COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE
AULA 20 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS:
MITO (ALEGORIA) DA CAVERNA – A EXPLICAÇÃO DO MITO POR SÓCRATES:
A CIDADE (PÓLIS) IDEAL DE PLATÃO (Prof.
José Antônio Brazão.):
A República,
livro de Platão, fala de uma cidade (pólis) ideal, governada por filósofos e
filósofas (grupo dirigente), protegida por guardiões e guardiãs (grupo
protetor) e sustentada por agricultores, artesãos e comerciantes (grupo
produtivo, mantenedor). Cada grupo mantendo sua função para que a realize de
modo bem feito (Trecho do Livro II de A
República, de Platão):
“Sócrates — Mas nós negamos ao sapateiro o direito de exercer ao mesmo
tempo o oficio de lavrador, tecelão ou pedreiro; obrigamo-lo a ser apenas
sapateiro, para que os trabalhos de sapataria sejam bem executados; da mesma
forma, atribuímos a cada um dos outros artesãos um único ofício, aquele para o
qual está habilitado por natureza, se quer tirar proveito das oportunidades a
desempenhar bem a sua tarefa. Mas não é importante que o oficio da guerra seja
bem executado? Ou é fácil que um lavrador, um sapateiro ou qualquer outro
artesão possa, ao mesmo tempo, ser guerreiro, quando não se pode ser bom
jogador de gamão ou de dados, se não se praticarem estes jogos desde a
infância, e não apenas nas horas livres? Bastará prover-se de um escudo ou de
qualquer outra arma para se tornar, de um dia para o outro, bom guerreiro, ao
passo que os instrumentos das outras artes, tomados nas mãos, nunca darão
origem a um artesão nem a um atleta e serão inúteis a quem não tiver adquirido
o seu conhecimento e não se tiver treinado suficientemente? Glauco — Se assim
fosse os instrumentos teriam um enorme valor! Sócrates — Portanto, quanto mais
importante é a função de guardião do Estado, mais tempo livre exige e também
mais arte e aplicação.” (Trecho do Livro II de A República, de Platão. Disponível em: < http://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf > Acesso em 13 de junho de 2021. Páginas 78-79.)
IMAGENS:
AGRICULTURA ENTRE OS GREGOS ANTIGOS:
ANTIGOS ARTESÃOS GREGOS:
COMERCIANTES (COMÉRCIO) NA GRÉCIA ANTIGA:
SOLDADOS GREGOS ANTIGOS:
Os filósofos e as
filósofas seriam tirados(as) dos melhores guardiões e guardiãs, aqueles que
tivessem melhores qualidades intelectuais para um preparo mais aprofundado no
intuito de virem a dirigir a cidade. Tanto guardiões/guardiãs quanto
governantes (filósofos/filósofas) teriam um tempo longo de preparo – no caso
dos primeiros, até se tornarem militares bem preparados(as) para a proteção da
cidade e a guerra (se necessária); no caso dos segundos(as), após esse preparo
militar, mais alguns anos de estudos e muita dedicação ao aprendizado teórico e
político.
IMAGENS:
O PREPARO DOS(AS) FILÓSOFOS(AS)-GOVERNANTES:
Conjunto 1 (Educação na Grécia Antiga):
Conjunto 2 (Educação na Grécia Antiga):
O que estudariam os
filósofos e as filósofas? Sete matérias seriam essenciais: música, astronomia,
geometria, aritmética, gramática, retórica e dialética – a dialética sendo o
ponto alto dos estudos, tendo em vista a elevação da alma até o mundo
inteligível ou mundo das Ideias (formas perfeitas de tudo que existe). Essas
matérias viriam a formar a base do ensino no mundo medieval, no trivium (três vias: gramática, retórica
e dialética) e no quadrivium (quatro
vias: aritmética, geometria, astronomia e música).
AS SETE ARTES LIBERAIS (artes do homem
livre):
Conjunto 1:
Conjunto 2:
Conjunto 3:
De fato, Platão
acreditava que existem dois mundos: o mundo inteligível ou das Ideias e o mundo
sensível (mundo material). O mundo inteligível é assim chamado por conta de ser
alcançável por meio do pensamento, do intelecto, da capacidade de pensar,
refletir, recordar, calcular, analisar, etc. Conforme Platão, as almas já
habitaram outrora (em tempo passado) no mundo inteligível, mas foram enviadas à
Terra (mundo sensível) e presas ao corpo – o corpo humano, portanto, é
considerado por Platão como uma prisão da alma.
