quarta-feira, 5 de agosto de 2020

AULA INTRODUTÓRIA DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2020 (Prof. José Antônio Brazão.)

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE GOIÁS

COORDENAÇÃO REGIONAL METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA

COLÉGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSÉ DE ASSIS

FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

PROFESSOR JOSÉ ANTÔNIO BRAZÃO.

 

AULA INTRODUTÓRIA DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2020: 05 de agosto de 2020.                TODAS AS TURMAS

O HOMEM, O TEMPO, A HISTÓRIA E OS DESAFIOS (Prof. José Antônio Brazão.)

Neste primeiro momento, desta semana de retorno às aulas após o período de férias, quero, em nome de toda a comunidade escolar do Colégio Estadual Deputado José de Assis, acolher cada estudante, de cada turma, ao mesmo tempo com grande alegria, mas também com apreensão pelo momento em que vivemos, o de uma pandemia.

Vivemos, de fato, mais um momento em que os seres humanos se deparam com o desafio imposto por uma doença – agora, a Doença do Corona Vírus de 2019 (sigla COVID-19). Com efeito, ao longo da história, a humanidade, por diferentes vezes e em diferentes lugares, teve que se defrontar com epidemias e até mesmo epidemias: varíola, caxumba, sarampo, gripe espanhola, a doença da vaca louca, a gripe aviária e suína, etc. Na última década e nesta, a gripe H1N1 e, agora, a COVID-19.

Como um ser de constituição tão primitiva, como um vírus, pode dar tanto trabalho e impor tantos desafios?! É porque vírus e outros microrganismos são seres capazes de se multiplicar rapidamente: o problema não está só na eficácia de sua ação, mas também e, principalmente, na sua rápida multiplicação, além dos efeitos maléficos que provoca dentro do organismo humano.

Mas esse vírus não se manifestou à toa. Teve um hospedeiro inicial. Duas teorias são postas: a da carne contaminada em um mercado, numa cidade, na China e a de um escape de um laboratório através de funcionário(a) contaminado(a). A primeira é a mais comumente aceita e é a ela que aqui nos atemos, a do mercado.

O fato de ter-se tornado uma epidemia (doença local, regional) e, com poucos meses, uma pandemia (doença de alcance mundial), faz lembrar alguns fatos importantes, tanto no campo da economia quanto da história e das sociedades humanas.

Nos últimos cinco ou seis séculos, desde o desenvolvimento da bússola no Ocidente, com o astrolábio e outros instrumentos náuticos, bem como de caravelas e naus resistentes e ágeis, a singrar os mares pelo movimento dos ventos, o comércio entre as nações intensificou-se imensamente, cada vez mais, terras desconhecidas, ainda que habitadas, foram descobertas. O contato com povos, línguas, culturas e costumes os mais variados, tornou-se comum: da Europa, da Ásia, da África, das Américas e de outros cantos do mundo. A globalização foi se transformando em uma realidade. A Revolução Industrial, por volta dos séculos XVIII e XIX, impulsionou mais ainda a globalização.

Epidemias foram provocadas, entre povos a serem conquistados, no intuito de os enfraquecer e permitir deles uma melhor dominação, a submissão. Por exemplo: lançando corpos doentes moribundos, com moléstias desconhecidas, nas fontes de águas bebidas pelos inimigos ou até mesmo em seu terreno, a espalhar pelo ar, pelo beber e pelo toque (contato). Guerras biológicas! Outras epidemias ocorreram pelo ajuntamento de muita gente nas cidades e a falta de higiene, que permitiram a proliferação de ratos e outros animais transmissores de enfermidades. No mundo atual, do século XXI, pandemias, como a do H1N1 e do Corona Vírus 19, resultantes de mutações em vírus originais, tornando-os mais letais (mortíferos).

No caso do século XXI, contribuíram para a disseminação, ainda no âmbito da globalização do comércio, a invenção e a reinvenção de meios de transportes: navios a vapor, a energia, aviões comerciais, trens de ferro, transportes urbanos e interurbanos automotivos, entre outros tantos. A reação de governos mundiais para tentar conter a disseminação: fechamentos de portos, de fronteiras, de aeroportos, de estações rodoviárias e ferroviárias, terminais de ônibus coletivos, etc. O fechamento de lojas com serviços ditos não essenciais (exceto, por exemplo: supermercados, hospitais, farmácias, clínicas, entre outros). Houve um blecaute na produção industrial!

