SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO
REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO
ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
ENSINO
MÉDIO – SEGUNDO ANO
FILOSOFIA
– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA
ZOOM 17 DE FILOSOFIA – SEGUNDOS ANOS:
TEORIA
DO CONHECIMENTO:
(Prof.
José Antônio Brazão.)
EMPIRISMO
E RACIONALISMO COM POEMAS:
Diálogo
interdisciplinar com a Língua Portuguesa.
Texto e imagens (imagens abaixo, mostrar)
Empirismo:
O poema seguinte, de Fernando Pessoa, escrito português do século XX, permite
encontrar e observar elementos constitutivos do empirismo, corrente filosófica
que defende ser a experiência sensível (empiria, em grego), ou seja, o contato
direto com o mundo através dos cinco sentidos, a base fundamental dos
conhecimentos.
IX
- Sou um Guardador de Rebanhos (Fernando Pessoa, escritor português)
Sou
um guardador de rebanhos.
O
rebanho é os meus pensamentos
E
os meus pensamentos são todos sensações.
Penso
com os olhos e com os ouvidos
E
com as mãos e os pés
E
com o nariz e a boca.
Pensar
uma flor é vê-la e cheirá-la
E
comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por
isso quando num dia de calor
Me
sinto triste de gozá-lo tanto.
E
me deito ao comprido na erva,
E
fecho os olhos quentes,
Sinto
todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei
a verdade e sou feliz.
Trecho
do livro:
PESSOA,
Fernando [heterônimo: Alberto Caeiro]. O
Guardador de Rebanhos. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/pe000001.pdf
> Acesso em 29 de maio de 2021. P. 10.
OBS.:
Sensação
é a ação de sentir através dos cinco sentidos, de perceber o mundo e a
realidade por meio dos cinco sentidos. Existem muitos tipos de sensações (as
imagens abaixo mostram bem).
IMAGENS:
Conjunto
1:
Conjunto
2:
Conjunto
3:
RACIONALISMO: O poema seguinte
é uma comparação com o que René Descartes (séc. XVII) falava ao usar o
argumento do sonho para duvidar das certezas do que via enquanto estava em seu
quarto estudando e escrevendo. Descartes diz:
“3.Tudo
o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos
sentidos ou pelos sentidos: ora, experimentei algumas vezes que esses sentidos
eram enganosos, e é de prudência nunca me fiar inteiramente em quem já nos
enganou uma vez.
(...)
5.Todavia,
devo aqui considerar que sou homem e, por conseguinte, que tenho o costume de
dormir e de representar, em meus sonhos, as mesmas coisas, ou algumas vezes
menos verossímeis, que esses insensatos em vigília. Quantas vezes ocorreu-me
sonhar, durante a noite, que estava neste lugar, que estava vestido, que estava
junto ao fogo, embora estivesse inteiramente nu dentro de meu leito? Parece-me
agora que não é com olhos adormecidos que contemplo este papel; que esta cabeça
que eu mexo não está dormente; que é com desígnio e propósito deliberado que
estendo esta mão e que a sinto: o que ocorre no sono não parece ser tão claro
nem tão distinto quanto tudo isso. Mas, pensando cuidadosamente nisso,
lembro-me de ter sido muitas vezes enganado, quando dormia, por semelhantes
ilusões. E, detendo-me neste pensamento, vejo tão manifestamente que não há
quaisquer indícios concludentes, nem marcas assaz [bastante] certas por onde se
possa distinguir nitidamente a vigília [o estar acordado] do sono, que me sinto
inteiramente pasmado [assombrado...]: e meu pasmo [assombro...] é tal que é
quase capaz de me persuadir de que estou dormindo.” (DESCARTES, René. Meditações Concernentes à Primeira Filosofia
– Meditação primeira, parágrafos 3 e 5. Disponível em: < https://webpages.ciencias.ulisboa.pt/~ommartins/pdfs/medita%20coesmetaf.descartes.pdf
> Acesso em 29 de maio de 2021.)
Vamos comparar o texto de Descartes (século
XVII) com o do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade (século XX).
IMAGENS:
Sonhando:
Sonhos:
Poema
Sonho de um sonho, de Carlos Drummond
de Andrade:
Sonhei que estava sonhando
e que no meu sonho havia
outro sonho esculpido.
Os três sonhos sobrepostos
dir-se-iam apenas elos
de uma infindável cadeia
de mitos organizados
em derredor de um pobre eu.
Eu que, mal de mim! sonhava.
Sonhava
que no meu sonho
retinha uma zona lúcida
para concretar o fluido
como abstrair o maciço.
Sonhava que estava alerta,
e mais do que alerta, lúdico,
e receptivo, e magnético,
e em torno a mima se dispunham
possibilidades claras,
e, plástico, o ouro do tempo
vinha cingir-me e dourar-me
para todo o sempre, para
um sempre que ambicionava
mas de todo o ser temia...
