domingo, 29 de agosto de 2021

AULA ZOOM 24 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS: ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (PARTE IV) (Prof. José Antônio Brazão.)

 SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE GOIÁS

ENSINO MÉDIO – PRIMEIROS ANOS

FILOSOFIA– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

AULA 24: ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (PARTE 4) (Prof. José Antônio Brazão.)

PARTE 1 do estudo da análise da teoria aristotélica das quatro causas do movimento feita por Marilena Chauí (filósofa brasileira):

 *Análise de Marilena Chauí da teoria das quatro causas de Aristóteles:

“Umas preocupações principais do pensamento ocidental nasce com a filosofia, na Grécia antiga: por que as coisas permanecem e por que as coisas mudam e desaparecem? Em outras palavras, quais as causas do aparecimento, da mudança e do desaparecimento das coisas? Ou, como diziam os gregos, por que as coisas se movem? Por exemplo, os gregos entendiam:

1)     toda mudança qualitativa de um corpo qualquer (por exemplo, uma semente que se torna árvore, um objeto branco que amarelece, um animal que adoece etc.);

IMAGENS:

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2)     toda mudança quantitativa de um corpo qualquer (por exemplo, um corpo que aumenta de volume ou diminui, um corpo que se divide em outros menores etc.);

IMAGENS:

Crianças crescendo:

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Madeira cortada até virar pó (serragem):

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3)     toda mudança de lugar ou locomoção de um corpo qualquer (por exemplo, a trajetória de uma flecha, o deslocamento de um barco, a queda de uma pedra, o levitar de uma pluma [pena] etc.);

IMAGENS:

Deslocamento de barcos:

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Levitar de pluma (pena):

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4)     toda geração e corrupção dos corpos, isto é, o nascimento e o perecimento das coisas e dos homens.

IMAGENS:

https://www.google.com.br/search?q=apodrecimento+de+uma+fruta+%C3%A9+um+fen%C3%B4meno+f%C3%ADsico+ou+qu%C3%ADmico&hl=pt-BR&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwib9fSYhtfyAhXaqZUCHY13DzEQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1366&bih=657#imgrc=zpYG0UQ8_tNzqM 

Movimento, portanto, significa para um grego [antigo] toda e qualquer alteração de uma realidade, seja ela qual for.

O filósofo Aristóteles afirmou que só há conhecimento da realidade (portanto, da permanência e do movimento dos seres) quando há conhecimento da causa – ‘conhecer é conhecer pela causa’. Para tornar possível o conhecimento, elaborou então uma teoria da causalidade que ficou conhecida como teoria das quatro causas.

IMAGENS (do conhecimento dos vírus à fabricação de vacinas para os combater – hoje):

Conhecimento dos vírus:

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Fabricação de vacinas:

https://www.google.com.br/search?q=fabrica%C3%A7%C3%A3o+de+vacinas&hl=pt-BR&tbm=isch&source=hp&biw=1366&bih=657&ei=zusrYfm-AabR1sQP7KSRgA4&oq=fabrica%C3%A7%C3%A3o+de+vacinas&gs_lcp=CgNpbWcQAzIFCAAQgAQyBQgAEIAEMgQIABAYMgQIABAYMgQIABAYMgQIABAYOgsIABCABBCxAxCDAToICAAQsQMQgwE6CAgAEIAEELEDOgQIABADOgYIABAFEB46BggAEAgQHlDbJFi0RWCrTGgAcAB4AIABsgGIAZsYkgEEMC4yMZgBAKABAaoBC2d3cy13aXotaW1n&sclient=img&ved=0ahUKEwj53eH2htfyAhWmqJUCHWxSBOAQ4dUDCAc&uact=5

Uma causa é o que responde ou se responsabiliza por algum aspecto da realidade, e as quatro causas são responsáveis por todos os aspectos de um ser. Haveria, assim, a causa material (responsável pela matéria de alguma coisa), a causa formal (responsável pela essência ou natureza [aquilo que define o que é] da coisa), a causa motriz [que põe em movimento] ou eficiente [que age, que atua] (responsável pela presença de uma forma em uma matéria) e a causa final (responsável pelo motivo e pelo sentido da existência da coisa).

Tomemos uma coisa qualquer, por exemplo, uma mesa de madeira. Diremos que a causa material da mesa é a madeira; a causa formal é o que faz esse pedaço de madeira ser uma mesa (ter as propriedades e características  de uma mesa, e não de outra coisa); a causa motriz ou eficiente é o artesão, que coloca na madeira a forma da mesa [que estava em sua mente]; a causa final é o uso da mesa, o motivo ou a razão pela qual ela foi fabricada.

