domingo, 5 de março de 2023

PRIMEIRO BIMESTRE - AULA 6 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS PRIMEIROS ANOS: OS BANDEIRANTES NO BRASIL COLONIAL (Parte 1) (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica


PRIMEIRO BIMESTRE

AULA 6 DE TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS DOS PRIMEIROS ANOS:

OS BANDEIRANTES NO BRASIL COLONIAL (Parte 1)

(Prof. José Antônio Brazão.)

ESTUDO COMENTADO DO TEXTO “BANDEIRANTES: HERÓIS OU VILÕES” (Comentários do Prof. José Antônio Brazão.):

O texto em estudo é aqui utilizado com fins exclusivamente didático, para ensino-aprendizagem, sendo explicado e aprofundado com auxílio de comentários do professor. Os textos terão comentários e estudos complementares, via fala e por escrito, no transcorrer de aulas agora e que estarão por vir.

“A pobreza da capitania de São Vicente (atual Estado de São Paulo) devido à decadência dos canaviais durante o Período Colonial estimulou a organização de expedições pelo interior do Brasil conhecidas como bandeiras e entradas. Os bandeirantes - os homens que participavam das bandeiras e entradas - eram principalmente paulistas, que, entre os séculos XVI e XVII atuaram na captura de escravos fugitivos, destruição de quilombos, aprisionamento de indígenas, mapeamento de territórios e na procura de pedras e metais preciosos.” (ESTADO DE MINAS. Bandeirantes: heróis ou vilões? Disponível em: < https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2015/07/07/noticia-especial-enem,665802/bandeirantes-herois-ou-viloes.shtml > Acesso em 04/03/2023.)

A capitania de São Vicente foi uma das quinze capitanias doadas pelo rei de Portugal para membros da marinha (ex.: Diogo Leite), nobres (ex.: Antônio Cardoso de Barros), fidalgos [da nobreza também] (ex.: Jorge de Figueiredo Correia), entre outros. Essa capitania é de vital importância para a história de GOIÁS, tendo em vista que Goiás, outrora, fez parte dela, sendo que aquela viria a passar a ter o nome de Capitania de São Paulo. A partir do segundo bimestre tratar-se-á com mais detalhes.

E para que mapear territórios? O conhecimento geográfico das novas terras era de fundamental importância para a Coroa Portuguesa. Informações sobre rios, lagos, riachos, terrenos e solos propícios à agricultura e à pecuária, possíveis minas de ouro, prata, ferro, cobre e pedras preciosas, tribos de índios, florestas com madeiras de lei e outras, informes sobre vilas e vilarejos em formação, entre outras tantas informações eram (como ainda são também hoje) para ações estratégicas, seja no campo da economia (produção e comércio, junto com impostos), seja no campo político (comando), seja até mesmo militar.

Um elemento importante, em termos de produção agrícola, foi a monocultura, quase exclusiva por muito tempo, da cana de açúcar. A Europa vinha consumindo açúcar e derivados da cana, o que aqueceu grandemente o comércio e o interesse de se plantar cana no Brasil. De acordo com o site Nova Cana:

“Como o Brasil é o maior produtor de cana, muitos acreditam que se trata de uma cultura genuinamente nacional, mas não é verdade. A planta surgiu na ilha de Nova Guiné, no meio do Oceano Pacífico e se espalhou para o mundo gradualmente, junto com a migração humana. No Brasil a cana-de-açúcar só chegou em 1520, logo após os portugueses.

Desde que chegou ao país no início do século XVI, junto com as primeiras caravelas, a cana-de-açúcar se tornou um dos mais importantes cultivos desenvolvidos no Brasil. (...)” (NOVACANA. Cana-de-Açúcar — Tudo sobre esta versátil planta. Disponível em: < https://www.novacana.com/noticias/cana-de-acucar > Acesso em 04/03/2023.) [Negrito meu.]

Como a cana de açúcar viria a se adaptar bem ao nordeste brasileiro e este, sendo mais próximo da Europa, além da competição de outras regiões do mundo onde havia plantações, então uma crise começou a ocorrer, como apresentado no texto do jornal. Soluções foram buscadas. Entre elas, o bandeirantismo.

Vale a pena lembrar que, para produzir cana de açúcar, no Brasil foram usadas largas extensões de terras, tomadas, principalmente de Mata Atlântica, hoje (século XXI) em tamanho bem menor do que era no início dos tempos da colonização brasileira pelos portugueses. Há partes dela que, inclusive, se tornaram parques, como o Parque Nacional do Itatiaia (RJ), Parque Nacional da Serra da Bocaina (ES), entre outros. A luta de ecologistas pela preservação é ferrenha. Tais parques e o que resta da Mata Atlântica são importantes para o bem ecológico e a preservação de espécies em todo o Brasil, inclusive para GOIÁS, tendo em vista a questão climática.

