As perguntas da entrevista podem ser
brotadas espontaneamente e anotadas ou gravadas pelos estudantes. As respostas,
junto com as perguntas feitas, também. A vantagem de anotar previamente as
questões é que estas podem dar uma direção à entrevista, evitando, assim, o
risco de desvio do tema ou conteúdo proposto. Mas também são bem vindas
questões espontâneas surgidas na hora da entrevista. Há, de fato, questões que
vêm à mente nessa hora e acrescentam informações ao conteúdo da entrevista.
As entrevistas podem ser um meio
muito interessante e uma boa oportunidade para que os estudantes também
trabalhem com as mídias disponíveis na escola (ex.: laboratório de informática
escolar, com computadores, sejam eles novos ou bem usados, não importa,
câmeras, notebooks, etc.) e também aquelas que possuem (ex.: celulares que
contêm gravadores e câmeras de gravação de vídeo, câmeras portáteis de vídeo,
câmeras fotográficas que possuem sistema de gravação de vídeo e áudio, dentre
outras tecnologias). A entrevista pode ser editada, de preferência, na escola
ou, caso não seja possível, em casa. O trabalho em grupo pode ajudar muito.
Na edição da entrevista, na escola,
podem ser usados softwares de edição de vídeo e áudio, nos quais podem ser
juntadas entrevistas de vários grupos.
E por falar em grupos, numa turma de
20 a 40 alunos, por exemplo, podem ser formadas equipes de quatro ou cinco.
Algumas vantagens dos grupos: colegas que têm facilidade de falar, outros de
lidar com computadores e mídias, outros que possuem mídias diferentes dos
demais colegas, outros que sabem escrever, digitar bem. O grupo oferece ainda outras
vantagens: a segurança e a troca de ideias, a divisão entre o que cada um pode
ajudar a fazer e é capaz de fazer para ajudar a todos, desenvolve a capacidade
de trabalhar em equipe (no mundo atual, até mesmo a nível de trabalho, há
muitas empresas que demandam o trabalho em equipe), o desenvolvimento da
capacidade de diálogo, a crítica positiva, correções, dentre outras.
Cabe ao professor e à professora
levantar a temática da entrevista, dentro do tema em estudo (ex.: filosofia
antiga, filósofos da Escola de Frankfurt, vida, morte, sexualidade, corrupção
[tema relacionado à ética], mitos no mundo de hoje, fé e crenças, etc.), além
de propor algumas questões aos grupos, deixando, é claro, que eles também
proponham as deles. Cabe ainda orientar os estudantes a respeito do que devem e
podem fazer, como fazer, com quem fazer a entrevista, os cuidados que devem
ter, inclusive cuidados éticos, dependendo do tema. Enfim, avaliar os trabalhos
dos estudantes, seja individual, seja grupalmente. A avaliação pode contar com
avaliações dos grupos e das turmas, no momento da apresentação final de cada
grupo. Pode contar ainda com a ajuda de outros profissionais da docência, em
caso de trabalho interdisciplinar. Ou a temática da entrevista pode ser levantada pelos próprios estudantes. A participação deles e delas deve ir do começo ao fim do trabalho, sempre em diálogo. Com essa atitude aprendem a também dialogar, o que pode ser-lhes de muito proveito para a vida toda!
Quanto à ética, o professor e a
professora devem deixar claro aos estudantes o cuidado de não expor as pessoas
entrevistadas a situações vexatórias, evitar atitudes não condizentes com a
moralidade, além de não poderem publicar a entrevista sem expressa permissão de
quem foi entrevistado (por escrito é melhor ainda). Isto também pode ser e é
bom que seja discutido com cada turma antes mesmo das entrevistas acontecerem e
faz imenso bem aos estudantes, já que, no grupo maior, de toda a turma,
aprendem a expor suas ideias e a traçar valores que consideram ser importantes
e que devem ser respeitados. Até os grandes jornalistas têm códigos de ética
que seguem.
Feitas as entrevistas, cada grupo
apresentará o resultado, que poderá ser lido, em caso de entrevista escrita,
manuscrita ou digitada, e/ou visto e ouvido, em caso de entrevista gravada em
áudio ou áudio e vídeo. Ao final, um debate e o levantamento de considerações
pelos estudantes e pelo professor, pela professora ou a equipe de professores
(em caso de trabalho interdisciplinar).
As entrevistas podem ser também
arquivadas, seja em pastas ou em computadores ou outra mídia que possibilite a
gravação em forma de arquivos. Isto permite que elas possam ser retomadas e
discutidas também em outras ocasiões, em épocas de estudos de conteúdos afins. Poderão
ser publicadas, sob o cuidado de permissão dos entrevistados, por escrito, na
internet, em blogs, no Youtube ou outro site que permita a publicação desse
tipo de atividade. Poderão também ser publicadas no jornal filosófico, na
revista filosófica, cujas propostas são apresentadas também neste projeto de
ensino-aprendizagem. Com isto, unem-se atividades diferentes e enriquecedoras
de aprendizado de Filosofia.
Uma sugestão aos professores e à
professoras é que também aprendam a lidar com as mídias disponíveis na escola e
aquelas de que possa dispor pessoalmente. Esse conhecimento pode ajudar na
orientação de estudantes, no laboratório de informática ou na sala de aula, que
porventura não saibam lidar adequadamente com aquelas. Há núcleos de
tecnologia educacional (NTEs) espalhados pelo Brasil afora, que fazem parte do
Ministério da Educação e das secretarias de educação, que os podem ajudar
muito. Oferecem cursos gratuitos para docentes a respeito do uso das mídias.
Podem aprender também com leituras e práticas próprias, pessoais e coletivas
(junto com outros e outras colegas), sem dúvida nenhuma. Podem aprender e tirar
dúvidas com os e as estudantes, muitos dos quais conhecem bem o uso dos
instrumentos midiáticos!
O trabalho interdisciplinar é outro
diferencial enorme, que pode ajudar a enriquecer o aprendizado de filosofia, de
outras áreas de ensino e estabelecer um diálogo entre essas elas e a Filosofia
enquanto disciplina escolar. Professor, professora, converse com outros e
outras colegas de outras matérias escolares e planeje com eles e elas o que
fazer e como fazer. Ganhar-se-á em profundidade, em diversidade de visões, em
interações entre estas e poder-se-á ver que a Filosofia não é uma matéria
estanque das demais, mas uma parceira.
Por exemplo: ao estudar a filosofia moderna, as descobertas na área da Física
(uma entrevista de Física e Filosofia, com alguém, sobre a Revolução
Científica), da Astronomia, da Biologia, acontecimentos históricos ocorridos
naquele momento, além de outros aspectos (uma entrevista de História, Filosofia
e Ensino Religioso, com um pastor evangélico e um padre, sobre a Reforma
Protestante). Todo esse material coletado poderá ajudar no entendimento das
ideias filosóficas modernas, com mais clareza e profundidade.
Vale a pena. Estudantes, professores,
professoras, escolas e a Educação, de um modo geral, só terão a ganhar!
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