terça-feira, 13 de abril de 2021

AULA ZOOM 10 DE SOCIOLOGIA DOS TERCEIROS ANOS E EP3: AS CIDADES E O ÊXODO RURAL (Prof. José Antônio Brazão.)

 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS

COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA

COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS

ENSINO MÉDIO E PROFISSIONALIZANTE – TERCEIROS ANOS

SOCIOLOGIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

AULA ZOOM 10 DE SOCIOLOGIA DOS TERCEIROS ANOS E EP3:

GLOBALIZAÇÃO E SOCIEDADE NO SÉCULO XXI:

AS CIDADES NO SÉCULOS XX:

O ÊXODO RURAL (Prof. José Antônio Brazão.)

A palavra êxodo significa saída. No século XX, um fato marcante que contribuiu para o aumento das cidades no Brasil, foi o êxodo rural, isto é, a saída de muitas pessoas do campo em direção às cidades.  De modo especial, um destaque para muitos nordestinos que saíram de suas terras rumo a São Paulo capital e Brasília, por exemplo.

Contexto básico de parte do século XX:

*Crescimento das cidades.

*Construção e fundação de Brasília, na década de 1950, com o presidente Juscelino Kubitscheck. Muitos nordestinos foram para lá, aproveitando a oferta de mão de obra.

*Industrialização.

*Chegada de multinacionais de automóveis (FIAT, FORD, etc.), alimentos e bebidas (Nestlé, Coca Cola, etc.) e outras.

*No Triângulo Mineiro, por exemplo, a descoberta do cerrado daquela região como bom local para a produção de café em grandes extensões de terras.

IMAGENS (Êxodo rural):

https://www.google.com/search?q=exodo+rural+nordestino&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjlxfmtofzvAhWtmuAKHYB0AhwQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

IMAGENS (Pobreza no semiárido brasileiro.)

Conjunto 1:

https://www.google.com/search?q=pobreza+no+semi%C3%A1rido+do+nordeste+brasileiro&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiv-NXcpvzvAhVCA9QKHVT0DVwQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

Conjunto 2:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Semi%C3%A1rido_brasileiro#/media/Ficheiro:Biomas_do_Nordeste_do_Brasil.png

Por que saíram? A razão principal foi a seca, aliada à profunda pobreza e à fome. Com efeito, o ambiente geográfico nordestino, principalmente interiorano, é quase desértico, tendo uma vegetação típica que é a caatinga. A falta de chuvas e as tentativas de plantações, muitas vezes, fracassadas, contribuíram para dar impulso ao desejo de saída (êxodo) do Nordeste. Houve casos de expulsão também, por grandes latifundiários.

Muita gente pegou paus de araras, assim chamados os veículos que transportavam e costumam transportar um bom número de pessoas no Nordeste e, para além, deste em direção a São Paulo e outros lugares. Vejamos a letra da música de Luiz Gonzaga, um famoso cantor nordestino do século XX, que mostra a teimosia de alguém que, amando a terra onde mora, só desistiria dela caso não houvesse outro recurso.

Antes da letra da música, imagens de paus de araras.

IMAGENS [Pau de Arara (Transporte)]:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pau_de_arara_(transporte)

Em slides:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pau_de_arara_(transporte)#/media/Ficheiro:Caraubasdopiaui10122006-2.jpg

ÚLTIMO PAU-DE-ARARA (Luiz Gonzaga)

A vida aqui só é ruim
Quando não chove no chão
Mas se chover dá de tudo

Fartura tem de montão
Tomara que chova logo
Tomara meu deus tomara

Só deixo o meu cariri
No último pau-de-arara
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara

Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocalho
Pendurado no pescoço

Eu vou ficando por aqui
Que Deus do céu me ajude
Quem sai da terra natal
Em outros cantos não para

Só deixo o meu cariri
No último pau-de-arara
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara

A vida aqui só é ruim
Quando não chove no chão
Mas se chover dá de tudo

Fartura tem de porção
Tomara que chova logo
Tomara meu Deus tomara

Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara

Enquanto a minha vaquinha
Tiver o couro e o osso
E puder com o chocalho
Pendurado no pescoço

Eu vou ficando por aqui
Que Deus do céu me ajude
Quem sai da terra natal
Em outros cantos não para

Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara
Só deixo meu cariri
No último pau-de-arara

 GONZAGA, Luiz. Último Pau de Arara. Disponível em: <  https://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/ultimo-pau-de-arara.html > Acesso em 13 de abril de 2021.