Tratar dessa questão ecológica significa lembrar, constantemente, que impactos do passado sobre o mundo natural se fazem sentir até os dias de hoje e cujo conhecimento não podem, em qualquer hipótese, ser relegado a segundo plano. O movimento, em termos de estudos e aprendizados, entre o passado e o presente, é deveras importantíssimo para que possamos nos entender como seres históricos, ou seja, como seres inseridos numa história mais vasta, da qual fizeram e fazem parte outros seres humanos – seja a história do Brasil, seja a história propriamente dita de GOIÁS, onde vivemos. Sobre esses impactos, uma outra aula, sem dúvida, em outro dia.

E o texto do Jornal Estado de Minas continua:

 “Apesar do romantismo e heroísmo apresentado pela história brasileira, a realidade vivenciada pelos bandeirantes era precária. Andavam descalços, as roupas em farrapos, e era comum sofrerem de fome, doenças e ataques de animas selvagens e índios hostis. Essa dureza das expedições tornava os bandeirantes homens extremamente violentos, ambiciosos e rudes, características muito utilizadas para a escravização de índios e combate aos quilombos. Por exemplo, o Quilombo de Palmares foi destruído pela Entrada com mais de seis mil homens comandada por Domingos Jorge Velho.” (ESTADO DE MINAS. Bandeirantes: heróis ou vilões? Disponível em: < https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2015/07/07/noticia-especial-enem,665802/bandeirantes-herois-ou-viloes.shtml > Acesso em 04/03/2023.)

Romantismo e heroísmo são palavras que lembram a visão fantasiosa e bonita que, comumente, se tem dos bandeirantes. Uma visão falsa, dadas as grandes dificuldades por eles enfrentadas, a situação de precaridade em que viviam e, principalmente, do que viriam a fazer com índios e negros, por conta da ambição e do uso da força armada. Com efeito, as armas usadas pelos bandeirantes eram muito mais potentes e letais que quaisquer armas indígenas, o que levou até mesmo a massacres de tribos quase inteiras, com grande números de escravos. Os bandeirantes mataram, estupraram e escravizaram muitos índios. E também destruíram quilombos (comunidades de negros escravos fugidos).

Também:

“As expedições de bandeirantes organizadas por particulares eram conhecidas como Bandeiras. As organizadas pelo governo eram conhecidas como Entradas. Tinham geralmente como ponto de partida as cidades de São Vicente e São Paulo. Caminhavam seguindo o curso dos rios, criando trilhas e muitas vezes seus pontos de apoio se transformaram posteriormente em cidades. Quando era possível, utilizavam a navegação das bacias hidrográficas. Lembrando que o interior do Brasil no Período Colonial era formado na sua maior parte por florestas densas e úmidas, inexploradas e conhecidas apenas pelos índios.” (ESTADO DE MINAS. Bandeirantes: heróis ou vilões? Disponível em: < https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2015/07/07/noticia-especial-enem,665802/bandeirantes-herois-ou-viloes.shtml > Acesso em 04/03/2023.)

Saindo da Capitania de São Vicente (posteriormente, Capitania de São Paulo), seguiam por vários caminhos, matas, florestas, rios, como diz o texto. No que diz respeito aos pontos de apoio que viriam a se transformar, posteriormente, em cidades, em Goiás, um grande exemplo é a CIDADE DE GOIÁS, que tem até um monumento, chamado Cruz do Anhanguera, com um marco e uma cruz em cima. O marco define o poder de Portugal, possuidor então daquelas terras, e a cruz, a presença da Igreja Católica Romana, que agiria em conjunto com a Coroa Portuguesa e que teria um papel importante na formação do povo goiano, bem como de todo o povo brasileiro.

OBS: Lembrando: texto usado com fins exclusivamente didáticos, como material didático complementar, além do livro didático propriamente dito.

O texto continua:

“Durante o período em que a União Ibérica [1580 a 1640] invalidou as delimitações impostas pelo Tratado de Tordesilhas [1494], o bandeirantismo intensificou suas atividades alcançando regiões cada vez mais distantes. As explorações dos bandeirantes delimitaram o território brasileiro que conhecemos hoje. Inclusive da Amazônia, devido à procura das drogas do sertão.” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.)

A União Ibérica foi um período em que Portugal e Espanha foram unificados em torno de um mesmo rei, com o Rei Felipe II da Espanha e outros que o sucederam. O rei português havia morrido sem deixar filhos e, na linha de sucessão ao trono, Felipe II acabou assumindo. Um elemento comercial importante, além das competências citadas anteriormente sobre os bandeirantes, foi a obtenção das chamadas drogas do sertão. Que eram e para que serviam? Eram plantas que tinham potencial alimentar, farmacológico, também como especiarias e, certamente, outros usos. Contribuíram para acrescentar um produto natural a mais no comércio com Portugal e a Europa.

Invasores holandeses, alguns anos após o fim da União Ibérica, seriam expulsos do Brasil (1654). Portugal sabia bem que não podia perder as terras obtidas e conquistadas.

“Como o objetivo principal dos bandeirantes era a captura de indígenas para a escravidão, eles descobriram que o ataque às missões jesuíticas eram uma rentável alternativa, em que poderiam obter índios acostumados a uma rotina de trabalhos braçais. Com isso, jesuítas e bandeirantes entraram em conflito diversas vezes. Realidade: a brutalidade, fome e ganância em um ambiente hostil. ([Ver] foto: Pintura de Debret  mostrando uma luta de bandeirantes contra indígenas.).” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.)

