SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO
REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO
ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
ENSINO
MÉDIO – SEGUNDO ANO
FILOSOFIA
– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULAS
ZOOM 9 E 10 DE FILOSOFIA – SEGUNDOS ANOS:
Obs.: Na segunda
aula: concluir introdução e adentrar no estudo de Descartes.
TEORIA DO CONHECIMENTO
RENÉ DESCARTES: (Prof. José Antônio Brazão.)
VÍDEO:
SER OU NÃO SER – DESCARTES: PENSO, LOGO EXISTO. Em: https://www.youtube.com/watch?v=Tjl9sGHkKWU
Depois
da aula: ver o vídeo indicado acima. Por favor.
PARTE
1: CONTEXTO HISTÓRICO (Passagem da Idade Média à Moderna):
A Idade Moderna (séculos XV a XVIII, de
acordo com o quadripartismo histórico – a divisão da História em quatro partes)
foi um período da história humana, tomando como referência o que estava em curso
na Europa, em que uma série de mudanças ocorreram. Entre essas mudanças:
(1)As Grandes Navegações e Descobertas
Marítimas. Vários países europeus, tendo dificuldades no comércio com as
Índias (na verdade, a Índia e partes da Ásia), por conta do domínio italiano e
muçulmano do Mar Mediterrâneo, ousaram buscar novas rotas para aquela região,
na busca comercial de especiarias (condimentos como canela, cravo, entre
outros), além de outros produtos necessários e valorizados dentro da Europa,
naquele tempo. Destaques para Portugal e Espanha. Mas nem tudo eram flores e
belo comércio: houve escravidão, massacres de povos dominados e conquistados a
ferro e fogo, entre outras barbaridades.
SLIDES
(Era dos Descobrimentos, na Wikipédia):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Era_dos_Descobrimentos#/media/Ficheiro:OrteliusWorldMap1570.jpg
(2)O Renascimento Artístico e Cultural.
Desde o século XV ou pouco antes, a arte medieval vinha, paulatinamente (pouco
a pouco), dando espaço a uma arte que viria a pôr o ser humano no centro,
fugindo do teocentrismo (colocação de Deus no centro) medieval. Dentre as
características marcantes do Renascimento Artístico podem ser citadas: o
antropocentrismo (colocação do homem no centro), ainda que houvesse marcas
religiosas em muitas obras de arte, a nova arte passou a retratar mais
intensamente o corpo humano e os seres humanos; o classicismo greco-romano: a
busca de inspiração e de modelos na antiga arte dos gregos e romanos – um bom
exemplo disto, na literatura, por exemplo: Os Lusíadas, de Camões,
grandioso poema que une realidade histórica (a Viagem de Vasco da Gama,
contornando o Cabo das Tormentas, no Sul da África e chegando às Índias após
contornar a África, mais a ação dos deuses e das deusas de Grécia e Roma
antigas); o naturalismo – a arte do Renascimento traça com muita naturalidade e
precisão os traços dos seres apresentados nas obras de arte, principalmente da
pintura e da escultura, uma precisão incrível, natural (daí naturalismo); a
perspectiva, isto é, a percepção em profundidade, que marca muito bem a pintura
– há uma imagem principal à frente e um fundo atrás dela (a pintura Monalisa,
de Leonardo da Vinci, por exemplo, mostra bem o rosto da mulher retratada e, ao
fundo, dois caminhos, além de outros detalhes).
Slides
(Renascimento, na Wikipédia):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Renascimento#/media/Ficheiro:L'architettura_(1565)_(14758193946).jpg
https://fr.wikipedia.org/wiki/Renaissance#/media/Fichier:Uomo_Vitruviano.jpg
(3)A Reforma Protestante, no século
XVI em diante. Iniciada com o monge alemão Martinho Lutero, a Reforma provocou
uma cisão (um racha, uma divisão) dentro da Igreja Católica, com o nascimento
de novas igrejas cristãs, fundadas por diversos reformadores (por exemplo, além
de Lutero, Calvino e outros), com novas visões a respeito da Bíblia e do
cristianismo, um novo modo de cultuar o Deus cristão.
Slides
(Reforma Protestante, na Wikipédia):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante#/media/Ficheiro:95Thesen.jpg
https://en.wikipedia.org/wiki/Reformation#/media/File:95Thesen_facsimile_colour.png
(4)A Revolução Científica Moderna.
O mundo moderno (da Idade Moderna) viu o despertar profundo de novas ideias e
descobertas a respeito do universo e da natureza, novas investigações e
descobertas de leis naturais até então não conhecidas. Entre os pensadores e
cientistas que a provocaram estão Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johannes
(João) Kepler, o próprio Leonardo da Vinci, sem dúvida, entre outros, como, em
sua culminância, Isaac Newton. Até então se acreditava que a Terra era o centro
do universo (geocentrismo), teoria milenar, muito antiga. Copérnico, grande
astrônomo e matemático, depois de muitas observações e muitos cálculos e
recálculos, chegou à conclusão de que o centro do universo seria o Sol
(heliocentrismo), teoria, depois defendida e comprovada, por meio de
observações com o telescópio e também o uso aguçado do intelecto, por Galileu
Galilei.
