terça-feira, 15 de setembro de 2020

ARISTÓTELES DE ESTAGIRA - AULA ZOOM DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA - PRIMEIROS ANOS DO ENSINO MÉDIO CEDJA 2020 (Prof. José Antônio Brazão.)

 

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE GOIÁS

COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA

COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS

ENSINO MÉDIO – PRIMEIROS ANOS

FILOSOFIA E SOCIOLOGIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

AULA DE 16 DE SETEMBRO DE 2020.

ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (Prof. José Antônio Brazão. )

Aristóteles viveu no século IV antes de Cristo (a.C.), foi filósofo, cientista, pesquisador, homem culto. Filho de Nicômaco, médico do rei macedônico.  ou seja, conviveu com o rei e os nobres. Em sua juventude, foi estudar com Platão (plato, grego, o “de ombros largos”, mesma raiz de omoplata [escápula], apelido de Arístocles, nome um pouco parecido com o de Aristóteles, mas que não é este). A escola de Platão era chamada de ACADEMIA (em homenagem a um herói chamado Academus).

Mas o que tem haver o pensamento de Aristóteles e o de Platão conosco, ainda hoje? Para que estudá-los? Tratando de Aristóteles, tocar-se-á, aqui e ali, no pensamento de Platão. Para começar, aproveitemos o nome da escola de Platão, ainda HOJE, muito presente na sociedade ocidental (sociedade influenciada muito pela cultura europeia e que fica, em boa parte, a Oeste do mundo) e, dentro desta, no Brasil. Fala-se, hoje, de: ACADEMIA DE LETRAS, ACADEMIA DE GINÁSTICA, ACADEMIA DE POLÍCIA, ACADEMIA DE MÚSICA, entre outras muitas academias! Usa-se, inclusive, o termo ACADÊMICOS para se referir aos estudantes de faculdades e universidades! Tem até escola de samba, em São Paulo, que se chama ACADÊMICOS DO TATUAPÉ!

Um dos maiores filósofos da antigüidade. Em sua juventude foi discípulo de Platão, em Atenas, na Academia. Em razão de seu interesse pelos estudos e pela leitura assídua, Platão apelidou-o "O Leitor". Após a morte de seu mestre, Aristóteles tentou ocupar a vaga de diretor da Academia, porém perdeu-a para Espeusipo, sobrinho de Platão. Viajou por vários lugares. Casou-se, enviuvou e tornou-se a casar-se tempos depois. Foi tutor de Alexandre Magno, filho do rei Filipe, na Macedônia. De retorno a Atenas, fundou uma escola filosófica à qual deu o nome de LICEU, em honra ao deus Apolo Lício. Apolo é o deus do Sol, da luz. Os discípulos de Aristóteles eram conhecidos como peripatéticos, isto é, "passeadores", em razão de terem aulas passeando pelos jardins do Liceu. Vejam: Goiânia tem uma escola pública chamada LICEU, em homenagem ao Liceu de Aristóteles.

Boa parte de sua vida Aristóteles passou-a em Atenas, dedicando-se ao ensino. Quando Alexandre morreu e os gregos começaram a se rebelar contra o domínio macedônico, Aristóteles fugiu para a ilha de Cálcis, onde havia terras por ele herdadas, evitando que fosse julgado e preso, como o fôra antes dele Sócrates. Tempos depois, veio a falecer ali. Algumas obras de Aristóteles: Política, Metafísica, Física, Órganon, dentre outras, tratando de assuntos os mais diversos. Aristóteles opõe-se à teoria das Idéias, de Platão, não acreditando na existência de formas eternas pré-existentes em um mundo hiperfísico (Mundo das Idéias ou Inteligível). Para ele, as idéias são formadas a partir da ligação estabelecida na mente entre as informações fornecidas pelos cinco sentidos. Nada há na mente que antes não tenha passado pelos sentidos. Aprender, portanto, não é lembrar. Aprender demanda percepção do mundo e apreensão de conteúdos através dos sentidos, particularmente o da visão e da audição. O aprendizado, para Aristóteles, deve ser algo sistemático, ordenado, supõe memorização e compreensão, não uma reminiscência de algo que a alma já tenha contemplado em outro mundo.