Como adquirir escravos indígenas poderia render mais dinheiro e sem precisar comprar de vendedores que vinham com navios abarrotados de escravos da África, a invasão às missões jesuítas viria a ser um bom negócio, mesmo desrespeitando a Congregação Jesuíta (católica). Conflitos vieram a ocorrer e, de forma muito intensa, no Sul do Brasil. A ambição dos bandeirantes, como se vê e o texto acima comenta, era brutal, com profunda sede de ganhos, numa vida dura tanto para aqueles homens como para seus capturados, fossem estes índios, índias e também crianças indígenas. Em Goiás, ainda que não houvesse ataque a missões de padres jesuítas ou de outra congregação, mesmo assim a crueldade e a ganância dos bandeirantes, com toda certeza, estiveram presentes naqueles que para Goiás viriam.

“Graças as essas expedições, as primeiras regiões ricas em ouro foram descobertas no final do século XVII. Em 1695, aconteceu a primeira descoberta de ouro nas proximidades do Rio das Velhas, local onde hoje estão as cidades mineiras de Caeté e Sabará. Pouco tempo depois, outras regiões próximas formaram um dos maiores centros de exploração de ouro no Brasil.” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.)

O ouro descoberto naquelas que viriam a ser chamadas Minas Gerais atiçou o interesse de muita gente em ir para aquelas regiões. Minas Gerais, com efeito, se mostraria, ao longo dos séculos seguintes, uma enorme produtora de ouro, além de pedras preciosas que seriam encontradas aqui e ali. O ouro mineiro, juntamente com o posterior ouro encontrado em GOIÁS e em outros lugares, alimentaria a economia portuguesa e da colônia por um bom tempo. Até mesmo na arte deixaria marcas, tendo em vista que o Barroco mineiro, junto com o carioca e o baiano, mostrariam grande esplendor. Como se verá, ainda que também viesse a ocorrer também em Goiás, o barroco aqui seria menos expressivo, ainda que com algum destaque, como se verá em aulas posteriores.

“A descoberta do ouro em pouco tempo estimulou as autoridades portuguesas a terem mais controle sobre a colônia e elas entraram em conflito com os colonos paulistas pelo monopólio sobre a mineração: a Guerra dos Emboabas. Ao longo do século XVIII, a exploração do ouro representou a principal fonte de renda de Portugal. Outras entradas e bandeiras foram responsáveis pela descoberta de ouro e pedras preciosas nas regiões de Mato Grosso e Goiás.” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.)

O controle sobre o Brasil, no momento em que se começam a encontrar minas de ouro (além de algumas contendo pedras preciosas), era crucial. Com relação à Guerra dos Emboabas [nome dado a portugueses], o site Stoodi assim resume: “A Guerra dos Emboabas foi uma disputa entre bandeirantes e lusitanos pela exploração das jazidas de ouro de Minas Gerais. Depois de conflitos e muitas mortes, os paulistas saíram derrotados e foram em busca de novas minas, as encontrando na área centro-oeste do país. ” [grifo do próprio site] (STOODI. Ver citação completa nas referências.). Como se pode ver, a Guerra dos Emboabas abriu caminho, além da situação econômica da Capitania de São Vicente/São Paulo, para a vinda de bandeirantes para a Região Centro-Oeste, onde ficam Goiás e Mato Grosso.

“A partir de então, o bandeirantismo inaugurou uma nova etapa nas relações econômicas na colônia. Com a intensificação do controle das autoridades portuguesas e as reformas promovidas pelo Marquês de Pombal, o bandeirantismo acabou perdendo sua importância. Contudo, no período em que se consolidou como atividade econômica, a ação dos bandeirantes foi de grande importância para a ampliação dos territórios e a diversificação das atividades comerciais.” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.) [negritado meu]

O avanço por terrenos pouco conhecidos, em direção a oeste e centro-oeste, por conta também do fim do traçado do Tratado de Tordesilhas, em busca de riquezas e novas terras, foi de vital importância para a colonização e a fixação de pessoas em Mato Grosso e Goiás. Para lembrar, o a linha do Tratado de Tordesilhas demarcava as fronteiras entre terrenos de Portugal, a leste de seu traçado, e da Espanha, a oeste de tal traçado. O tamanho do Brasil veio a ampliar-se consideravelmente. Mas, como se verá ao longo dos estudos, às custas de massacres de povos indígenas, do aumento de escravos negros trazidos para trabalhar em minas descobertas em Mato Grosso e Goiás.

No caso de Goiás, entre os bandeirantes abaixo citados, dois seriam de extrema importância: Bartolomeu Bueno da Silva, o pai, e Bartolomeu Bueno da Silva, o filho, sendo que este último, seguindo teimosamente os passos do pai, acabaria, efetivamente, por encontrar ouro em terras goianas. Só para lembrar, Goyás era nome de indígenas que outrora existiram em Goiás e vieram a ser exterminados.

