SECRETARIA DE SEGURANÇA
PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica
PRIMEIRO BIMESTRE
AULA 5 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS
SEGUNDOS ANOS:
GOIÁS ENTRE OS SÉCULOS XIX E XX (Parte 1): (Prof.
José Antônio Brazão.)
INTRODUÇÃO:
Essa passagem foi
marcada, em termos de Brasil, por uma série de mudanças que se somaram à
Declaração da República (1889): crescimento de cidades, aumento do comércio
dentro e fora do país, a presença de imigrantes europeus e de outros lugares
(destaque, por exemplo: japoneses).
A primeira parte da
primeira metade do século XX, até 1930, caracterizou-se pela política do café
com leite: São Paulo e Minas Gerais se revezando no poder presidencial. Um
poder maior foi dado aos estados, a seus governadores. No âmbito regional: o
CORONELISMO, fazendeiros ricos eram chamados de coronéis, tendo em mãos poder
econômico e político. Em Goiás houve coronéis também. Tais coronéis tinham
jagunços (homens armados) a seu serviço.
Nessa passagem de séculos
(XIX/XX), a realidade goiana, após a abolição da escravidão (1888) e a
declaração da República (1889), é composta de predomínio da agricultura e da
pecuária, levada adiante por famílias ricas e influentes desses ramos. Nesse
tempo, grandes fazendeiros, como foi dito, eram chamados de coronéis, mesmo não
tendo patente militar, em razão do seu poder econômico e da influência política
que exerciam em suas respectivas regiões, no Estado. Havia uma industrialização,
que tomaria impulso com o passar das décadas.
Os tais fazendeiros ricos
(coronéis) controlavam politicamente suas regiões e/ou cidades, tendo em suas
mãos várias autoridades (prefeitos, vereadores, entre outras).
O voto era de cabresto,
nome dado por conta de uma presilha metálica posta na boca e na cabeça do
cavalo, com a corda de comando amarrada, permitindo ao condutor direcionar o
animal para a direção que quisesse: votava-se em quem o coronel mandava, ou
seja, não havia voto secreto. Podiam votar homens alfabetizados (que soubessem,
pelo menos, ler e escrever o básico). Não votavam analfabetos, mulheres,
mendigos, padres e militares do exército. Ou seja, parte pequena da população,
cuja maioria era analfabeta.
O voto feminino e o
acesso à educação, por parte das mulheres, viriam com o tempo, com o
engajamento feminista.
Em 1930, Getúlio Vargas,
político do sul do país, apoiado por estados desgostosos da política do café
com leite e por membros do Exército, deu golpe e assumiu o poder presidencial
até 1945. Foi um ditador e colocou interventores nos estados, no lugar dos
governadores. Pedro Ludovico Teixeira, médico, foi interventor em Goiás,
governando-o por alguns anos, ligado estritamente ao Presidente Getúlio.
GOIÁS ENTRE OS SÉCULOS
XIX/XX (Prof. José Antônio Brazão.)
A passagem do século XIX
para o XX, no Brasil e em Goiás, foi pontuada pela administração presidencial
dos marechais Deodoro da Fonseca (1889 a 1891) e Floriano Peixoto (1891 a
1894). A seguir, por presidentes a serviço das elites cafeicultoras e
fazendeiras do país, na chamada República do Café (símbolo de São Paulo) com
Leite (símbolo de Minas Gerais, ainda que neste houvesse também café), tendo,
principalmente o revezamento do poder de presidentes paulistas e mineiros, o que
ocorreu entre 1894 e 1930.
O período do café com
leite foi marcado pelo coronelismo, fazendeiros ricos que controlavam regiões e
até cidades, dispondo de grande poder e prestígio políticos.
IMAGENS (FAZENDAS EM GOIÁS):
IMAGEM/INFORMAÇÃO (CORONELISMO EM GOIÁS):
IMAGEM:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coronelismo#/media/Ficheiro:Goiasruas.jpg
INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR:
https://revistas.ufg.br/fcs/article/view/578/4163
IMAGENS (ANTIGAS FAMÍLIAS DE GOIÁS):
A força desses coronéis
era vista até mesmo no chamado voto de cabresto – voto no qual quem podia votar
(homens que sabiam ler e escrever, não podendo ser mendigos, nem analfabetos)
seguia a ordem do coronel, no candidato (ou candidatos) por este apoiado(s). Jagunços
(homens armados), a serviço dos coronéis, ficavam vigiando as votações dos
chamados currais eleitorais.
