sábado, 3 de setembro de 2022

TERCEIRO BIMESTRE - AULA 06 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS: ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (PARTE VI): SUBSTÂNCIA, MARTÉRIA E FORMA, POTÊNCIA E ATO (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

 

AULA 06 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS: ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (PARTE VI): SUBSTÂNCIA, MARTÉRIA E FORMA, POTÊNCIA E ATO (Prof. José Antônio Brazão.)

*De acordo com Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins:

O CONHECIMENTO PELAS CAUSAS (Maria L. de A. Aranha e Maria H. P. Martins):

Aristóteles define a ciência como conhecimento verdadeiro, conhecimento pelas causas, por meio do qual é possível superar os enganos da opinião e compreender a natureza da mudança, do movimento. Desse modo, recusa a teoria das ideias de Platão e sua interpretação radical sobre a oposição entre mundo sensível e mundo inteligível.

Para entender a teoria aristotélica, vamos descrever três distinções fundamentais realizadas pelo filósofo: substância-essência-acidente; matéria-forma; potência-ato. Esses conceitos, por sua vez, servem para compreender a teoria das quatro causas.

SUBSTÂNCIA: ESSÊNCIA E ACIDENTE:

Substância: essência e acidente

Costuma-se dizer que Aristóteles “traz as ideias

do céu à terra” porque, para rejeitar a teoria das

ideias de Platão, reuniu o mundo sensível e o inteligível

no conceito de substância: cada ser que existe

é uma substância. A substância é “aquilo que é em

si mesmo”, o suporte dos atributos [qualidades].

[Substância é aquilo que  tem uma existência própria, que não está em outro ser. Por exemplo: o ser humano, independente da cor de pele que tenha. Acidente: aquilo que depende de um ser para existir. Por exemplo: a cor da pele branca, negra, morena,... (Comentário do Prof. José Antônio.)]

IMAGENS (Pessoas de raças e cores diferentes.)

https://www.google.com/search?q=pessoas+de+ra%C3%A7as+e+cores+diferentes&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwik4sPr5fnyAhVQK7kGHctQDIYQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

Esses atributos [qualidades]

podem ser essenciais ou acidentais:

• a essência é o atributo que convém à substância

de tal modo que, se lhe faltasse, a substância não

seria o que é [por exemplo: todo homem é racional];

• o acidente é o atributo que a substância pode ter

ou não, sem deixar de ser o que é [ex.: fulano é negro; ciclano é branco; fulana é índia; ciclana é japonesa – essas pessoas não deixam de serem seres humanos em sua essência (Comentário do Prof. José Antônio.)].

Por exemplo: a substância individual “esta pessoa”

tem como características essenciais os atributos

da humanidade (Aristóteles diria que a racionalidade

é a essência do ser humano). Os acidentais são, entre

outros, ser gordo, velho ou belo, atributos que não

mudam o ser humano na sua essência.

IMAGENS:

https://www.google.com/search?q=culturas+diferentes+de+outros+povos&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwi9hLn85vnyAhWeGbkGHaLNAp0Q_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

MATÉRIA E FORMA:

Além dos conceitos de essência e acidente,

Aristóteles recorre às noções de matéria e forma.

Todo ser é constituído de matéria e forma, princípios

indissociáveis.

• A matéria é o princípio indeterminado de que o

mundo físico é composto, é “aquilo de que é feito

algo”. Trata-se da matéria indeterminada. Quando

nos referimos à matéria concreta, trata-se de

matéria segunda.

IMAGENS (diferentes matérias de mesas):

https://www.google.com/search?q=materiais+de+mesas&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiv3t-c5_nyAhVJEbkGHVhPAywQ_AUoAnoECAEQBA&biw=1242&bih=597 

• A forma é “aquilo que faz que uma coisa seja o

que é”. Nesse sentido, a forma é geral (o que faz

com que todo animal ou vegetal sejam o que são).

A forma é o princípio inteligível, a essência comum

aos indivíduos da mesma espécie pela qual

todos são o que são, enquanto a matéria é pura

passividade e contém a forma em potência.

IMAGENS (formas  diferentes de mesas):

https://www.google.com/search?q=formas+diferentes+de++mesas&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwj-yIfL5_nyAhWmFLkGHQAjDjYQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597#imgrc=Jv8LpyCrWqJWUM

O movimento (devir) é explicado por meio das

noções de substância e acidente, de matéria e forma.