No âmbito da física, Aristóteles interessou-se pela compreensão do movimento. De acordo com ele, o movimento seria a passagem da potência ao ato, isto é, da possibilidade de vir a ser para a realização em ato do ser. Por exemplo: uma semente seria uma árvore em potência, pois carrega consigo a possibilidade de vir a ser uma árvore, necessitando, para tanto, de solo adequado e de água. A árvore seria, por sua vez, a realização da potência existente na semente.

ARISTÓTELES (Prof. José Antônio Brazão.)

Em Atenas, uma nova escola Platão fundou

Da filosofia e das verdadeiras ciências o conhecimento

Nova maneira de encarar se disseminou,

Abrindo de grandes discípulos, por séculos, o entendimento.

 

Destacando-se entre todos, na Academia, entre eles,

Um macedônico discípulo apareceu,

Nobre intelectual, filho de médico da corte, Aristóteles,

O Leitor por Platão apelidado, o nome era seu.

 

Tendo muito lido e por imenso empenho se destacando,

Aristóteles homem extremamente culto se tornou,

Do mestre Platão, um mundo das Ideias não aceitando,

Nem ideais, uma filosofia muito própria fundou.

 

Em seus livros, condensou-se o aristotélico conhecimento:

Política, Ética, Física, Metafísica, do mundo e da natureza,

Pois por muitos temas  interessou-se seu filosófico pensamento

E sobre todos eles escreveu e, no Liceu, ensinou com saber e destreza.

 

Ideias grandes teve o estagirita,

Por estudos muitos contidas no pensamento,

Do mundo seria mais rica pepita,

De aurífera grandeza, o conhecimento.

 

Sabendo de Empédocles as sentenças,

Aristóteles concordou que por quatro elementares

Princípios são feitas as coisas terrenas:

Terra, água, ar e fogo, esteios basilares.

 

Conforme reflexões do agrigentino,

Arqués unidas por força do Amor

E desarticuladas pelo Ódio,

Um unificador, o outro desagregador.

 

Para dar à linguagem fundamentação,

Criou Aristóteles o raciocínio silogismo:

De duas premissas tirando a conclusão,

Na lei geral o caso particular necessaríssimo.

 

Do que são os céus feitos,

Perguntava-se o peripatético,

De modo a serem tão perfeitos,

Senão do éter puro, arquetípico?

 

Do aristotélico éter a tese, há tempos, descartada,

Hoje, de cósmicas ondas gravitacionais o requinte,

Na união espaço-tempo, a hipótese comprovada

De um germânico cientista do século vinte.

 

Mas para Aristóteles e seu tempo um universo geocêntrico

Era, por conta do senso comum, uma imensa certeza,

Composto de planetares círculos concêntricos,

De cósmica harmonia e extrema beleza.

 

Sobre a queda dos graves corpos refletindo

Na sublunar, terrena, realidade,

O mais pesado ao chão primeiro acaba indo

Eis algo do que cria ser a mais pura verdade.

 

Matutando da ética o humano destino,

Acerca do que seria a virtude

Concluiu ser esta do meio o caminho,

Como a temperança, no correto alimentar atitude.

 

 

A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE ARISTÓTELES: (Prof. José Antônio Brazão.)

Do movimento Aristóteles

Ao estudo se lança.

Movimentos são devires:

Transformação, deslocamento, mudança.

 

Movimento é passagem

Da potência ao ato

Nele há fatores que agem

Até tornar-se um fato.

 

Potência é possibilidade

Que tudo tem de vir a ser.

Ato é o tornar realidade,

Fazendo a potência acontecer.

 

Quatro causas fundamentais

Fazem o movimento dos seres no plano terrenal,

Provocando-lhes mudanças essenciais.

São elas material, formal, eficiente e final.

 

Material é a matéria de um ser,

Formal é a forma dada por homem ou natureza,

Eficiente é aquela que faz acontecer,

Final é a razão, o objetivo de toda essa proeza.

 

Uma estátua feita de pedra

Tem nesta sua causa material,

Tendo o escultor na mente a forma,

Sendo ele causa eficiente visando a causa final.

 

Árvore é feita de matéria da terra,

Sua forma, internalizada na semente,

Teve nas condições naturais causa eficiente,

Tornar-se frondosa e/ou frutífera seu fim inerente.

 

No caso da natureza,

A forma contida na semente foi a maneira

Que ela encontrou, com fineza,

Para distinguir jequitibá de pitangueira.