A alma só pode
libertar-se da cadeia do corpo por meio da RECORDAÇÃO (reminiscência),
LEMBRANÇA, daquilo que ela havia contemplado antes no mundo inteligível (das
Ideias). Essa lembrança não ocorre de uma vez, mas partindo do mundo sensível
(como na saída da caverna), da visão das coisas sensíveis (imperfeitas),
encontrando nelas formas imperfeitas que têm algo em comum, até elevar-se,
gradualmente (como o prisioneiro liberto da caverna), ao mundo inteligível e,
daí, à ideia suprema: o BEM (como o prisioneiro, após muito custo e adaptações,
conseguiu ver diretamente o Sol na parte de fora da caverna, no mundo externo).
IMAGENS (O caminho que leva a alma à
eternidade, por meio da reminiscência – recordação, lembrança):
Via estudos-aprendizado:
Via elevação da alma (contemplação):
As Ideias são
formas perfeitas e eternas de tudo que existe: a ideia (forma perfeita) do
cavalo, a ideia (forma perfeita) do ser humano, a ideia (forma perfeita) de
número, a ideia de verdade, a ideia de justiça, entre incontáveis outras ideias
de todas as coisas.
E o que são os
seres e coisas que existem no mundo sensível? São CÓPIAS IMPERFEITAS das ideias
eternas e perfeitas. O mundo sensível é o mundo material, percebido por meio
dos cinco sentidos (olfato, tato, audição, paladar e visão).
Quem fez o mundo
sensível? O mundo sensível foi feito pelo DEMIURGO, um deus primordial que,
contemplando o mundo eterno e perfeito das Ideias, achou-o tão magnífico que
quis copiá-lo, fazendo uso da matéria primordial e caótica, existente (para os
gregos a matéria, de fato, não foi criada a partir do nada, mas existia no
CAOS, na mistura primordial de todas as coisas).
E o que tem a
cidade ideal de Platão a ver com o mundo das Ideias? De acordo com ele,
APRENDER É RECORDAR, recordar aquilo que outrora (em outro tempo) a alma viu,
contemplou, no mundo inteligível, antes vir a ser presa no corpo. A libertação
da alma em relação ao corpo se dá à medida que ela vai recordando o que viu no
Inteligível, até alcançar a ideia suprema: O BEM. O Bem não é um deus criador,
mas referência de todas as demais ideias, como o Sol o é no mundo sensível.
O Bem representa o
que há de bom, de ético, de valor, de dignidade, de verdade, entre outros
valores e coisas boas. Deste modo, alcançar a visão ou lembrança do BEM
significa estar bem preparado para governar a cidade – obra de filósofos e
filósofas. Os estudos contribuem para a elevação da alma da prisão (como a
caverna) da ignorância e das sombras do mundo sensível até a clareza e o
conhecimento do mundo externo, luminoso, claro e belo. A cidade-Estado ideal
(pólis ideal) será, pois, muito bem governada.
Cada classe ou
grupo da cidade (pólis) ideal carrega em sua alma um metal: bronze nas almas de
agricultores, artesãos e comerciantes (mantenedores); prata nas almas de
guardiões e guardiãs (protetores e protetoras); ouro nas almas de filósofos e
filósofas (magistrados, governantes). As classes ou grupos seriam mantidos como
são. Mas se houver algum filho ou filha de comerciante, agricultor e artesão
que tenha ouro em sua alma? De acordo com Platão, deve ser elevado(a) à devida
dignidade, vindo a preparar-se para se tornar, futuramente, um(a) magistrado(a),
governante.
IMAGENS:
BRONZE (liga de cobre
e estanho, às vezes, zinco, de acordo com o Google):
PRATA:
OURO:
Cada metal
representa algo que faz parte da ação dos respectivos membros da cidade (pólis)
ideal: o bronze da alma de agricultores, artesãos e comerciantes representa a
resistência que é necessária ao trabalho duro diário; a prata da alma de
guardiões e guardiãs representa a força e a dignidade do trabalho de quem
protege, de quem deve estar preparado para a luta e a guerra se necessário,
protegendo as pessoas que fazem parte da cidade; o ouro da alma de filósofos e
filósofas (governantes) representa aquilo que há de mais rico e de valor, isto
é, o conhecimento do BEM e das Ideias, além de outros conhecimentos tão
necessários à excelente condução da cidade-estado (pólis).
VÍDEO CURTO: “[Episódio] 05 - Ser Ou Não Ser - Platão, O Mito
Da Caverna - Viviane Mosé - Fantástico.flv” . Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ei-kSPL4Lg4
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria L. de
A. e MARTINS, Maria H. P. Filosofando:
Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à
Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.
PLATÃO. Críton ou Do Dever. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000015.pdf > Acesso em 19/06/2023.
PLATÃO. Críton ou Do Dever. Em audiobook
(áudio-livro). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=zEV56ncVeKM > Acesso em 19/06/2023.
PLATÃO. Fédon
ou da Imortalidade da Alma. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000031.pdf > Acesso em 19/06/2023.
WIKIPÉDIA. Página Principal. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 19/06/2023.
WIKIPÉDIA. Helena (mitologia). Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_(mitologia) > Acesso em 19/06/2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário