sexta-feira, 24 de maio de 2013

USAR DESENHOS E HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO ENSINO DE FILOSOFIA: É POSSÍVEL? (Prof. José Antônio Brazão.)


ANÁLISE DO TEXTO “AS SOMBRAS DA VIDA”, DE MAURÍCIO DE SOUSA:

(Prof. José Antônio Brazão.)





 

LOCAL ORIGINAL DA HISTÓRIA: http://www.monica.com.br/comics/piteco/

*História em quadrinhos elaborada por Maurício de Sousa a partir do relato do Mito ou Alegoria da Caverna, de Platão, filósofo grego da passagem do séc. V à primeira metade do séc. IV a.C.

*Objetivo: introduzir ou concluir o estudo a respeito do Mito ou Alegoria da Caverna de Platão, buscando sua atualidade essencial.

*Professor(a): passar no quadro da sala de aula ou na forma de xerox as perguntas a seguir. Depois, entregar uma cópia do texto de Maurício de Sousa para cada aluno(a) ou mostrar a história na forma de slides para a turma toda.

*Leia atentamente toda a história apresentada por Maurício de Sousa.

PROPOSTA 1 DE ANÁLISE: QUESTIONÁRIO – OS E AS ESTUDANTES FAZEM. DEPOIS, COMPARTILHAM COM A TURMA – DEBATER COLETIVAMENTE:

Responda no caderno/numa folha as perguntas seguintes:

1) O que a história em quadrinhos conta? Faça um resumo.

2) Como viviam os homens daquela caverna? O que faziam?

3) Por que Piteco resolveu ajudar aqueles homens?

4) Quais foram as reações dos homens da caverna? Descreva-as.

5) A ajuda foi bem vinda, inicialmente? E depois? Por quê?

6) O último quadrinho chama atenção para que fenômeno social atual? Por quê?

7) O que tem o último quadrinho em haver com os demais? Por quê?

8) Por que razões, segundo Piteco, aqueles homens perderam um tempão “olhando para simples projeções”? Comente.

9) O que comprova o “tempão” perdido pelos homens da caverna? Observe e anote.

10) Como pode ser aproveitado o “tempão” hoje? Para quê?

11) A caverna do texto é uma figura comparativa de linguagem artística e escrita. Que tipos de “cavernas” existem hoje? Comente e exemplifique.

12) Diante dos riscos das “cavernas” de hoje, o que fazer?

13) A caverna representa uma espécie de prisão das ilusões e as sombras representam as ilusões propriamente ditas. Para Platão, no texto original do livro VII da A República, a caverna representa o mundo sensível e as sombras, de fato, ilusões. O que é ilusão?

14) Dê três exemplos de ilusões que podem ser percebidas no dia a dia e comente-os.

15) A ilusão é atrativa e atraente, encantadora. Como? Dê três exemplos atuais.

16) A ilusão agrada? Comente e exemplifique.

17) A ilusão, às vezes, é tão forte que as pessoas não querem deixa-la e até brigam por ela. Como aquela história em quadrinhos mostra isto? (E o texto original de Platão?)

18) Abandonar as ilusões nem sempre é fácil. Mas é possível? Como? Dê um exemplo.

19) Que perigos pessoais e coletivos podem ser encontrados nas ilusões? Cite cinco.

20) Veja o último quadrinho. A TV é uma caixa de ilusões? O que você acha? Comente.

21) O que tem a televisão de tão atrativo? Cite dez exemplos e comente-os.

22) Quando alguém entra na frente da TV, o que você diz ou tem vontade de fazer? Por quê? Suas reações têm alguma similitude com às daqueles homens da caverna? Por quê?

23) O tempo de dedicação aos estudos pode ser prejudicado pela TV? Como? Dê sua opinião.

24) Como a televisão pode ser aproveitada de forma mais positiva na vida, no dia a dia? Comente.

25) Que programas educativos ou com potencial educativo na TV você conhece? Cite cinco exemplos. Como aproveitá-los? Reflita e opine.

26) É possível viver sem televisão? Como/Por quê?

27) Ficar “bitolado” (viciado)(a) em televisão é bom? Por quê?

28) O que fazer para que o tempo de televisão não prejudique os estudos em casa?

29) O que é estudar?

30) Aprender para quê?

31) Discuta: aprender com qualidade e/ou aprender em quantidade? O que é cada uma dessas formas de aprendizado e qual a importância de cada uma delas para a vida?

32) Preencha o quadro abaixo: Televisão: pontos positivos/pontos negativos/ formas possíveis de aproveitamento.

Obs.: o quadro abaixo pode ser passado no quadro da sala de aula e aí discutido com cada turma.

Pontos positivos da televisão:
Pontos negativos do mau uso da televisão:
Formas possíveis de aproveitamento:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

33) Existem pessoas que, como Piteco e o liberto original da Alegoria da Caverna, querem ajudar pessoas a libertar-se da “caverna”?

34) Cite exemplos de pessoas históricas, como o liberto original da Alegoria da Caverna e Piteco, de As Sombras da Vida, que realizaram ações similares.

