COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
PRIMEIRO BIMESTRE
AULA 6 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS:
CIDADE:
PODER, POLÍTICA E SOCIEDADE – O PODER DA IDEOLOGIA: ESTUDO DE CASO – O NAZISMO
(Prof. José Antônio Brazão.)
O poder
ideológico – PARTE 1 – A PROPAGANDA:
Entre
as formas de poder, como já foi visto, há três centrais: o poder econômico, o
poder político e o poder ideológico. Hoje será realizado um breve estudo de
caso da força do poder ideológico (poder de influenciar pessoas por meio de
ideias). Um caso específico e claro, extremo: o da propaganda nazista.
O
fascismo da Itália (líder: Benito Mussolini) e o nazismo na Alemanha (líder:
Adolf Hitler), combinados, levaram à prisão e à condenação à morte de milhões
de pessoas, sem contar com a imensidão de gente que morreu durante a Segunda
Guerra Mundial e até depois, por conta das consequências do conflito.
Porém,
o foco aqui se dará sobre os grupos que antecedem a guerra e, ao longo dela,
continuam a sofrer: pessoas deficiente e com problemas mentais (crianças,
jovens, adultos e idosos), judeus, negros, ciganos e homossexuais, entre
outros, além de inimigos políticos (ex.: socialistas, comunistas).
O
nazismo, principalmente, sem deixar de lado o fascismo, tinha como parte de seu
ideário: a defesa da eugenia (purificação da raça), a ideologia da raça pura
ariana (branca, saudável e forte), o combate ao comunismo, o antissemitismo (combate
rigoroso aos judeus, vistos como uma raça inferior e causadora de males),
ciganos, homossexuais (considerados um desvio pelos nazistas), deficientes e
outros seres humanos que, criam os nazistas, deviam ser eliminados em nome da
eugenia.
Aqui
vai o poder enorme da propaganda.
Os
nazistas, como também os fascistas, fizeram largo uso de todos os meios de
comunicação social existentes nas décadas de 1920, 1930 e parte dos anos 40:
jornais, rádio, cinema, cartazes, panfletos, desfiles pomposos, entre outros
meios e recursos, tanto visuais quanto auditivos. Também a própria Educação de
crianças e jovens, passando a transmitir aquelas ideias falsas como se fossem
verdades puras, até que as pessoas, de tão bombardeadas diariamente por elas,
viessem a crer nelas como verdades absolutas.
Deste
modo, com apoio de muita gente do povo, puderam levar adiante suas ações
maléficas, com muitíssimas mortes: em clínicas (experimentos e mortes de
deficientes, judeus e outros grupos), campos de concentração (judeus, ciganos,
homossexuais, inimigos, ciganos e outros), campos de trabalho escravo forçado,
com muitos homens e mulheres passando fome e tendo que se sujeitar a duras
penas, diariamente, como muitas horas e péssimas condições de trabalho.
O poder ideológico – PARTE 2 – O CONVENCIMENTO:
A
propaganda contínua, antes e durante a guerra, com mensagens diárias e
devidamente orquestradas, foi fundamental para convencer muitos alemães de que
tudo o que o Partido Nazista estava fazendo era para o bem maior do povo alemão
e para o engrandecimento da Pátria.
Para
coordenar a veiculação da ideologia nazista, foi escolhido como Ministro da
Propaganda um homem chamado Paul Joseph Goebbels. De acordo com a BBC News
Brasil:
[OBS.: (1) Professor:
fazer um resumo esquemático, no quadro, com canetões/gizes
coloridos, de todos os textos citados, a fim de ganhar tempo e selecionar o
essencial do que há neles contidos. (2) Os textos citados da BBC News têm
finalidade exclusivamente didática, para estudo-aprendizado de tema que
interessa à formação cidadã.]
“Paul Joseph Goebbels (1897-1945)
foi um político nazista alemão e ministro da Propaganda do regime de Adolf
Hitler, entre 1933 e 1945.
Goebbels filiou-se ao partido
nazista em 1924 e, dois anos depois, foi promovido a líder distrital de Berlim.
A partir daí, tornou-se mais próximo de Hitler, a quem era devoto.