Com a COVID-19 e os fechamentos, empresas, em seu conjunto, perdendo bilhões de reais e de dólares. No mundo todo: trilhões! Com o fechamento de locais públicos de visitação, o turismo mundial tem sofrido colapso em todo o mundo: trilhões de dólares perdidos! Outra consequência: o desemprego. Não podendo atender seus clientes, por conta do fechamento obrigatório em muitos casos, para evitar falência, muitas empresas despediram boa parte de seus funcionários, empregados. Junta-se a tudo isto a corrupção, por meio do desvio de verbas que deveriam ser destinadas exclusivamente à saúde da população, um ataque profundo à ética.

Pessoas desempregadas, com medo, algumas com depressão, entre outros males, além da COVID-19 propriamente dita. A angústia de muitos. No entanto, apesar dos pesares, luzes e ações vão aparecendo, aqui e ali, em todo o mundo e, especialmente, no Brasil.

Para tentar vencer os estragos provocados pelo desemprego, governos estão oferecendo assistência social. No Brasil, por exemplo, em termos governamentais: o auxílio desemprego, o auxílio emergencial, a liberação do FGTS, a redução de direitos trabalhistas, entre outros meios. Quanto às empresas, a reinvenção dos modos de trabalhar: o trabalho remoto, em muitos casos possíveis, por meio de tecnologias da informação; a abertura parcial e limitada dos comércios; o comércio via internet (rede internacional de computadores), com as vendas e compras online; pessoas que começaram a investir em novos tipos de empregos, por conta de terem perdido os anteriores com a pandemia – por exemplo: motoristas de vans escolares, por conta do fechamento das escolas, que partiram para o campo das entregas de produtos, a venda de alimentos, etc. Restaurantes e bares, que antes eram abertos, começaram a optar pela venda do tipo pegue, pague e leve para consumir em casa ou outro lugar, ou por encomendas por meio do telefone, do whatsapp, entre outros recursos de comunicação. Pessoas comuns desempregadas fazendo o mesmo, via encomendas e entregas em casas.

Um outro ponto importante: a generosidade humana. Em muitos lugares do mundo e, particularmente, no Brasil, a generosidade humana tem sido posta em ação por muitas pessoas e instituições sociais e até econômicas, ajudando pessoas em situação precária. Ações pautadas em valores profundamente éticos!

Assim como em períodos de guerras, em períodos de pandemias, como a atual, o investimento em ciências e tecnologias, inclusive com novas invenções, tem sido posto em ação. O gasto atual com a busca de vacinas para combater o corona vírus 19 tem sido enorme, seja para salvar bilhões de pessoas, seja para salvar o mercado econômico, evitando ainda mais suas perdas, evitando um colapso econômico ainda maior em termos mundiais, fatos mencionados antes, tendo em vistas uma crise econômica mundial cujo antecedente mais conhecido talvez seja a crise financeira de 1929 (Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque). De fato, as perdas têm sido imensas, tanto de vidas quanto de riquezas! Milhares e milhares de vidas em cada país, inclusive no Brasil (nesta semana, provavelmente, inteirar-se-á o número de cem mil falecidos pela COVID-19, desde março deste 2020).

Crise biológica, crise econômica, crise social, crise humana!

Junta-se à crise biológica, a devastação do meio ambiente, que, infelizmente, ainda continua. Teve certa parada em alguns lugares, mas continua presente em outros, como, por exemplo, na floresta amazônica. Queimadas são mencionadas pelos meios de comunicação social neste tempo de secas: no cerrado, no Pantanal de Mato Grosso (queimada enorme), além de outros lugares, com perdas biológicas e biogenéticas terríveis, só recuperáveis a longo prazo.

Porém, apesar de tudo, de todo esse desafio sinais de esperança:

·        O trabalho meritório de médicas, médicos, enfermeiras, enfermeiros, além de outras tantas pessoas que trabalham nos setores de saúde, em hospitais, postos, clínicas, etc.

·        Ações de muitos governos, como vistas acima.

·        Ações sociais de igrejas e de outras instituições, inclusive empresas e indústrias.

·        A pesquisa científica, em todo o mundo e no Brasil, inclusive, por meio de parcerias em muitos casos, na busca de vacinas, testes, remédios potencializados contra o vírus, etc.

