domingo, 25 de abril de 2021

AULA ZOOM 12 DE FILOSOFIA 2021 – SEGUNDOS ANOS: FILOSOFIA MODERNA – EMPIRISMO: OBSERVAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO (Professor José Antônio Brazão.)

 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE GOIÁS

COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA

COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS

ENSINO MÉDIO – SEGUNDO ANO

FILOSOFIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

AULA ZOOM 12 DE FILOSOFIA – SEGUNDOS ANOS:

Obs.: Na segunda aula: concluir introdução e adentrar no estudo de Descartes.

TEORIA DO CONHECIMENTO

FILOSOFIA MODERNA – EMPIRISMO: OBSERVAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO  (Professor José Antônio Brazão.)

PARTE 1:

A palavra “empirismo” vem do termo empeiria ou empiria, que, no grego, significa experiência. Esta refere-se ao contato direto com o mundo por intermédio dos cinco sentidos – olfato, tato, paladar, visão e audição. Os cinco sentidos fornecem para a mente informações as mais diversas, tais como cheiros, sensações táteis (dureza, aspereza, suavidade, calor, etc.), sabores diferentes, sons de vozes, de músicas, dentre outras sensações. A partir daí, de acordo com os empiristas, a mente trabalha as informações recebidas pelos sentidos, forma ideias e elabora conhecimento acerca da realidade. Portanto, para os empiristas não existem quaisquer ideias inatas, como acreditava Descartes.

PALADAR (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://en.wikipedia.org/wiki/Food#/media/File:Good_Food_Display_-_NCI_Visuals_Online.jpg

TATO (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://en.wikipedia.org/wiki/Somatosensory_system#/media/File:Tactile_markings_stairs_for_visually_impaired.jpg

OLFATO (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Flor#/media/Ficheiro:Bluete-Schema.svg

https://pt.wikipedia.org/wiki/Perfume#/media/Ficheiro:Perfumes.jpg

AUDIÇÃO (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Audi%C3%A7%C3%A3o

VISÃO (clique no link e observe, depois vá passando as imagens):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Natureza#/media/Ficheiro:Top_of_Atmosphere.jpg

https://es.wikipedia.org/wiki/Universo#/media/Archivo:NASA-HS201427a-HubbleUltraDeepField2014-20140603.jpg

No mundo moderno, o empirismo corre passo a passo com as descobertas científicas, que fizeram grande uso da observação, da experimentação e do contínuo trabalho da razão, elaborando e reelaborando ideias, tirando conclusões e construindo novas teorias. A observação, aliada à experimentação, foi fundamental para as descobertas de Copérnico, Galileu Galilei, Johannes Kepler, Isaac Newton, os desenhos anatômicos e de engenharia de Leonardo da Vinci, dentre outros. A verdade não é fruto de ideias inatas, mas de todo um trabalho da razão com base nos materiais fornecidos pelos sentidos: sensações, formas, cheiros, cores, etc. (ver imagens acima.)

IMAGENS (Ciência Moderna, no Google Imagens):

https://www.google.com/search?q=ci%C3%AAncia+moderna&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwilso7x6ZnwAhUvppUCHdc9BJEQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597  

IMAGENS (Descobertas de Isaac Newton, no Google Imagens):

https://www.google.com/search?q=descobertas+de+isaac+newton&tbm=isch&ved=2ahUKEwj80M7z6ZnwAhWTqJUCHT0vA8MQ2-cCegQIABAA&oq=descobertas+de+newton&gs_lcp=CgNpbWcQARgAMgYIABAIEB4yBAgAEBgyBAgAEBg6AggAOgYIABAFEB46BQgAELEDOggIABCxAxCDAToECAAQQzoHCAAQsQMQQzoECAAQHlD1pgpYpewKYMyEC2gCcAB4BIAB4wKIAaslkgEIMC4yNS4yLjGYAQCgAQGqAQtnd3Mtd2l6LWltZ7ABAMABAQ&sclient=img&ei=WZqFYLzALJPR1sQPvd6MmAw&bih=597&biw=1242

À observação e à experimentação, Galileu Galilei soube aliar a matemática, a ponto de vir a dizer que os caracteres nos quais o universo está escrito são círculos, triângulos e outras figuras matemáticas, geométricas, além de números. Os números permitem calcular distâncias, ângulos, posições de objetos e astros, a velocidade, dentre outros cálculos fundamentais às ciências, possibilitando embasar rigorosamente as descobertas feitas. Para calcular distâncias é também preciso o uso da visão, que permite ver o quanto um corpo dista de outro.

