SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE GOIÁS
COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE
GOIÂNIA
COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS
ENSINO MÉDIO –
PRIMEIROS ANOS
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA – PROF. JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.
AULA DE 16 DE SETEMBRO DE 2020.
ARISTÓTELES DE
ESTAGIRA (Prof. José Antônio Brazão. )
Aristóteles
viveu no século IV antes de Cristo (a.C.), foi filósofo, cientista,
pesquisador, homem culto. Filho de Nicômaco, médico do rei macedônico. ou seja, conviveu com o rei e os nobres. Em
sua juventude, foi estudar com Platão (plato,
grego, o “de ombros largos”, mesma raiz de omoplata [escápula], apelido de
Arístocles, nome um pouco parecido com o de Aristóteles, mas que não é este). A
escola de Platão era chamada de ACADEMIA (em homenagem a um herói chamado
Academus).
Mas
o que tem haver o pensamento de Aristóteles e o de Platão conosco, ainda hoje?
Para que estudá-los? Tratando de Aristóteles, tocar-se-á, aqui e ali, no
pensamento de Platão. Para começar, aproveitemos o nome da escola de Platão,
ainda HOJE, muito presente na sociedade ocidental (sociedade influenciada muito
pela cultura europeia e que fica, em boa parte, a Oeste do mundo) e, dentro
desta, no Brasil. Fala-se, hoje, de: ACADEMIA DE LETRAS, ACADEMIA DE GINÁSTICA,
ACADEMIA DE POLÍCIA, ACADEMIA DE MÚSICA, entre outras muitas academias! Usa-se,
inclusive, o termo ACADÊMICOS para se referir aos estudantes de faculdades e
universidades! Tem até escola de samba, em São Paulo, que se chama ACADÊMICOS
DO TATUAPÉ!
Um
dos maiores filósofos da antigüidade. Em sua juventude foi discípulo de Platão,
em Atenas, na Academia. Em razão de seu interesse pelos estudos e pela leitura
assídua, Platão apelidou-o "O Leitor". Após a morte de seu mestre,
Aristóteles tentou ocupar a vaga de diretor da Academia, porém perdeu-a para
Espeusipo, sobrinho de Platão. Viajou por vários lugares. Casou-se, enviuvou e
tornou-se a casar-se tempos depois. Foi tutor de Alexandre Magno, filho do rei
Filipe, na Macedônia. De retorno a Atenas, fundou uma escola filosófica à qual
deu o nome de LICEU, em honra ao deus Apolo Lício. Apolo é o deus do Sol, da
luz. Os discípulos de Aristóteles eram conhecidos como peripatéticos, isto é,
"passeadores", em razão de terem aulas passeando pelos jardins do
Liceu. Vejam:
Goiânia tem uma escola pública chamada LICEU, em homenagem ao Liceu de
Aristóteles.
Boa
parte de sua vida Aristóteles passou-a em Atenas, dedicando-se ao ensino.
Quando Alexandre morreu e os gregos começaram a se rebelar contra o domínio
macedônico, Aristóteles fugiu para a ilha de Cálcis, onde havia terras por ele
herdadas, evitando que fosse julgado e preso, como o fôra antes dele Sócrates.
Tempos depois, veio a falecer ali. Algumas obras de Aristóteles: Política,
Metafísica, Física, Órganon, dentre outras, tratando de assuntos os mais
diversos. Aristóteles opõe-se à teoria das Idéias, de Platão, não acreditando
na existência de formas eternas pré-existentes em um mundo hiperfísico (Mundo
das Idéias ou Inteligível). Para ele, as idéias são formadas a partir da
ligação estabelecida na mente entre as informações fornecidas pelos cinco
sentidos. Nada há na mente que antes não tenha passado pelos sentidos.
Aprender, portanto, não é lembrar. Aprender demanda percepção do mundo e
apreensão de conteúdos através dos sentidos, particularmente o da visão e da
audição. O aprendizado, para Aristóteles, deve ser algo sistemático, ordenado,
supõe memorização e compreensão, não uma reminiscência de algo que a alma já
tenha contemplado em outro mundo.
No
âmbito da física, Aristóteles interessou-se pela compreensão do movimento. De
acordo com ele, o movimento seria a passagem da potência ao ato, isto é, da
possibilidade de vir a ser para a realização em ato do ser. Por exemplo: uma
semente seria uma árvore em potência, pois carrega consigo a possibilidade de
vir a ser uma árvore, necessitando, para tanto, de solo adequado e de água. A
árvore seria, por sua vez, a realização da potência existente na semente.
