terça-feira, 14 de maio de 2013

DEUS EXISTE? UMA INTRODUÇÃO SIMPLES AO ESTUDO DE TOMÁS DE AQUINO (Prof. José Antônio Brazão.)


DISCUSSÃO ATUAL, COMO PONTO DE PARTIDA PARA O ESTUDO DE TOMÁS DE AQUINO, SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS: DEUS EXISTE?

(Prof. José Antônio Brazão.)

ARGUMENTOS CONTRA
ARGUMENTOS A FAVOR
CONCLUSÕES/CONSIDERAÇÕES
O universo surgiu do Big Bang (Grande Explosão que deu origem ao cosmos). O universo, portanto, é capaz de criar-se, recriar-se (exemplo das estrelas, cujas partículas agregam-se e reagregam-se, formando outras),
Baseia-se na FÉ (Carta aos Hebreus, cap. 11) a crença de que Deus existe e criou o mundo e usou o Big Bang. A base da maioria dos argumentos a favor da existência de Deus é a fé. Esta pode ser aprendida e/ou livremente aceita, não devendo ser imposta. Daí, o respeito mútuo dos crentes (pessoas que creem) de diferentes religiões entre si e deles com os ateus ser necessário e positivo.
Há pessoas que creem e outras que, simplesmente, não creem em Deus, assim como há crenças diferentes, mas TODAS as pessoas são cidadãs do universo e devem conviver com respeito pelo modo de pensar umas das outras, em busca do bem comum e da boa convivência, cuidando bem do mundo em que vivem.
Os seres vivos surgiram de moléculas orgânicas que formaram organismos unicelulares e do processo de evolução biológica.
Testemunho bíblico. A Bíblia judaica e cristã diz que Deus criou os seres vivos. O homem e a mulher foram criados à sua imagem e semelhança. O ponto de partida aqui e em outros argumentos a favor é o cristão, mas outras religiões podem ser estudadas e investigadas quando à sua compreensão do universo e da vida. Isto é muito bom, para que ninguém se ache dono da verdade. Isto é bom também para que estudantes e professores vejam com clareza o que outras religiões e até mesmo os ateus pensam.
A vida dos seres vivos e das pessoas está aí, é uma realidade que precisa ser protegida, guardada e cuidada por TODOS, independentemente de se ter fé ou não. A evolução dos seres vivos nos lembra que houve extinções provocadas pela natureza, pela adaptação das espécies, e outras pelos seres humanos e que existe uma diversidade biológica que precisa ser cuidada por TODOS, tendo fé ou não em Deus, independente de escolhas que as pessoas façam e das ideias que defendam.
Existem muitas religiões no mundo. Cada uma tem uma ideia ou várias ideias diferentes a respeito de Deus.
Ideias diferentes, mas pontos em comum, p. ex.: a crença em algo divino e transcendente, a crença na imortalidade da alma, uma série de valores éticos, dentre outras.
O diálogo, o respeito e a pacífica convivência entre as religiões, bem como entre ateus e religiosos, também são possíveis, necessários e valiosos para todos. A diversidade religiosa é positiva, pois demanda (exige) convivência com o diferente e o respeito mútuo e, além do mais, evita possível ditadura de uma religião única (Voltaire comenta sobre isto nas Cartas Filosóficas).
Em nome das religiões há pessoas que matam.
As religiões não ensinam a matar. Algumas pessoas é que desvirtuam suas crenças e fazem o mal, como matar gente. O mal uso da ciência também pode matar – a fabricação de armas é um deles, assim como a falta de acesso de pessoas aos benefícios das ciências são exemplos disto. O mal uso não é culpa da religião ou da ciência, mas das pessoas que as interpretam e as utilizam conforme interesses políticos, econômicos e/ou outros.
As verdadeiras religiões e os verdadeiros cientistas condenam o assassinato e propõem soluções pacíficas, em prol do bem de todos. As pessoas devem ser livres para converter-se ou não, caso desejem ou não, e seguir o caminho que queiram seguir para suas consciências e suas vidas. No campo das ciências, veja-se quanto bem fazem as vacinas, as melhorias técnicas, na alimentação e tantas outras descobertas feitas ainda hoje! No campo das religiões, o bem que muitas pessoas religiosas, de muitas e diferentes religiões, fazem aos seus semelhantes, principalmente àqueles que perderam tudo!
Deus não é comprovável em laboratório ou por evidência científica. Deus não pode ser demonstrado pela matemática ou por qualquer ciência.
A linguagem da ciência é diferente da das religiões. Deus é evidenciado, pelas religiões, na fé e na prática de vida das pessoas que creem. Ademais, para as religiões, o fato de Deus não se deixar comprovar impede que seja manipulado por quem quer que seja ou a serviço de interesses errados.
Ateus e religiosos vivem no mesmo mundo e enfrentam problemas, alegrias e angústias similares. Respeito e boa convivência, junto com a cooperação na busca da verdade e na pesquisa, podem ser muito úteis a todos, colocando os benefícios das ciências e das religiões a serviço de todos, independentemente de escolhas que as pessoas possam fazer, contanto que tais escolhas não prejudiquem ninguém. Alia-se a isto o valor universal de muitos valores éticos e da vida!
Se Deus existe, por que ele não age a favor das pessoas que passam fome e sobre uma série de outros problemas no mundo?
De acordo com diversas religiões, Deus não faz do mundo um joguete, não interferindo a todo momento sobre este ou sobre as ações das pessoas, sendo que estas dispõem de livre arbítrio (liberdade de escolha). Mas Deus deu sabedoria, inteligência e dá iluminação para que os seres humanos encontrem soluções. Milagres não são comuns, mas acontecem. Um grande milagre é quando as pessoas vivem o amor verdadeiro entre si e se preocupam efetivamente umas com as outras e com a Terra,  em nome da fé ou independentemente desta e das escolhas que fazem.
Há grandes problemas no mundo que afetam ou podem afetar a todos, indistintamente de fé, religião, escolhas ou posições das pessoas: desastres humanos (fome, miséria, pobreza, guerras, exploração e escravização de pessoas, conflitos, etc.) e desastres ambientais, provocados ou não pelos seres humanos (aquecimento global, degelo nas calotas polares, buracos na camada de ozônio, secas, enchentes, terremotos, tsunamis, etc.). Portanto, é preciso que as pessoas se respeitem e se unam, independentemente de terem fé ou de suas escolhas religiosas, para a solução daqueles problemas e para a busca do bem comum (de todos).
A discussão acima é uma proposta para avançar em direção ao estudo de Tomás de Aquino, fazendo uma ponte entre o presente e o passado, e vice-versa. Isto pode ajudar a tornar mais interessante o aprendizado de Filosofia, mostrando que discussões do passado ainda estão presentes, de alguma forma, no mundo de hoje. Outras ideias podem surgir em sala de aula e das cabeças de estudantes e professores de Filosofia, Ciências e até de Ensino Religioso. O diálogo interdisciplinar pode ser rico para todos.
A seguir, a proposta é estudar as provas da existência de Deus, contextualizando-as nas discussões filosóficas, teológicas e no momento histórico de seu tempo.
A proposta de argumentos contra, argumentos a favor e conclusões/considerações é uma brincadeira intelectual com o modelo de Tomás de Aquino apresentado na Suma Teológica, porém adaptando as discussões para o mundo de hoje!
No passado (século XIII), Tomás de Aquino teve que dialogar com as ideias filosóficas de Aristóteles, Platão, filósofos árabes e judeus, do mundo medieval, dentre outros intelectuais. Hoje, o diálogo é com a ciência, principalmente vendo nesta uma aliada na pesquisa e na solução de problemas que envolvem o mundo e toda a humanidade!

