Um desenho ou vários
pode(m) ajudar bastante no entendimento de um texto filosófico, podendo ser
utilizado como recurso de interpretação textual, juntamente com o texto
original e apontando para o conteúdo deste. Desenhos podem ajudar a melhor
entender um texto filosófico. Podem ser feitos pelo(a) professor(a) e pelos(as)
estudantes.
O texto do(a) filósofo(a) pode ser lido e estudado, parte por
parte, com a turma e, a seguir, desenhado, transformado em desenho. Isto pode
ajudar a aprofundar a compreensão do texto. Ou pode ser lido e discutido em
grupos, que farão seus respectivos desenhos do texto e exporão o que entenderam.
É claro, o(a) professor(a) pode e deve intervir, esclarecendo e aprofundando o entendimento
coletivo do texto. Pode convidar a turma a olhar os desenhos dos colegas e
debater sobre eles, fazendo uma ponte entre o texto filosófico e os desenhos. O desenho não substitui o texto original, mas pode ajudar muito em seu entendimento, juntamente com outros recursos (bons dicionários de filosofia, por exemplo; textos de intérpretes; outros).
A complexidade de um
texto filosófico pode ser melhor esclarecida com o auxílio dos desenhos e do
debate coletivo. E vale lembrar que tal complexidade, assim
como a de outras áreas do conhecimento, desafia o entendimento e põe em ação o
raciocínio e a capacidade de abstração, contribuindo para desenvolvê-los e/ou
ampliá-los! Isto é fundamental para toda a vida. Pessoas com raciocínio afiado
e boa capacidade abstrativa podem fazer muito por si e por todos, ao longo da
vida! O diálogo interdisciplinar pode ser muito útil. Por exemplo:
Trecho da Segunda
Meditação Metafísica de René Descartes (séc. XVII):
“1. A Meditação que fiz
ontem encheu-me o espírito de tantas dúvidas, que doravante não está mais em meu
alcance esquecê-las. E, no entanto, não vejo deque maneira poderia resolvê-las;
e como se de súbito tivesse caído em águas muito profundas, estou de tal modo
surpreso que não posso nem firmar meus pés no fundo, nem nadar para me manter à
tona/Esforçar-me-ei, não obstante, e seguirei novamente a mesma via que trilhei
ontem, afastando-me de tudo em que poderia imaginar a menor dúvida, da mesma
maneira como se eu soubesse que isto fosse absolutamente falso; e continuarei
sempre nesse caminho até que tenha encontrado algo de certo, ou, pelo menos, se
outra coisa não me for possível, até que tenha aprendido certamente que não há
nada no mundo de certo. 2. Arquimedes, para tirar o globo terrestre de seu lugar
e transportá-lo para outra parte, não pedia nada mais exceto um ponto que fosse
fixo e seguro. Assim, terei o direito de conceber altas esperanças, se for
bastante feliz para encontrar somente uma coisa que seja certa e indubitável. 3.
Suponho, portanto, que todas as coisas que vejo são falsas; persuado-me de que
jamais existiu de tudo quanto minha memória repleta de mentiras me representa;
penso não possuir nenhum sentido; creio que o corpo, a figura, a extensão, o movimento
e o lugar são apenas ficções de meu espírito. O que poderá, pois, ser
considerado verdadeiro? Talvez nenhuma outra coisa a não ser que nada há no mundo
de certo.” (Meditações Metafísicas,
de Descartes. Citado em: http://professorotaviolobo.blogspot.com.br/2013/03/rene-descartes-meditacoes-metafisicas.html).
Outro trecho da mesma
meditação cartesiana, referente ao eu pensante (cogito):
“Passemos, pois, aos
atributos da alma e vejamos se há alguns que existam em mim. Os primeiros são alimentar-me
e caminhar; mas, se é verdade que não possuo corpo algum, é verdade também que
não posso nem caminhar nem alimentar-me. Um outro é sentir; mas não se pode
também sentir sem o corpo; além do que, pensei sentir outrora muitas coisas, durante
o sono, as quais reconheci, ao despertar, não ter sentido efetivamente. Um
outro é pensar; e verifico aqui que o pensamento é um atributo que me pertence;
só ele não pode ser separado de mim. Eu sou, eu existo: isto é certo; mas por
quanto tempo? A saber, por todo o tempo em que eu penso; pois poderia, talvez,
ocorrer que, se eu deixasse de pensar, deixaria ao mesmo tempo de ser ou de
existir. Nada admito agora que não seja necessariamente verdadeiro: nada sou,
pois, falando precisamente, senão uma coisa que pensa, isto é, um espírito, um
entendimento ou uma razão, que são termos cuja significação me era
anteriormente desconhecida. Ora, eu sou uma coisa verdadeira e verdadeiramente
existente; mas que coisa? Já o disse: uma coisa que pensa.” (Meditações Metafísicas, de Descartes. Citado
em: http://professorotaviolobo.blogspot.com.br/2013/03/rene-descartes-meditacoes-metafisicas.html).
O texto das Meditações Metafísicas de René
Descartes, filósofo racionalista do mundo moderno (mais especificamente, séc.
XVII), é denso e bem complexo. Isto pode ser visto nos pequenos trechos
citados. Descartes queria descobrir um fundamento para o conhecimento da
verdade que não pudesse ser posto em dúvida. Com efeito, o filósofo francês faz
uso da dúvida hiperbólica e metódica, radicalizada progressivamente, a fim de
discutir verdades que são comumente aceitas pelas pessoas e até por ele
próprio. Dúvida metódica porque usa a incerteza e até uma negação do que é tido
por verdadeiro no dia a dia, tomando-a como um caminho (método, palavra advinda
do grego) para avançar no entendimento do conhecimento e de suas bases. É, ao
mesmo tempo, uma dúvida hiperbólica, pois vai-se radicalizando progressivamente,
ampliando-se, do mundo material (res extensa) até Deus, do corpo até a
matemática, e assim por diante, radicalmente.
Quando usa a dúvida,
Descartes beira a corrente cética da filosofia. Quando alcança o eu pensante (o
homem racional) e toma-o como verdade primeira, após o caminho da dúvida hiperbólica,
tomando a existência de ideias inatas (nascidas com a pessoa), como a ideia de
Deus – posta aí pelo próprio Deus e permitindo ao filósofo descobrir a verdade
da existência de Deus, a partir da qual resgatará a certeza acerca do mundo e
da matemática –, alia-se ao racionalismo, outra corrente importante dentro da
filosofia ocidental.
O desenho a seguir pode
ajudar, de um modo simples e geral, a entender o percurso das Meditações Metafísicas, de Descartes.
Sua finalidade é mostrar como desenhos podem ajudar no esclarecimento de ideias
contidas em textos filosóficos, contribuindo para que os e as estudantes do
Ensino Médio possam entende-los melhor, num diálogo de ideias com o filósofo
escritor (Descartes, neste caso), com o grupo, transformando-as em desenho(s),
com toda a turma e o(a) professor(a).
Desenho:
Um comentário:
Olá educador José, boa tarde!
Talvez eu esteja por aqui pela segunda vez trazendo um convite a você para fazer parte do Projeto Educadores Multiplicadores. O objetivo do projeto é unir e divulgar blogs de educadores.
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Abraços, fiquemos na Paz de Deus e até breve.
Irivan Rodrigues
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