“Os principais bandeirantes foram Fernão Dias Pais, Manuel Borba Gato, [Amador Bueno da Veiga], Bartolomeu Bueno da Silva (Anhanguera), Domingos Jorge Velho, Antônio Raposo Tavares, Nicolau Barreto e Manuel Preto. Muitos deles aclamados como heróis pelo governo paulista. Heróis ou vilões? Talvez sejam ambos.” (ESTADO DE MINAS. Op. Cit.]

Fontes:
CARVALHO FRANCO, Francisco de Assis, Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil, Editora Itatiaia Limitada - Editora da Universidade de São Paulo, 1989.
MONTEIRO, John. Negros da Terra. Índios e Bandeirantes nas origens de São Paulo, no séc. XVI. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.” (ESTADO DE MINAS.
Bandeirantes: heróis ou vilões? Disponível em: < https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2015/07/07/noticia-especial-enem,665802/bandeirantes-herois-ou-viloes.shtml > Acesso em 04/03/2023.) [O que está entre colchetes é meu, como pequena correção ao texto.]

Ainda que contestados e criticados, há monumentos aos bandeirantes em diferentes lugares do Brasil. Em Goiás, na capital Goiânia, há até a Avenida Anhanguera e a estátua do Bandeirante, na mesma avenida, em homenagem a Bartolomeu Bueno da Silva, um dos desbravadores de Goiás, a partir da capitania de São Vicente/São Paulo. Em São Paulo, há a Rodovia dos Bandeirantes! Vê-se, com isto, a percepção dos bandeirantes, com certo romantismo e imaginação, como heróis. Sem dúvida, foram responsáveis por descobertas e avanços, ampliando o tamanho das terras então portuguesas.

Contudo, aproveitando o outro termo, “vilões”, ainda que não se possa ler a história por meio de dualismos (heróis X vilões, por exemplo), o fato é que a empreitada dos bandeirantes deixou, no decorrer dos séculos, muitos mortos, escravos, mulheres e meninas indígenas (e negras) estupradas, entre outras barbaridades. O julgamento cabe à história.

Com os bandeirantes e aqueles(as) que lhes seguiram os passos, a formação de um povo, hoje, com muitos traços indígenas, brancos e negros, em uma mistura racial, sem dúvida, muito rica e que veio a contribuir para a constituição humana do Brasil. Pessoas que se encontraram, se confrontaram, se odiaram, outras que se amaram, enfim e com razão, um verdadeiro amálgama entre raças e povos.

A partir do segundo bimestre, daqui a alguns dias, começaremos a ver, com mais detalhes, temas aqui apresentados, além de outros que fazem parte da riquíssima cultura goiana.

REFERÊNCIAS BÁSICAS:

ESTADO DE MINAS. Bandeirantes: heróis ou vilões? Disponível em: < https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2015/07/07/noticia-especial-enem,665802/bandeirantes-herois-ou-viloes.shtml > Acesso em 04/03/2023.) [O que está entre colchetes é meu, como pequena correção ao texto.

NOVACANA. Cana-de-Açúcar — Tudo sobre esta versátil planta. Disponível em: < https://www.novacana.com/noticias/cana-de-acucar > Acesso em 04/03/2023.

PARQUE DAS AVES. Conheça os Parques Nacionais da Mata Atlântica. Disponível em: < https://www.parquedasaves.com.br/blog/3332/ > Acesso em 04/03/2023.

ROMEIRO, Julieta et alii. DIÁLOGO Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. São Paulo, Moderna, 2020. Seis volumes.

STOODI. Guerra dos Emboabas: o que foi, resumo e mais! Disponível em: < https://www.stoodi.com.br/blog/historia/guerra-dos-emboabas/#:~:text=A%20Guerra%20dos%20Emboabas%20foi%20uma%20disputa%20entre%20bandeirantes%20e,%C3%A1rea%20centro%2Doeste%20do%20pa%C3%ADs.  > Acesso em 04/03/2023.

 

PRIMEIRO BIMESTRE - AULA 6 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS: CIDADE: PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE – O PODER DA IDEOLOGIA: ESTUDO DE CASO – O NAZISMO (Prof. José Antônio Brazão.)

  

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PRIMEIRO BIMESTRE

AULA 6 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS:

 

CIDADE: PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE – O PODER DA IDEOLOGIA: ESTUDO DE CASO – O NAZISMO (Prof. José Antônio Brazão.)

O poder ideológico – PARTE 1 – A PROPAGANDA:

Entre as formas de poder, como já foi visto, há três centrais: o poder econômico, o poder político e o poder ideológico. Hoje será realizado um breve estudo de caso da força do poder ideológico (poder de influenciar pessoas por meio de ideias). Um caso específico e claro, extremo: o da propaganda nazista.

O fascismo da Itália (líder: Benito Mussolini) e o nazismo na Alemanha (líder: Adolf Hitler), combinados, levaram à prisão e à condenação à morte de milhões de pessoas, sem contar com a imensidão de gente que morreu durante a Segunda Guerra Mundial e até depois, por conta das consequências do conflito.

