SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO
REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO
ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
ENSINO
MÉDIO – SEGUNDO ANO
FILOSOFIA
– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA
ZOOM 14 DE FILOSOFIA – SEGUNDOS ANOS:
TEORIA DO CONHECIMENTO
FILOSOFIA MODERNA
– EMPIRISMO: OBSERVAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO (PARTE 3) (Professor José Antônio Brazão.)
PARTE 3: DAVID
HUME:
Mas
como é possível elaborar leis universais com base na experiência sensorial,
sendo que esta é imediata, direta e cujos objetos percebidos, captados, estão
em constante fluxo? Outro filósofo, um escocês, chamado David Hume (1711-1776), buscou a resposta para essa questão
e concluiu, em seu livro Investigação
sobre o entendimento humano, de 1748, que o que possibilita a elaboração de
leis universais, científicas, como as leis de Newton e outra, é o HÁBITO. De
tanto perceber as coisas ocorrendo sempre da mesma maneira na natureza, uma
vez, duas vezes, três, repetidamente, de forma habitual, cotidiana, os seres
humanos aprenderam a formular leis naturais gerais, acreditando que os
fenômenos naturais que ocorrem hoje, neste momento, ocorreram no passado e ocorrerão
no futuro. No entanto, o hábito não fornece certezas absolutas. Pode haver a
possibilidade que amanhã um fenômeno ocorra de outra forma, no entanto o hábito
nos faz acreditar que ocorrerá como foi hoje e como foi ontem. O conhecimento
humano, incluindo-se nele o conhecimento científico, é fruto do hábito, sendo
as experiências sensoriais repetidas, sem dúvida, fundamentais.
IMAGENS:
Fenômenos naturais (vistos e
revistos, via hábito):
Leis de Newton (que viveu um pouco
antes de Hume), frutos de observações constantes, costumeiras, e do trabalho
contínuo da razão (pensamento, reflexão, análise dos fenômenos, uso da
matemática, cálculos...):
Desenhos de Leonardo da Vinci
(fruto do aprendizado e do treino em desenhos e das muitas observações da
natureza do mundo e do ser humano, além da capacidade de inventar a partir do
aprendido):
Leis de Kepler a
respeito do movimento dos planetas:
David
Hume renega a metafísica (de modo simples: ciência que estuda os fenômenos para
além da explicação física; estudo abstrato, ideal...) idealista, a qual
trabalha com puros entes ideais, sendo uma de suas bases a crença nas ideias
inatas, lidando, portanto, puramente com conceitos abstratos. Ao desprezar o
trabalho da experiência e ao colocar como engano aquilo que é fornecido pelos
sentidos, a metafísica cai em ilusões, servindo suas conclusões para uma única
coisa: que sejam postas no fogo, como Hume conclui ao final da Investigação, supracitada.
IMAGENS:
Metafísica:
Imagens metafísicas:
Hume contra a metafísica:
Fogueira (pôr fogo nas ilusões da
metafísica, segundo Hume):
Das
pesquisas e dos estudos dos empiristas é importante ressaltar o valor da
experiência. O uso da experiência para o conhecimento do mundo tem sua base
primária no dia a dia, no qual os sentidos são aplicados, a todo momento, na
percepção do mundo e na extração de conclusões sobre os fenômenos que nele
aparecem. No campo da ciência, o uso da experiência vai além do que dá o dia a
dia. Se tem esta como ponto de partida, a ciência usa instrumentos variados que
permitem ampliar o uso e a percepção daqueles sentidos e de partes do corpo
humano.
Alguns
exemplos: o microscópio possibilita a observação de seres minúsculos e de
características ínfimas na matéria, para além do que conseguem ver os olhos
sozinhos; o telescópio estende a visão para longas distâncias do universo; o
laser torna possível fazer furos e cortes pequeninos na matéria, que não seriam
possíveis pelas mãos sozinhas; o béquer torna possível misturar líquidos que,
juntos ou separados, não poderiam ser contidos pelas mãos ou que poderiam fazer
sério mal a estas; etc.
