SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE GOIÁS
ENSINO MÉDIO – PRIMEIROS ANOS
FILOSOFIA– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA
24: ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (PARTE 4) (Prof. José Antônio Brazão.)
PARTE
1 do estudo da análise da teoria aristotélica das quatro causas do movimento
feita por Marilena Chauí (filósofa brasileira):
“Umas preocupações
principais do pensamento ocidental nasce com a filosofia, na Grécia antiga: por
que as coisas permanecem e por que as coisas mudam e desaparecem? Em outras
palavras, quais as causas do aparecimento, da mudança e do desaparecimento das
coisas? Ou, como diziam os gregos, por que as coisas se movem? Por exemplo, os
gregos entendiam:
1) toda
mudança qualitativa de um corpo qualquer (por exemplo, uma semente que se torna
árvore, um objeto branco que amarelece, um animal que adoece etc.);
IMAGENS:
2) toda
mudança quantitativa de um corpo qualquer (por exemplo, um corpo que aumenta de
volume ou diminui, um corpo que se divide em outros menores etc.);
IMAGENS:
Crianças crescendo:
Madeira
cortada até virar pó (serragem):
3) toda
mudança de lugar ou locomoção de um corpo qualquer (por exemplo, a trajetória
de uma flecha, o deslocamento de um barco, a queda de uma pedra, o levitar de
uma pluma [pena] etc.);
IMAGENS:
Deslocamento de barcos:
Levitar de pluma (pena):
4) toda
geração e corrupção dos corpos, isto é, o nascimento e o perecimento das coisas
e dos homens.
IMAGENS:
Movimento, portanto,
significa para um grego [antigo] toda e qualquer alteração de uma realidade,
seja ela qual for.
O filósofo Aristóteles
afirmou que só há conhecimento da realidade (portanto, da permanência e do
movimento dos seres) quando há conhecimento da causa – ‘conhecer é conhecer
pela causa’. Para tornar possível o conhecimento, elaborou então uma teoria da
causalidade que ficou conhecida como teoria das quatro causas.
IMAGENS (do conhecimento dos vírus à fabricação
de vacinas para os combater – hoje):
Conhecimento
dos vírus:
Fabricação
de vacinas:
Uma causa é o que
responde ou se responsabiliza por algum aspecto da realidade, e as quatro
causas são responsáveis por todos os aspectos de um ser. Haveria, assim, a
causa material (responsável pela matéria de alguma coisa), a causa formal
(responsável pela essência ou natureza [aquilo que define o que é] da coisa), a
causa motriz [que põe em movimento] ou eficiente [que age, que atua]
(responsável pela presença de uma forma em uma matéria) e a causa final
(responsável pelo motivo e pelo sentido da existência da coisa).
Tomemos uma coisa
qualquer, por exemplo, uma mesa de madeira. Diremos que a causa material da
mesa é a madeira; a causa formal é o que faz esse pedaço de madeira ser uma
mesa (ter as propriedades e características
de uma mesa, e não de outra coisa); a causa motriz ou eficiente é o
artesão, que coloca na madeira a forma da mesa [que estava em sua mente]; a
causa final é o uso da mesa, o motivo ou a razão pela qual ela foi fabricada.
IMAGENS:
https://en.wikipedia.org/wiki/Aristotle#/media/File:Aristotle's_Four_Causes_of_a_Table.svg
As quatro causas permitem
explicar a permanência e o movimento (a mudança: uma coisa permanece enquanto
permanecerem sua forma (sua causa formal) e sua finalidade (sua causa final);
uma coisa muda ou move-se porque a matéria está sujeita à mudança (a causa
material está em movimento [no caso da mesa, transformação, alteração]) e
quando uma causa eficiente altera a matéria, mudando o que ela possuía (a causa
eficiente é o agente da mudança).
