SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO
REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
COLÉGIO
ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
ENSINO
MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE – TERCEIROS ANOS
SOCIOLOGIA
– PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA ZOOM 10 DE
SOCIOLOGIA DOS TERCEIROS ANOS E EP3:
GLOBALIZAÇÃO
E SOCIEDADE NO SÉCULO XXI:
AS
CIDADES NO SÉCULOS XX:
O ÊXODO RURAL
(Prof. José Antônio Brazão.)
A
palavra êxodo significa saída. No século XX, um fato marcante que contribuiu
para o aumento das cidades no Brasil, foi o êxodo rural, isto é, a saída de
muitas pessoas do campo em direção às cidades. De modo especial, um destaque para muitos
nordestinos que saíram de suas terras rumo a São Paulo capital e Brasília, por
exemplo.
Contexto básico de
parte do século XX:
*Crescimento das
cidades.
*Construção e
fundação de Brasília, na década de 1950, com o presidente Juscelino Kubitscheck.
Muitos nordestinos foram para lá, aproveitando a oferta de mão de obra.
*Industrialização.
*Chegada de
multinacionais de automóveis (FIAT, FORD, etc.), alimentos e bebidas (Nestlé,
Coca Cola, etc.) e outras.
*No Triângulo
Mineiro, por exemplo, a descoberta do cerrado daquela região como bom local
para a produção de café em grandes extensões de terras.
IMAGENS (Êxodo
rural):
IMAGENS (Pobreza no semiárido
brasileiro.)
Conjunto 1:
Conjunto 2:
Por
que saíram? A razão principal foi a seca, aliada à profunda pobreza e à fome.
Com efeito, o ambiente geográfico nordestino, principalmente interiorano, é
quase desértico, tendo uma vegetação típica que é a caatinga. A falta de chuvas
e as tentativas de plantações, muitas vezes, fracassadas, contribuíram para dar
impulso ao desejo de saída (êxodo) do Nordeste. Houve casos de expulsão também,
por grandes latifundiários.
Muita
gente pegou paus de araras, assim chamados os veículos que transportavam e
costumam transportar um bom número de pessoas no Nordeste e, para além, deste
em direção a São Paulo e outros lugares. Vejamos a letra da música de Luiz
Gonzaga, um famoso cantor nordestino do século XX, que mostra a teimosia de
alguém que, amando a terra onde mora, só desistiria dela caso não houvesse
outro recurso.
Antes
da letra da música, imagens de paus de araras.
IMAGENS [Pau de
Arara (Transporte)]:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pau_de_arara_(transporte)
Em slides:
ÚLTIMO PAU-DE-ARARA (Luiz
Gonzaga)
A vida aqui só é ruim
Quando não chove no chão
Mas se chover dá de tudo
Fartura tem de montão
Tomara que chova logo
Tomara meu deus tomara
Só deixo o meu cariri
No último pau-de-arara
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara
Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocalho
Pendurado no pescoço
Eu vou ficando por aqui
Que Deus do céu me ajude
Quem sai da terra natal
Em outros cantos não para
Só deixo o meu cariri
No último pau-de-arara
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara
A vida aqui só é ruim
Quando não chove no chão
Mas se chover dá de tudo
Fartura tem de porção
Tomara que chova logo
Tomara meu Deus tomara
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara
Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocalho
Pendurado no pescoço
Eu vou ficando por aqui
Que Deus do céu me ajude
Quem sai da terra natal
Em outros cantos não para
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara
GONZAGA, Luiz. Último Pau de Arara. Disponível
em: < https://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/ultimo-pau-de-arara.html
> Acesso em 13 de abril de 2021.
IMAGENS (CAATINGA, na Wikipédia):
Conjunto 1 de slides:
Conjunto 2:
https://en.wikipedia.org/wiki/Caatinga#/media/File:Caatinga-400x300.jpg
No
campo da literatura brasileira, em um diálogo com a Língua Portuguesa, vale
citar o livro VIDAS SECAS, de
Graciliano Ramos (1892 – 1953). Mostra uma família de retirantes nordestinos
que, fugindo da pobreza e da seca, foi forçada a se retirar de suas terras,
passando por uma série de sofrimentos, como fome, sede e, inclusive, perdas.
IMAGENS (VIDAS
SECAS, na Wikipédia):
IMAGENS (RETIRANTES, pintura de Cândido
Portinari):
Sobre a pintura Retirantes, de Portinari (ler):
Eis o trecho inicial de Vidas Secas, de Graciliano Ramos:
“NA PLANÍCIE
avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham
caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam
pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem
progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem
dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se
para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o
baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia
pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro.
O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se,
recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. -
Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o
com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou,
deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou
que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos,
zangado, praguejando baixo. A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso
salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia
círculos altos em redor de bichos moribundos. - Anda, excomungado. O pirralho
não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria
responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato
necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo
miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar,
não sabia onde. Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia
horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.”
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Disponibilizado pela Universidade Federal da Grande Dourados em parceria
com a Lê Livros em: < https://cs.ufgd.edu.br/download/Vidas%20Secas%20-%20Graciliano%20Ramos.pdf
> Acesso em 13/04/2021.)
A
migração de nordestinos e de pessoas de outros lugares do Brasil para as cidades
grandes, principalmente, do Sudeste contribuiu para o aumento da população
dessas cidades e, ao mesmo tempo, para ampliar problemas nelas já existentes. Culpa deles? Não.
Culpa da estrutura desigual da sociedade, do acúmulo histórico de riquezas por
uma minoria em detrimento de uma maioria empobrecida.
REFERÊNCIAS:
BOMENY, Helena et alii. Tempos Modernos, Tempos de Sociologia.
2.ed. São Paulo, Editora do Brasil, 2013.
BRASIL ESCOLA – UOL. Independência
dos Estados Unidos. Disponível em: < https://brasilescola.uol.com.br/historiag/independencia-estados-unidos.htm
> Acesso em 03/04/2021.
GONZAGA, Luiz. Último Pau de Arara.
Disponível em: < https://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/ultimo-pau-de-arara.html
> Acesso em 13 de abril de 2021.
MACHADO, Igor José de Renó et alii.
Sociologia Hoje. São Paulo, Ática,
2014.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Disponibilizado pela Universidade
Federal da Grande Dourados em parceria com a Lê Livros em: < https://cs.ufgd.edu.br/download/Vidas%20Secas%20-%20Graciliano%20Ramos.pdf
> Acesso em 13/04/2021.
SILVA,
Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. (Manual do Professor) 2.ed. São Paulo,
Moderna, 2017.
WIKIPÉDIA. Pau de Arara. Disponível
em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Pau_de_arara_(transporte)
> Acesso em 13/04/2021.
WIKIPÉDIA. Vidas Secas. Disponível
em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Vidas_Secas
> Acesso em 13/04/2021.
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