Para Aristóteles, todo ser tende a tornar atual a

forma que tem em si como potência. Por exemplo, a

semente, quando enterrada, tende a se desenvolver

e a se transformar no carvalho que é em potência.

IMAGENS (crescimento da árvore):

https://www.google.com/search?q=crescimento+da+%C3%A1rvore&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwi665Pw5_nyAhVBCrkGHdE_AeAQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

POTÊNCIA E ATO:

Ao explicitar os conceitos de matéria e forma,

é necessário recorrer aos de potência e ato, que

explicam como dois seres diferentes podem entrar

em relação, atuando um sobre o outro.

• A potência é a capacidade de tornar-se alguma

coisa, é aquilo que uma coisa poderá vir a ser.

Para se atualizar, todo ser precisa sofrer a ação

de outro já em ato. O conceito aristotélico de

potência não se confunde com força: trata-se de

uma potencialidade, a ausência de perfeição em

um ser que pode vir a possuir essa perfeição.

IMAGENS (exemplo: sementes são plantas e árvores em potência):

https://www.google.com/search?q=sementes&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjJo7ST6PnyAhXXHrkGHfTVD1oQ_AUoA3oECAEQBQ&biw=1242&bih=597 

• O ato é a essência (a forma) da coisa como é aqui e agora.

[A realização da potência (possibilidade de vir a ser) tomando a forma dada pela natureza (exemplo: a forma da árvore que surgiu da semente) ou pelo ser humano (exemplo: a forma da mesa contida na mente do marceneiro). (Comentário do Prof. José Antônio.)]

IMAGENS (a planta é o ato, realização da potência contida na semente):

https://www.google.com/search?q=sementes+brotando&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwj-7sDK6PnyAhUCIrkGHS56Ar4Q_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

Não se trata de uma atualização de uma vez por

todas, porque cada ser continua em movimento,

recebendo novas formas: os seres vivos nascem e

morrem, o feto se transforma em recém-nascido,

depois em criança e, na sequência, em adolescente,

jovem, idoso.

[O devir(movimento, transformação, mudança...) é contínuo, tudo, de  fato, muda constantemente. Não existe um ato acabado de vez por todas. Nada permanece para sempre. (Comentário do Prof. José Antônio.)]

IMAGENS:

https://www.google.com/search?q=crescimento+humano+e+desenvolvimento+humano&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiYzsCV6fnyAhW3IrkGHZfCC50Q_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

Recapitulando os conceitos aristotélicos: todo ser é

uma substância constituída de matéria e forma; a matéria

é potência, o que tende a ser; a forma é o ato.

[Substância, no latim, é aquilo que está sob (sub). Indica o que está nas bases de um ser, aquilo que fundamenta um ser, como um alicerce que está sob uma casa e a sustenta. (Comentário do Prof. José Antônio.)]

O movimento é, portanto, a forma atualizando a matéria;

é a passagem da potência ao ato, do possível ao real.

Até hoje costumamos nos referir às potencialidades

de cada um de nós.

Seguindo o critério aristotélico, reflita: quais são suas potencialidades  essenciais? E as acidentais?

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 6.ed. São Paulo, Moderna, 2016. Página 113.

 

OBS.: Da teoria das quatro causas já tratamos em duas aulas anteriores. No livro citado (de Aranha e Martins, 2016, encontra-se nas páginas 113-114.) Ver também as aulas anteriores. Basta ir e Postagens Mais Antigas, logo abaixo, neste site.

 

REFERÊNCIAS SIMPLES:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 6.ed. São Paulo, Moderna, 2016. Página 113.

 

CHAUÍ, Marilena. O que é Ideologia? 2.ed. São Paulo, Brasiliense, 2008. (Primeiros Passos, 13.)

 

WIKIPÉDIA. Verbete Teoria aristotélica da gravitação. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_aristot%C3%A9lica_da_gravita%C3%A7%C3%A3o > Acesso em 14 de agosto de 2021.

 

Livros didáticos: (1) Filosofando: Introdução à Filosofia. (Martins e Arruda) (2) Convite à Filosofia. (M. Chauí). (3) Iniciação à Filosofia. (M. Chauí)

DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR: Filosofia – Sociologia – História.

 

 

 

 

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