IMAGENS (VOTO DE CABRESTO):
Mulheres não podiam votar
ainda – isto só ocorreria a partir de 1932. Conforme a Câmara dos Deputados
Federais:
“As mulheres brasileiras conquistaram o direito de
votar em 24 de fevereiro de 1932, por meio do Decreto 21.076, do então
presidente Getúlio Vargas, que instituiu o Código Eleitoral. Vargas chefiava o
governo provisório desde o final de 1930, quando havia liderado um movimento
civil-militar que depôs o presidente Washington Luís. Uma das bandeiras desse
movimento (Revolução de 30) era a reforma eleitoral. O decreto também criou a
Justiça Eleitoral e instituiu o voto secreto.
Em 1933, houve eleição para a Assembleia Nacional
Constituinte, e as mulheres puderam votar e ser votadas pela primeira vez. A
Constituinte elaborou uma nova Constituição, que entrou em vigor em 1934,
consolidando o voto feminino – uma conquista do movimento feminista da época.”
(CÂMARA DOS DEPUTADOS FEDERAIS. A Conquista do Voto Feminino. Disponível em: < https://www.camara.leg.br/internet/agencia/infograficos-html5/a-conquista-do-voto-feminino/index.html > Acesso em 20 de fevereiro de 2023.)
IMAGENS (CONQUISTA DO VOTO FEMININO NO BRASIL):
Ou
seja, poucos anos depois dessa conquista, na nova capital goiana, assim como em
todo o Brasil, a votação feminina viria a se tornar um direito e um fato. A
primeira mulher deputada estadual de Goiás foi Berenice Teixeira Artiaga – professora e funcionária pública, membro do
PSD (Partido Social Democrático), entre1951-1955, 1955-1959.
IMAGENS (BERENICE TEIXEIRA ARTIAGA:
No que diz respeito à
nova capital, de acordo com o site Brasil Escola-UOL:
"A Abolição da escravidão, em 1888, não
alterou as condições de trabalho e de moradia dos escravos que viviam em Goiás.
Aliás, a população de Goiás era constituída por uma maioria negra e uma minoria
branca.
No século XX, a oligarquia dos Caiado tomou o poder
político do Estado até a Revolução de 1930. Getúlio Vargas, que havia instalado
a Revolução, monopolizou o poder e nomeou o interventor Pedro Ludovico
Teixeira, que fazia oposição aos Caiado.
Um dos primeiros atos políticos de Pedro Ludovico
foi executar a política de transferência da capital. Primeiro realizou um
levantamento para escolha do local onde seria construída a nova capital, a
região escolhida era próxima à cidade de Campinas (Campininha das Flores).
Depois iniciou as obras da construção da nova capital, Goiânia, em 1933. A
capital foi transferida por decreto no ano de 1937, selando o fim de mais de
200 anos da Cidade de Goiás como capital do Estado." (BRASIL ESCOLA UOL. Veja mais sobre "História de
Goiás". Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/historia-goias.htm .
Acesso em 20 de fevereiro de 2023.)
IMAGENS (Pedro Ludovico Teixeira):
Por que razão transferir
a capital da Cidade de Goiás para um novo local, onde viria a se formar uma
nova cidade? A Cidade de Goiás, carinhosamente chamada de Goiás Velho, é uma
cidade pequena. De fato, a antiga capital não dispunha mais de estrutura
adequada para a governança do Estado de Goiás: ruas estreitas, subidas
íngremes, sem asfaltamento adequado (na parte histórica, por exemplo, as ruas
são ainda cobertas de pedras), sistema inadequado e incompleto de esgoto,
estrutura antiga de abastecimento de água, estrutura hospitalar pequena, entre
outras razões pelas quais o governador Pedro Ludovico Teixeira, com sua equipe,
chegaram à conclusão de que era, efetivamente, necessário mudar a capital.