IMAGENS:
Crianças usando o microscópio:
Descobertas com o telescópio:
Cientista estudando as plantas (uso
da experiência sensorial, do hábito e da razão, do intelecto):
Para mais informações, consulte
(com uso do Google Tradutor):
Em inglês:
http://plato.stanford.edu/entries/locke/
http://plato.stanford.edu/entries/hume/
http://oregonstate.edu/instruct/phl302/texts/bacon/atlantis.html
Trecho de David Hume sobre as ideias e as
sensações:
“Eis, portanto, uma proposição que
não apenas parece simples e inteligível em si mesma, mas que, se se fizer dela
o uso apropriado, pode tornar toda discussão igualmente inteligível e eliminar
todo jargão, que há muito tempo se apossou dos raciocínios metafísicos e os
desacreditou. Todas as ideias, especialmente as abstratas, são naturalmente
fracas e obscuras; o espírito tem sobre elas um escasso controle; elas são
apropriadas para serem confundidas com outras ideias semelhantes, e somos
levados a imaginar que uma ideia determinada está aí anexada se, o que ocorre
com frequência, empregamos qualquer termo sem lhe dar significado exato. Pelo
contrário, todas as impressões, isto é, todas as sensações, externas ou
internas, são fortes e vivas; seus limites são determinados com mais exatidão e
não é tão fácil confundi-las e equivocar-nos. Portanto, quando suspeitamos que
um termo filosófico está sendo empregado sem nenhum significado ou ideia — o
que é muito frequente — devemos apenas perguntar: de que impressão é derivada
aquela suposta ideia? E, se for, impossível designar urna, isto servirá para
confirmar nossa suspeita. E razoável, portanto, esperar que, ao trazer as ideias
a uma luz tão clara, removeremos toda discussão que pode surgir sobre sua
natureza e realidade.” (Trecho de HUME, David. Seção II: Da Origem das Ideias.
IN: ______________________. Investigação
acerca do entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view
> Acesso em 09 de maio de 2021.)
Trecho de Hume de
como as ideias se associam (se reúnem, se juntam para formar o conhecimento):
“Embora o fato de que as ideias
diferentes estejam conectadas seja tão evidente para não ser percebido pela
observação, creio que nenhum filósofo3 tentou enumerar ou classificar todos os
princípios de associação, assunto que, todavia, parece digno de atenção. Para
mim, apenas há três princípios de conexão entre as ideias, a saber: de
semelhança, de contiguidade — no tempo e no espaço — e de causa ou efeito. Que
estes princípios servem para ligar ideias, não será, creio eu, muito duvidoso.
Um quadro conduz naturalmente nossos pensamentos para o original;4 quando se
menciona um apartamento de um edifício, naturalmente se introduz uma
investigação ou uma conversa acerca dos outros.5 E, se pensamos acerca de um
ferimento, quase não podemos furtar-nos a refletir sobre a dor que o acompanha.”
(Trecho de HUME, David. Seção III:
Da Associação de Ideias. IN: ______________________. Investigação acerca do
entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view
> Acesso em 09 de maio de 2021. P. 14.)
O HÁBITO: [A experiência
sozinha não é suficiente para o conhecimento, é preciso o hábito, o costume.
(Comentário do Prof. José Antônio.)]
“Suponde de novo que o mesmo homem tenha adquirido mais experiência e
que tenha vivido o suficiente no mundo para observar que os objetos ou eventos
familiares estão constantemente ligados; qual é a consequência desta
experiência? Imediatamente infere [raciocina; conclui...] a existência de um
objeto pelo aparecimento do outro. Entretanto, não adquiriu, com toda a sua
experiência, nenhuma ideia ou conhecimento do poder oculto, mediante o qual um
dos objetos produziu o outro; e não será um processo do raciocínio que o obriga
a tirar esta inferência [conclusão...]. Mas
ele se encontra determinado a tirá-la; e mesmo se ele fosse persuadido de que
seu entendimento não participa da operação, continuaria pensando o mesmo,
porquanto há um outro princípio que o determina a tirar semelhante conclusão.”
(Continua a seguir.)
IMAGENS:
Nascer e pôr do Sol:
Onde há fumaça há fogo:
Depois do dia vem a noite:
“Este princípio [regra, lei, norma; tb.fundamento...] é o costume ou
o hábito. Visto que todas as vezes que a repetição de um ato ou de uma
determinada operação produz uma propensão a renovar o mesmo ato ou a mesma operação,
sem ser impelida por nenhum raciocínio ou processo do entendimento, dizemos
sempre que esta propensão é o efeito do costume. Utilizando este termo, não
supomos ter dado a razão última de tal propensão [tendência, orientação...].