ARISTÓTELES (Prof. José
Antônio Brazão.)
Em
Atenas, uma nova escola Platão fundou
Da filosofia
e das verdadeiras ciências o conhecimento
Nova
maneira de encarar se disseminou,
Abrindo
de grandes discípulos, por séculos, o entendimento.
Destacando-se
entre todos, na Academia, entre eles,
Um
macedônico discípulo apareceu,
Nobre
intelectual, filho de médico da corte, Aristóteles,
O
Leitor por Platão apelidado, o nome era seu.
Tendo
muito lido e por imenso empenho se destacando,
Aristóteles
homem extremamente culto se tornou,
Do
mestre Platão, um mundo das Ideias não aceitando,
Nem
ideais, uma filosofia muito própria fundou.
Em
seus livros, condensou-se o aristotélico conhecimento:
Política, Ética, Física, Metafísica, do mundo e da natureza,
Pois
por muitos temas interessou-se seu
filosófico pensamento
E
sobre todos eles escreveu e, no Liceu, ensinou com saber e destreza.
Ideias
grandes teve o estagirita,
Por
estudos muitos contidas no pensamento,
Do
mundo seria mais rica pepita,
De
aurífera grandeza, o conhecimento.
Sabendo
de Empédocles as sentenças,
Aristóteles
concordou que por quatro elementares
Princípios
são feitas as coisas terrenas:
Terra,
água, ar e fogo, esteios basilares.
Conforme
reflexões do agrigentino,
Arqués
unidas por força do Amor
E
desarticuladas pelo Ódio,
Um
unificador, o outro desagregador.
Para
dar à linguagem fundamentação,
Criou
Aristóteles o raciocínio silogismo:
De
duas premissas tirando a conclusão,
Na
lei geral o caso particular necessaríssimo.
Do
que são os céus feitos,
Perguntava-se
o peripatético,
De
modo a serem tão perfeitos,
Senão
do éter puro, arquetípico?
Do
aristotélico éter a tese, há tempos, descartada,
Hoje,
de cósmicas ondas gravitacionais o requinte,
Na
união espaço-tempo, a hipótese comprovada
De
um germânico cientista do século vinte.
Mas
para Aristóteles e seu tempo um universo geocêntrico
Era,
por conta do senso comum, uma imensa certeza,
Composto
de planetares círculos concêntricos,
De
cósmica harmonia e extrema beleza.
Sobre
a queda dos graves corpos refletindo
Na
sublunar, terrena, realidade,
O
mais pesado ao chão primeiro acaba indo
Eis
algo do que cria ser a mais pura verdade.
Matutando
da ética o humano destino,
Acerca
do que seria a virtude
Concluiu
ser esta do meio o caminho,
Como
a temperança, no correto alimentar atitude.
A
TEORIA DAS QUATRO CAUSAS DE ARISTÓTELES: (Prof.
José Antônio Brazão.)
Do
movimento Aristóteles
Ao
estudo se lança.
Movimentos
são devires:
Transformação,
deslocamento, mudança.
Movimento
é passagem
Da
potência ao ato
Nele
há fatores que agem
Até
tornar-se um fato.
Potência
é possibilidade
Que
tudo tem de vir a ser.
Ato
é o tornar realidade,
Fazendo
a potência acontecer.
Quatro
causas fundamentais
Fazem
o movimento dos seres no plano terrenal,
Provocando-lhes
mudanças essenciais.
São
elas material, formal, eficiente e final.
Material
é a matéria de um ser,
Formal
é a forma dada por homem ou natureza,
Eficiente
é aquela que faz acontecer,
Final
é a razão, o objetivo de toda essa proeza.
Uma
estátua feita de pedra
Tem
nesta sua causa material,
Tendo
o escultor na mente a forma,
Sendo
ele causa eficiente visando a causa final.
Árvore
é feita de matéria da terra,
Sua
forma, internalizada na semente,
Teve
nas condições naturais causa eficiente,
Tornar-se
frondosa e/ou frutífera seu fim inerente.
No
caso da natureza,
A
forma contida na semente foi a maneira
Que
ela encontrou, com fineza,
Para
distinguir jequitibá de pitangueira.
