segunda-feira, 12 de abril de 2021

AULA ZOOM 10 DE FILOSOFIA – TERCEIROS ANOS E EP3: POLÍTICA: THOMAS HOBBES (1588 – 1679): (Prof. José Antônio Brazão.)

 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS

COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA

COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS

ENSINO MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE – TERCEIROS ANOS

FILOSOFIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

AULA ZOOM 10 DE FILOSOFIA – TERCEIROS ANOS E EP3:

POLÍTICA:

POLÍTICA NA IDADE MODERNA:

THOMAS HOBBES (1588 – 1679): (Prof. José Antônio Brazão.)

*Thomas Hobbes foi um filósofo inglês.

*Escreveu Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de uma Comunidade Eclesiástica e Civil.

*Fala de um estado de natureza. Estado de natureza é o estado em que se encontravam os seres humanos antes da existência da sociedade.

IMAGENS (NATUREZA e SELVA, na Wikipédia):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza

https://pt.wikipedia.org/wiki/Selva

Em slides:

Conjunto 1:

https://en.wikipedia.org/wiki/Nature#/media/File:Shaqi_jrvej.jpg

Conjunto 2:

https://en.wikipedia.org/wiki/Jungle#/media/File:Cerro_Chachahuate.jpg

*Para Hobbes, o estado de natureza era um estado (situação, condição) de conflito, de guerra de todos contra todos.

IMAGENS (GUERRA, na Wikipédia) (slides):

https://en.wikipedia.org/wiki/War#/media/File:Stele_of_Vultures_detail_01a.jpg

https://it.wikipedia.org/wiki/Guerra#/media/File:Defending_the_Polish_banner_at_Chocim,_by_Juliusz_Kossak,_1892.jpg

Veja-se o que o próprio Hobbes diz:

De modo que na natureza do homem encontramos três causas principais de discórdia. Primeiro, a competição; segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória. A primeira leva os homens a atacar os outros tendo em vista o lucro; a segunda, a segurança; e a terceira, a reputação. Os primeiros usam a violência para se tornarem senhores das pessoas, mulheres, filhos e rebanhos dos outros homens; os segundos, para defendê-los; e os terceiros por ninharias, como uma palavra, um sorriso, uma diferença de opinião, e qualquer outro sinal de desprezo, quer seja diretamente dirigido a suas pessoas, quer indiretamente a seus parentes, seus amigos, sua nação, sua profissão ou seu nome. Com isto se torna manifesto que, durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens. Pois a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida. Portanto a noção de tempo deve ser levada em conta quanto à natureza da guerra, do mesmo modo que quanto à natureza do clima. Porque tal como a natureza do mau tempo não consiste em dois ou três chuviscos, mas numa tendência para chover que dura vários dias seguidos, assim também a natureza da guerra não consiste na luta real, mas na conhecida disposição para tal, durante todo o tempo em que não há garantia do contrário. Todo o tempo restante é de paz. Portanto tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua própria invenção. Numa tal situação não há lugar para a indústria, pois seu fruto é incerto; consequentemente não há cultiva da terra, nem navegação, nem uso das mercadorias que podem ser importadas pelo mar; não há construções confortáveis, nem instrumentos para mover e remover as coisas que precisam de grande força; não há conhecimento da face da Terra, nem cômputo do tempo, nem artes, nem letras; não há sociedade; e o que é pior do que tudo, um constante temor e perigo de morte violenta. E a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta.” (HOBBES DE MALMESBURY, Thomas. CAPÍTULO XIII: Da condição natural da humanidade relativamente à sua felicidade e miséria  In: ____________________ Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. Trad.  João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. Pp. 45-46. Disponível em: < http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf > Acesso em 12 de abril de 2021.)

*O homem, para Hobbes, é o lobo do homem. Ou seja, o ser humano é mau por natureza, a ponto de ser comparado com os lobos, animais selvagens.

IMAGENS (Lobo, na Wikipédia)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo#/media/Ficheiro:Canis_lupus_265b.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Wolf#/media/File:Kolm%C3%A5rden_Wolf.jpg

*Para não se matarem mutuamente, os seres humanos resolveram fazer um pacto, um acordo: cada um entregaria a um governante comum o poder sobre sua vida contanto que todos os outros fizessem o mesmo.

Veja-se:

“Desta lei fundamental de natureza, mediante a qual se ordena a todos os homens que procurem a paz, deriva esta segunda lei: Que um homem concorde, quando outros também o façam, e na medida em que tal considere necessário para a paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar a seu direito a todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo. Porque enquanto cada homem detiver seu direito de fazer tudo quanto queira todos os homens se encontrarão numa condição de guerra. Mas se os outros homens não renunciarem a seu direito, assim como ele próprio, nesse caso não há razão para que alguém se prive do seu, pois isso equivaleria a oferecer-se como presa (coisa a que ninguém é obrigado), e não a dispor-se para a paz. É esta a lei do Evangelho: Faz aos outros o que queres que te façam a ti. E esta é a lei de todos os homens: Quod tibi jïeri non vis, alteri ne feceris.” (Idem, p. 48.)