Além disto, o uso de instrumentos no trabalho empírico. Os instrumentos, com efeito, são uma extensão dos sentidos e do próprio corpo, permitindo a este realizar tarefas que sozinho não conseguiria, como, por exemplo, usando o telescópio, ver crateras na Lua e luas em Júpiter. A posição dos astros nos céus, naquele tempo, teve o auxílio de instrumentos como o astrolábio, o sextante e a bússola. Nos cálculos e no trabalho de chegada de conclusões, a razão atua a todo momento, passo a passo com a observação e a experimentação.  

Dentre os principais filósofos empiristas modernos destacam-se Francis Bacon, John Locke e David Hume. Para Francis Bacon (1561 – 1626), a experiência é um traço fundamental do conhecimento humano e da pesquisa científica. Homem muito culto e grande escritor, escreveu, dentre outros, o livro Nova Atlântida, no qual fala de uma sociedade ideal, que cultivaria a paz, a concórdia e a boa convivência, caracterizada pela busca constante de aprimoramento, de crescimento  educacional e tecnológico, fruto da pesquisa e do empenho de cada um no aprendizado do mundo circundante, da natureza e do universo.

IMAGENS (Francis Bancon, Wikipédia):

http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon_(fil%C3%B3sofo) (Principal)

Conjunto 1 de slides:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon#/media/Ficheiro:Francis_Bacon,_Viscount_St_Alban_from_NPG_(2).jpg

Conjunto 2 de slides:

https://de.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon#/media/Datei:Somer_Francis_Bacon.jpg

Conjunto 3 de slides:

https://en.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon#/media/File:Somer_Francis_Bacon.jpg

Bacon dava grande importância ao estudo da natureza e à busca de compreensão das leis que a regem, sendo, para ele, de grande valor a experiência. É curioso perceber que, ainda que fuja do idealismo platônico, sofre influência de Platão no que concerne à sua sociedade ideal, para Bacon dedicada ao progresso das ciências e da humanidade. Bacon escreveu também o Novo Órganon, um livro em que apresenta claramente sua tendência empirista e que procura adequar o pensamento lógico aos tempos modernos em que ele estava vivendo e, enquanto filósofo, empenhando-se por compreender e dar sua contribuição. O nome desta obra faz referência ao Órganon do filósofo grego Aristóteles (séc. IV a.C.), no qual este descreve e expõe sua lógica formal. Bacon procura fugir da rigidez dos raciocínios da lógica formal e dá uma ênfase especial ao uso do raciocínio indutivo, isto é, um tipo de raciocínio que vai das observações ou informações particulares e, do conjunto delas, tira uma conclusão geral, que sirva de lei comum a elas. O raciocínio indutivo não tem a rigidez do raciocínio dedutivo, que aparece no Órganon. A dedução vai da lei geral ao particular. O particular participa, necessariamente, do geral. No raciocínio indutivo não há essa rigidez extrema, tendo em vista que não é possível, muitas vezes, partir de todos os casos particulares, mas de muitos deles, para se chegar a uma conclusão ou lei geral. O raciocínio indutivo é muito valioso no campo das ciências, que, partindo da observação e do estudo de casos particulares observáveis na natureza e/ou em laboratório, tira conclusões ou leis gerais. Bacon não desmerece o raciocínio dedutivo, mas para a ciência o indutivo é de grande utilidade, valor e significado.

PARTE 2:

Para John Locke (1632-1704), filósofo inglês, não existem ideias inatas, como acreditava Descartes. As ideias são fruto daquilo que é captado pelos sentidos. Para ele, a mente é como um papel em branco (tabula rasa, expressão em latim usada por Locke), no qual nada está escrito inicialmente, ou seja, no qual não há idéias pre-existentes ao nascimento. As informações vão sendo colocadas (“escritas”) na mente a partir do contato com o mundo ao redor, por meio dos cinco sentidos. A respeito disto, a Encarta comenta: “Seu pensamento filosófico, desenvolvido em Ensaio sobre o entendimento humano (1690), destacou o papel dos sentidos na busca do conhecimento. Locke afirmava que a mente, no momento do nascimento, é como uma folha em branco sobre a qual a experiência imprime o conhecimento.” (Enciclopédia Microsoft® Encarta®. © 1993-2001 Microsoft Corporation.).

Para Locke existem dois tipos de ideias, surgidas a partir com contato empírico com o mundo: as ideias simples e as ideias compostas. Ideias simples são ideias que se referem a um ser específico, particular, como, por exemplo, cavalo. Cavalo, na mente humana, refere-se a um animal concretamente existente na natureza, perceptível pela visão e por outros sentidos, como o tato – pode-se, de fato, tocar um cavalo. As ideias compostas, por sua vez, como o próprio nome diz, resultam da composição de uma ou mais ideias simples, como, por exemplo, minotauro: um ser da mitologia grega que tinha corpo humano e cabeça de touro e que vivia num labirinto. Na ideia de minotauro fundem-se as ideias  simples de homem e de touro, formando uma ideia composta.