OBS.: São muitas perguntas. Professor, professora, você pode fazer uma seleção das que mais lhe interessarem. Aliás, aproveite e elabore as suas, visando, é claro, sempre, o aprendizado de Filosofia! Deixe que eles e elas respondam, seja no caderno, seja numa folha. Dê um tempo para que exercitem o aprendizado de análise textual. E quando eles e elas, com a ajuda do professor, da professora, debatem e trocam ideias a respeito do texto, novas ideias aparecem, descobertas são feitas, o que um(a) viu compartilha com os(as) outros(as), enriquecendo o aprendizado. Não é só a Língua Portuguesa que pode ajudar no aprendizado de análise textual! Juntas, a Filosofia, a Língua Portuguesa e outras matérias escolares podem fazer muito pelos estudantes e o aprendizado de uma pode refletir-se, de repente, no aprendizado da outra. Já pensou?
Analise todos os quadrinhos da história relatada por Maurício de Sousa. Cada fala chama atenção para algum ponto ou ideia. E estabeleça uma relação entre esse relato na forma de quadrinhos e a história original, relatada por Platão, no livro VII de A República. O original de Platão é fundamental.
Curiosamente, a história de Maurício de Sousa faz um movimento de diálogo entre o passado e o presente (hoje)! A de Platão também (contexto do século IV a.C.)! Vale a pena uma pesquisa e uma boa discussão do professor, da professora, dos alunos e alunas. Junte-a ao debate coletivo: o que cada um(a) descobriu. Bom proveito.

 

PROPOSTA 2: TEMPESTADE DE IDEIAS: (Um exemplo se segue, feito em 2013, com uma turma.)

Primeiramente, uma leitura de todo o texto com cada turma. A seguir, o professor, a professora, faz perguntas e provoca a exposição de ideias aleatórias e livres da turma. Em seguida, anota-as no quadro da sala de aula, para que possam ser visualizadas e retomadas ao longo da atividade. Pode-se pedir que os e as estudantes anotem também em seus cadernos. Isto ajuda na atenção.

Análise da história “As Sombras da Vida” (Debate feito em sala de aula, usando a tempestade de ideias):

*Alienação. E hoje?  A mídia pode também provocar alienação.

*O que pode ser feito de diferente, para além da TV? Praticar esportes, conviver mais, dialogar, ler um bom livro, construir coisas, fazer coisas diferentes do costumeiro, dentre outras coisas interessantes.

*Homens que vivem numa caverna, vendo sombras na parede.

*As sombras para eles = vida.

*As sombras não são palpáveis, não há como pegá-las, porém são visíveis.

*As sombras têm formas, não são figuras palpáveis.

*As sombras eram capazes de prender a atenção. Por isso, contribuíam para o comodismo e a preguiça, bem como a passividade daqueles homens da caverna.

*O Piteco desafiou os homens a saírem, mas o fizeram forçados pela ação perturbadora daquele. O incômodo gerou a vontade de matar ou, pelo menos, de surrar Piteco.

*Fora: os olhos doíam, ofereciam incômodos; a surpresa da luz; adaptação (abrir os olhos devagar); a libertação.

*Ilusão capaz de escravizar. No texto aparece a palavra “castigo”, o castigo supostamente provocado pela saída para fora da caverna. Essa palavra faz recordar escravidão. 

*Diante da libertação (SAÍDA), o “tanto a fazer”, “tanto a ver”.

*Tempão perdido vendo “simples projeções”, que pode ser visto na aparência envelhecida dos homens, com uma barba longa e branca.

*Foi recuperável? Sim, mas não totalmente. O que foi perdido não volta. Porém, valeu a pena. Os ex-homens-da-caverna puderam experimentar novas realidades, ver um novo mundo e enxergar a realidade com olhos novos.

OBSERVAÇÃO: As duas propostas acima podem ser conjugadas, isto é, utilizadas seguidamente, no mesmo dia, ou separadas, em dias diferentes. Ambas contribuem para que a análise do conteúdo da história seja bem compreendido e bem refletido por todos.

 

PROPOSTA 3: DESENHO FEITO PELO PROFESSOR, PELA PROFESSORA, A RESPEITO DO MITO DA CAVERNA, DE PLATÃO:

O professor, a professora, pode desenhar, no quadro da sala de aula, um desenho geral da história da alegoria da caverna. Pode ser bem caprichado ou grosseiro, conforme a habilidade de desenho do(a) profissional. Pode ser muito boa a tentativa de desenhar o mito da caverna. OU: Pode-se pedir a um(a) estudante que ajude, fazendo o desenho no quadro, sob a orientação do(a) docente. Use gizes coloridos. Não é difícil.

Feito o desenho, comente-o com as turmas. Debata ideias em torno do conteúdo presente nesse desenho.

Ao ter trabalhado também a história em quadrinhos de Maurício de Sousa, faça um paralelo entre o conteúdo do desenho feito por você, professor(a), e os do famoso desenhista.

 

PROPOSTA 4: LEITURA DO TEXTO INTEGRAL, ESCRITO POR PLATÃO, DO MITO DA CAVERNA:

Vale lembrar que o material por excelência do aprendizado de Filosofia são os textos escritos pelos próprios filósofos. Nesse sentido, feitas as atividades acima ou antecedendo-as, professor, professora, trabalhe com o texto platônico com as turmas. Veja se no livro didático que você utiliza com as turmas, na escola, há esse texto na íntegra ou, pelo menos, em parte. Você verá como o entendimento deste será muito melhor, com o seguimento das propostas sugeridas.

 
OBS.: Partindo da elaboração e análise de desenhos filosóficos, podem ser feitos outros, a respeito de outros conteúdos da filosofia e/ou da história desta. É uma atividade boa e muitíssimo enriquecedora. A participação dos e das estudantes pode ir desde o estudo dos textos até a elaboração dos desenhos que ajudem a entendê-los melhor. Para que Maurício de Sousa fizesse os desenhos em quadrinhos que fez e inovasse, não prendendo-se a uma simples repetição, foi preciso que conhecesse, através da leitura do texto de Platão, o relato da alegoria ou mito da caverna. Curiosamente, como se pôde ver, é um texto antigo, mas do qual muitas ideias podem ser extraídas, discutidas, analisadas. A atualidade do texto antigo é inegável e a os desenhos também.

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