Um aspecto fundamental
dessa teoria da causalidade consiste no fato de que as quatro causas não
possuem o mesmo valor, isto é, são percebidas como hierarquizadas [ordenadas,
organizadas, em termos de valores: as que valem mais, as que valem menos...],
indo da causa mais inferior à causa superior. Nessa hierarquia, a causa menos
valiosa ou menos importante é a causa eficiente [a que faz a mesa, no caso] (a
operação de fazer a causa material receber a causa formal, ou seja, o fabricar
natural ou humano), e as causas mais valiosas ou mais importantes são a causa
formal (a essência [o elemento que define o que é ou será] da coisa e a causa
final (o motivo ou finalidade da existência de
uma coisa). Por isso, a causa material e a eficiente são ditas causas
externas, enquanto a formal e a final são ditas causas internas. Percebe-se que
são mais importantes as causas da permanência e menos importantes as causas da
mudança ou movimento.” (CHAUÍ, 2008, pp. 9 – 11.) (O que está entre chaves é do
Prof. José Antônio.)
OBSERVAÇÕES (Prof. José
Antônio.):
No caso da produção da
mesa:
Causas menos valorizadas:
(1)Causa material: a matéria da mesa.
Extraída, pelo TRABALHO BRAÇAL humano, da natureza. Esse trabalho era feito por
ESCRAVOS ou CIDADÃOS que precisavam se dedicar a esse tipo de trabalho (POBRES,
geralmente).
(2)Causa eficiente: o TRABALHO BRAÇAL de
escravo artesão ou artesão (carpinteiro ou marceneiro). Por terem muitos
escravos e poderem se dedicar a atividades ligadas ao tempo livre, os antigos
gregos desprezavam o trabalho braçal.
Causas de maior
valor:
(3)Causa formal: a FORMA (idea, eidos, em grego) na mente do carpinteiro
ou marceneiro. A forma faz recordar o que está na mente. Os gregos antigos, que
tinham muitos escravos em suas cidades, desprezavam o trabalho braçal e
valorizavam o trabalho TEÓRICO, como a matemática pura, separada de suas
aplicações concretas.
(4)Causa final: a finalidade ou o objetivo
para o qual a mesa foi feita. Por exemplo: uma mesa de jantar, um altar num
templo, etc.
Em outra aula veremos o
restante da explicação e Marilena Chauí.
Curiosidade extremamente
atual: dificilmente alguém que estuda diz que está estudando para se tornar
gari (lixeiro/lixeira), pedreiro(a), cozinheiro(a) ou outra profissão braçal
considerada de menor valor econômico ou, geralmente, com valor de pagamento
menor; quando se dedica ao estudo intelectual é porque não se quer trabalhar
com trabalho braçal, mas um trabalho que faça uso dos conhecimentos teóricos,
geralmente. Como se pode ver, ainda temos algo em comum com os gregos antigos
(com os romanos antigos também, com seu sistema igualmente escravista). Um
exemplo – os dez cursos universitários mais procurados no Brasil:
1)
Direito.
2)
Administração.
3)
Pedagogia.
4)
Engenharia Civil.
5)
Ciências Contábeis.
6)
Enfermagem.
7)
Psicologia.
8)
Educação Física.
9)
Arquitetura e Urbanismo.
10)
Engenharia de Produção.
Nenhum desses cursos se
refere a trabalho braçal muito cansativo com o de pedreiro, de “chapa”
(carregador de sacos e outros produtos, por pagamento diário em geral),
agricultor, pintor de parede, etc. Exigem conhecimento prático sim, sem dúvida,
mas também alto grau de conhecimento teórico. Se os gregos antigos concordariam
ou não, seria outra questão que não será aqui discutida. Desses, a enfermagem é
que demanda mais trabalho direto.
REFERÊNCIAS SIMPLES:
CHAUÍ,
Marilena. O que é Ideologia? 2.ed.
São Paulo, Brasiliense, 2008. (Primeiros Passos, 13.)
WIKIPÉDIA.
Verbete Teoria aristotélica da gravitação. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_aristot%C3%A9lica_da_gravita%C3%A7%C3%A3o
> Acesso em 14 de agosto de 2021.
Livros
didáticos:
(1) Filosofando: Introdução à Filosofia.
(Martins e Arruda) (2) Convite à
Filosofia. (M. Chauí). (3) Iniciação
à Filosofia. (M. Chauí)
DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR:
Filosofia – Sociologia – História.
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