SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO
REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO
ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
ENSINO
MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE – TERCEIROS ANOS
FILOSOFIA
– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA
ZOOM 10 DE FILOSOFIA – TERCEIROS ANOS E EP3:
POLÍTICA:
POLÍTICA
NA IDADE MODERNA:
THOMAS
HOBBES (1588 – 1679): (Prof. José Antônio Brazão.)
*Thomas Hobbes foi
um filósofo inglês.
*Escreveu Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de uma
Comunidade Eclesiástica e Civil.
*Fala de um estado de natureza. Estado de
natureza é o estado em que se encontravam os seres humanos antes da existência
da sociedade.
IMAGENS (NATUREZA e SELVA, na Wikipédia):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza
https://pt.wikipedia.org/wiki/Selva
Em slides:
Conjunto 1:
https://en.wikipedia.org/wiki/Nature#/media/File:Shaqi_jrvej.jpg
Conjunto 2:
https://en.wikipedia.org/wiki/Jungle#/media/File:Cerro_Chachahuate.jpg
*Para Hobbes, o estado de natureza era um
estado (situação, condição) de conflito, de guerra de todos contra todos.
IMAGENS (GUERRA, na Wikipédia) (slides):
https://en.wikipedia.org/wiki/War#/media/File:Stele_of_Vultures_detail_01a.jpg
Veja-se o que o próprio Hobbes diz:
“De modo que na natureza do homem
encontramos três causas principais de discórdia. Primeiro, a competição;
segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória. A primeira leva os homens a
atacar os outros tendo em vista o lucro; a segunda, a segurança; e a terceira,
a reputação. Os primeiros usam a violência para se tornarem senhores das
pessoas, mulheres, filhos e rebanhos dos outros homens; os segundos, para
defendê-los; e os terceiros por ninharias, como uma palavra, um sorriso, uma
diferença de opinião, e qualquer outro sinal de desprezo, quer seja diretamente
dirigido a suas pessoas, quer indiretamente a seus parentes, seus amigos, sua
nação, sua profissão ou seu nome. Com isto se torna manifesto que, durante o
tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em
respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma
guerra que é de todos os homens contra todos os homens. Pois a guerra não
consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo
durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida.
Portanto a noção de tempo deve ser levada em conta quanto à natureza da guerra,
do mesmo modo que quanto à natureza do clima. Porque tal como a natureza do mau
tempo não consiste em dois ou três chuviscos, mas numa tendência para chover
que dura vários dias seguidos, assim também a natureza da guerra não consiste
na luta real, mas na conhecida disposição para tal, durante todo o tempo em que
não há garantia do contrário. Todo o tempo restante é de paz.
Portanto tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é
inimigo de todo homem, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os
homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua
própria força e sua própria invenção. Numa tal situação não há lugar para a
indústria, pois seu fruto é incerto; consequentemente não há cultiva da terra,
nem navegação, nem uso das mercadorias que podem ser importadas pelo mar; não
há construções confortáveis, nem instrumentos para mover e remover as coisas
que precisam de grande força; não há conhecimento da face da Terra, nem cômputo
do tempo, nem artes, nem letras; não há sociedade; e o que é pior do que tudo,
um constante temor e perigo de morte violenta. E a vida do homem é solitária,
pobre, sórdida, embrutecida e curta.” (HOBBES
DE MALMESBURY, Thomas. CAPÍTULO XIII: Da condição
natural da humanidade relativamente à sua felicidade e miséria In: ____________________ Leviatã ou
Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. Trad. João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da
Silva. Pp. 45-46. Disponível em: < http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf
> Acesso em 12 de abril de 2021.)
*O homem, para Hobbes, é o lobo do homem. Ou seja, o ser humano é mau por natureza, a ponto de ser comparado com os lobos, animais selvagens.
IMAGENS (Lobo, na Wikipédia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lobo#/media/Ficheiro:Canis_lupus_265b.jpg
https://en.wikipedia.org/wiki/Wolf#/media/File:Kolm%C3%A5rden_Wolf.jpg
*Para não se matarem mutuamente, os seres
humanos resolveram fazer um pacto, um acordo: cada um entregaria a um
governante comum o poder sobre sua vida contanto que todos os outros fizessem o
mesmo.
Veja-se:
“Desta lei fundamental de natureza, mediante a
qual se ordena a todos os homens que procurem a paz, deriva esta segunda lei:
Que um homem concorde, quando outros também o façam, e na medida em que tal
considere necessário para a paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar a seu
direito a todas as coisas, contentando-se, em relação aos outros homens, com a
mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo. Porque
enquanto cada homem detiver seu direito de fazer tudo quanto queira todos os
homens se encontrarão numa condição de guerra. Mas se os outros homens não
renunciarem a seu direito, assim como ele próprio, nesse caso não há razão para
que alguém se prive do seu, pois isso equivaleria a oferecer-se como presa
(coisa a que ninguém é obrigado), e não a dispor-se para a paz. É esta a lei do
Evangelho: Faz aos outros o que queres que te façam a ti. E esta é a lei de
todos os homens: Quod tibi jïeri non vis, alteri ne feceris.” (Idem, p. 48.)