·        A ação contínua de cobrança, por meio dos meios de comunicação social, de cuidados, como o uso de máscaras, distanciamento social e uso de sabão e álcool do tipo devido, entre outros. O pedido de ficar em casa!

·        A imposição de normas de funcionamento de estabelecimentos comerciais, com os devidos cuidados.

·        A participação de muita gente, que fica em casa e toma todos os cuidados. Ora, a colaboração de todos é imprescindível neste momento. É uma questão ética, inclusive!

·        A reinvenção nos modos de trabalhar, ensinar, etc.

·        A percepção da importância e do peso do conhecimento humano e de sua busca, no intuito de evitar e combater doenças, pragas, etc.

·        Muita gente orando umas pelas outras. Ora, a oração anima, fortalece, encoraja, ajuda, sem dúvida nenhuma.

·        O entendimento de que o que se passa no momento, sendo planetário, é de toda a espécie humana! A percepção de uma dimensão de humanidade como um todo.

·        O auxílio dos meios de comunicação social e das empresas de tecnologias de comunicação, que tem sido de extrema importância na divulgação de informações, além do comércio, permitindo o contato entre pessoas, bem como a divulgação de denúncias, entre outros fatos.

·        Na Educação: novos desafios ao ensino-aprendizagem! Desafios imensos, mas que precisam ser encarados e superados com o decorrer do tempo. Secretarias de Educação, diretoras, diretores, professoras, professores, funcionárias, funcionários, estudantes, até mães e pais, que estão reinventando e descobrindo novas maneiras de aprender-ensinar-reaprender. Pessoas que toparam o desafio imposto pelo momento e o encararam sem medo.

·        Etc. Etc.

REFERÊNCIAS:

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.

SILVA, Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2016.

*Informações de telejornais (JN, Record, Band, SBT e Brasil Central).

*Rádio.

*Internet (p. ex.: Google, MSN, etc.).

COMENTÁRIO COMPLEMENTAR:

VIDA E MORTE EM TEMPOS DE COVID-19: (Prof. José Antônio Brazão.)

Estes tempos que o Brasil e toda a humanidade estão vivenciando são tempos em que a dualidade vida – morte aparece com frequência. A morte de centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil, por conta da COVID-19, e a luta pela manutenção da vida e vida saudável por toda a humanidade.

No meio dessa luta pela vida e até pela sobrevivência, os recursos da ciência e a reinvenção dos modos das pessoas se relacionarem com o mundo. Reinvenção no modo de trabalhar e até de conviver. Momento em que as descobertas que a humanidade tem feito, ao longo de milênios, são postas em ação na busca de soluções.

No que diz respeito à morte, não é possível se querer tapar o Sol com a peneira, crendo que o problema não é com o eu mas só com o outro ser humano. O eu tem que fazer sua parte para que o todo sofra menos e possa superar o desafio imposto a toda a coletividade, tanto de cada país quanto de quaisquer recantos do mundo.

Quanto ao todo, a importância do Estado tem sido posta à prova. Apesar de desvios denunciados, da corrupção, o Estado (federal, estadual, municipal) tem tido peso no combate à pandemia que aí se encontra. O ser humano, enquanto ser-no-mundo, forma coletividades regidas por leis e regras definidas pela organização estatal, em suas diferentes formas, em diferentes lugares do mundo. Até mesmo estados ditatoriais têm tido que agir.  A ação dos estados encontra-se nas leis, nas normas, nas multas e em outras tantas formas de exigir de cidadãs e cidadãos certas posturas, a fim de evitar a disseminação da pandemia. O investimento em pesquisas, na busca de vacinas, o levantamento de informações, o atendimento público de saúde (ainda que nem sempre adequado, por conta da corrupção), auxílios financeiros, normas quanto ao comércio, entre outros meios têm sido recursos fundamentais na preservação da vida de muitas pessoas, de populações inteiras.

Estes tempos têm posto também reflexões sobre a vida e seu caráter efêmero. A “vara [caniço] pensante”, de que fala Blaise Pascal, ao tratar do ser humano e de sua efemeridade, diferencia-se da matéria bruta por ser capaz de refletir, de entender e de saber de sua humana condição. Mais ainda: com o uso da razão e dos conhecimentos os seres humanos têm buscado soluções, sejam elas científicas, sejam elas econômicas, políticas ou simplesmente quotidianas.

 


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