SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS
SEGUNDAS SÉRIES DO ENSINO MÉDIO
FILOSOFIA –
PROFESSOR JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA ZOOM 24 DOS SEGUNDOS ANOS: TEORIA DO CONHECIMENTO – IMMANUEL KANT: A REVOLUÇÃO COPERNICANA DE KANT E O
ILUMINISMO. (Prof. José Antônio Brazão.)
TEORIA
DO CONHECIMENTO (Prof. José A. Brazão.)
IMMANUEL
(ou EMMANUEL) KANT (1724-1804)
(Prof. José Antônio Brazão).
PARTE III:
A REVOLUÇÃO COPERNICANA DE KANT:
*Ao valorizar o
sujeito do conhecimento, percebendo nele formas a priori da
sensibilidade (tempo e espaço), Kant deslocou o foco dado até então ao objeto (aquilo que é percebido
pelo sujeito), colocando em seu lugar o sujeito.
Eis aí a revolução copernicana de Kant. Copérnico
deslocou o centro do universo, colocando aí o Sol, não a Terra. Similarmente,
Kant deslocou o centro do
conhecimento: pôs aí o sujeito cognoscente (aquele que conhece), não o objeto
cognoscível (que é conhecido). Percebe-se aqui um casamento entre as teorias provindas do empirismo e o
pensamento racionalista, entre a experiência e a razão (ratio, lat.). No
sujeito encontram-se os sentidos que lhe dão a experiência sensível, mas também
as formas a priori da sensibilidade. É
claro que o destaque, em Kant, é dado à RAZÃO. Por isto, muitos veem em Kant um
racionalista.
IMAGENS:
Geocentrismo:
A revolução copernicana
(heliocentrismo):
https://en.wikipedia.org/wiki/Heliocentrism#/media/File:Heliocentric.jpg
*REVISANDO: de
acordo com Kant, existem no sujeito duas formas
a priori: o tempo e o espaço. Não são formas que estão fora dele, mas
dentro dele. Ambas possibilitam ao sujeito organizar as informações enviadas
pelos cinco sentidos. Sem as formas do tempo e espaço seria impossível haver
organização dessas informações. Poderiam ser comparadas, de um modo simples, talvez
simplório, mas meramente didático, com as fôrmas de bolo. O bolo seria o
conhecimento, os ingredientes seriam as informações enviadas pelos sentidos (no
caso da intuição sensível) e as ideias dentro da mente (no caso da intuição
intelectual), as formas seriam o tempo e o espaço, o forno seria a mente
humana. As informações sensoriais são postas nas formas do tempo e do espaço,
que as organizam e as transformam no bolo
do conhecimento.
IMAGENS:
*Em outras aulas
comentaremos sobre outros elementos ligados à razão humana, segundo as
reflexões de Kant.
*O QUE É
ILUMINISMO?
*No tempo de Kant,
surgiu, em um jornal, uma pergunta desafiadora: “O que é o Iluminismo?”.
Kant, então, escreveu um opúsculo com o título dessa pergunta. Ele vai dizer aí
que o Iluminismo é a saída da menoridade, na qual as pessoas se encontram até
por vontade própria, não tendo coragem de sair dela. Mas para que se alcance as
luzes da razão é preciso
ousar saber, ter coragem de querer saber mais e aprender cada vez mais, saindo
progressiva e decididamente da ignorância, da superstição e do erro. Em O que é o Iluminismo? Kant critica os
guias (intelectuais, religiosos e outros), que acabam mantendo as pessoas
dependentes.
*Kant diz que as
pessoas são mantidas também na menoridade por conta de seus guias\tutores e convida os
governantes para que deem liberdade aos seus súditos para que possam perguntar,
investigar sobre a verdade e buscar respostas próprias. A saída dos súditos da
menoridade, da dependência e da ignorância a que estão sujeitos, pode ajudar
até mesmo no desenvolvimento dos reinos. A educação
e o conhecimento são razões de desenvolvimento e do progresso das técnicas, da
compreensão do mundo, da investigação
científica e das descobertas, elevando o progresso dos países, das nações,
contribuindo para que as pessoas se tornem menos dependentes e dominadas por
outras.
Trecho do texto de
Kant:
RESPOSTA À
PERGUNTA: O QUE É O ILUMINISMO? (1784) 1 (3 Dez. 1783. p. 516)(2
)
O Iluminismo é a
saída do homem do sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a
incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal
menoridade é por culpa própria se a sua causa não reside na falta de
entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem
a orientação de outrem. Sapere aude! [Ouse
saber!] Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra
de ordem do iluminismo.
IMAGENS:
A preguiça e a
cobardia [covardia] são as causas par
que os homens em tão grande parte. Após a natureza os ter há muito libertado do
controlo [controle] alheio (naturaliter
maiorennes [naturalmente mais velho]) continuem, no entanto, de boa
vontade menores durante toda a vida; e também por que a outros se toma do fácil
assumirem-se como seus tutores. E tão cômodo ser menor. Se eu tiver um livro
que tem entendimento por mim, um diretor espiritual que tem em minha vez
consciência moral, um médico que por mim decide da dieta, etc., então não
precise de eu próprio me esforçar. Não me é forçoso pensar, quando posso
simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida.
