De acordo com Platão, o aprendizado é um processo de paulatina elevação da alma até o hipersensível, ao mundo das Idéias, mediante um processo de contemplação e de recordação (reminiscência). A função do mestre seria, justamente, a de auxiliar o aprendiz a fazer essa elevação, ajudando a extrair de dentro dele lembranças do que um dia sua alma contemplou no mundo inteligível(das Idéias). As Idéias seriam formas perfeitas das coisas existentes. Na origem do mundo, do cosmos, havia um ser divino, o Demiurgo, que contemplou as Idéias (Formas) e moldou a matéria-prima caótica, dando-lhe formas as mais variadas, conformes àquelas que contemplava. Portanto, o mundo sensível (material), além de mutável, é uma cópia imperfeita daquilo que existe na eternidade. As almas já habitaram o mundo inteligível e, fazendo parte de seus respectivos corpos, estão agora a eles presas. O corpo é uma prisão da alma. Vivendo no mundo sensível, as pessoas precisam elevar-se ao inteligível, desprendendo-se gradativamente do sensível, a fim de suas almas poderem voltar a contemplar o que existe no inteligível e, futuramente, voltar a ele, libertas de um processo de reencarnações. Aqui pode-se ver uma clara influência do pensamento místico pitagórico. O aprendizado teria, pois, também uma função de auxílio na libertação da alma, superando o mundo sombrio e ilusório da matéria, como a saída do prisioneiro da caverna. Curiosamente, nos textos de Platão, Sócrates aparece como aquele que, através de um processo dialógico, leva seu interlocutor a extrair de si verdades que ninguém aí havia posto, mas que já existiam dentro dele.
Qual a atualidade de Platão? Com certeza, é preciso hoje uma educação que contribua para a percepção clara das ilusões da realidade a que se está sujeito no mundo atual. O diálogo, à maneira socrática, pode ajudar decisivamente. Educadores e educandos precisam realizar o processo de saída da caverna das ilusões, buscando a verdade (em grego, alethéia) que vai-se desvelando e aparecendo aos poucos, com toda a sua clareza. A percepção das ilusões e da irracionalidade é o primeiro passo para um movimento de libertação e de crescimento humano, social, intelectual, político, enfim em todos os níveis. Como foi dito, o diálogo pode auxiliar decisivamente nesse processo.
Sócrates e Platão nos ensinam, ademais, a arte da pergunta, do questionamento, da não aceitação de simples respostas. Perguntar, questionar verdades estabelecidas, duvidar, buscar respostas mais profundas, que façam educadores e educandos a elevar seu pensamento e sua compreensão da realidade, dispondo de melhores condições até mesmo de interagir dentro dela, dando um contributo coletivo para sua transformação.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
quinta-feira, 29 de maio de 2008
PLATÃO (428/27-347 a.C.) (Prof. José Antônio Brazão.)
Ao tratar da realidade existente, Platão defende a existência de dois mundos: o mundo inteligível, isto é, o mundo onde existem as idéias perfeitas e eternas, e o mundo sensível, aquele no qual vivemos. Na verdade, o que Platão busca é justamente conciliar os pensamentos de dois filósofos: Heráclito de Éfeso (cerca de 540-470 a.C.) e Parmênides de Eléia (530-460 a.C. aproximadamente). Enquanto o primeiro afirmava o devir, isto é, a mutabilidade e a impermanência de todos os seres, o segundo afirmava justamente o contrário, a imutabilidade e a eternidade do ser. Confrontados pelo legado destes, vários filósofos buscaram dar respostas e até mesmo conciliá-los. Platão buscou a conciliação, encontrando-a na dualidade dos mundos.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
PLATÃO (428/27-347 a.C.) (Prof. José Antônio Brazão.)