O quadro acima é apenas um exemplo de discussão atual a respeito da questão proposta, questão parecida com aquela que Tomás de Aquino, há vários séculos atrás, teve que se deparar. Não são respostas profundamente rigorosas, mas que brotaram de discussões em sala de aula. A finalidade: introduzir o estudo de Tomás de Aquino partindo de hoje. O quadro ajuda a ver oposição de ideias sobre uma questão proposta e tentativas possíveis de síntese, sem qualquer interesse de impor uma ou outra visão de mundo. A diversidade é algo com que professores, professoras, alunos e alunas, nos deparamos a todo momento e ela pode ser enriquecedora do aprendizado de ideias e da necessidade de aprender a conviver com o diferente.
Um quadro parecido pode ser passado no quadro utilizado em sala de aula, dividindo-o em três partes. Gizes coloridos podem ser muito úteis. Ou pode ser feito pelos próprios estudantes no laboratório de informática da escola, em caso de sua escola dispor de um. Partindo da questão inicial, abrir para as ideias apresentadas pelos e pelas estudantes. A provocação, feita pelo professor, pela professora, pode ser de grande valor. O importante são o uso da criatividade e da liberdade de ideias, o respeito a estas, a crítica a algumas, em caso desta ser necessária, e uma boa integração entre Filosofia, didática e outros conteúdos escolares, em forma de diálogo. O estudo e a pesquisa também podem ajudar imensamente, complementando e enriquecendo o aprendizado de Filosofia.