IMAGENS (CIDADE DE
GOIÁS):
CONJUNTO 1:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Goi%C3%A1s_(munic%C3%ADpio)#/media/Ficheiro:Cidade_de_Goi%C3%A1s.png
CONJUNTO 2:
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/36
CONJUNTO 3:
https://goiasdenorteasul.com.br/programa_cidade-de-goias_82
A estrutura para gerir
(gerenciar) o Estado, agora na República e no Estado Novo do Presidente Vargas,
exigia, cada vez mais, espaço e maiores condições para adequado funcionamento
da máquina administrativa: secretarias de Estado, agências e autarquias – órgãos
auxiliares autônomos [com gerenciamento próprio] de seus serviços ao Estado e à
população) –, empresas públicas (empresas públicas e sociedades de
economia mista – exemplo próximo: a antiga CELG), Procuradoria Geral do Estado
(que lida com as questões jurídicas, de Direito) e órgãos de assessoramento
(ex.: setores da SEDUCE e Secretaria de Estado da Economia, atualmente).
IMAGENS:
ESTADO NOVO:
GOIÂNIA (FOTOS ANTIGAS, A PARTIR DA DÉCADA DE
1930):
Ruas e avenidas mais
amplas, que pudessem dar acesso mais rápido e adequado aos órgãos do governo e
a habitantes que, com certeza, viriam a fazer parte da cidade, locais, parques
e bosques para lazer, hospitais maiores, entre outros elementos estruturais se
faziam necessários ao bom funcionamento de uma capital, em um tempo em que o
desenvolvimento econômico do país vinha caminhando progressivamente.
Conforme o site da
Prefeitura de Goiânia:
“História
de Goiânia:
Desde a proclamação da República, em 1889, a
transferência da capital goiana da cidade de Goiás, criada no século XVIII, já
era discutida. A Constituição de 1891, no entanto, manteve a capital na antiga
região aurífera. Com o fim do período do ouro, a velha Goiás, antiga Vila Boa,
começou a perder a hegemonia econômica e cidades envolvidas com a criação de
gado e agricultura [ver Pequena história da agropecuária goiana, p. 19, citada nas Referências, e Nota 1],
localizadas mais ao Sul do Estado, passaram a ter mais importância do que a
capital.
Com a revolução de 1930, movimento armado, liderado
pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas
tornou-se chefe do Governo Provisório, revogou a Constituição de 1891 e passou
a governar por decretos. Getúlio nomeou interventores para todos os governos
estaduais. Em Goiás, foi nomeado o médico Pedro Ludovico Teixeira, que havia
lutado na revolução de 1930.
Pedro Ludovico se opôs a oligarquia política da
época e decidiu que era hora de mudar a capital de Goiás. Para Pedro, era
preciso impulsionar a ocupação do Estado, direcionando os excedentes
populacionais para espaços demográficos vazios na tentativa de aumentar a
produção econômica. Na visão do interventor goiano, a mudança da capital era
uma das alternativas que permitiria a ligação do Centro-Oeste ao sul do País.
Em 1932, Pedro Ludovico instituiu uma comissão,
presidida por D. Emanuel Gomes de Oliveira, que deveria discutir e escolher o
melhor local para a construção da nova capital. A resistência da forte oposição
a Pedro Ludovico considerava dispendiosa e desnecessária a mudança da Capital,
mas o interventor, bem como a cúpula dos revolucionários de 1930, consideravam
a construção de uma nova cidade como investimento e não gastos desnecessários.
Lago das Rosas. Década de 1960 ( Alois
Feichtenberger – Goiânia – GO. Acervo MIS|GO)
Em janeiro de 1933, a comissão instituída por Pedro
Ludovico procedeu a realização de estudos das condições topográficas,
hidrológicas e climáticas das localidades de Bonfim (atual Silvânia), Pires do
Rio de Ubatan (atual vila de Erigeneu Teixeira, em Orizona) e Campinas (atual
bairro de Campinas). O relatório final apresentado a Pedro Ludovico indicou uma
fazenda localizada nas proximidades do povoado de Campinas como o local ideal
para construção da nova capital.
