segunda-feira, 12 de junho de 2023

SEGUNDO BIMESTRE - AULA 19 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS PLATÃO – OS DOIS MUNDOS E O AMOR PLATÔNICO (Prof. José Antônio Brazão.)

 

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

SEGUNDO BIMESTRE

AULA 19 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS

PLATÃO – OS DOIS MUNDOS (Prof. José Antônio Brazão.):

 

P

BEM – Ideia (FORMA) superior, a mais perfeita.

 

A

6) Ser.

R

5) Verdade.

M

4)Perfeição, eternidade, permanência, imutabilidade.

Ê

N

3) Ideias: formas (modelos) perfeitas(os) de tudo que existe. Ex.: cavalo, pessoa, AMOR, etc.

I

D

2) Ideia: do grego idea, eidos = FORMA.

E

1)     Apreendido pela RAZÃO (pensamento).

Parmênides dizia: “Pensar e ser são o mesmo.” O ser parmenídico: esférico, completo, pleno, perfeito, imutável.

Alma (visão das Ideias, das Formas perfeitas)

S

de

ELEIA

 

MUNDO INTELIGÍVEL ou DAS IDEIAS

 

 

MUNDO SENSÍVEL ou DOS SENTIDOS

 

Elevação da alma até o  Inteligível, por meio da contemplação e do aprendizado (aprender é recordar, é reminiscência, lembrança do que a alma, outrora, contemplou no Mundo das Ideias). Desprendimento do apego às coisas materiais, libertação do corpo. Em caso de apego: retorno.

Como o liberto da caverna, no livro VII de A República.

SOL – Fonte maior da luz no mundo sensível.

Corpo: prisão da alma.

H

1)     Apreendido pelos SENTIDOS (olfato, tato, paladar, audição, visão).

Nos primórdios: o Demiurgo (ser divino, artesão do universo) transformou a matéria caótica (caos) primordial em cosmos, fazendo cópias imperfeitas do que contemplara no Mundo das Ideias.

E

R

2)     Matéria perceptível pelos sentidos.

Á

3)     Seres sensíveis: cópias imperfeitas das Ideias presentes no mundo das Ideias.

C

L

4)     Imperfeição, temporalidade, impermanência, mutabilidade (devir ou vir a ser).

I

T

O

d

5)     Ilusão/Sombras.

E

6)     Devir (vir a ser).

É

Devir:

a)      Vir a ser.

b)     Mudança.

c)      Movimento.

d)     Alteração.

e)      Deslocamento.

f)       Transformação.

F

E

S

O

Ver comentário do próprio Platão no final do Mito da Caverna.

Ver texto a seguir, sobre o Amor Platônico.

O AMOR PLATÔNICO (Prof. José Antônio Brazão.):

Amor platônico é uma expressão que aparece, comumente, em conversas. Mas o que é amor platônico? Platão, filósofo da antiguidade grega, que viveu entre os séculos V e IV antes da Era Comum, dizia que o amor, enquanto Ideia, habita no Mundo das Ideias, das formas (modelos) perfeitas(os) de tudo que existe. O amor ideal!

Platão também fala do amor que leva a alma a elevar-se até a eternidade, ao Mundo Inteligível ou das Ideias, no empenho de alcançar a Ideia maior: o Bem. Este também é suma beleza. O amor que busca o que está elevado. Essa elevação até a beleza ideal encontra-se no seguinte texto de O Banquete (Simpósio), de Platão:

“Aquele que for guiado até este ponto nos passos do amor, ao contemplar em sequência e corretamente as coisas belas, já atingindo o fim supremo do amor, subitamente avistará algo maravilhosamente belo por natureza, aquilo, Sócrates, em vista de que se deram todos os esforços anteriores, primeiro sempre sendo, sem nascer nem morrer, sem crescer nem decrescer, e além disso, nem belo aqui e feio ali, nem agora sim e depois não, nem em relação a isso belo e em relação àquilo feio, nem belo aqui e feio alhures, como se para uns fosse belo e para outros feio. E o belo não lhe aparecerá como um rosto, nem como mãos, nem como nada de que o corpo participe, tampouco como um argumento, nem como uma ciência, nem sendo de algum modo em alguma outra coisa, como, por exemplo, em um ser vivo, seja na terra, seja no céu, seja em qualquer outro lugar; ao contrário, ele lhe aparecerá ele mesmo, por si mesmo, consigo mesmo, sendo eternamente onímodo [que envolve tudo, todas as maneiras, os modos de ser; de todos os modos], e todas as outras coisas belas dele participam  de tal modo que, enquanto tudo o mais nasce e morre, ele nem cresce nem diminui, nem nada sofre. (O Banquete 210e-211b)” (PLATÃO. Trecho de O Banquete. Disponível em: < http://www.editora.puc-rio.br/media/Pr%C3%A9via%20O%20Banquete.pdf > Acesso em 10/06/2023.) O que está entre chaves é complemento meu, obtido de Oxford Languages-Google, significado de onímodo.

Há ainda o mito do andrógino, no mesmo livro O Banquete (Simpósio), de Platão. Segundo ele, nos primórdios havia seres ligados aos seus pares – um casal cada, como se fossem siameses. Temendo a força deles juntos, os deuses os separaram. Desde então, cada metade busca a metade que a completa. O amor está nessa busca.

Enfim, o amor platônico é o AMOR IDEALIZADO, o amor ideal. Luis Vaz de Camões, no Soneto 5, bem o reflete. Segundo Camões:

Amor é fogo que arde sem se ver (Luís Vaz de Camões):

 

“Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

 

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

 

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

 

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

Em seus sonetos de amor, Camões trata, exatamente, de um amor ideal ou idealizado. Amor que leva a pessoa a imaginar e a desejar, bem como a idealizar, a pessoa amada.

O grupo Legião Urbana, uma banda de música brasileira, certa vez, uniu o poema de Camões ao texto do Capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios, de Paulo, na música Monte Castelo, o que mostra que o amor platônico ainda tem expressão, inclusive, na arte contemporânea.

Veja-se a letra da música:

Monte castelo

Canção de Legião Urbana

 

Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria

 

É só o amor, é só o amor

Que conhece o que é verdade

O amor é bom, não quer o mal

Não sente inveja ou se envaidece

 

O amor é o fogo que arde sem se ver

É ferida que dói e não se sente

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer

 

Ainda que eu falasse a língua do homens

E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria

 

É um não querer mais que bem querer

É solitário andar por entre a gente

É um não contentar-se de contente

É cuidar que se ganha em se perder

 

É um estar-se preso por vontade

É servir a quem vence, o vencedor

É um ter a quem nos mata a lealdade

Tão contrário a si é o mesmo amor

 

Estou acordado e todos dormem

Todos dormem, todos dormem

Agora vejo em parte

Mas então veremos face a face

É só o amor, é só o amor

Que conhece o que é verdade

 

Ainda que eu falasse a língua dos homens

E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria

 

(Compositor: Renato Russo.)

 

(RENATO RUSSO [e LEGIÃO URBANA]. Monte Castelo. Disponível em: < https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/22490/ > Acesso em 10 de junho de 2023.)

OBSERVAÇÃO: Neste link há, inclusive, a opção ouvir, o que vale muito a pena, dada a beleza tanto da letra quanto da música em si cantada.

 

 

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