A
madeira-matéria do carvalho
É
transformada na forma de mesa
Na
mente do marceneiro, cujo eficiente trabalho
Tem
por uma causa final o altar da igreja.
Mais
causas finais a mesa poderia ter:
Numa
bela sala de jantar vir a servir,
Em
salas com professor e estudantes a debater
Ou
suporte para vasos de plantas a florir.
Outras
matérias podem a mesa compor:
Metal,
pedra, plástico, outras e até vidro.
Conforme
deseje o fator
Que
venha a tê-la feito e polido.
A
forma de mesa pode ser
Quadrada,
retangular, circular, oval
Da
básica geometria o saber
Matemático
fundamental.
A
eficiência do trabalho de quem faz
Transporá
a forma na matéria
Conforme
o fim-objetivo sagaz,
Tornando-a
sólida e não etérea.
A
eficiência da chuva na natureza,
Faz
a semente brotar e crescer com fulgor,
Caindo
na terra, faz despontar a beleza
Que
tem do pé de maracujá a flor.
No
geocêntrico universo, no mundo sublunar,
As
quatro causas do movimento,
Ao
tudo, aqui, pôr em devir, modificar,
Expõem
sua força e seu acento.
Devir
de que falava o efésio Heráclito:
Tudo
em movimento se encontra,
Como
a imagem de bélico conflito
Que
a reis com seus súditos remonta.
Chauí
as quatro causas analisando,
Descobriu
não terem o mesmo valor,
Aristóteles,
as hierarquizando,
Relações
sociais a nelas transpor.
Menos
é a eficiente valiosa,
Junto
com a causa material,
Sendo
a formal prestigiosa
Junto
com a causa final.
Material
e eficiente causas
São
ao corpo externas,
Formal
e final, frutos de mentais pausas,
São
ao humano intelecto internas.
Na
antiga Grécia escravista,
Havia
senhores com muitos escravos
A
realizar os afazeres da vida
Tirando
daqueles desta os agravos.
Senhores
podiam dedicar-se à política,
A
assistências às tragédias e comédias do teatro,
Intelectuais
à filosofia, à poesia e à escrita.
E
certos políticos? Em estátuas, seu retrato.
Nas
atividades técnicas e de fabricação
Senhores
e filhos não iam se aventurar:
Eram
de escravos e cidadãos de baixa condição.
Mas
no governo e na teoria tempo tinham para adentrar.
Por
milênios, melhor explicação do mundo representou,
No
Ocidente, a das quatro causas teoria.
No
entender da sublunar realidade perdurou,
Na
filosofia, na física e na ciência.
No
geocêntrico mundo aristotélico
Dois
mundos havia: o supralunar,
Dos
astros, claro e belo, etérico,
E
a Terra, no centro, sublunar.
O
éter é pura e cristalina substância,
A
preencher as formas e a composição
Da
Lua, de planetas e estrelas a essência,
Incapazes
de sofrer falhas ou imperfeição.
Do
geocêntrico do mundo sistema
Platão
e Eudoxo já tinham dado conta,
Mas
foi o aristotélico esquema
Que
marcou pensadores e até poetas de ponta.
Aprimorado
foi por Cláudio Ptolomeu,
A
mostrar a cêntrica Terra e sua redondeza,
No
Almagesto, por finos cálculos que conheceu
De
Euclides e matemáticos de esperteza.
De
Dante a Comédia Divina,
A
ir do Inferno profundo aos céus fecundos,
Aos
portugueses, de Camões, que Tétis ensina,
Ao
ir da celestial realidade ao terreno
mundo.
Com
a moderna natural filosofia,
De
Copérnico a Isaac Newton,
Que
novas leis da natura descobriria,
A
teoria das quatro causas perdeu o tom.
Aristóteles,
sem dúvida,
Foi
brilhante filósofo e cientista,
Deixando
rica herança legada
Para
o mundo à plena vista.
REFERÊNCIAS
SIMPLES:
CHAUÍ,
Marilena. O que é Ideologia? 2.ed.
São Paulo, Brasiliense, 2008. (Primeiros Passos, 13.)
Livros didáticos: (1) Filosofando: Introdução à Filosofia. (Martins e Arruda) (2) Convite à Filosofia. (M. Chauí). (3) Iniciação à Filosofia. (M. Chauí). (4) SOCIOLOGIA EM MOVIMENTO (Afrânio Silva e outros).
Diálogo interdisciplinar: Filosofia, Sociologia e História.
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