Porém, o foco aqui se dará sobre os grupos que antecedem a guerra e, ao longo dela, continuam a sofrer: pessoas deficiente e com problemas mentais (crianças, jovens, adultos e idosos), judeus, negros, ciganos e homossexuais, entre outros, além de inimigos políticos (ex.: socialistas, comunistas).

O nazismo, principalmente, sem deixar de lado o fascismo, tinha como parte de seu ideário: a defesa da eugenia (purificação da raça), a ideologia da raça pura ariana (branca, saudável e forte), o combate ao comunismo, o antissemitismo (combate rigoroso aos judeus, vistos como uma raça inferior e causadora de males), ciganos, homossexuais (considerados um desvio pelos nazistas), deficientes e outros seres humanos que, criam os nazistas, deviam ser eliminados em nome da eugenia.

Aqui vai o poder enorme da propaganda.

Os nazistas, como também os fascistas, fizeram largo uso de todos os meios de comunicação social existentes nas décadas de 1920, 1930 e parte dos anos 40: jornais, rádio, cinema, cartazes, panfletos, desfiles pomposos, entre outros meios e recursos, tanto visuais quanto auditivos. Também a própria Educação de crianças e jovens, passando a transmitir aquelas ideias falsas como se fossem verdades puras, até que as pessoas, de tão bombardeadas diariamente por elas, viessem a crer nelas como verdades absolutas.

Deste modo, com apoio de muita gente do povo, puderam levar adiante suas ações maléficas, com muitíssimas mortes: em clínicas (experimentos e mortes de deficientes, judeus e outros grupos), campos de concentração (judeus, ciganos, homossexuais, inimigos, ciganos e outros), campos de trabalho escravo forçado, com muitos homens e mulheres passando fome e tendo que se sujeitar a duras penas, diariamente, como muitas horas e péssimas condições de trabalho.

O poder ideológico – PARTE 2 – O CONVENCIMENTO:

A propaganda contínua, antes e durante a guerra, com mensagens diárias e devidamente orquestradas, foi fundamental para convencer muitos alemães de que tudo o que o Partido Nazista estava fazendo era para o bem maior do povo alemão e para o engrandecimento da Pátria.

Para coordenar a veiculação da ideologia nazista, foi escolhido como Ministro da Propaganda um homem chamado Paul Joseph Goebbels. De acordo com a BBC News Brasil:

[OBS.: (1) Professor: fazer um resumo esquemático, no quadro, com canetões/gizes coloridos, de todos os textos citados, a fim de ganhar tempo e selecionar o essencial do que há neles contidos. (2) Os textos citados da BBC News têm finalidade exclusivamente didática, para estudo-aprendizado de tema que interessa à formação cidadã.]

“Paul Joseph Goebbels (1897-1945) foi um político nazista alemão e ministro da Propaganda do regime de Adolf Hitler, entre 1933 e 1945.

Goebbels filiou-se ao partido nazista em 1924 e, dois anos depois, foi promovido a líder distrital de Berlim. A partir daí, tornou-se mais próximo de Hitler, a quem era devoto.

Nos dias depois das vitórias eleitorais do partido em julho de 1932, Hitler informou Goebbels que ele pretendia colocá-lo como diretor do novo Ministério da Propaganda. Ele foi apontado em 1933.

O ministério tinha como objetivo fazer a população alemã obedecer os nazistas e adorar a Hitler. Para tanto, lançava mão de uma série de métodos diferentes.

‘A educação nacional do povo alemão’, escreveu Goebbels, segundo a Enciclopédia do Holocausto do Memorial do Holocausto dos EUA, ‘será colocada nas minhas mãos’.

‘Goebbels exerceu enorme influência’, diz o texto. Cinema, rádio, teatro e a imprensa estavam sob sua tutela, e por ali ele transmitia a ideologia nazista enquanto censurava outras informações.

A pasta era dividida em sete departamentos: administração e jurídico; imprensa; rádio; filmes e censura; falas públicas, saúde, juventude e raça; arte, música e teatro; e combate à contrapropaganda.

‘Aos 35 anos, Goebbels, o ministro mais jovem do novo gabinete, tornou-se indispensável ao regime de Adolf Hitler’, diz o texto da enciclopédia.” (BBC NEWS BRASIL. Fogueiras de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels, Ministro de Hitler... Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 > Acesso em 04 de março de 2023.)

Goebbels cuidou devidamente de muitos, senão todos, os discursos feitos por Hitler, tanto para o povo alemão quanto para grandes públicos nas cidades. No caso dos grandes públicos, além das palavras, os gestos (movimentos do corpo, dos braços, do rosto, etc.), a entonação de voz e outros elementos de discurso eram cuidadosamente elaborados, a fim de dar uma demonstração de força e poder jamais antes vista pelo povo alemão.

A CENSURA (proibição e vigilância) foi largamente usada. Ainda de acordo com a BBC News:

Qualquer meio que transmitisse ideias antinazistas ou outros estilos de vida era censurado. O controle sobre jornais, rádio, cinema e teatro foi reforçado. Todos os jornais eram controlados pelo governo e só poderiam publicar textos favoráveis ao regime nazista.