Ai de mim! que mal sonhava.
Sonhei
que os entes cativos
dessa livre disciplina
plenamente floresciam
permutando no universo
uma dileta substância
e um desejo apaziguado
de ser um ser com milhares,
pois o centro era eu de tudo
como era cada um dos raios
desfechados para longe,
alcançando além da terra
ignota região lunar,
na perturbadora rota
que antigos não palmilharam
mas ficou traçada em branco
nos mais velhos portulanos
e no pó dos marinheiros
afogados em mar alto.
Sonhei
que meu sonho vinha
com a realidade mesma.
Sonhei que o sonho se forma
não do que desejaríamos
ou de quanto silenciamos
em meio a ervas crescidas,
mas do que vigia e fulge
em cada ardente palavra
proferida sem malícia,
aberta como uma flor
se entreabre: radiosamente.
Sonhei
que o sonho existia
não dentro, fora de nós,
e era toca-lo e colhe-lo,
e sem demora sorve-lo,
gasta-lo sem vão receio
de que um dia se gastara.
Sonhei
certo espelho límpido
com a propriedade mágica
de refletir o melhor,
sem azedume ou frieza
por tudo que fosse obscuro,
mas antes o iluminando,
mansamente convertendo
em fonte mesma de luz.
Obscuridade! Cansaço!
Oclusão de formas meigas!
Ó terra sobre diamantes!
Já vos libertais, sementes,
germinando à superfície
deste solo resgatado!
Sonhava,
aí de mim, sonhando
que não sonhara... Mas via
na treva em frente ao meu sonho,
nas paredes degradadas,
na fumaça, na impostura,
no riso mau, na inclemência,
na fúria contra os tranquilos,
na estreita clausura física,
no desamor à verdade,
na ausência de todo amor
Eu via, ai de mim, sentia
que o sonho era sonho, e falso.
- Carlos Drummond de Andrade
(ANDRADE,
Carlos D. de. Sonho de um sonho.
Disponível em: < https://www.facebook.com/1407001072896430/posts/1995519444044587/
> Acesso em 29 de maio de 2021.)
Também
disponível em:
https://freeshell.de/~agua/poetas/famosos/cdrumond/cd01.htm
IMAGENS - Só para
lembrar:
CINCO SENTIDOS (experiência
sensível – empeiria/empiria):
OLFATO:
TATO:
PALADAR:
https://exame.com/casual/os-23-alimentos-mais-perigosos-do-mundo/
AUDIÇÃO:
Sons da natureza:
Música popular:
Música clássica (erudita):
Instrumentos musicais
Sons: de aviso, de alarmes, de
perigos, etc. ...
VISÃO:
Instrumentos que ampliam a visão:
ENGANO DOS SENTIDOS:
DÚVIDA:
RAZÃO (ex.: o cérebro):
IDEIAS:
OS ANIMAIS SÃO MÁQUINAS, SEGUNDO
DESCARTES:
OBS.: Todos os colchetes, anotações
dentro destes e os grifos nos textos acima são meus. Usei-os para ajudar no
esclarecimento e na separação de partes, ajudando na exposição. (Prof. José
Antônio Brazão.)
REFERÊNCIAS
BÁSICAS:
ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS,
Maria H. P. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo,
Ática, 2017.
FERREIRA, Aurélio Buarque de
Holanda. MiniAurélio Século XXI Escolar.
São Paulo, Nova Fronteira, 2001.
GOOGLE. Google Imagens. Disponível em: < https://www.google.com/imghp?hl=pt-BR
> Acessos ao longo de abril e maio de 2021.
HUME, David. Seção II: Da Origem
das Ideias. IN: ______________________. Investigação
acerca do entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view
> Acesso em 09 de maio de 2021.
STANTFORD ENCYCLOPEDIA OF
PHILOSOPHY. John Locke. Disponível
em: < http://plato.stanford.edu/entries/locke/
> Acesso entre abril e maio de 2021.
STANFORD ENCLYCLOPEDIA OF
PHILOSOPHY. David Hume. Disponível
em: < http://plato.stanford.edu/entries/hume/
> Acesso entre abril e maio de 2021.
WIKIPÉDIA. Verbetes: Empirismo, Francis Bacon, John Locke, David
Hume. Disponíveis em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
> Acesso em abril/maio de 2021.
YOUTUBE. Como eram feitos os manuscritos medievais. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=6lT2cSIl9Ek > Acesso em 14
de março de 2021.
YOUTUBE. Iluminuras Medievais. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=9GotZ1M-ug4
> Acesso em 14 de março de 2021.
*OBSERVAÇÃO: Comparar o medieval
com o moderno.
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