Acesso em 21/09/2020.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação
à Filosofia. 2.ed. São Paulo, Ática, 2014.
COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. Disponível em:
< https://www.academia.edu/37334864/Fundamentos_de_FILOSOFIA_GILBERTO_COTRIM_MIRNA_FERNANDES > Acesso em 21/09/2020.
EPICURO. Pensamentos.
São Paulo, Martin Claret, 2006. (Col. A Obra-Prima de Cada Autor.)
INTERNET ENCYCLOPEDIA OF FILOSOFIA. Verbete Epicurus. Disponível em: < https://iep.utm.edu/epicur/ > Acessos de 2015 a 2020. [Em 2020: 21 de
setembro.]
WIKIPÉDIA. Verbetes:
Helenismo, Zenão de Cítio, Marco Aurélio, Sêneca e outros. Disponível em:
< https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso: 21 de setembro de 2020.
Obs.: Epicuro, 2013 – Ver livro de COTRIM e FERNANDES.
Para saber mais:
http://www.ime.unicamp.br/~calculo/history/arquimedes/arquimedes.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquimedes
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Helenismo
http://plato.stanford.edu/entries/epicurus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/stoicism/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/epictetus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/marcus-aurelius/ (em inglês) (Use tradutores online.)
http://plato.stanford.edu/entries/seneca/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/skepticism-ancient/ (em inglês) (Use tradutores online.)
http://plato.stanford.edu/entries/ammonius/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/plotinus/ (em inglês) (Use tradutores online. São bons.)
http://plato.stanford.edu/entries/cosmopolitanism/ (em inglês, contém informações também sobre Diógenes
de Sínope) (Use tradutores online. São bons.)
Obs.: Todas as páginas em inglês foram traduzidas com
uso do Google Tradutor ou outro(s) tradutor(es) online:
http://translate.google.com.br/
http://www.clubedoprofessor.com.br/traduz/
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