SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO
REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO
ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
PRIMEIRA
SÉRIE DO ENSINO MÉDIO E EP1
FILOSOFIA
– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA ZOOM 14 DE FILOSOFIA 2021
PRIMEIROS ANOS:
SÓCRATES
(PARTE 3) (Prof. José Antônio Brazão.)
Trecho do livro
FÉDON ou DA IMORTALIDADE DA ALMA, de Platão (século IV a.C.):
Temática do
trecho: Os filósofos (amigos da Sabedoria), a Sabedoria, a alma e a
imortalidade.
IMAGENS (Sócrates
na prisão)
“Convencidos
de que não devemos fazer nada em contrário à Filosofia nem ao que ela prescreve
para libertar-nos e purificar-nos, voltam-se para esse lado, seguindo na
direção por ela aconselhada.
XXXIII – De que
modo, Sócrates?
Vou dizer-te,
respondeu. Estão perfeitamente cientes os amigos da Sabedoria, que quando a
Filosofia passa a dirigir-lhes a alma, esta se encontra como que ligada e
aglutinada ao corpo, por intermédio do qual é forçada a ver a realidade como
através das grades de um cárcere, em lugar de o fazer sozinha e por si mesma,
porém atolada na mais absoluta ignorância. O que há de terrível nesses liames
[ligações], reconhece-o a Filosofia, é consistirem nos prazeres e ser próprio
prisioneiro quem mais coopera para manietar-se. (...)”
IMAGENS (A ILUSÃO
DO CONSUMISMO EXAGERADO):
Gula:
(Contin.) “Como
disse, os amigos da Sabedoria estão cientes de que, ao tomar conta de sua alma
em tal estado, a Filosofia lhe fala com doçura e procura libertá-la,
mostrando-lhe quão cheio de ilusões é o conhecimento adquirido por meio dos
olhos, quão enganador o dos ouvidos e dos mais sentidos, aconselhando-a a
abandoná-los e a não fazer uso deles se não só o necessário, e a recolher-se e
concentrar-se em si mesma e só a acreditar em si própria e no que ela em si
mesma aprender da realidade em si, e o inverso: a não aceitar como verdadeiro
tudo o que ela considerar por meios que em cada caso se modificam, pois as
coisas desses gênero são sensíveis e visíveis, ao passo que é inteligível e
invisível o que ela vê por si mesma.(...)”
IMAGENS:
O filósofo
(pintura de Rembrandt):
Eternidade:
Alma:
“(...)Convencida
de que não deve opor-se a semelhante libertação, a alma do verdadeiro filósofo
abstém dos prazeres, das paixões e dos temores, tanto quanto possível, certa de
que sempre que alguém se alegra em extremo, ou teme, ou deseja, ou sofre, o mal
daí resultante não é o que se poderia imaginar, como seria o caso, por exemplo,
de adoecer ou vir a arruinar-se por causa das paixões: o maior e o pior dos
males é o que não se deixa perceber.”
IMAGENS (Platão
aponta para o mundo eterno):
“Qual é, Sócrates?
perguntou Cebete.
É que toda alma
humana, nos casos de prazer ou de sofrimento intensos, é forçosamente levada a
crer que o objeto causador de semelhante emoção é o que há de mais claro e
verdadeiro, quando, de fato, não é assim. De regra, trata-se de coisas
visíveis, não é isso mesmo?
Perfeitamente.
E não é quando
passa por tudo isso que a alma se encontra mais intimamente presa ao corpo?
Como assim?”
IMAGENS:
Os prazeres da comilança (a
controlar):
Sofrimentos (a controlar e
superar):
“Porque os
prazeres e os sofrimentos são como que dotados de um cravo com o qual
transfixam a alma e a prendem ao corpo, deixando-a corpórea e levando-o a
acreditar que tudo o que o corpo diz é verdadeiro. Ora, pelo fato de ser da
mesma opinião que o corpo e de se comprazer com ele, é obrigada, segundo penso,
a adotar seus costumes e alimentos, sem jamais poder chegar ao Hades em estado
de pureza, pois é sempre saturada do corpo que ela o deixa. Resultado: logo
depois, volta a cair noutro corpo, onde cria raízes como se tivesse sido
semeada nele, ficando de todo alheia da companhia do divino, do que é puro e de
uma só forma.