A partir das ideias, tanto simples quanto compostas, surgidas do contato empírico com o mundo, o conhecimento humano é elaborado. Curiosamente, Locke conhecia os textos de Newton e, juntamente com ele e Robert Boyle, foram “membros fundadores e iniciais da Sociedade Real Inglesa [English Royal Society]” (http://plato.stanford.edu/entries/locke/ ) , dedicada a estudos e discussões no campo das ciências. Como se pode ver, as conclusões a que Locke chega a respeito do conhecimento humano, defendendo como base primeira deste a experiência sensorial, são fruto também de estudos científicos de seu tempo, os quais aliavam, como foi acima dito, a observação, a experimentação, a matemática e o uso dos instrumentos, aliados ao trabalho da razão, que compõe e recompõe continuamente ideias a respeito do mundo, com base no material enviado à mente pelos sentidos humanos. Aqui pode-se ver claramente o quanto filosofia e ciência vão andar juntas.

Mas como é possível elaborar leis universais com base na experiência sensorial, sendo que esta é imediata, direta e cujos objetos percebidos, captados, estão em constante fluxo? Outro filósofo, um escocês, chamado David Hume (1711-1776), buscou a resposta para essa questão e concluiu, em seu livro Investigação sobre o entendimento humano, de 1748, que o que possibilita a elaboração de leis universais, científicas, como as leis de Newton e outra, é o HÁBITO. De tanto perceber as coisas ocorrendo sempre da mesma maneira na natureza, uma vez, duas vezes, três, repetidamente, de forma habitual, cotidiana, os seres humanos aprenderam a formular leis naturais gerais, acreditando que os fenômenos naturais que ocorrem hoje, neste momento, ocorreram no passado e ocorrerão no futuro. No entanto, o hábito não fornece certezas absolutas. Pode haver a possibilidade que amanhã um fenômeno ocorra de outra forma, no entanto o hábito nos faz acreditar que ocorrerá como foi hoje e como foi ontem. O conhecimento humano, incluindo-se nele o conhecimento científico, é fruto do hábito, sendo as experiências sensoriais repetidas, sem dúvida, fundamentais.

David Hume renega a metafísica idealista, a qual trabalha com puros entes ideais, sendo uma de suas bases a crença nas ideias inatas, lidando, portanto, puramente com conceitos abstratos. Ao desprezar o trabalho da experiência e ao colocar como engano aquilo que é fornecido pelos sentidos, a metafísica cai em ilusões, servindo suas conclusões para uma única coisa: que sejam postas no fogo, como Hume conclui ao final da Investigação, supracitada.  

Das pesquisas e dos estudos dos empiristas é importante ressaltar o valor da experiência. O uso da experiência para o conhecimento do mundo tem sua base primária no dia a dia, no qual os sentidos são aplicados, a todo momento, na percepção do mundo e na extração de conclusões sobre os fenômenos que nele aparecem. No campo da ciência, o uso da experiência vai além do que dá o dia a dia. Se tem esta como ponto de partida, a ciência usa instrumentos variados que permitem ampliar o uso e a percepção daqueles sentidos e de partes do corpo humano. Alguns exemplos: o microscópio possibilita a observação de seres minúsculos e de características ínfimas na matéria, para além do que conseguem ver os olhos sozinhos; o telescópio estende a visão para longas distâncias do universo; o laser torna possível fazer furos e cortes pequeninos na matéria, que não seriam possíveis pelas mãos sozinhas; o béquer torna possível misturar líquidos que, juntos ou separados, não poderiam ser contidos pelas mãos ou que poderiam fazer sério mal a estas; etc.

Para mais informações, consulte:

Enciclopédia Microsoft® Encarta®. © 1993-2001 Microsoft Corporation.

http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Locke

http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Hume

http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon_(fil%C3%B3sofo)

Em inglês:

http://plato.stanford.edu/entries/locke/

http://plato.stanford.edu/entries/hume/

http://oregonstate.edu/instruct/phl302/texts/bacon/atlantis.html

 

REFERÊNCIAS BÁSICAS:

ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS, Maria H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.

WIKIPÉDIA. Verbetes: . Disponíveis em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 05 de abril de 2021.

YOUTUBE. Como eram feitos os manuscritos medievais. Disponível em: <

https://www.youtube.com/watch?v=6lT2cSIl9Ek > Acesso em 14 de março de 2021.

YOUTUBE. Iluminuras Medievais. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=9GotZ1M-ug4 > Acesso em 14 de março de 2021.

*OBSERVAÇÃO: Comparar o medieval com o moderno.

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