Veja-se:
“O fim último, causa final e desígnio dos
homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao
introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos
Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais
satisfeita. Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que
é a consequência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos
homens, quando não há um poder visível capaz de os manter em respeito,
forçando-os, por medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e ao respeito
àquelas leis de natureza (...).” (Idem, Cap. XVII: Do Estado. P. 59.)
*O governante escolhido teria o poder
absoluto, tanto civil, quanto militar, quanto religioso.
*Curiosamente, a imagem de capa do livro Leviatã
mostra um gigante enorme com o corpo composto por todos os súditos. Em uma das
mãos tem uma espada. Na outra, um báculo (um bastão) representativo do poder
religioso, semelhante ao de chefes religiosos, representando, justamente, o
poder militar e civil, além do político.
IMAGENS (Thomas Hobbes, na Wikipédia, a capa
do livro Leviatã):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes#/media/Ficheiro:Leviathan_by_Thomas_Hobbes.jpg
https://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Hobbes#/media/File:Leviathan_by_Thomas_Hobbes.jpg
*O nome do livro advém de um monstro bíblico
marítimo descomunal (enorme), ao qual só Deus podia dominar, justamente o
Leviatã. Assim, o soberano tem um poder absoluto, fruto da aceitação de todos,
sobre todos, estando somente abaixo de Deus.
Veja-se:
“Diz-se que um Estado foi instituído quando
uma multidão de homens concordam e pactuam, cada um com cada um dos outros, que
a qualquer homem ou assembleia de homens a quem seja atribuído pela maioria o
direito de representar a pessoa de todos eles (ou seja, de ser seu representante
), todos sem exceção, tanto os que votaram a favor dele como os que votaram
contra ele, deverão autorizar todos os atos e decisões desse homem ou
assembleia de homens, tal como se fossem seus próprios atos e decisões, a fim
de viverem em paz uns com os outro e serem protegidos dos restantes homens.
É desta instituição do Estado que derivam todos os direitos e faculdades
daquele ou daqueles a quem o poder soberano é conferido mediante o
consentimento do povo reunido. Em primeiro lugar, na medida em que pactuam,
deve entender-se que não se encontram obrigados por um pacto anterior a
qualquer coisa que contradiga o atual. Consequentemente, aqueles que já
instituíram um Estado, dado que são obrigados pelo pacto a reconhecer como seus
os atos e decisões de alguém, não podem legitimamente celebrar entre si um novo
pacto no sentido de obedecer a outrem, seja no que for, sem sua licença.
Portanto, aqueles que estão submetidos a um monarca não podem sem licença deste
renunciar à monarquia, voltando à confusão de uma multidão desunida, nem
transferir sua pessoa daquele que dela i é portador para outro homem, ou outra
assembleia de homens. Pois são obrigados, cada homem perante cada homem, a
reconhecer e a ser considerados autores de tudo quanto aquele que já é seu soberano
fizer e considerar bom fazer. Assim, a dissensão de alguém levaria todos os
restantes a romper o pacto feito com esse alguém, o que constitui injustiça. Por
outro lado, cada homem conferiu a soberania àquele que é portador de sua
pessoa, portanto se o depuserem estarão tirando-lhe o que é seu, o que também
constitui injustiça. Além do mais, se aquele que tentar depor seu soberano for
morto, ou por ele castigado devido a essa tentativa, será o autor de seu
próprio castigo, dado que por instituição é autor de tudo quanto seu soberano
fizer. E, dado que constitui injustiça alguém fazer coisa devido à qual
possa ser castigado por sua própria autoridade, também a esse título ele estará
sendo injusto. E quando alguns homens, desobedecendo a seu soberano, pretendem
ter celebrado um novo pacto, não com homens, mas com Deus, também isto é
injusto, pois não há pacto com Deus a não ser através da mediação de alguém que
represente a pessoa de Deus, e ninguém o faz a não ser o lugar-tenente de Deus,
o detentor da soberania abaixo de Deus. E esta pretensão de um pacto com
Deus é uma mentira tão evidente, mesmo perante a própria consciência de quem
tal pretende, que não constitui apenas um ato injusto, mas também um ato
próprio de um caráter vil e inumano.” (Ibidem, p. 61-62.)
*O governante com poder do Leviatã teria poder
absoluto, poder inclusive sobre a vida dos súditos. A condição: preservar a
vida, a liberdade e a propriedade dos súditos.
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS,
Maria H. P. Filosofando: Introdução à
Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. (Manual do
Professor) 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.
HOBBES DE MALMESBURY, Thomas. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um
Estado Eclesiástico e Civil. Trad. João
Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. Disponível em: < http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_thomas_hobbes_leviatan.pdf
> Acesso em 12 de abril de 2021.
WIKIPÉDIA. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
> Acesso em 08/03/2021.
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