Apenas livros que concordavam que os pontos de vista nazistas eram permitidos. Todos os outros livros foram banidos e muitos foram queimados publicamente a partir de maio de 1933.

Milhares de livros vistos como subversivos ou representativos de ideologias opostas ao nazismo foram lançados em grandes fogueiras. Isso incluía livros escritos por autores judeus, pacifistas, clássicos, liberais, anarquistas, socialistas ou comunistas.

O orador do evento foi Goebbels que, segundo seu biógrafo Longerich, declarou que "a era do pretenso intelectualismo judeu" havia acabado.

Na música clássica, obras de compositores judeus como Mendelssohn e Mahler foram banidos, e obras do compositor alemão Richard Wagner foram promovidas. Os nazistas eram grandes opositores do jazz, que eles referiam como "música de negros" e chamavam de "degenerada".

"Que músicos têm os ingleses que se comparam a Beethoven ou Richard Wagner, e que artistas podem apresentar os americanos que se comparam a Michelangelo ou Leonardo da Vinci? Eles falam de cultura humana. Nós a temos, e nos mantemos hoje como guardiões e protetores", afirmou Goebbels em um discurso em junho de 1943 na abertura de uma exibição de arte alemã.

O texto está disponível na página de Propaganda Nazista e do Leste Alemão da Calvin University, de Michigan, nos EUA.(BBC NEWS BRASIL. Fogueiras de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels, Ministro de Hitler... Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 > Acesso em 04 de março de 2023.)

Um instrumento muitíssimo usado foi o RÁDIO. Ainda de acordo com a BBC News:

“Rádios eram vendidos por um valor barato para que a maior parte dos alemães pudesse tê-los.

Toda transmissão de rádio era controlada pelo ministério de Goebbels. Além disso, rádios com alto-falantes eram colocados pelos nazistas em lugares como cafés, fábricas, praças e esquinas de ruas para que todos pudessem ouvir a mensagem dos nazistas.

Grande parte das informações recebidas reforçava a mensagem da superioridade racial ariana, além de demonizar judeus e outros "inimigos" do regime.

Junto ao rádio, o uso de vídeos como recurso inovador para chamar a atenção das pessoas para a divulgação de conceitos nazistas foi uma das marcas da gestão de Goebbels à frente do ministério da Propaganda de Hitler.

Fotos de Hitler estavam por todas as partes, e ele era retratado como o salvador da Alemanha. Slogans simples foram usados para introduzir a ideologia nazista ao povo alemão: ‘Acabe com o comunismo’, ‘Livre a Alemanha dos judeus’, entre outros.

O símbolo da suástica aparecia em todos os uniformes do governo e prédios públicos. Além disso, o povo alemão tinha que se cumprimentar dizendo ‘Heil Hitler’ com a famigerada saudação do braço levantado.

Demonstrações públicas em apoio ao nazismo envolviam música, discursos e demonstrações da força alemã. Todos os anos, uma grande demonstração acontecia em Nuremberg.” (BBC NEWS BRASIL. Fogueiras de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels, Ministro de Hitler... Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 > Acesso em 04 de março de 2023.)

Somava-se a tudo isto, ainda, o diligente cuidado com a aparência. Enfim, de acordo com a BBC News:

'Semblante cavalheiro'

Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, em 2016, a secretária pessoal de Goebbels, Brunhilde Pomsel, admitiu que entre suas tarefas estava "adulterar estatísticas reduzindo números oficiais de soldados mortos, bem como aumentar os índices de estupros de mulheres alemãs pelo Exército Vermelho".

Ao jornal, Pomsel descreveu o ministro nazista como "baixo, mas bem tratado", com um "semblante cavalheiro", sempre "com um bronzeado leve" e usando "os melhores ternos". Goebbels mancava por uma má-formação em um dos pés e por isso não foi lutou em guerras.

"Ele tinha mãos bem cuidadas, provavelmente fazia manicure todos os dias", disse a secretária.(BBC NEWS BRASIL. Fogueiras de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels, Ministro de Hitler... Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 > Acesso em 04 de março de 2023.)

Todo esse aparato e tantos outros meios bem usados e articulados como estratégias de CONVENCIMENTO e até mesmo de transformação de mentiras em verdades absolutas. Como dizia o próprio Goebbels: “Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade.” (BRASIL ESCOLA UOL. Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade. Disponível em: < https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/banco-de-redacoes/13716 > Acesso em 04 de março de 2023.)

Outros instrumentos de convencimento: as vestimentas militares de soldados, dos chefes e de outras autoridades, incluindo as do próprio Hitler e de seus ministros, reforçando a aparência; os estandartes, as bandeiras, as fotos do Fuhrer (palavra alemã que significa líder) nas escolas e em todas as repartições e também em muitas casas; a saudação nazista com braço levantado; a imponência das construções de prédios (sugestão: vídeo Arquitetura da Destruição, no Youtube), escolas novas e outros, incluindo estádios de atletismo; arte (música, pintura, desenhos, revistas, além de outras formas de expressão artística), etc. Tudo montado para CONVENCER as pessoas e fazê-las a acreditar no novo regime totalitário.