O decreto estadual nº 3359, de 18 de maio de 1933,
determinou a escolha da região às margens do córrego Botafogo, compreendida
pelas fazendas Crimeia, Vaca Brava e Botafogo, no então município de Campinas,
para a edificação da nova capital de Goiás. Em 24 de outubro de 1933, em local
definido pelo engenheiro, arquiteto, urbanista e paisagista Attilio Corrêa
Lima, responsável pelo projeto urbanístico da nova capital, Pedro Ludovico
lançou a pedra fundamental de Goiânia. A data foi escolhida para homenagear os
três anos da revolução de 1930.
De acordo com relatos históricos, o nome sugerido
para a nova capital de Goiás teria sido “Petrônia”, em homenagem ao seu
fundador Pedro Ludovico. O jornal O Social havia realizado um concurso cultural
com seus leitores para o batismo da nova cidade. Dois nomes concorreram:
Petrônia e Goiânia. O primeiro foi escolhido por 68 leitores do jornal,
enquanto Goiânia obteve menos de 10 votos. Pedro Ludovico, no entanto, por
razões que ele nunca revelou a ninguém, preferiu Goiânia e em decreto de 2 de
agosto de 1935 formalizou o nome da nova capital.
Construída inicialmente para 50 mil habitantes,
Goiânia experimentou um crescimento moderado até 1955. Entretanto, devido a uma
série de fatores, como a chegada da estrada de ferro, em 1951, a retomada da
política de interiorização de Getúlio Vargas, de 1951 a 1954, a inauguração da
Usina do Rochedo, em 1955, e construção de Brasília, de 1954 a 1960, cerca de
150 mil pessoas já habitavam a nova capital em 1965. Apenas da década de 1960,
Goiânia ganhou cerca de 125 novos bairros e tudo isso exigia mais
infraestrutura, energia, transporte e escolas.”
(PREFEITURA DE GOIÂNIA. História de Goiânia. Disponível em: < https://www.goiania.go.gov.br/sobre-goiania/historia-de-goiania/#:~:text=Em%2024%20de%20outubro%20de,anos%20da%20revolu%C3%A7%C3%A3o%20de%201930. >
Acesso em 20 de fevereiro de 2023.)
Governando o Estado de
Goiás, inicialmente, na então capital Cidade de Goiás (ou, como carinhosamente
chamada, Goiás Velho), Pedro Ludovico, de fato, percebeu a necessidade de mudar
a capital para uma região mais bem situada e ampla. Por quê? A Cidade de Goiás
tinha alguns inconvenientes: ruas estreitas e não asfaltadas, falta de
estrutura maior e mais água de saneamento, esgoto e serviço de água, entre
outros, como a estrutura hospitalar, policial e até mesmo jurídica, em um tempo
de desenvolvimento.
A construção da futura
Goiânia foi fruto de muito planejamento, obtenção de verbas e muita
determinação por parte do novo governador (Pedro Ludovico) e sua equipe, o que,
efetivamente, veio a ocorrer. Hoje, Goiânia é uma cidade bem grande, tendo um
tamanho maior que o esperado naqueles tempos, como se pode ver em parágrafos
anteriores.
O governo de Goiás
estabeleceu-se no centro de Goiânia, mais claramente onde hoje fica a Praça
Cívica, com o Palácio das Esmeraldas – assim chamado pela cor verde que lhe é
característica, como a cor da pedra esmeralda.
De acordo com a
Secretaria de Estado da Casa Civil (ver citação nas Referências), Pedro
Ludovico Teixeira governou Goiás, como Interventor definido pelo governo
federal (Getúlio Vargas), do ano de 1942 a 1945, mas sua ação foi determinante
para que mudanças fossem feitas em Goiás, como no caso da nova capital.
Todo dia 24 de outubro os
e as goianienses festejam o aniversário da maravilhosa cidade, orgulho do povo
goiano. Hoje Goiânia é uma capital de destaque em todo o Brasil. Uma cidade boa
para se viver.
Em outras aulas
continuaremos a tratar do desenvolvimento histórico de Goiás, tratando do
avanço da agricultura moderna, da industrialização e do crescimento consequente
das cidades goianas, bem como do turismo, no decorrer do século XX. Abordaremos
também elementos da cultura goiana como tradições, folclore, música, surgimento
do ensino superior, ciência, entre outros destaques importantes, além da
estrutura político-econômica propriamente dita.
