SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO
REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO
ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
PRIMEIRA
SÉRIE DO ENSINO MÉDIO E EP1
FILOSOFIA
– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA ZOOM 13 DE FILOSOFIA 2021:
SÓCRATES
(PARTE 2) (Prof. José Antônio Brazão.)
Sócrates,
falsamente acusado e condenado injustamente, na cadeia, a esperar por alguns
dias ainda o cumprimento da pena de morte injusta, conversa com o amigo CRÍTON,
que veio oferecer-lhe, em meio à noite, a possibilidade de fuga. Sócrates,
porém, se recusa, preferindo agir com justiça para com as leis da cidade de
Atenas que renega-las e dar mal exemplo. O trecho seguinte foi tirado do
livreto de Platão chamado Críton ou do Dever. Vejamos:
IMAGENS (Sócrates se
defendendo na Helieia, durante o julgamento.)
“Sócrates-
Asseveramos [declaramos, afirmamos, damos como certo] que não se deve cometer
injustiça voluntária em caso nenhum, ou que em alguns casos se deve, e noutros
não? Ou que de modo algum é bom nem honroso cometê-la, como tantas vezes no
passado conviemos? e é o que acabamos de repetir. Porventura, todas aquelas
nossas convenções de antes se entornaram nestes poucos dias e, durante tanto
tempo, Critão, velhos como somos, em nossos graves entretenimentos não nos
demos conta de que nada diferíamos das crianças? Ou, sem dúvida alguma é como
dizíamos, quer o admita a multidão, quer não? Mais: ainda que tenhamos de
experimentar momentos quer ainda mais dolorosos, quer mais suaves, o
procedimento injusto, em qualquer hipóteses, não é sempre, para quem o tem, um
mal e uma vergonha? Afirmamos isso ou não?
Critão- Afirmamos.
Sócrates- Logo,
jamais se deve proceder contra a justiça.
Critão- Jamais,
por certo.
IMAGENS:
A prisão onde
Sócrates esteve em Atenas:
Sócrates- Nem
mesmo retribuir a injustiça com a injustiça, como pensa a multidão, pois o
procedimento injusto é sempre inadmissível.
Critão- Parece que
não. Sócrates- E daí? Devemos praticar maldades ou não, Critão?
Critão- Não
devemos, sem dúvida, Sócrates.
Sócrates- Adiante.
Retribuir o mal que nos fazem é justo, como diz a multidão, ou injusto?
Critão-
Absolutamente injusto.
Sócrates- Sim,
porque entre fazer mal a uma pessoa e cometer uma injustiça, não há diferença
nenhuma.
Critão- Dizes a
verdade.
Sócrates- Em suma,
não devemos retribuir a injustiça, nem fazer mal a pessoa alguma, seja qual for
o mal que ela nos cause. Cautela, porém, Critão, ao admitires esses princípios,
não o faças em contradição com o teu pensamento, pois sei que essa opinião é e
será de alguns poucos. Entre os que a adotam e os que a repelem não existe um
ânimo comum; fatalmente se a quererão mal uns aos outros, ao verem os
propósitos uns dos outros. Portanto, considera muito bem tu se comungas a minha
opinião, se concordas comigo e se nossa deliberação partirá do princípio de que
jamais é acertado cometer injustiça, retribuí-la, vingar pelo mal que fazemos o
mal que nos fazem, ou se diverges e não co-participas do princípio. Quanto a
mim, essa é opinião minha antiga, que ainda agora mantenho. Tu, porém, se tens
outro sentir, fala, dá-me a conhecer; se perseveras no de outrora, presta
atenção ao que aí decorre.
Critão- Persevero,
concordo contigo; por isso, prossegue.
Sócrates- Passo,
então, às decorrências; ou melhor, pergunto se uma convenção que se firmou com
alguém, sendo justa deve ser cumprida ou traída.
Critão- Deve ser
cumprida.
Sócrates- Daí,
presta atenção. Saindo daqui, desobedientes à cidade, lesamos a alguém e logo a
quem menos devemos lesar, ou não? E cumprimos as convenções justas que
firmamos, ou não?
Critão- Não sei
responder a tuas perguntas, Sócrates; não as estou compreendendo.”
IMAGENS:
A cidade de Atenas nos tempos de
Sócrates:
A cidade de Atenas hoje:
Trecho de:
PLATÃO. Críton
ou Do Dever. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000015.pdf
> Acesso em 02 de maio de 2021. Pp. 8 – 9.
O que está entre
colchetes, no texto, foi posto por mim, Prof. José Antônio, para esclarecimento
de termo (palavra asseverar).
IMAGENS da preocupação com a cidade
HOJE:
Pessoas ajudando a cidade hoje
versus as contradições sociais:
Cuidando do bem comum da cidade:
QUESTÕES PARA
REFLEXÃO:
Sendo possível,
leia o texto ou ouça o áudio-livro (audiobook) do Críton, de Platão, citados no referencial abaixo. Tem pouquíssimas
páginas ou tempo curto de audição, à vontade.
1) De
acordo com o texto, o que seria ou é a justiça?
2) A
justiça é retribuir o mal com o mal (no caso de Sócrates: retribuir o mal da
condenação à morte com o mal do descumprimento das leis de Atenas)?
3) No
julgamento de Sócrates não houve recurso (um novo julgamento). Hoje, no Brasil,
você sabe quantas instâncias da Justiça se pode recorrer até se chegar a uma
conclusão final, caso não se aceite a condenação em primeira instância?
4) Apesar
do convite possivelmente tentador do amigo Críton e dos amigos que ele
representava, Sócrates não fugiu da prisão nem da condenação a que estava
sujeito. Por que razões morais (éticas) você acredita que Sócrates não quis
fugir da cidade de Atenas?
5) Que
exemplos de vida Sócrates aponta para nós, ainda hoje, em pleno século XXI?
6) O
que podemos fazer pela cidade de Goiânia?
7) E
pela escola, situada no interior da cidade de Goiânia?
8) O
empenho nos estudos é sinal de amor à cidade, ao Estado, ao país e até mesmo ao
mundo? Por quê? Reflita.
9) Comparando
Sócrates e Jesus, Jesus retribuiu a injustiça que sofreu com o mal que poderia
ter feito, visto ele como divino pelos cristãos? Por quê?
10)
Jesus também poderia ter fugido, ao saber
que ia ser preso, já no momento da ceia final, pegado os apóstolos ou tê-los
abandonado e sumido de Jerusalém. Por que não o fez?
11)
Hoje: Cite exemplos de bens feitos por
pessoas quando cumprem as leis da cidade, do Estado e do Brasil, para além das
imagens apresentadas acima.
OBS.:
Fazer uma ponte entre o passado e o presente pode ser muito enriquecedor no
aprendizado da filosofia, mostrando sua vivacidade e atualidade!
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS,
Maria H. P. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ,
Marilena. Iniciação à Filosofia.
3.ed. São Paulo, Ática, 2017.
PLATÃO. Críton ou Do Dever. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000015.pdf
> Acesso em 02 de maio de 2021.
PLATÃO. Críton ou Do Dever. Em audiobook (áudio-livro). Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=zEV56ncVeKM
> Acesso em 02 de maio de 2021.
WIKIPÉDIA. Página Principal. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
> Acesso em 07 de março de 2021.
WIKIPÉDIA. Helena (mitologia). Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_(mitologia)
> Acesso em 11 de abril de 2021.
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