É muito certo o
que disseste, observou Cebete.”
IMAGENS
Cora Coralina e o
saber:
Pessoas meditando:
“XXXIV – Essa é a
razão, Cebete, de serem temperantes e corajosos os verdadeiros amigos do saber,
não pelo que imagina o povo. Ou achas que sim?
Eu? De forma
alguma.
Não, de fato; a
alma do filósofo não raciocina desse jeito nem pensa que a filosofia deva
libertá-la, para, depois de livre, entregar-se de novo aos prazeres e às dores
e voltar a acorrentar-se, deixando írrito seu esforço anterior e como que
empenhada em fazer o inverso do trabalho de Penélope em sua teia. Ao contrário:
alcançando a calmaria das paixões e guiando-se pela razão, sem nunca a
abandonar, contempla o que é verdadeiro e divino e que paira acima das
opiniões, certa de que precisará viver assim a vida toda, para depois da morte,
unir-se ao que lhe for aparentado e da mesma natureza, liberta das misérias
humanas. Não é de admirar, Símias e Cebete, que uma alma alimentada desse jeito
e com semelhante ocupação não tenha medo de desmembrar-se quando se retirar do
corpo, e de ser dispersada pelos ventos, dissipando-se do todo, sem vir a ficar
em parte alguma.”
IMAGENS:
O Pensador:
Os céus:
A morada dos deuses gregos:
O reino do deus Hades (o deus do
submundo):
Trecho de:
PLATÃO. Fédon
ou Da Imortalidade da Alma. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000031.pdf
> Acesso em 09 de maio de 2021. Pp. 27 – 29.
O que está entre
colchetes, no texto, foi posto por mim, Prof. José Antônio, para esclarecimento
de termo (palavra asseverar).
Comentário
complementar (Prof. José Antônio Brazão.):
Pouco
depois de falar da atividade da pessoa que ama a sabedoria, como o filósofo,
que é preciso aprender a controlar as paixões, tanto prazeres exagerados quanto
as dores (sofrimentos), Sócrates continua a conversa com os amigos na prisão.
Vale
lembrar que eram os últimos momentos de vida de que dispunha antes que a
sentença de morte fosse cumprida.
Nesse
tempo restante, continuou defendendo a imortalidade da alma, confortando os
amigos e as pessoas presentes. Pede que parem a choradeira. A seguir, quando o
carcereiro chega (ver nas primeiras imagens acima), é dada a taça com cicuta
para Sócrates, que toma o conteúdo. Pede também a um amigo que ofereça um galo
ao deus Asclépio (deus da Medicina), que ele (Sócrates) não ia poder oferecer.
O veneno vai fazendo efeito e Sócrates, enfim, despede-se da vida, deixando
excelentes lembranças nas mentes dos amigos e discípulos.
E
assim o texto encerra-se:
“Tal
foi o fim do nosso amigo [Sócrates], Equécrates, do homem, podemos afirmá-lo,
que entre todos os que nos foi dado conhecer, era o melhor e também o mais
sábio e mais justo.” (PLATÃO. Fédon ou da Imortalidade da Alma. Disponível em: <
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000031.pdf > Acesso em 09
de maio de 2021. P. 59.) (O que está entre colchetes ao longo dos textos é meu,
para esclarecimento. O grifo do pequeno texto também é meu.) Equécrates era um
dos amigos e discípulos de Sócrates a conversar sobre os momentos finais da
vida deste grande filósofo.)
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS,
Maria H. P. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ,
Marilena. Iniciação à Filosofia.
3.ed. São Paulo, Ática, 2017.
PLATÃO. Críton ou Do Dever. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000015.pdf
> Acesso em 02 de maio de 2021.
PLATÃO. Críton ou Do Dever. Em audiobook (áudio-livro). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=zEV56ncVeKM
> Acesso em 02 de maio de 2021.
PLATÃO. Fédon ou da Imortalidade da Alma. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000031.pdf > Acesso em 09 de maio de 2021.
WIKIPÉDIA. Página Principal. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
> Acesso em 07 de março de 2021.
WIKIPÉDIA. Helena (mitologia). Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_(mitologia)
> Acesso em 11 de abril de 2021.
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