SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE GOIÁS
ENSINO MÉDIO – PRIMEIROS ANOS
FILOSOFIA– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA
ZOOM 26 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS: ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (PARTE VI):
SUBSTÂNCIA, MATÉRIA E FORMA, POTÊNCIA E ATO (Prof. José Antônio Brazão.)
*De acordo com
Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins:
O CONHECIMENTO
PELAS CAUSAS (Maria L. de A. Aranha e Maria H. P. Martins):
Aristóteles
define a ciência como conhecimento verdadeiro, conhecimento pelas causas, por
meio do qual é possível superar os enganos da opinião e compreender a natureza
da mudança, do movimento. Desse modo, recusa a teoria das ideias de Platão e
sua interpretação radical sobre a oposição entre mundo sensível e mundo
inteligível.
Para
entender a teoria aristotélica, vamos descrever três distinções fundamentais
realizadas pelo filósofo: substância-essência-acidente; matéria-forma;
potência-ato. Esses conceitos, por sua vez, servem para compreender a teoria
das quatro causas.
SUBSTÂNCIA:
ESSÊNCIA E ACIDENTE:
Substância:
essência e acidente
Costuma-se dizer que Aristóteles “traz as ideias
do céu à terra” porque, para rejeitar a teoria das
ideias de Platão, reuniu o mundo sensível e o inteligível
no conceito de substância: cada ser que existe
é uma substância. A substância é “aquilo que é em
si mesmo”, o suporte dos atributos [qualidades].
[Substância é aquilo que
tem uma existência própria, que não está em outro ser. Por exemplo: o
ser humano, independente da cor de pele que tenha. Acidente: aquilo que depende
de um ser para existir. Por exemplo: a cor da pele branca, negra, morena,...
(Comentário do Prof. José Antônio.)]
IMAGENS (Pessoas de raças e cores diferentes.)
Esses atributos [qualidades]
podem ser essenciais ou acidentais:
• a essência é o atributo que convém à substância
de tal modo que, se lhe faltasse, a substância não
seria o que é [por exemplo: todo homem é racional];
• o acidente é o atributo que a substância pode ter
ou não, sem deixar de ser o que é [ex.: fulano é negro; ciclano é branco; fulana é índia;
ciclana é japonesa – essas pessoas não
deixam de serem seres humanos em sua essência (Comentário do Prof. José
Antônio.)].
Por exemplo: a substância individual “esta pessoa”
tem como características essenciais os atributos
da humanidade (Aristóteles diria que a racionalidade
é a essência do ser humano). Os acidentais são, entre
outros, ser gordo, velho ou belo, atributos que não
mudam o ser humano na sua essência.
IMAGENS:
MATÉRIA E FORMA:
Além dos conceitos de essência e acidente,
Aristóteles recorre às noções de matéria e forma.
Todo ser é constituído de matéria e forma, princípios
indissociáveis.
• A matéria é o princípio indeterminado de que o
mundo físico é composto, é “aquilo de que é feito
algo”. Trata-se da matéria indeterminada. Quando
nos referimos à matéria concreta, trata-se de
matéria segunda.
IMAGENS (diferentes matérias de mesas):
• A forma é “aquilo que faz que uma coisa seja o
que é”. Nesse sentido, a forma é geral (o que faz
com que todo animal ou vegetal sejam o que são).
A forma é o princípio inteligível, a essência comum
aos indivíduos da mesma espécie pela qual
todos são o que são, enquanto a matéria é pura
passividade e contém a forma em potência.
IMAGENS (formas diferentes
de mesas):
O movimento (devir) é explicado por meio das
noções de substância e acidente, de matéria e forma.
Para Aristóteles, todo ser tende a tornar atual a
forma que tem em si como potência. Por exemplo, a
semente, quando enterrada, tende a se desenvolver
e a se transformar no carvalho que é em potência.
IMAGENS (crescimento da árvore):
POTÊNCIA E ATO:
Ao explicitar os conceitos de matéria e forma,
é necessário recorrer aos de potência e ato, que
explicam como dois seres diferentes podem entrar
em relação, atuando um sobre o outro.
• A potência é a capacidade de tornar-se alguma
coisa, é aquilo que uma coisa poderá vir a ser.
Para se atualizar, todo ser precisa sofrer a ação
de outro já em ato. O conceito aristotélico de
potência não se confunde com força: trata-se de
uma potencialidade, a ausência de perfeição em
um ser que pode vir a possuir essa perfeição.
IMAGENS (exemplo: sementes são plantas e árvores em potência):
• O ato é a essência (a forma) da coisa como é aqui e
agora.
[A realização da potência (possibilidade de vir a ser) tomando a
forma dada pela natureza (exemplo: a forma da árvore que surgiu da semente) ou
pelo ser humano (exemplo: a forma da mesa contida na mente do marceneiro).
(Comentário do Prof. José Antônio.)]
IMAGENS (a planta é o ato, realização da potência contida na
semente):
Não se trata de uma atualização de uma vez por
todas, porque cada ser continua em movimento,
recebendo novas formas: os seres vivos nascem e
morrem, o feto se transforma em recém-nascido,
depois em criança e, na sequência, em adolescente,
jovem, idoso.
[O devir(movimento, transformação, mudança...) é contínuo, tudo,
de fato, muda constantemente. Não existe
um ato acabado de vez por todas. Nada permanece para sempre. (Comentário do
Prof. José Antônio.)]
IMAGENS:
Recapitulando os conceitos aristotélicos: todo ser é
uma substância constituída de matéria e forma; a matéria
é potência, o que tende a ser; a forma é o ato.
[Substância, no latim, é aquilo que está sob (sub). Indica o que
está nas bases de um ser, aquilo que fundamenta um ser, como um alicerce que
está sob uma casa e a sustenta. (Comentário do Prof. José Antônio.)]
O movimento é, portanto, a forma atualizando a matéria;
é a passagem da potência ao ato, do possível ao real.
Até hoje costumamos nos
referir às potencialidades
de cada um de nós.
Seguindo o critério aristotélico, reflita: quais são suas
potencialidades essenciais? E as
acidentais?
ARANHA,
Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 6.ed. São Paulo, Moderna,
2016. Página 113.
OBS.: Da teoria
das quatro causas já tratamos em duas aulas anteriores. No livro citado (de
Aranha e Martins, 2016, encontra-se nas páginas 113-114.) Ver também as aulas
anteriores. Basta ir e Postagens Mais Antigas, logo abaixo, neste site.
REFERÊNCIAS SIMPLES:
ARANHA,
Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. 6.ed. São Paulo, Moderna,
2016. Página 113.
CHAUÍ,
Marilena. O que é Ideologia? 2.ed.
São Paulo, Brasiliense, 2008. (Primeiros Passos, 13.)
WIKIPÉDIA.
Verbete Teoria aristotélica da gravitação. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_aristot%C3%A9lica_da_gravita%C3%A7%C3%A3o
> Acesso em 14 de agosto de 2021.
Livros
didáticos:
(1) Filosofando: Introdução à Filosofia.
(Martins e Arruda) (2) Convite à
Filosofia. (M. Chauí). (3) Iniciação
à Filosofia. (M. Chauí)
DIÁLOGO
INTERDISCIPLINAR: Filosofia – Sociologia – História.
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