Indicamos apenas um princípio [regra ou
lei; tb. início, o que está no começo...] da natureza humana, que é
universalmente reconhecido e bem conhecido por seus efeitos. Talvez não
possamos levar nossas investigações mais longe e nem aspiramos dar a causa
desta causa; porém, devemos contentar-nos com que o costume é o último
princípio que podemos assinalar em todas as nossas conclusões derivadas da
experiência. Já é, contudo, satisfação
suficiente poder chegar até aqui sem irritar-nos com nossas estreitas
faculdades [capacidades, habilidades], estreitas porque não nos levam mais
adiante. Certamente, temos aqui ao menos uma proposição bem inteligível,
senão uma verdade, quando afirmamos que, depois da conjunção constante de dois
objetos, por exemplo, calor e chama, peso e solidez, unicamente o costume nos
determina a esperar um devido ao aparecimento do outro. Parece que esta hipótese é a única que explica a dificuldade que temos
de, em mil casos, tirar uma conclusão que não somos capazes de tirar de um só
caso, que não discrepa [diverge, diferencia-se] em nenhum aspecto dos outros.
A razão não é capaz de semelhante variação. As conclusões tiradas por ela, ao
considerar um círculo, são as mesmas que formaria examinando todos os círculos
do universo. Mas ninguém, tendo visto somente um corpo se mover depois de ter
sido impulsionado por outro, poderia inferir [tirar uma conclusão de...] que
todos os demais corpos se moveriam depois de receberem impulso igual. Portanto, todas as inferências
[raciocínios, conclusões...] tiradas da experiência [contato direto com o mundo
através dos cinco sentidos] são efeitos do costume e não do raciocínio.”
(Continua a seguir.)
IMAGENS (Crianças aprendendo pelo
hábito.):
Fases da Lua:
“O costume é, pois, o grande guia da vida humana. E o único princípio
que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma série de
eventos semelhantes àqueles que apareceram no passado. Sem a influência
do costume, ignoraríamos completamente toda questão de fato que está fora do
alcance dos dados imediatos da memória e dos sentidos. Nunca poderíamos saber como ajustar os meios em função dos fins, nem
como empregar nossas faculdades naturais para a produção de um efeito.
Seria, ao mesmo tempo, o fim de toda ação como também de quase toda especulação
[investigação, estudo, questionamento investigativo].” (Trecho da Seção V da Investigação Acerca do Entendimento Humano,
de David Hume, já citada antes, p. 32).
IMAGENS (Fenômenos naturais
habituais cotidianos):
OBS.: Todos os colchetes, anotações
dentro destes e os grifos nos textos acima são meus. Usei-os para ajudar no
esclarecimento e na separação de partes, ajudando na exposição. (Prof. José Antônio
Brazão.)
REFERÊNCIAS
BÁSICAS:
ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS,
Maria H. P. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo,
Ática, 2017.
GOOGLE. Google Imagens. Disponível
em: < https://www.google.com/imghp?hl=pt-BR
> Acessos ao longo de abril e maio de 2021.
HUME, David. Seção II: Da Origem
das Ideias. IN: ______________________. Investigação
acerca do entendimento humano. Disponível em: < https://docente.ifrn.edu.br/rodrigovidal/disciplinas/epistemologia-da-ciencia-2012.2/texto-de-david-hume-investigacao-acerca-do-entendimento-humano/view
> Acesso em 09 de maio de 2021.
STANTFORD ENCYCLOPEDIA OF
PHILOSOPHY. John Locke. Disponível
em: < http://plato.stanford.edu/entries/locke/
> Acesso entre abril e maio de 2021.
STANFORD ENCLYCLOPEDIA OF
PHILOSOPHY. David Hume. Disponível
em: < http://plato.stanford.edu/entries/hume/
> Acesso entre abril e maio de 2021.
WIKIPÉDIA. Verbetes: Empirismo, Francis Bacon, John Locke, David
Hume. Disponíveis em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
> Acesso em abril/maio de 2021.
YOUTUBE. Como eram feitos os manuscritos medievais. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=6lT2cSIl9Ek > Acesso em 14
de março de 2021.
YOUTUBE. Iluminuras Medievais.
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=9GotZ1M-ug4
> Acesso em 14 de março de 2021.
*OBSERVAÇÃO: Comparar o medieval
com o moderno.
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