 

A madeira-matéria do carvalho

É transformada na forma de mesa

Na mente do marceneiro, cujo eficiente trabalho

Tem por uma causa final o altar da igreja.

 

Mais causas finais a mesa poderia ter:

Numa bela sala de jantar vir a servir,

Em salas com professor e estudantes a debater

Ou suporte para vasos de plantas a florir.

 

Outras matérias podem a mesa compor:

Metal, pedra, plástico, outras e até vidro.

Conforme deseje o fator

Que venha a tê-la feito e polido.

 

A forma de mesa pode ser

Quadrada, retangular, circular, oval

Da básica geometria o saber

Matemático fundamental.

 

A eficiência do trabalho de quem faz

Transporá a forma na matéria

Conforme o fim-objetivo sagaz,

Tornando-a sólida e não etérea.

 

A eficiência da chuva na natureza,

Faz a semente brotar e crescer com fulgor,

Caindo na terra, faz despontar a beleza

Que tem do pé de maracujá a flor.

 

No geocêntrico universo, no mundo sublunar,

As quatro causas do movimento,

Ao tudo, aqui, pôr em devir, modificar,

Expõem sua força e seu acento.

 

Devir de que falava o efésio Heráclito:

Tudo em movimento se encontra,

Como a imagem de bélico conflito

Que a reis com seus súditos remonta.

 

Chauí as quatro causas analisando,

Descobriu não terem o mesmo valor,

Aristóteles, as hierarquizando,

Relações sociais a nelas transpor.

 

Menos é a eficiente valiosa,

Junto com a causa material,

Sendo a formal prestigiosa

Junto com a causa final.

 

Material e eficiente causas

São ao corpo externas,

Formal e final, frutos de mentais pausas,

São ao humano intelecto internas.

 

Na antiga Grécia escravista,

Havia senhores com muitos escravos

A realizar os afazeres da vida

Tirando daqueles desta os agravos.

 

Senhores podiam dedicar-se à política,

A assistências às tragédias e comédias do teatro,

Intelectuais à filosofia, à poesia e à escrita.

E certos políticos? Em estátuas, seu retrato.

 

Nas atividades técnicas e de fabricação

Senhores e filhos não iam se aventurar:

Eram de escravos e cidadãos de baixa condição.

Mas no governo e na teoria tempo tinham para adentrar.

 

Por milênios, melhor explicação do mundo representou,

No Ocidente, a das quatro causas teoria.

No entender da sublunar realidade perdurou,

Na filosofia, na física e na ciência.

 

No geocêntrico mundo aristotélico

Dois mundos havia: o supralunar,

Dos astros, claro e belo, etérico,

E a Terra, no centro, sublunar.

 

O éter é pura e cristalina substância,

A preencher as formas e a composição

Da Lua, de planetas e estrelas a essência,

Incapazes de sofrer falhas ou imperfeição.

 

Do geocêntrico do mundo sistema

Platão e Eudoxo já tinham dado conta,

Mas foi o aristotélico esquema

Que marcou pensadores e até poetas de ponta.

 

Aprimorado foi por Cláudio Ptolomeu,

A mostrar a cêntrica Terra e sua redondeza,

No Almagesto, por finos cálculos que conheceu

De Euclides e matemáticos de esperteza.

 

De Dante a Comédia Divina,

A ir do Inferno profundo aos céus fecundos,

Aos portugueses, de Camões, que Tétis ensina,

Ao ir da celestial  realidade ao terreno mundo.

 

Com a moderna natural filosofia,

De Copérnico a Isaac Newton,

Que novas leis da natura descobriria,

A teoria das quatro causas perdeu o tom.

 

Aristóteles, sem dúvida,

Foi brilhante filósofo e cientista,

Deixando rica herança legada

Para o mundo à plena vista.

 

 

REFERÊNCIAS SIMPLES:

 

CHAUÍ, Marilena. O que é Ideologia? 2.ed. São Paulo, Brasiliense, 2008. (Primeiros Passos, 13.)

 

Livros didáticos: (1) Filosofando: Introdução à Filosofia. (Martins e Arruda) (2) Convite à Filosofia. (M. Chauí). (3) Iniciação à Filosofia. (M. Chauí). (4) SOCIOLOGIA EM MOVIMENTO (Afrânio Silva e outros).

Diálogo interdisciplinar: Filosofia, Sociologia e História.

 

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