Para o texto das provas apresentadas pelo próprio Tomás de Aquino: http://hjg.com.ar/sumat/a/c2.html - SUMA TEOLÓGICA - 1ª CUESTIÓN. (Em espanhol.)

Para o texto completo da Suma Teológica em espanhol: http://hjg.com.ar/sumat/ - SUMA TEOLÓGICA de Santo Tomás de Aquino (1225 – 1274).

Para saber um pouco mais sobre Tomás de Aquino:

Veja-se também na Wikipédia - www.wikipedia.org
O texto em espanhol da Suma Teológica, citado acima, é completo e pode ser estudado, pois a língua espanhola tem afinidades com a língua portuguesa. Que tal fazer um trabalho interdisciplinar com a matéria Língua Espanhola? Pode ser útil tanto a esta quanto à Filosofia. O diálogo interdisciplinar ajuda muito e possibilita que os e as estudantes percebam relações entre os conteúdos que estudam na escola.
Tomás de Aquino foi teólogo e filósofo, viveu no século XIII, bem na época da Escolástica, foi sacerdote católico, professor universitário. Junto com seu mestre Alberto Magno, fez um trabalho de integração e aproveitamento das ideias filosóficas de Aristóteles (filósofo grego do séc. IV a.C.) na discussão de ideias teológicas. Adaptaram e, de certa maneira, cristianizaram as ideias aristotélicas, adequando-as aos interesses eclesiásticos de seu tempo.
O estudo de Tomás de Aquino e de seu tempo oferece uma boa ideia de como eram as discussões filosóficas e teológicas da Escolástica medieval. Aristóteles vinha sendo traduzido e suas ideias, várias delas, não eram compatíveis com o pensamento religioso e os dogmas daquele tempo. Exemplos: a eternidade do mundo - os gregos antigos e Aristóteles não tinham a ideia de um Deus criador; esta ideia de criação está presente, por exemplo, no judaísmo e no cristianismo; o Deus de Aristóteles é o impulsionador do universo, com suas órbitas circulares e cujo movimento vai de fora para dentro, até a Terra, parada no centro (geocentrismo), não é um deus pessoal, como é o Deus cristão. A influência do pensamento de Aristóteles, ao longo dos séculos seguintes, tornou-se marcante também no pensamento científico.
Aristóteles foi, naquele tempo (final da Idade Média e princípios da Idade Moderna), também uma referência científica, cujas ideias físicas e astronômicas custaram a ser derrubadas no mundo moderno (Copérnico, Galileu, Kepler, Newton), pois passaram a fazer suporte da defesa de ideias religiosas e de dogmas. Galileu Galilei foi a julgamento, pela Inquisição, por contradizer o geocentrismo e ideias aristotélicas arraigadas na ciência de seu tempo.
A proposta acima, de ir do presente ao passado, pode pôr em discussão também outras questões atuais. Por exemplo: extremismo religioso, intolerância religiosa e de outros tipos (Locke e Voltaire, por exemplo, discutiram a questão da intolerância religiosa de seu tempo, podendo ser apontadas suas ideias a respeito dessa questão e discutidas em sala de aula). Professor, professora, descubra outras questões atuais possíveis e proponha sua discussão em sala de aula! E faça o movimento de ida e vinda entre o presente e o passado, visando um aprendizado dinâmico e significativo de Filosofia, tendo sempre os pés no chão da realidade.
Veja, abaixo, desenhos feitos por alunas a respeito das Cinco Vias de Tomás de Aquino:



 

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