IMAGENS:

https://en.wikipedia.org/wiki/Aristotle#/media/File:Aristotle's_Four_Causes_of_a_Table.svg

As quatro causas permitem explicar a permanência e o movimento (a mudança: uma coisa permanece enquanto permanecerem sua forma (sua causa formal) e sua finalidade (sua causa final); uma coisa muda ou move-se porque a matéria está sujeita à mudança (a causa material está em movimento [no caso da mesa, transformação, alteração]) e quando uma causa eficiente altera a matéria, mudando o que ela possuía (a causa eficiente é o agente da mudança).

Um aspecto fundamental dessa teoria da causalidade consiste no fato de que as quatro causas não possuem o mesmo valor, isto é, são percebidas como hierarquizadas [ordenadas, organizadas, em termos de valores: as que valem mais, as que valem menos...], indo da causa mais inferior à causa superior. Nessa hierarquia, a causa menos valiosa ou menos importante é a causa eficiente [a que faz a mesa, no caso] (a operação de fazer a causa material receber a causa formal, ou seja, o fabricar natural ou humano), e as causas mais valiosas ou mais importantes são a causa formal (a essência [o elemento que define o que é ou será] da coisa e a causa final (o motivo ou finalidade da existência de  uma coisa). Por isso, a causa material e a eficiente são ditas causas externas, enquanto a formal e a final são ditas causas internas. Percebe-se que são mais importantes as causas da permanência e menos importantes as causas da mudança ou movimento.” (CHAUÍ, 2008, pp. 9 – 11.) (O que está entre chaves é do Prof. José Antônio.)

OBSERVAÇÕES (Prof. José Antônio.):

No caso da produção da mesa:

Causas menos valorizadas:

(1)Causa material: a matéria da mesa. Extraída, pelo TRABALHO BRAÇAL humano, da natureza. Esse trabalho era feito por ESCRAVOS ou CIDADÃOS que precisavam se dedicar a esse tipo de trabalho (POBRES, geralmente).

(2)Causa eficiente: o TRABALHO BRAÇAL de escravo artesão ou artesão (carpinteiro ou marceneiro). Por terem muitos escravos e poderem se dedicar a atividades ligadas ao tempo livre, os antigos gregos desprezavam o trabalho braçal.

Causas de maior valor:

(3)Causa formal: a FORMA (idea, eidos, em grego) na mente do carpinteiro ou marceneiro. A forma faz recordar o que está na mente. Os gregos antigos, que tinham muitos escravos em suas cidades, desprezavam o trabalho braçal e valorizavam o trabalho TEÓRICO, como a matemática pura, separada de suas aplicações concretas.

(4)Causa final: a finalidade ou o objetivo para o qual a mesa foi feita. Por exemplo: uma mesa de jantar, um altar num templo, etc.

Em outra aula veremos o restante da explicação e Marilena Chauí.

Curiosidade extremamente atual: dificilmente alguém que estuda diz que está estudando para se tornar gari (lixeiro/lixeira), pedreiro(a), cozinheiro(a) ou outra profissão braçal considerada de menor valor econômico ou, geralmente, com valor de pagamento menor; quando se dedica ao estudo intelectual é porque não se quer trabalhar com trabalho braçal, mas um trabalho que faça uso dos conhecimentos teóricos, geralmente. Como se pode ver, ainda temos algo em comum com os gregos antigos (com os romanos antigos também, com seu sistema igualmente escravista). Um exemplo – os dez cursos universitários mais procurados no Brasil:

1)    Direito.

2)    Administração.

3)    Pedagogia.

4)    Engenharia Civil.

5)    Ciências Contábeis.

6)    Enfermagem.

7)    Psicologia.

8)    Educação Física.

9)    Arquitetura e Urbanismo.

10)                      Engenharia de Produção.

Nenhum desses cursos se refere a trabalho braçal muito cansativo com o de pedreiro, de “chapa” (carregador de sacos e outros produtos, por pagamento diário em geral), agricultor, pintor de parede, etc. Exigem conhecimento prático sim, sem dúvida, mas também alto grau de conhecimento teórico. Se os gregos antigos concordariam ou não, seria outra questão que não será aqui discutida. Desses, a enfermagem é que demanda mais trabalho direto.

REFERÊNCIAS SIMPLES:

CHAUÍ, Marilena. O que é Ideologia? 2.ed. São Paulo, Brasiliense, 2008. (Primeiros Passos, 13.)

 

WIKIPÉDIA. Verbete Teoria aristotélica da gravitação. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_aristot%C3%A9lica_da_gravita%C3%A7%C3%A3o > Acesso em 14 de agosto de 2021.

 

Livros didáticos: (1) Filosofando: Introdução à Filosofia. (Martins e Arruda) (2) Convite à Filosofia. (M. Chauí). (3) Iniciação à Filosofia. (M. Chauí)

DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR: Filosofia – Sociologia – História.

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