COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE
AULA 19 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS A, B, C e
D:
THOMAS HOBBES (1588 – 1679) (Professor José Antônio Brazão.)
(Usar MAPAS, LIVROS DE ARTE E BANNERS da
biblioteca da escola. Complemento\exposição.)
Filósofo moderno inglês.
Teve grande preocupação em entender as origens e os fundamentos do poder político. Em seu livro “Leviatã
ou a essência, forma e poder de uma comunidade eclesiástica e civil”, de 1651,
diz que o Estado surgiu a
partir de um pacto
estabelecido entre as pessoas, no início da formação da sociedade. Quando viviam no estado de natureza, as pessoas encontravam-se em permanente conflito, numa luta de todos
contra todos. Para não se aniquilarem mutuamente ficou resolvido que todos
fariam um pacto, no qual cada um entregaria o poder sobre sua pessoa e sobre
sua vida a um governante comum a todos e todos fariam o mesmo.
O governante
escolhido teria, portanto, um poder
absoluto sobre todos os cidadãos, inclusive de vida e morte, governando
com mãos de ferro, porém com a missão de garantir a vida, a liberdade e a
propriedade dos governados. O governante poderia ser um indivíduo ou uma assembleia
escolhida. Além do poder político, militar, jurídico,
também o poder religioso.
De acordo com Hobbes, o homem é o lobo
do homem (homo homini lupus), ou seja, o ser humano carrega
consigo uma agressividade
natural, perigosa para a vida humana, mas que pode e deve ser controlada pelo
Estado, através do poder do governante absoluto, que tem em suas mãos os meios
para pôr ordem na sociedade e
estabelecer a paz necessária
ao progresso social em todos os seus sentidos – econômico, político, social,
tecnológico, científico, etc. Ora, Hobbes estava vivendo numa época de grandes
avanços na economia, nas ciências, nas técnicas e nas artes em geral – era o Renascimento
artístico-científico-cultural.
Como se pode ver, Hobbes se mostra a favor do absolutismo. Curiosamente, na Inglaterra de seu tempo, o rei
assumia o poder temporal e o poder religioso, este como chefe da Igreja
Anglicana. Vale lembrar, porém, que o poder do parlamento inglês foi, aos
poucos, se reforçando e ampliando. Em outros países europeus, reis e rainhas
vinham tomando fortemente as rédeas do poder em suas mãos.
Para Hobbes, o poder absoluto do rei ou da assembleia
é garantia de bem-estar e de
organização sociais. Sabedor da natureza humana, Hobbes defende esse tipo de
poder. Antes dele, o italiano Nicolau Maquiavel
já havia dito aos príncipes (governantes) que não podiam confiar na bondade das
pessoas, as quais poderiam mudar de lado em caso de contrariedade ou de
interesses em jogo. Conforme Maquiavel, como foi visto no texto anterior, é
preferível antes ser temido que amado. O temor imposto pela força militar e
pela competência hábil e astuta em governar.
Pode-se ver que Hobbes e Maquiavel têm algo em comum,
apesar de algumas diferenças: ambos defendem um poder estatal forte, centralizado nas mãos do
governante. É claro, Maquiavel não se preocupou propriamente em entender a
passagem de um estado natural para a sociedade, mas tinha, semelhante a Hobbes,
uma ideia não muito boa da natureza
humana – impulsos e forças existentes dentro do ser humano capazes de
levar a complicações e que precisavam ser controlados caso os governantes
quisessem manter o poder e levar a sucesso seus planos e projetos. Em
Maquiavel, a manutenção do poder pela astúcia e pela força. Em Hobbes, através do pacto incondicional.
Cabe ao governante também proteger a propriedade
dos súditos.
É interessante notar que tanto Maquiavel quanto Hobbes
tocam na relação entre Estado
e religião. Para Maquiavel, o príncipe deve ser astuto a ponto de saber
utilizar a religião a seu favor, na manutenção e extensão do poder, reduzindo e
coibindo ardilosamente a interferência religiosa sobre o poder político. Para
Hobbes, o poder do governante deve incorporar, em suas mãos, o poder religioso.
Mas por que ambos pensam em controle da religião?
Porque a religião forma também a consciência das pessoas, adentrando em seu
viver por meio de normas e mandamentos a serem seguidos, e porque a religião,
em seu tempo, interferia frequentemente no poder de reis e rainhas. Sem dúvida,
Maquiavel e Hobbes queriam reforçar a obediência
dos súditos e, junto com a
religião, os governantes precisavam ter boa força militar, infligindo o temor
necessário a todos.