Filósofo ateniense, de nome Arístocles, conhecido como Platão(apelido). Foi um dos principais filósofos da chamada época clássica grega. Proveniente de família aristocrata, poderia ter sido um político dentro de Atenas. O encontro com Sócrates, em sua juventude, fê-lo mudar de idéia e voltar-se para a filosofia. De fato, foi um dos jovens que gostavam de ouvir Sócrates discutindo, debatendo, com as pessoas nos locais públicos. Sócrates devia ser um bom orador e debatedor para atrair a atenção das pessoas. A morte de Sócrates, em 399 a.C., foi um ponto marcante na vida de Platão. Platão saiu, por algum tempo de Atenas, indo a vários lugares, observando os costumes e as culturas das sociedades, dentre as quais o Sul da Itália. É possível que tenha também conhecido o Egito. De volta a Atenas, fundou uma escola filosófica chamada Academia, nome que provém do nome de Academus, um herói grego. Ali Platão trabalhou até o final de sua vida. Dentre seus discípulos destacados encontra-se Aristóteles. Platão, além de filósofo e professor, foi um grande escritor. Há várias obras que ainda existem. Dentre estas, destacam-se: a Apologia de Sócrates, na qual expõe a defesa de Sócrates diante do tribunal e sua condenação à morte, morte injusta, aliás; Fédon, livro em que expõe os momentos finais de Sócrates, que estava na prisão aguardando a hora da morte, rodeado por amigos e discípulos, com os quais discutiu a respeito da morte e da imortalidade da alma, por ele defendida; A República, na qual a respeito da justiça e onde expõe seu ideal de pólis (cidade-Estado). A pólis ideal de Platão seria composta de três classes básicas: governantes (filósofos/filósofas), guardiões/guardiãs (soldados e soldadescas, encarregados da proteção da cidade) e grupos responsáveis pela manutenção da cidade (comerciantes, artesãos, agricultores). Os filósofos seriam tirados dentre os melhores guardiões, recebendo uma preparação intelectual especial, a fim de que tivessem melhores condições de governar. Filósofos e guardiões não teriam riquezas, a fim de não caírem na tentação da corrupção (como se vê, é uma visão ideal mesmo), podendo, pois, agir corretamente no cumprimento de seu dever, para o bem comum. O grupo encarregado de manter a cidade disporia de bens. De seu trabalho seria garantido o bem-estar material da cidade. A justiça estaria no fato de cada um realizar bem sua função específica, buscando o bem comum, ou seja, de toda a cidade.
No livro VII de A República, Platão expõe o seu conhecido "mito da caverna" ou "alegoria da caverna". Neste, Platão fala de um grupo de prisioneiros que viviam, desde a mais tenra idade, no interior de uma caverna. Presos por correntes, só podiam olhar para a frente, para o fundo da caverna. Acima deles, um pequeno muro os separava do exterior e por trás do qual passavam pessoas carregando objetos na cabeça ou nos ombros e conversando entre si. Mais acima, junto à entrada, uma fogueira espargia sua luz para dentro da caverna, de tal modo que as sombras dos objetos se refletiam ao fundo. Vendo o movimento das sombras e ouvindo as vozes, os prisioneiros se adaptaram a essa realidade e até disputavam entre si a respeito das sombras em movimento. Certo dia, um desses prisioneiros foi liberto e conduzido até a saída.
Livre e conhecendo a verdadeira realidade, para além das ilusões a que esteve sujeito, o liberto, depois de algum tempo, desejou voltar ao interior para libertar seus antigos companheiros. No entanto, por causa do comodismo a que estavam sujeitos e do medo de enfrentar o novo, não aceitaram a proposta. Com isto o liberto pôs em risco a própria vida!
Sócrates, personagem que faz o relato do mito, no livro de Platão, diz que o mito é a imagem alegórica de duas realidades: a do mundo sensível e a do mundo inteligível.
O mito da caverna também pode ser referido à própria morte de Sócrates, que foi mestre de Platão. Sócrates teria sido como o prisioneiro que quis libertar pessoas, mas que acabou sendo morto por intrigas de inimigos, homens que preferiam as sombras da realidade material, social, e possíveis privilégios, à verdade pura e simples.