SLIDES:
Nicolau
Copérnico:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Cop%C3%A9rnico#/media/Ficheiro:Copernicus.jpg
Revolução
Científica:
Pois bem, todas essas mudanças que vinham
ocorrendo, além de outras que as antecederam e as seguiram, provocaram sérios
questionamentos a respeito do CONHECIMENTO HUMANO. Até então, por séculos,
fazia-se apelo à AUTORIDADE de grandes pensadores da antiguidade, do mundo
medieval e da Igreja Católica – o filósofo tal disse, causa acabada, não se
discute; a Bíblia disse, causa acabada, não se discute; o santo tal disse,
causa acabada, não se discute ou não se nega. Ora, as mudanças em curso, nos séculos
XV em diante, provocaram a necessidade de um novo modo de encarar o
conhecimento. Em que consiste o conhecimento? De onde provém o conhecimento: da
razão ou da experiência sensível (sensorial, dos cinco sentidos)? Além de
outras questões sobre as quais vários filósofos se debruçaram, na busca de
entender e explicar a capacidade humana de conhecer o mundo e a realidade.
PARTE
2: FILÓSOFOS RACIONALISTAS E EMPIRISTAS – FOCO: RENÉ DESCARTES (1596 – 1650):
Entre os filósofos que se destacaram
nesses séculos encontram-se, por exemplo: RENÉ DESCARTES (francês), JOHN LOCKE
(inglês), DAVID HUME (escocês) e outros tantos, culminando, no século XVIII,
com o alemão IMMANUEL KANT. Mas vamos falar agora, ainda que brevemente, de
RENÉ DESCARTES.
IMAGENS
(RENÉ DESCARTES, na Wikipédia):
https://fr.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes
https://en.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes
Em
slides:
Conjunto
1 de slides:
Conjunto
2 de slides:
Conjunto
3 de slides:
Você já deve ter estudado, lá na
Matemática, as COORDENADAS CARTESIANAS, com muita certeza, deve ter estudado
gráficos que as levam. Pois é, elas foram inventadas pelo filósofo e matemático
RENÉ DESCARTES – o nome de Descartes, em latim, é RENATO CARTESIUS, daí
cartesiano(a)! Descartes foi um grande matemático. E, como filósofo, defendeu o
RACIONALISMO. Como assim? O Racionalismo diz que a origem dos conhecimentos
verdadeiros dos seres humanos encontra-se na RAZÃO (ratio, em latim). E o que é
a razão? É a capacidade humana de formar ideias, de pensar, de refletir, de
duvidar, de investigar, de fazer interações (ligações) mentais, de calcular, etc.
É, em resumo, o intelecto humano. Sem a razão não haveriam pensamentos,
filosofia, ciência, conhecimentos precisos, nem reflexões!
IMAGENS
(COORDENADAS CARTESIANAS, na Wikipédia):
Conjunto
1 de slides:
Conjunto
2 de slides:
Conjunto
3 de slides:
Você já deve ter ouvido a expressão PENSO,
LOGO EXISTO. Ela é de Descartes. Descartes escreveu diversos livros filosóficos
em que estabelece a relação entre a capacidade humana de pensar (a razão) e a
certeza da existência. É claro, com a razão, a capacidade de pensar, o ser
humano é capaz de ir muito além do que apresentam os cinco sentidos – o olfato,
o tato, a audição, a visão e o paladar. Estes nos mostram o mundo diretamente –
basta abrir os olhos e podemos ver o mundo ao nosso redor. Mas é a razão que é
capaz de ir muito além, de descobrir segredos e leis da natureza, de criar
matemática, astronomia, além de outros tantos tipos de conhecimentos. A razão é
a fonte principal dos conhecimentos (racionalismo, como dito).
No latim, “Penso, logo existo” é “Cogito
ergo sum”. E o que tem o latim haver com a filosofia e a ciência? É que,
ainda no tempo de Descartes, século XVII, era comum se escrever livros em
latim, antiga língua do Império Romano que foi assimilada, no mundo medieval,
pela Igreja Católica, após a queda do império. Se bem que mudanças também
vinham ocorrendo aí: escritores e cientistas, até mesmo filósofos, passando a
escrever na própria língua (inglês, francês, italiano, espanhol, etc.). Uma
curiosidade: com a Reforma Protestante, uma das preocupações dos líderes
reformadores e das novas igrejas cristãs foi colocar a Bíblia nas mãos das
pessoas comuns. Para tanto, é claro, traduções da Bíblia tiveram que ser
feitas. Não é à toa que, hoje, a Bíblia é o livro mais vendido no mundo ou
continua entre os primeiríssimos, traduzido para muitas línguas. Descartes
escreveu também em francês, além do latim.
