SECRETARIA DE SEGURANÇA
PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
SEGUNDO BIMESTRE
AULA 15 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS:
SÓCRATES (CONTIN.) (Prof. José Antônio
Brazão.)
Trecho do livro FÉDON ou DA IMORTALIDADE DA ALMA, de
Platão (século IV a.C.):
Temática do trecho: Os filósofos (amigos da
Sabedoria), a Sabedoria, a alma e a imortalidade.
IMAGENS (Sócrates na prisão)
“Convencidos de que não devemos fazer nada em contrário à Filosofia nem ao
que ela prescreve para libertar-nos e purificar-nos, voltam-se para esse lado,
seguindo na direção por ela aconselhada.
XXXIII – De que modo, Sócrates?
Vou dizer-te, respondeu. Estão perfeitamente cientes
os amigos da Sabedoria, que quando a Filosofia passa a dirigir-lhes a alma,
esta se encontra como que ligada e aglutinada ao corpo, por intermédio do qual
é forçada a ver a realidade como através das grades de um cárcere, em lugar de
o fazer sozinha e por si mesma, porém atolada na mais absoluta ignorância. O
que há de terrível nesses liames [ligações], reconhece-o a Filosofia, é
consistirem nos prazeres e ser próprio prisioneiro quem mais coopera para
manietar-se. (...)”
IMAGENS (A ILUSÃO DO CONSUMISMO EXAGERADO):
Gula:
(Contin.) “Como disse, os amigos da Sabedoria estão
cientes de que, ao tomar conta de sua alma em tal estado, a Filosofia lhe fala
com doçura e procura libertá-la, mostrando-lhe quão cheio de ilusões é o
conhecimento adquirido por meio dos olhos, quão enganador o dos ouvidos e dos
mais sentidos, aconselhando-a a abandoná-los e a não fazer uso deles se não só o
necessário, e a recolher-se e concentrar-se em si mesma e só a acreditar em si
própria e no que ela em si mesma aprender da realidade em si, e o inverso: a
não aceitar como verdadeiro tudo o que ela considerar por meios que em cada
caso se modificam, pois as coisas desses gênero são sensíveis e visíveis, ao
passo que é inteligível e invisível o que ela vê por si mesma.(...)”
IMAGENS:
O filósofo (pintura de Rembrandt):
Eternidade:
Alma:
“(...)Convencida de que não deve opor-se a semelhante
libertação, a alma do verdadeiro filósofo abstém dos prazeres, das paixões e
dos temores, tanto quanto possível, certa de que sempre que alguém se alegra em
extremo, ou teme, ou deseja, ou sofre, o mal daí resultante não é o que se
poderia imaginar, como seria o caso, por exemplo, de adoecer ou vir a
arruinar-se por causa das paixões: o maior e o pior dos males é o que não se
deixa perceber.”
IMAGENS (Platão aponta para o mundo eterno):
“Qual é, Sócrates? perguntou Cebete.
É que toda alma humana, nos casos de prazer ou de
sofrimento intensos, é forçosamente levada a crer que o objeto causador de
semelhante emoção é o que há de mais claro e verdadeiro, quando, de fato, não é
assim. De regra, trata-se de coisas visíveis, não é isso mesmo?
Perfeitamente.
E não é quando passa por tudo isso que a alma se
encontra mais intimamente presa ao corpo?
Como assim?”
IMAGENS:
Os prazeres
da comilança (a controlar):
Sofrimentos
(a controlar e superar):
“Porque os prazeres e os sofrimentos são como que
dotados de um cravo com o qual transfixam a alma e a prendem ao corpo,
deixando-a corpórea e levando-o a acreditar que tudo o que o corpo diz é
verdadeiro. Ora, pelo fato de ser da mesma opinião que o corpo e de se
comprazer com ele, é obrigada, segundo penso, a adotar seus costumes e
alimentos, sem jamais poder chegar ao Hades em estado de pureza, pois é sempre
saturada do corpo que ela o deixa. Resultado: logo depois, volta a cair noutro
corpo, onde cria raízes como se tivesse sido semeada nele, ficando de todo
alheia da companhia do divino, do que é puro e de uma só forma.