No livro VII de A República, Platão expõe o seu conhecido "mito da caverna" ou "alegoria da caverna". Neste, Platão fala de um grupo de prisioneiros que viviam, desde a mais tenra idade, no interior de uma caverna. Presos por correntes, só podiam olhar para a frente, para o fundo da caverna. Acima deles, um pequeno muro os separava do exterior e por trás do qual passavam pessoas carregando objetos na cabeça ou nos ombros e conversando entre si. Mais acima, junto à entrada, uma fogueira espargia sua luz para dentro da caverna, de tal modo que as sombras dos objetos se refletiam ao fundo. Vendo o movimento das sombras e ouvindo as vozes, os prisioneiros se adaptaram a essa realidade e até disputavam entre si a respeito das sombras em movimento. Certo dia, um desses prisioneiros foi liberto e conduzido até a saída.
Livre e conhecendo a verdadeira realidade, para além das ilusões a que esteve sujeito, o liberto, depois de algum tempo, desejou voltar ao interior para libertar seus antigos companheiros. No entanto, por causa do comodismo a que estavam sujeitos e do medo de enfrentar o novo, não aceitaram a proposta. Com isto o liberto pôs em risco a própria vida!
Sócrates, personagem que faz o relato do mito, no livro de Platão, diz que o mito é a imagem alegórica de duas realidades: a do mundo sensível e a do mundo inteligível.
O mito da caverna também pode ser referido à própria morte de Sócrates, que foi mestre de Platão. Sócrates teria sido como o prisioneiro que quis libertar pessoas, mas que acabou sendo morto por intrigas de inimigos, homens que preferiam as sombras da realidade material, social, e possíveis privilégios, à verdade pura e simples.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
A FILOSOFIA NA GRÉCIA, SÉCULOS V E IV A.C. (Parte 2) (Prof. José Antônio Brazão.)
SÓCRATES (c.470/469-399 a.C.): Filósofo ateniense. Destaca-se pelo fato de voltar-se para as questões éticas e políticas de seu tempo, tendo uma preocupação humanística muito forte. Contam os relatos de sua vida que ele gostava de ensinar em ruas, praças e locais públicos da cidade. Seu modo de ensinar era baseado, basicamente, no diálogo, na discussão de idéias. Para tanto, fazia uso do método da ironia e da maiêutica. Ironia quer dizer 'perguntar simulando não saber'. Uma das frases atribuídas a Sócrates é que "só sei que nada sei", atestando não a falta pura e simples de conhecimentos a respeito da realidade, mas a humildade que se deve ter diante da busca de compreensão e aprendizado a respeito dessa mesma realidade, seja ela humana ou cósmica ou outra. Ninguém pode se dizer dono da verdade, idéia subjacente nessa frase. Ser 'dono da verdade' implica aceitação e até mesmo obediência e submissão de outros a pretensas verdades que se diz possuir. Sócrates gostava de colocar aqueles que com ele conversavam em situações embaraçosas, através de perguntas e dúvidas, levando, conseqüentemente, as pessoas a perceberem suas contradições e reais incompreensões a respeito dos assuntos em debate. Havia pessoas importantes, postas em questionamento, que saíam envergonhadas desses debates, algumas das quais tornaram-se inimigas de Sócrates. Na segunda parte do debate, Sócrates fazia uso do que chamava de "maiêutica", isto é, a arte de partejar idéias. Ele acreditava que as respostas se encontravam, de alguma forma, dentro das pessoas e que precisavam aflorar. Através de novas perguntas, Sócrates levava seus interlocutores, justamente, a "partejar" novas idéias, a refletir e a compreender com mais clareza o(s) assunto(s) em questão. Tempos depois, Sócrates foi acusado de ensinar coisas erradas aos jovens e de não adorar os deuses da cidade, pregando divindades estranhas. Diante do tribunal (uma grande assembléia), Sócrates defendeu-se, porém, por causa das mentiras de seus inimigos, acabou sendo sentenciado à morte (vejam-se os textos "Apologia [Defesa] de Sócrates", uma de Platão e uma de Xenofonte. Depois de cerca de um mês na prisão, foi, finalmente, obrigado a beber um veneno forte (sicuta). De acordo com Platão (no "Fédon"), morreu em paz e tranqüilamente, rodeado por amigos e discípulos.