Mas por que razão o nome LEVIATÃ é dado à obra mais conhecida de Hobbes? Leviatã, de
acordo com a Bíblia, era um monstro marinho poderoso, que
dominava sobre os mares e
sobre os animais nele existentes. É claro, protegia os peixinhos. O Leviatã só
pôde ser dominado por Deus. E, de acordo com Hobbes, o governante deve ser como
o Leviatã, poderoso, respeitado e temido
por todos, tendo que prestar contas tão somente a Deus, já que o que forma seu corpo descomunal são os corpos
de todos os cidadãos do Estado, que entregaram a ele, livremente, o poder de
governo sobre eles e suas vidas.
Enfim, ao governante competiria instaurar a ordem social e mantê-la com o
uso do poder absoluto, uma ordem que não havia no estado de natureza e cuja
inexistência, por causa dos conflitos, impedia o desenvolvimento da
propriedade, das técnicas, das ciências, da tecnologia e, consequentemente, da economia e da própria vida.
Uma outra característica importante do pensamento de
Hobbes é seu materialismo. Para ele, como para outros antes e depois dele, o
mundo, as leis científicas e a realidade só podem ser explicados mediante a matéria. Para além desta, nada
existe. Opõe-se, portanto, ao idealismo. A realidade não é constituída por
ideias, nem pelo pensamento abstrato puro e simples, mas pela realidade
material concreta.
REFERÊNCIAS:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u395.jhtm
http://www.mundodosfilosofos.com.br/hobbes.htm
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2117
http://plato.stanford.edu/entries/hobbes/
http://plato.stanford.edu/entries/hobbes-moral/
TEXTO DE THOMAS HOBBES SOBRE O REI-LEVIATÃ:
“O
acordo vigente entre essas criaturas (abelhas e formigas) é natural, ao passo
que o dos homens surge apenas através de um pacto, isto é, artificialmente.
Portanto não é de admirar que seja necessária alguma coisa mais, além de um
pacto, para tornar constante e duradouro seu acordo: ou seja, um poder comum
que os mantenha em respeito, e que dirija suas ações no sentido do benefício
comum. A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de defendê-los
das invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, garantindo-lhes
assim uma segurança suficiente para que, mediante seu próprio labor e graças
aos frutos da terra, possam alimentar -se e viver satisfeitos, é conferir toda
sua força e poder a um homem, ou a uma assembleia de homens, que possa reduzir
suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. O que
equivale a dizer: designar um homem ou uma assembleia de homens como
representante de suas pessoas, considerando -se e reconhecendo-se cada um como
autor de todos os atos que aquele que representa sua pessoa praticar ou levar a
praticar, em tudo o que disser respeito à paz e segurança comuns; todos
submetendo assim suas vontades à vontade do representante, e suas decisões à
sua decisão. Isto é mais do que consentimento, ou concórdia, é uma verdadeira
unidade de todos eles, numa só e mesma pessoa, realizada por um pacto de cada
homem com todos os homens, de um modo que é como se cada homem dissesse a cada
homem: Cedo e transfiro meu direito de governar-me a mim mesmo a este homem, ou
a uma assembleia de homens, com a condiçã o de transferires a ele teu direito,
autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isto, à multidão
assim unida numa só pessoa se chama Estado, em latim civitas. É a
geração daquele grande Leviatã, ou antes (para falar em termos mais reverentes)
daquele Deus Mortal ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e
defesa. Pois graças a esta autoridade que lhe é dada por cada indivíduo no
Estado, é-lhe conferido o uso de tamanho poder e força que o terror assim
inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles, no sentido da
paz em seu próprio pais, e da ajuda mútua contra os inimigos estrangeiros. É
nele que consiste a essência do Estado, a qual pode ser assim definida: Uma
pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os
outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar aforça
e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a
paz e a defesa comum. Aquele que é portador dessa pessoa s e chama soberano, e
dele se diz que possui poder soberano. Todos os restantes são súditos.”
(HOBBES, Thomas. Trecho 3 do livro Leviatã. Disponível em: < https://www.faberj.edu.br/cfb-2015/downloads/biblioteca/filosofia/Filosofando.pdf > Acesso em 03/06/23.)
ATIVIDADE COMPLEMENTAR: CAÇA-PALAVRAS NA PÁGINA SEGUINTE.
TAREFA: Procure no dicionário e\ou na internet
todas as palavras marcadas e anote os significados no caderno. Finalidade:
ampliar seu vocabulário de língua portuguesa e entender ainda melhor o texto.
CAÇA-PALAVRAS:
THOMAS HOBBES. (Prof. José Antônio Brazão.)
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esquerda e da esquerda para a direita.
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