Que relação existe entre a bandeira nacional e a filosofia? Uma relação muito forte, pois é uma bandeira que tem traços marcantes da filosofia chamada POSITIVISMO, desenvolvida pelo filósofo francês Auguste(Augusto) Comte (1798 – 1857). Dentre os militares brasileiros que proclamaram a República encontravam-se muitos que foram fortemente influenciados pelas novas ideias do positivismo.
Mas o que afirmava o positivismo? O positivismo afirmava que todo conhecimento humano, para ser digno de veracidade, precisa ser fundamentado cientificamente, isto é, ter comprovação, poder ser demonstrado empiricamente (experimentalmente). Positivo, portanto, é o que pode ser mensurado, pesado, calculado, experimentado, comprovado e demonstrado cientificamente. Daí uma grande valorização das ciências físicas, naturais e matemáticas por Augusto Comte.
Curiosamente, a bandeira nacional brasileira carrega consigo figuras matemáticas claras: o retângulo, o losango, o círculo e linhas curvas dentro das quais encontra-se escrita a frase “Ordem e Progresso”. Este foi um lema positivista por excelência adotado por Augusto Comte. A ordem social é necessária ao progresso e o desenvolvimento da sociedade. O progresso é possível pelo desenvolvimento e o uso adequado das ciências, das quais se destacam as citadas acima, bem como pela formação de bons cidadãos.
De acordo com a Enciclopédia Encarta, Comte
“Afirmava que do estudo empírico do processo histórico dependia uma lei que denominou dos três estágios, ou fases, pelas quais deve passar cada ramo do saber. Estas fases são:
– o teológico ou fictício, em que os fatos se explicam de modo elementar místico-religioso
– o metafísico ou abstrato, em que se invocam teorias filosóficas
– o científico ou positivo, que busca causas ou leis científicas.
Este método deve ser aplicado a todas as atividades humanas, especialmente às ciências sociais, uma vez que o positivismo só considera como fonte de conhecimento o saber empírico. Seu pensamento está estruturado no Curso de filosofia positiva (1839-1842) e O sistema da política positiva (1852-1854).” (Enciclopédia Microsoft® Encarta®. © 1993-2001 Microsoft Corporation.)
De acordo com Comte, a história da humanidade passou por esses três estágios – o teológico ou fictício, o metafísico ou abstrato e, finalmente, o científico ou positivo. No teológico, o apelo humano ao transcendente, a busca de uma explicação da natureza e do mundo partindo do sobrenatural e pela interação, intervenção, de elementos divinos. No estágio metafísico, ainda que não tenham sido liquidadas as explicações sobrenaturalísticas, novos conceitos adentram, como ser, substância e outros relacionados, principalmente, à filosofia. No estágio positivo, a humanidade alcança, enfim, uma etapa de grande evolução na compreensão do universo e da realidade natural e até mesmo social, pois o modo de explicar o mundo passa a basear-se fortemente nas explicações dadas pelas ciências físicas, matemáticas, e naturais, fundadas na demonstração e na comprovação das ideias levantadas e nas leis naturais descobertas.
No entanto, apesar da crítica dura à metafísica, tida como sendo destituída de fundamentos objetivos e de demonstrações precisas, Comte fundou uma religião positivista, cultuando a Humanidade e os grandes nomes da ciência e da cultura humanas. Elaborou até mesmo um Catecismo Positivista.
Sem dúvida nenhuma, Comte é filho de seu tempo, da Revolução Industrial e das grandes descobertas científicas que vinham ocorrendo havia alguns séculos. Tais descobertas demonstraram o quanto os seres humanos são capazes de descobrir e compreender as leis que regem a natureza, utilizando-as a seu favor. Esse mesmo ser humano como ser capaz de transformar a natureza e o mundo que o rodeia, abrindo sua compreensão também a respeito do universo, do qual faz parte, que é regido por leis matematicamente precisas. Pelo menos desde o Renascimento Científico, com destaque para os séculos XVI e XVII, vinham, de fato, se abrindo os horizontes do entendimento humano a respeito do mundo e inclusive de si mesmo. Tudo isto, com certeza, fez criar na mente de Comte a ideia de um progresso constante na humanidade, pautado pelas definições ou determinações das ciências.
No Brasil, como foi dito logo no começo, a influência do positivismo comteano foi marcante, com destaque para representantes políticos e militares do final do século XIX e ao longo do XX. E se a bandeira nacional brasileira é marcadamente positivista, também o hino nacional, com sua exaltação das grandezas do país e do povo. No Brasil, inclusive, há templos positivistas, fundados entre fins do século XIX e no decorrer do século XX.
Para saber mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte
http://www.oocities.org/doutrinapositivista/vidaeobr.htm
http://www.culturabrasil.pro.br/comte.htm
http://cac-php.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario2/trabalhos/educacao/medu32.pdf
http://www.augustecomte.org/site/index.php?id=33
http://www.augustecomte.org/
Nenhum comentário:
Postar um comentário