Mas como surgiu o COGITO, o
PENSO? Descartes escreveu um opúsculo (obra pequena) chamado MEDITAÇÕES
SOBRE A FILOSOFIA PRIMEIRA, ou, simplesmente, MEDITAÇÕES. Aí diz que, certo dia, estava deitado (geralmente estudava
assim por motivos de saúde), observando o quarto e o escritório de estudos, o
ambiente ao redor. Então, perguntou-se se aquilo não poderia ser um sonho. Ora,
no sonho há coisas que vemos que parecem coisas muito reais, muito verdadeiras.
Ele diz que poderia, portanto, estar sonhando. Além disto, os cinco sentidos
humanos são enganosos – há coisas que vemos e percebemos que, quando fazemos
uma observação mais apurada, não correspondem bem àquilo que acreditávamos ser
(um barulho, uma imagem ao longe, etc.). Não dá para confiar cegamente nos
sentidos!
O que fazer então, a fim de poder ter
certeza da realidade? Descartes se propôs a si mesmo, naquele momento, o uso da
DÚVIDA como um caminho a ser percorrido. Duvidar não é necessariamente negar. É
não aceitar o que se crê como certezas de modo imediato. Duvidou do que estava
ao seu redor (realidade), do corpo, da matemática (um gênio enganador o poderia
estar ludibriando!), até de Deus (não o negou, pôs em dúvida), até que chegou
ao fundo do poço de sua mente e aí, finalmente, encontrou uma verdade primeira,
que não poderia ser contestada (negada): EU PENSO (COGITO). Eu sou um ser que
pensa, que duvida, que reflete, que usa a razão. Ora, portanto, existo! Como
ser pensante, sou existente. Eis a primeira certeza! Em minha mente há também
uma ideia de um Ser criador, perfeito, eterno, etc., uma ideia que ninguém a
pode ter colocado aí senão o próprio DEUS. Portanto, Deus existe! A ideia de
Deus é uma IDEIA INATA, isto é, que nasce com o ser humano. A partir dessas
duas certezas, a do COGITO (Eu penso) e a de Deus, Descartes pôde, enfim,
acreditar na certeza da Matemática (Deus não deixaria um gênio enganador
ludibria-lo, enganá-lo) e até mesmo estar certo do mundo e da realidade ao seu
redor.
A dúvida usada por Descartes é chamada de
DÚVIDA METÓDICA ou DÚVIDA HIPERBÓLICA. Por quê? Metódica, por ser um caminho
(palavra advinda do grego, método é caminho), o caminho que levou Descartes até
o Cogito e o trouxe de volta à realidade externa a ele (o mundo ao seu redor),
às certezas. Hiperbólica, por ter sido uma dúvida radical, EXAGERADA!
Hipérbole, na Língua Portuguesa, por exemplo, é uma imagem exagerada:
Corri o mundo para te ver! Fulano comeu até estourar! A dúvida de Descartes foi
exagerada, aprofundando-se cada vez mais, chegando a duvidar de quase tudo, até
chegar à verdade primeira do COGITO. Daí também ser chamada de dúvida
hiperbólica.
Curiosamente, tempos depois, John Locke, o
filósofo inglês, defendendo uma outra visão, dirá que não existem ideias
inatas! Mas isto ficará para outro dia.
Descartes, preocupado com um método
(caminho) para as ciências, escreveu DISCURSO DO MÉTODO. Aí propõe quatro
regras fundamentais para as ciências, no intuito de poder se ter certeza do
conhecimento produzido e das descobertas feitas. Segundo o Wattpad (em: https://www.wattpad.com/102352229-filosofia-4-regras-do-m%C3%A9todo-de-descartes ),
são elas:
“4
Regras do Método de Descartes:
(1)regra
da evidência - aceitar apenas as ideias e os raciocínios que sejam claros e
distintos.
(2)regra
da análise - dividir um problema em muitas partes, de forma a estudá-las uma a
uma.
(3)regra
da síntese - elevar-se do múltiplo ao uno, do mais simples ao mais complexo no
conhecimento.
(4)regra
da enumeração – fazer a revisão e enumerar a totalidade de elementos ou das
conclusões a que se chegou.”
E
você, como encara as ideias de Descartes? Ainda valem?
REFERÊNCIAS
BÁSICAS:
ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS,
Maria H. P. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo,
Ática, 2017.
WIKIPÉDIA. Verbetes: Era dos
Descobrimentos, Copérnico, Renascimento, Reforma Protestante, Imprensa, Revolução
Científica. Disponíveis em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
> Acesso em 05 de abril de 2021.
YOUTUBE. Como eram feitos os manuscritos medievais. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=6lT2cSIl9Ek > Acesso em 14
de março de 2021.
YOUTUBE. Iluminuras Medievais.
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=9GotZ1M-ug4
> Acesso em 14 de março de 2021.
*OBSERVAÇÃO: Comparar o medieval
com o moderno.
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