IMAGENS (CAATINGA, na Wikipédia):

Conjunto 1 de slides:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Caatinga#/media/Ficheiro:Parque_Nacional_do_Catimbau_-_Pernambuco_-_Brasil.jpg

Conjunto 2:

https://en.wikipedia.org/wiki/Caatinga#/media/File:Caatinga-400x300.jpg

No campo da literatura brasileira, em um diálogo com a Língua Portuguesa, vale citar o livro VIDAS SECAS, de Graciliano Ramos (1892 – 1953). Mostra uma família de retirantes nordestinos que, fugindo da pobreza e da seca, foi forçada a se retirar de suas terras, passando por uma série de sofrimentos, como fome, sede e, inclusive, perdas.

IMAGENS (VIDAS SECAS, na Wikipédia):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vidas_Secas#/media/Ficheiro:Vidas_Secas_de_Graciliano_Ramos_-_Capa_da_1%C2%AA_edi%C3%A7%C3%A3o_pela_Jos%C3%A9_Olympio_(1938).jpg

IMAGENS (RETIRANTES, pintura de Cândido Portinari):

https://www.google.com/search?q=quadro+retirantes+de+candido+portinari&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwi_0I2ppvzvAhXFm-AKHQ4EC94Q_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

Sobre a pintura Retirantes, de Portinari (ler):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Retirantes#:~:text=Retirantes%20%C3%A9%20uma%20pintura%20de,de%20S%C3%A3o%20Paulo%20(MASP).

Eis o trecho inicial de Vidas Secas, de Graciliano Ramos:

“NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. - Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. - Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.” (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Disponibilizado pela Universidade Federal da Grande Dourados em parceria com a Lê Livros em: < https://cs.ufgd.edu.br/download/Vidas%20Secas%20-%20Graciliano%20Ramos.pdf > Acesso em 13/04/2021.)

A migração de nordestinos e de pessoas de outros lugares do Brasil para as cidades grandes, principalmente, do Sudeste contribuiu para o aumento da população dessas cidades e, ao mesmo tempo, para ampliar  problemas nelas já existentes. Culpa deles? Não. Culpa da estrutura desigual da sociedade, do acúmulo histórico de riquezas por uma minoria em detrimento de uma maioria empobrecida.

REFERÊNCIAS:

BOMENY, Helena et alii. Tempos Modernos, Tempos de Sociologia. 2.ed. São Paulo, Editora do Brasil, 2013.

BRASIL ESCOLA – UOL. Independência dos Estados Unidos. Disponível em: < https://brasilescola.uol.com.br/historiag/independencia-estados-unidos.htm > Acesso em 03/04/2021.

GONZAGA, Luiz. Último Pau de Arara. Disponível em: <  https://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/ultimo-pau-de-arara.html > Acesso em 13 de abril de 2021.

MACHADO, Igor José de Renó et alii. Sociologia Hoje. São Paulo, Ática, 2014.

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Disponibilizado pela Universidade Federal da Grande Dourados em parceria com a Lê Livros em: < https://cs.ufgd.edu.br/download/Vidas%20Secas%20-%20Graciliano%20Ramos.pdf > Acesso em 13/04/2021.

SILVA, Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. (Manual do Professor) 2.ed. São Paulo, Moderna, 2017.

WIKIPÉDIA. Pau de Arara. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Pau_de_arara_(transporte) > Acesso em 13/04/2021.

WIKIPÉDIA. Vidas Secas. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Vidas_Secas > Acesso em 13/04/2021.

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