É muito certo o que disseste, observou Cebete.”
IMAGENS
Cora Coralina e o saber:
Pessoas
meditando:
“XXXIV – Essa é a razão, Cebete, de serem temperantes
e corajosos os verdadeiros amigos do saber, não pelo que imagina o povo. Ou
achas que sim?
Eu? De forma alguma.
Não, de fato; a alma do filósofo não raciocina desse
jeito nem pensa que a filosofia deva libertá-la, para, depois de livre,
entregar-se de novo aos prazeres e às dores e voltar a acorrentar-se, deixando
írrito seu esforço anterior e como que empenhada em fazer o inverso do trabalho
de Penélope em sua teia. Ao contrário: alcançando a calmaria das paixões e
guiando-se pela razão, sem nunca a abandonar, contempla o que é verdadeiro e
divino e que paira acima das opiniões, certa de que precisará viver assim a
vida toda, para depois da morte, unir-se ao que lhe for aparentado e da mesma
natureza, liberta das misérias humanas. Não é de admirar, Símias e Cebete, que
uma alma alimentada desse jeito e com semelhante ocupação não tenha medo de
desmembrar-se quando se retirar do corpo, e de ser dispersada pelos ventos,
dissipando-se do todo, sem vir a ficar em parte alguma.”
IMAGENS:
O Pensador:
Os céus:
A morada dos deuses gregos:
O reino do
deus Hades (o deus do submundo):
Trecho de:
PLATÃO. Fédon
ou Da Imortalidade da Alma. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000031.pdf > Acesso em 09 de maio de 2021. Pp. 27 – 29.
O que está entre colchetes, no texto, foi posto por
mim, Prof. José Antônio, para esclarecimento de termo (palavra asseverar).
Comentário complementar (Prof. José Antônio Brazão.):
Pouco depois de falar da atividade da
pessoa que ama a sabedoria, como o filósofo, que é preciso aprender a controlar
as paixões, tanto prazeres exagerados quanto as dores (sofrimentos), Sócrates
continua a conversa com os amigos na prisão.
Vale lembrar que eram os últimos
momentos de vida de que dispunha antes que a sentença de morte fosse cumprida.
Nesse tempo restante, continuou
defendendo a imortalidade da alma, confortando os amigos e as pessoas
presentes. Pede que parem a choradeira. A seguir, quando o carcereiro chega
(ver nas primeiras imagens acima), é dada a taça com cicuta para Sócrates, que
toma o conteúdo. Pede também a um amigo que ofereça um galo ao deus Asclépio
(deus da Medicina), que ele (Sócrates) não ia poder oferecer. O veneno vai
fazendo efeito e Sócrates, enfim, despede-se da vida, deixando excelentes
lembranças nas mentes dos amigos e discípulos.
E assim o texto encerra-se:
“Tal foi o fim do nosso
amigo [Sócrates], Equécrates, do homem, podemos afirmá-lo, que entre todos os
que nos foi dado conhecer, era o melhor e também o mais sábio e mais justo.” (PLATÃO. Fédon ou da Imortalidade da Alma. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000031.pdf > Acesso
em 09 de maio de 2021. P. 59.) (O que está entre colchetes ao longo dos textos
é meu, para esclarecimento. O grifo do pequeno texto também é meu.) Equécrates
era um dos amigos e discípulos de Sócrates a conversar sobre os momentos finais
da vida deste grande filósofo.)
REFERÊNCIAS:
ARANHA,
Maria L. de A. e MARTINS, Maria H. P. Filosofando:
Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação
à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.
PLATÃO. Críton ou Do Dever. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000015.pdf > Acesso em 02 de maio de 2021.
PLATÃO. Críton ou Do Dever. Em audiobook
(áudio-livro). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=zEV56ncVeKM > Acesso em 02 de maio de 2021.
PLATÃO. Fédon
ou da Imortalidade da Alma. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000031.pdf >
Acesso em 09 de maio de 2021.
WIKIPÉDIA. Página Principal. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 07 de março de 2021.
WIKIPÉDIA. Helena (mitologia). Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_(mitologia) > Acesso em 11 de abril de 2021.
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