IMAGENS:
Conjunto 1 (Médico dando consulta a
paciente) [Obs.: Kant não é contra a medicina nem contra o trabalho médico –
aqui usa uma imagem de linguagem para criticar a dependência em relação à cura
da ignorância, da intolerância, do autoritarismo, entre outros males provocados
pelo controle exercido pelas pessoas por aqueles considerados autoridades.
(Prof. José.)]:
Conjunto 2 (O diretor ou tutor
espiritual – o problema em si não está na religião, está na intolerância, na
aceitação do diferente; o perigo para o qual Kant alerta é a dependência das
pessoas em relação aos “tutores” [pessoas que dirigem outras, ditando o que
devem fazer e o que não devem fazer, impedindo-as de pensarem por conta
própria]. [Obs. do Prof. José.]):
Porque a imensa
maioria dos homens (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade
difícil e também muito perigosa é que os tutores de boa vontade tomaram a seu
cargo a superintendência deles. Depois de, primeiro, terem embrutecido os seus
animais domésticos e evitado cuidadosamente que estas criaturas pacíficas
ousassem dar um passo para fora da carroça em que as encerraram, mostram-lhes
em seguida o perigo que as ameaça, se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo
não é assim tão grande, pois aprenderiam por fim muito bem a andar. Só que um
tal exemplo intimida e, em geral, gera pavor perante todas as tentativas
ulteriores.
IMAGENS:
Conjunto 1:
Conjunto 2:
É, pois, difícil a
cada homem desprender-se da menoridade que para ele se tomou quase uma
natureza. Até lhe ganhou amor e é por agora realmente incapaz de se servir do
seu próprio entendimento, porque nunca se lhe permitiu fazer uma tal tentativa.
Preceitos e fórmulas, instrumentos mecânicos do uso racional ou, antes, do mau
uso dos seus dons naturais são os grilhões [algemas...] de uma menoridade
perpétua. Mesmo quem deles se soltasse só daria um salto inseguro sobre o mais
pequeno fosso, porque não está habituado a este movimento livre. São, pois,
muito poucos apenas os que conseguiram mediante a transformação do seu espírito
arrancar-se à menoridade e iniciar então um andamento seguro.
IMAGENS:
Mas é
perfeitamente possível que um público a si mesmo se esclareça. Mais ainda, é
quase inevitável, se para tal lhe for dada liberdade. Com efeito, sempre haverá
alguns que pensam por si, mesmo entre os tutores estabelecidos da grande massa
que, após terem arrojado de si o jugo da menoridade, espalharão à sua volta o
espírito de uma avaliação racional do próprio valor e da vocação de cada homem
para por si mesmo pensar. Importante aqui é que o público, o qual antes fora
por eles sujeito a este jugo, os obriga doravante a permanecer sob ele quando
por alguns dos seus tutores, pessoalmente incapazes de qualquer ilustração, é a
isso incitado. Semear preconceitos é muito pernicioso, porque acabam por se
vingar dos que pessoalmente, ou os seus predecessores, foram os seus autores.
Por conseguinte, um público só muito lentamente pode chegar a ilustração.”
IMAGENS:
[KANT. RESPOSTA À PERGUNTA: O QUE É O ILUMLNISM0?
(1784) Disponível em: < http://www.uel.br/cch/his/arqdoc/kantPDEHIS.pdf
> Acesso em 29 de agosto de 2021.]
*PAZ PERPÉTUA
(proposta kantiana de uma sociedade das nações):
*No seu livro À Paz
Perpétua, propõe uma sociedade das nações que busque o diálogo entre todas, que contribua para
o desenvolvimento delas e que não aceite a tirania. A paz, mencionada no
título, pode haver, de forma contínua e até permanente, se todos os países do mundo se empenharem
coletivamente em sua busca, no respeito recíproco, no empenho do diálogo e
baseados em leis comuns, elaboradas coletivamente e pelas quais todos são
responsáveis.
QUADRO
COMPARATIVO:
JOHN
LOCKE |
RENÉ
DESCARTES |
IMMANUEL
KANT |
Experiência
sensorial. |
Razão. |
Experiência
e razão. |
Não
há ideias inatas. |
Ideias
inatas (exemplos): Deus/Cogito. |
Formas
a priori da sensibilidade: tempo e espaço. |
Conheceu
a ciência de seu tempo. |
Também
conheceu a ciência de seu tempo. |
Idem.
Fortemente influenciado pelas descobertas de Isaac Newton. |
Sentidos:
ponto de partida. |
Dúvida
hiperbólica. |
Ponto
de partida: o sujeito. |
Ideias
primárias e secundárias. |
Método. |
Tribunal
(julgamento) da razão. |
REFEFÊNCIAS:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo,
Ática, 2017.
CURY, Fernanda. Copérnico e a Revolução da Astronomia.
São Paulo, Odysseus, 2003. (Col. Iluminados da Humanidade.)
KANT. RESPOSTA À PERGUNTA: O QUE É O ILUMLNISM0? (1784) Disponível em: < http://www.uel.br/cch/his/arqdoc/kantPDEHIS.pdf
> Acesso em 29 de agosto de 2021.]
MARTINS, André Ferrer P. e ZANETIC,
João. TEMPO: ESSE VELHO ESTRANHO CONHECIDO. Disponível em: < http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252002000200029
> Acesso em 22 de agosto de 2021.
WIKIPÉDIA. Página principal da Wikipédia. Disponível em: < https://www.wikipedia.org/
> Acessos ao longo de agosto de 2021.
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