Sócrates é um grande exemplo para a educação no mundo atual. Ensina que é preciso haver uma abertura constante para o diálogo e a discussão de idéias, em que o educador ou a educadora não é o(a) 'dono(a) da verdade', mas alguém que se põe no meio, conduzindo o debate, sem imposição de idéias prontas e pré-definidas. Ao levar o estudante à reflexão, ao auto-questionamento e ao questionamento da realidade, o(a) educador(a) contribui para o desenvolvimento do pensar reflexivo e da busca do conhecimento. Curiosamente, Paulo Freire (já falecido), Rubem Alves e outros pensadores da educação, do passado e de hoje, também defendem (ou defenderam) a importância do diálogo no interior do processo educativo. Paulo Freire, por exemplo, falava dos círculos de cultura, nos quais se aprendia junto o beabá, tanto da realidade quanto das letras propriamente ditas. Nesse aprendizado, o destaque dado ao debate de idéias, ao questionamento, à reflexão, feito em grupo. Rubem Alves fala da necessidade do cultivo de "jardins" dentro das pessoas, isto é, de valores, idéias, de um novo modo de encarar a vida e a realidade, de compreender o mundo, da necessidade de plantio de coisas boas no interior das pessoas. Para tanto, é também necessário o diálogo entre educando e educador, mediado pelo aprendizado mútuo do mundo. Augusto Cury, em um livro que escreveu para pais e professores, fala da necessidade da pergunta, de colocar as educandos e educadores em roda, do questionamento. Volta e meia, educadores, educadoras, pensadores da educação e outros põem em movimento aquilo que Sócrates defendia, como foi acima exposto, enriquecendo e aprofundando seu modo de propor o ato de ensinar-aprender mutuamente. Eis aí a atualidade de Sócrates.
(Texto de José Antônio Brazão.)
Sócrates é um grande exemplo para a educação no mundo atual. Ensina que é preciso haver uma abertura constante para o diálogo e a discussão de idéias, em que o educador ou a educadora não é o(a) 'dono(a) da verdade', mas alguém que se põe no meio, conduzindo o debate, sem imposição de idéias prontas e pré-definidas. Ao levar o estudante à reflexão, ao auto-questionamento e ao questionamento da realidade, o(a) educador(a) contribui para o desenvolvimento do pensar reflexivo e da busca do conhecimento. Curiosamente, Paulo Freire (já falecido), Rubem Alves e outros pensadores da educação, do passado e de hoje, também defendem (ou defenderam) a importância do diálogo no interior do processo educativo. Paulo Freire, por exemplo, falava dos círculos de cultura, nos quais se aprendia junto o beabá, tanto da realidade quanto das letras propriamente ditas. Nesse aprendizado, o destaque dado ao debate de idéias, ao questionamento, à reflexão, feito em grupo. Rubem Alves fala da necessidade do cultivo de "jardins" dentro das pessoas, isto é, de valores, idéias, de um novo modo de encarar a vida e a realidade, de compreender o mundo, da necessidade de plantio de coisas boas no interior das pessoas. Para tanto, é também necessário o diálogo entre educando e educador, mediado pelo aprendizado mútuo do mundo. Augusto Cury, em um livro que escreveu para pais e professores, fala da necessidade da pergunta, de colocar as educandos e educadores em roda, do questionamento. Volta e meia, educadores, educadoras, pensadores da educação e outros põem em movimento aquilo que Sócrates defendia, como foi acima exposto, enriquecendo e aprofundando seu modo de propor o ato de ensinar-aprender mutuamente. Eis aí a atualidade de Sócrates.
(Texto de José Antônio Brazão.)
A FILOSOFIA NA GRÉCIA, SÉCULOS V E IV A.C. (Prof. José Antônio Brazão.)
Anaxágoras de Clazômemas foi também um dos primeiros filósofos gregos, do grupo dos "pré-socráticos" ou "físicos" (assim chamados por causa do interesse pelo conhecimento da natureza, physis, em grego). Dizia que a arqué (o princípio fundamental) de tudo seriam as homeomerias, isto é, partículas minúsculas, que, juntas, por agregação e desagregação, formariam os seres existentes. Anaxágoras dizia que os deuses são uma criação humana e diz que, se os animais fossem capazes, também criariam deuses à sua imagem e semelhança. Afirmava que o Sol é uma pedra de fogo no céu e que a lua seria um astro como a Terra. Anaxágoras foi para Atenas e de lá, por causa de suas idéias, foi banido. De fato, contestar o pensar religioso e a concepção arraigada de mundo, ali, foi perigoso. Anaxágoras poderia ter morrido. Por sorte, foi banido. Na Apologia de Sócrates, de Platão, se faz referência ao pensar de Anaxágoras. Vale a pena conferir.