Veja-se:

“O fim último, causa final e desígnio dos homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita. Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que é a consequência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos homens, quando não há um poder visível capaz de os manter em respeito, forçando-os, por medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e ao respeito àquelas leis de natureza (...).” (Idem, Cap. XVII: Do Estado. P. 59.)

*O governante escolhido teria o poder absoluto, tanto civil, quanto militar, quanto religioso.

*Curiosamente, a imagem de capa do livro Leviatã mostra um gigante enorme com o corpo composto por todos os súditos. Em uma das mãos tem uma espada. Na outra, um báculo (um bastão) representativo do poder religioso, semelhante ao de chefes religiosos, representando, justamente, o poder militar e civil, além do político.

IMAGENS (Thomas Hobbes, na Wikipédia, a capa do livro Leviatã):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes#/media/Ficheiro:Leviathan_by_Thomas_Hobbes.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes#/media/File:Leviathan_by_Thomas_Hobbes.jpg

*O nome do livro advém de um monstro bíblico marítimo descomunal (enorme), ao qual só Deus podia dominar, justamente o Leviatã. Assim, o soberano tem um poder absoluto, fruto da aceitação de todos, sobre todos, estando somente abaixo de Deus.

Veja-se:

Diz-se que um Estado foi instituído quando uma multidão de homens concordam e pactuam, cada um com cada um dos outros, que a qualquer homem ou assembleia de homens a quem seja atribuído pela maioria o direito de representar a pessoa de todos eles (ou seja, de ser seu representante ), todos sem exceção, tanto os que votaram a favor dele como os que votaram contra ele, deverão autorizar todos os atos e decisões desse homem ou assembleia de homens, tal como se fossem seus próprios atos e decisões, a fim de viverem em paz uns com os outro e serem protegidos dos restantes homens. É desta instituição do Estado que derivam todos os direitos e faculdades daquele ou daqueles a quem o poder soberano é conferido mediante o consentimento do povo reunido. Em primeiro lugar, na medida em que pactuam, deve entender-se que não se encontram obrigados por um pacto anterior a qualquer coisa que contradiga o atual. Consequentemente, aqueles que já instituíram um Estado, dado que são obrigados pelo pacto a reconhecer como seus os atos e decisões de alguém, não podem legitimamente celebrar entre si um novo pacto no sentido de obedecer a outrem, seja no que for, sem sua licença. Portanto, aqueles que estão submetidos a um monarca não podem sem licença deste renunciar à monarquia, voltando à confusão de uma multidão desunida, nem transferir sua pessoa daquele que dela i é portador para outro homem, ou outra assembleia de homens. Pois são obrigados, cada homem perante cada homem, a reconhecer e a ser considerados autores de tudo quanto aquele que já é seu soberano fizer e considerar bom fazer. Assim, a dissensão de alguém levaria todos os restantes a romper o pacto feito com esse alguém, o que constitui injustiça. Por outro lado, cada homem conferiu a soberania àquele que é portador de sua pessoa, portanto se o depuserem estarão tirando-lhe o que é seu, o que também constitui injustiça. Além do mais, se aquele que tentar depor seu soberano for morto, ou por ele castigado devido a essa tentativa, será o autor de seu próprio castigo, dado que por instituição é autor de tudo quanto seu soberano fizer. E, dado que constitui injustiça alguém fazer coisa devido à qual possa ser castigado por sua própria autoridade, também a esse título ele estará sendo injusto. E quando alguns homens, desobedecendo a seu soberano, pretendem ter celebrado um novo pacto, não com homens, mas com Deus, também isto é injusto, pois não há pacto com Deus a não ser através da mediação de alguém que represente a pessoa de Deus, e ninguém o faz a não ser o lugar-tenente de Deus, o detentor da soberania abaixo de Deus. E esta pretensão de um pacto com Deus é uma mentira tão evidente, mesmo perante a própria consciência de quem tal pretende, que não constitui apenas um ato injusto, mas também um ato próprio de um caráter vil e inumano.” (Ibidem, p. 61-62.)

*O governante com poder do Leviatã teria poder absoluto, poder inclusive sobre a vida dos súditos. A condição: preservar a vida, a liberdade e a propriedade dos súditos.

REFERÊNCIAS:

ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS, Maria H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. (Manual do Professor) 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.

HOBBES DE MALMESBURY, Thomas. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. Trad.  João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. Disponível em: < http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf > Acesso em 12 de abril de 2021.

WIKIPÉDIA. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 08/03/2021.

 

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