Por trás do regime: muitas mortes, assassinatos, escravidão de inúmeras pessoas (homens e mulheres), perseguições, invasões, domínios, experimentos científicos com cobaias humanas, atrocidades, enriquecimento das autoridades e de todos os grupos ligados a estas e ao Partido Nazista (no caso do fascismo, também), juntamente com muita corrupção! Com isto, se vê claramente uma aliança entre os poderes econômico, político e ideológico.

A escravidão e o uso de riquezas advindas de impostos, pilhagens – ex.: de muitas famílias judias e de outros grupos considerados inferiores ou perigosos, malvistos, perseguidos e presos pelo regime, além de países invadidos, como a Áustria, a Tchecoslováquia e, ao que fará eclodir a II Guerra Mundial, a Polônia. Também colônias na África, onde haveriam batalhas ferozes durante a guerra.

Em termos políticos, o próprio totalitarismo, ou seja, o controle total do Estado (país) em torno de somente e exclusivamente um partido e de um líder (Fuhrer). Poder conquistado com grande estratégia e aproveitamento de situações que vieram a ser propícias, como a crise econômica de 1929, que jogou a Alemanha numa profunda depressão, como fez com outros países do mundo inteiro.

Enfim, o poder ideológico, como foi descrito ao longo deste estudo. Um poder, como se vê, de grande ação e ainda mais reforçado em a aliança com aqueles dois outros poderes.

Para o povo alemão (e, no caso do fascismo, da Itália também), se, em um primeiro momento, o poder do totalitarismo fez o país sair da crise e elevar a alto grau de desenvolvimento (ainda que às custas de ações como as vistas acima), ao final da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), a Alemanha, como outros muitos lugares, sairia toda arrasada. Basta lembrar do armamentismo levado ao máximo com o novo regime que havia sido implantado, junto com sede de vingança por causa da derrota na I Guerra Mundial (1914 a 1918). Um claro alerta até para os dias de hoje, em que se sabe da existência de grupos neonazistas espalhados pelo Brasil e pelo mundo afora.

REFERÊNCIAS BÁSICAS:

BBC NEWS BRASIL. Fogueiras de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels, Ministro de Hitler... Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 > Acesso em 04 de março de 2023.

BBC NEWS BRASIL. 'Ilusão da verdade': A importância da repetição para o sucesso das mentiras. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-37852352 > Acesso em 04 de março de 2023.

BRASIL ESCOLA UOL. Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade. Disponível em: < https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/banco-de-redacoes/13716 > Acesso em 04 de março de 2023.)

FANTÁSTICO (REDE GLOBO). Polícia prende grupo de jovens acusados de neonazismo em SC. Disponível em: < https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/10/23/policia-prende-grupo-de-jovens-acusados-de-neonazismo-em-sc.ghtml > Acesso em 04/03/2022.

YOUTUBE. Arquitetura da Destruição DOCUMENTÁRIO. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=7Z8aQN-L8pI > Acesso em 04 de março de 2023. Obs.: Não veja este vídeo se for muito sensível. Contém cenas pesadas, de acordo com o próprio Youtube, tanto que este exige registro antes de ver. Aqui neste estudo foi posto por dispor de muitas informações no que tange à arquitetura e à arte nazistas.

 

 

 

PRIMEIRO BIMESTRE - AULA 6 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS: CONTEÚDO: OS PRIMEIROS FILÓSOFOS GREGOS HERÁCLITO DE ÉFESO E PARMÊNIDES DE ELEIA - PARMÊNIDES DE ELEIA (Prof. José Antônio Brazão.)


SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica


PRIMEIRO BIMESTRE

AULA 6 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS:

CONTEÚDO: OS PRIMEIROS FILÓSOFOS GREGOS

HERÁCLITO DE ÉFESO E PARMÊNIDES DE ELEIA

PARMÊNIDES DE ELEIA:  (Prof. José Antônio Brazão.)

Diálogo interdisciplinar com a Arte, a História e a Língua Portuguesa.

 

QUADRO COMPARATIVO:

ASPECTOS CENTRAIS DAS IDEIAS DE:

PARMÊNIDES DE ELEIA

(Cerca de 530 – 460 a.C.; séc. VI/V a.C.)

PARMÊNIDES DE ELEIA (WIKIPÉDIA):

Em slides (esp.):

https://es.wikipedia.org/wiki/Parm%C3%A9nides_de_Elea#/media/Archivo:Parmenides.jpg

Em slides (Ingl.):

https://en.wikipedia.org/wiki/Parmenides#/media/File:Parmenides.jpg

Em slides (ELEIA\VELIA, de Parmênides):

https://en.wikipedia.org/wiki/Velia#/media/File:Velia_Excavation_and_Tower.jpg

Em slides (ÉFESO, de Heráclito):

https://en.wikipedia.org/wiki/Ephesus#/media/File:Ephesus_Celsus_Library_Fa%C3%A7ade.jpg

Parmênides de Eleia (Prof. José Antônio.)