À medida em que o tempo foi passando, entre os séculos VII e IV a.C., as póleis (cidades-Estados) gregas foram se desenvolvendo, a vida política tomando novos rumos e o preparo para esta foi-se fazendo necessário. Assim, surgiram os SOFISTAS (de sóphos, sábio, em grego), professores itinerantes, que iam de um lugar a outro vendendo conhecimentos e dicas relacionados à ação na vida pública, política. Jovens de famílias abastadas acorriam a eles, no intuito de aprender técnicas de persuasão, desenvolver o domínio da retórica e da dialética. Dentre os sofistas, destaca-se Protágoras, que teve uma preocupação de dar uma formação mais ampla aos jovens que a ele acorriam. Protágoras afirmava que o ser humano é "a medida de todas as coisas". Ao colocar o ser humano como "medida", Protágoras destaca o extremo valor desse ser, capaz de conhecer o mundo que o rodeia, capaz de criar idéias, de explicar e intervir na realidade. Vê-se, portanto, uma guinada (um giro), no que diz respeito ao objeto de enfoque na filosofia grega. Se durante algum tempo, a preocupação estava voltada para o cosmos e a busca da arque, agora a preocupação é com o homem, que vive nas cidades, faz política e cria idéias. Doravante, a discussão entre ética e política vai estar freqüentemente presente no pensamento dos filósofos. Em termos filosóficos e educacionais, os sofistas foram pensadores de fundamental importância para o desenvolvimento da filosofia grega e posterior, bem como para o âmbito educacional, pois questionaram conceitos, relativizaram valores, puseram idéias em debate.
Curiosamente, dos pré-socráticos e dos sofistas o que resta são fragmentos de obras, esparsos, aqui e ali, em obras de outros pensadores e filósofos, que os citaram ou puseram em discussão e questionamento suas idéias. Dentre os filósofos que os citam ou discutem estão Platão e Aristóteles, que viveram entre os séculos V e IV a.C.
À medida em que o tempo foi passando, entre os séculos VII e IV a.C., as póleis (cidades-Estados) gregas foram se desenvolvendo, a vida política tomando novos rumos e o preparo para esta foi-se fazendo necessário. Assim, surgiram os SOFISTAS (de sóphos, sábio, em grego), professores itinerantes, que iam de um lugar a outro vendendo conhecimentos e dicas relacionados à ação na vida pública, política. Jovens de famílias abastadas acorriam a eles, no intuito de aprender técnicas de persuasão, desenvolver o domínio da retórica e da dialética. Dentre os sofistas, destaca-se Protágoras, que teve uma preocupação de dar uma formação mais ampla aos jovens que a ele acorriam. Protágoras afirmava que o ser humano é "a medida de todas as coisas". Ao colocar o ser humano como "medida", Protágoras destaca o extremo valor desse ser, capaz de conhecer o mundo que o rodeia, capaz de criar idéias, de explicar e intervir na realidade. Vê-se, portanto, uma guinada (um giro), no que diz respeito ao objeto de enfoque na filosofia grega. Se durante algum tempo, a preocupação estava voltada para o cosmos e a busca da arque, agora a preocupação é com o homem, que vive nas cidades, faz política e cria idéias. Doravante, a discussão entre ética e política vai estar freqüentemente presente no pensamento dos filósofos. Em termos filosóficos e educacionais, os sofistas foram pensadores de fundamental importância para o desenvolvimento da filosofia grega e posterior, bem como para o âmbito educacional, pois questionaram conceitos, relativizaram valores, puseram idéias em debate.
Curiosamente, dos pré-socráticos e dos sofistas o que resta são fragmentos de obras, esparsos, aqui e ali, em obras de outros pensadores e filósofos, que os citaram ou puseram em discussão e questionamento suas idéias. Dentre os filósofos que os citam ou discutem estão Platão e Aristóteles, que viveram entre os séculos V e IV a.C.
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