REFERÊNCIAS BÁSICAS:
BRASIL ESCOLA UOL. Veja mais sobre "História de Goiás". Disponível em: < https://brasilescola.uol.com.br/historiab/historia-goias.htm >. Acesso em 20 de fevereiro de 2023.
CÂMARA DOS DEPUTADOS FEDERAIS. A Conquista do Voto Feminino. Disponível em: < https://www.camara.leg.br/internet/agencia/infograficos-html5/a-conquista-do-voto-feminino/index.html > Acesso em 20 de fevereiro de 2023.
CASTILHO, Denis. ESTADO E REDE DE TRANSPORTES EM
GOIÁS-BRASIL (1889-1950). Disponível em: < https://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-418/sn-418-67.htm > Acesso em 21 de fevereiro de 2023.
FARAONI, Alexandre et alii. História do Brasil – Das origens
ao século XXI. São
Paulo, Moderna, 2006. (Enciclopédia do Estudante, 16.)
NETO, Antônio Teixeira Neto. Pequena história da agropecuária
goiana. Disponível em: < https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/215/o/teixeira_neto_ant_nio_pequena_hist_agropecu_ria.pdf > Acesso em 20 de fevereiro de 2023.
PREFEITURA DE GOIÂNIA. História de Goiânia.
Disponível em: < https://www.goiania.go.gov.br/sobre-goiania/historia-de-goiania/#:~:text=Em%2024%20de%20outubro%20de,anos%20da%20revolu%C3%A7%C3%A3o%20de%201930. > Acesso em 20 de fevereiro de 2023.
SECRETARIA DE ESTADO DA CASA CIVIL. Relação dos Governantes do Estado de Goiás – República. Disponível em: < https://www.casacivil.go.gov.br/noticias/615-governantes-republica.html > Acesso em 20 de fevereiro de 2023.
NOTA 1:
Trecho da Pequena história da agropecuária goiana:
“Partindo desse pressuposto, e tendo
em vista a situação geográfica que cada um deles ocupa no espaço, pode-se dizer
que foram os antigos arraiais de Catalão (por muitos anos a principal
porta de entrada e saída das tropas e dos carros de bois que demandavam a
Goiás), Meya-Ponte, atual Pirenópolis (principal confluência dos
caminhos que se dirigiam para o oeste, o norte, o sul e o sudeste do País), Couros,
também chamado de Formosa da Imperatriz (porta de entrada e saída para a
Bahia), bem como Natividade, no Tocantins (ponto de junção dos caminhos
que vinham do sul da Capitania e do litoral baiano em direção a Porto Real,
hoje Porto Nacional) e, claro, a antiga Villa Boa (rebatizada em 1818 com o
nome de cidade de Goiás e, desde 1739, a capital e centro de decisões da
Capitania, da Província e do Estado até o advento da Revolução de 30), que
desempenharam esse papel de comando da economia. Por muito tempo eles se
constituíram nos principais polos da retomada dos fluxos – as tropas e boiadas
– que saíam do território goiano em direção às outras regiões do Brasil. Deles,
portanto, saíam os outros caminhos secundários que – com o deslocamento, a
partir das primeiras décadas do século XX, do centro de gravidade do
território, situado na cidade de Goiás, para cidades como Anápolis e, nos anos
revolucionários de 30, para Goiânia – os ligavam às regiões produtoras que 19
se abriam principalmente no sul e no sudoeste do território. Tudo era muito
simples em seu funcionamento: vilarejos e arraiais que serviam de pontos de
apoio à zona rural captando os produtos e repassando-os para a cidade grande e
estas, como que entrepostos avançados dos centros de consumo e comércio, exportando
os excedentes e importando o que a região não produzia. Lentamente, como que
sem pressa, criou-se então uma rede de relações entre o comércio goiano e o
comércio de longo curso e, embora escassa, a moeda fazia parte desse jogo.” (NETO, Antônio Teixeira
Neto. Pequena história da agropecuária goiana. Disponível em: < https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/215/o/teixeira_neto_ant_nio_pequena_hist_agropecu_ria.pdf > Acesso em 20
de fevereiro de 2023.) (Grifos
em negrito: meus.)