*Parmênides de Eleia viveu entre os séculos V e IV a.C. (antes de Cristo a contagem é regressiva). Eleia fica no Sul da Itália, antigamente conhecido como Magna Grécia.

*Parmênides também buscou entender a natureza e o cosmos. No entanto, diferentemente de Heráclito de Éfeso (ver imagens de Éfeso), acreditava que o movimento (devir ou vir a ser) é uma ilusão.

*Parmênides, em um poema que escreveu, conta que uma amazona, em uma carruagem de fogo conduzida por cavalos, o levou até o palácio de TÊMIS, deusa grega da Justiça.

*A deusa Têmis o acolheu de boa vontade e lhe falou de dois caminhos: o caminho do SER e o caminho da OPINIÃO (conhecimento incerto e ilusório), do devir, da ilusão. O caminho do SER diz que “O SER É, O NÃO-SER NÃO É”.

*O ser é eterno, perfeito, esférico (fechado em si mesmo), completo (a esfera é completa em si), cheio em si mesmo, pleno, IMUTÁVEL (não sofre mudança).

*Uma comparação pode ajudar a entender o SER parmenídico (de Parmênides), ainda que que o entendimento de Parmênides seja FILOSÓFICO e não religioso: o nome de Deus no livro bíblico do ÊXODO. Moisés, no deserto, pastoreando ovelhas e cabras, estava perto do monte Horebe (ou Sinai). Viu um espinheiro (sarça) pegando fogo e ouviu a voz de Deus chamando-o. Deus ordena que Moisés volte ao Egito e liberte da escravidão o povo de Israel, ao qual Moisés pertencia. Moisés pergunta sobre o nome de Deus e este responde: “EU SOU AQUELE QUE SOU”. E que dissesse ao povo que “AQUELE QUE É” o enviou para libertá-lo.

IMAGENS (MOISÉS, na Wikipédia):

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mois%C3%A9s

Em slides:

Conjunto 1:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mois%C3%A9s#/media/Ficheiro:Moses041.jpg

Conjunto 2:

https://es.wikipedia.org/wiki/Mois%C3%A9s#/media/Archivo:'Moses'_by_Michelangelo_JBU140.jpg

Conjunto 3:

https://en.wikipedia.org/wiki/Moses#/media/File:Guido_Reni_-_Moses_with_the_Tables_of_the_Law_-_WGA19289.jpg

*No caso de Moisés, quando Deus diz que é AQUELE QUE É, há o SER. Deus se identifica como O SER ETERNO, PERFEITO, CRIADOR (Deus é Criador de acordo com o livro do Gênesis), COMPLETO, PLENO EM SI MESMO, INDEPENDENTE, TODO-PODEROSO (capaz de libertar o povo de Israel, como viria a acontecer, com a intervenção de Moisés), SENHOR. Visão religiosa do SER de Deus.

*O SER de Parmênides não é criador. O povo grego não acreditava que o mundo surgiu do nada a partir de uma criação feita por um deus determinado.

A criação do mundo conforme os gregos antigos:

https://super.abril.com.br/historia/a-origem-do-mundo-segundo-a-mitologia-grega/  (Ler só o trecho inicial, se houver tempo.)

*O SER de Parmênides NÃO é um deus para o qual se deva orar ou ao qual se deva adorar.

*O Deus de Moisés e de Israel é um Deus a quem se deve adorar.

*O Deus de Moisés e de Israel é conhecido através da FÉ.

*O SER de Parmênides é conhecido através do PENSAMENTO. A deusa Têmis diz a Parmênides que “PENSAR E SER SÃO O MESMO” (frase que se encontra no poema). O Ser só pode ser apreendido pelo pensamento. O Ser não pode ser visto pelos olhos, mas pode ser apreendido pelo pensamento. O pensamento é capaz de elevar-se até o SER.

*Pensamento é a reunião de ideias que se encadeiam (se ligam), formadas por meio de: abstração (capacidade de formar imagens e ideias separando-as mentalmente do concreto, dos sentidos), reflexão, meditação, entendimento, compreensão entre outros.

*Através das habilidades do pensamento é possível formar uma ideia do SER.

*O CAMINHO DO SER, portanto, deve ser trilhado, seguido, segundo a deusa Têmis.

* O segundo caminho, o CAMINHO DA OPINIÃO (conhecimento incerto) DOS MORTAIS, exposto pela ordem enganadora das palavras (final do fragmento 8).

*A deusa Têmis, então, fala de como os meros mortais (pessoas comuns e outras) pensam e compreendem o mundo. Ela faz uma descrição do universo geocêntrico (com a Terra no centro), como se acreditava naquela época (por volta do século VI a.C. e por um bom tempo depois). (Ver imagens na Wikipédia, que bem resumem.)

Para mais detalhes, o livro de Gerd Bornheim é indicado.

REFERÊNCIAS:

ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS, Maria H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.

BORNHEIM, Gerd. Os Filósofos Pré-Socráticos. 14.ed. São Paulo, Cultrix, 1998.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.

WIKIPÉDIA. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 07 de março de 2021.