Nos dias depois das vitórias
eleitorais do partido em julho de 1932, Hitler informou Goebbels que ele
pretendia colocá-lo como diretor do novo Ministério da Propaganda. Ele foi
apontado em 1933.
O ministério tinha como objetivo
fazer a população alemã obedecer os nazistas e adorar a Hitler. Para tanto,
lançava mão de uma série de métodos diferentes.
‘A educação nacional do povo alemão’,
escreveu Goebbels, segundo a Enciclopédia do Holocausto do Memorial do
Holocausto dos EUA, ‘será colocada nas minhas mãos’.
‘Goebbels exerceu enorme influência’,
diz o texto. Cinema, rádio, teatro e a imprensa estavam sob sua tutela, e por
ali ele transmitia a ideologia nazista enquanto censurava outras informações.
A pasta era dividida em sete
departamentos: administração e jurídico; imprensa; rádio; filmes e censura;
falas públicas, saúde, juventude e raça; arte, música e teatro; e combate à
contrapropaganda.
‘Aos 35 anos, Goebbels, o ministro
mais jovem do novo gabinete, tornou-se indispensável ao regime de Adolf Hitler’,
diz o texto da enciclopédia.” (BBC NEWS BRASIL. Fogueiras
de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels, Ministro de Hitler...
Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 > Acesso em 04 de março de 2023.)
Goebbels
cuidou devidamente de muitos, senão todos, os discursos feitos por Hitler,
tanto para o povo alemão quanto para grandes públicos nas cidades. No caso dos
grandes públicos, além das palavras, os gestos (movimentos do corpo, dos
braços, do rosto, etc.), a entonação de voz e outros elementos de discurso eram
cuidadosamente elaborados, a fim de dar uma demonstração de força e poder
jamais antes vista pelo povo alemão.
A
CENSURA (proibição e vigilância) foi largamente usada. Ainda de acordo com a
BBC News:
“Qualquer meio que
transmitisse ideias antinazistas ou outros estilos de vida era censurado. O
controle sobre jornais, rádio, cinema e teatro foi reforçado. Todos os jornais
eram controlados pelo governo e só poderiam publicar textos favoráveis ao
regime nazista.
Apenas livros que concordavam que
os pontos de vista nazistas eram permitidos. Todos os outros livros foram
banidos e muitos foram queimados publicamente a partir de maio de 1933.
Milhares de livros vistos como
subversivos ou representativos de ideologias opostas ao nazismo foram lançados
em grandes fogueiras. Isso incluía livros escritos por autores judeus,
pacifistas, clássicos, liberais, anarquistas, socialistas ou comunistas.
O orador do evento foi Goebbels
que, segundo seu biógrafo Longerich, declarou que "a era do pretenso
intelectualismo judeu" havia acabado.
Na música clássica, obras de
compositores judeus como Mendelssohn e Mahler foram banidos, e obras do
compositor alemão Richard Wagner foram promovidas. Os nazistas eram grandes
opositores do jazz, que eles referiam como "música de negros" e
chamavam de "degenerada".
"Que músicos têm os ingleses
que se comparam a Beethoven ou Richard Wagner, e que artistas podem apresentar
os americanos que se comparam a Michelangelo ou Leonardo da Vinci? Eles falam
de cultura humana. Nós a temos, e nos mantemos hoje como guardiões e protetores",
afirmou Goebbels em um discurso em junho de 1943 na abertura de uma exibição de
arte alemã.
O texto está disponível na página
de Propaganda Nazista e do Leste Alemão da Calvin University, de Michigan, nos
EUA.”
(BBC
NEWS BRASIL. Fogueiras de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels,
Ministro de Hitler... Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 >
Acesso em 04 de março de 2023.)
Um
instrumento muitíssimo usado foi o RÁDIO. Ainda de acordo com a BBC News:
“Rádios eram vendidos por um valor
barato para que a maior parte dos alemães pudesse tê-los.
Toda transmissão de rádio era
controlada pelo ministério de Goebbels. Além disso, rádios com alto-falantes
eram colocados pelos nazistas em lugares como cafés, fábricas, praças e
esquinas de ruas para que todos pudessem ouvir a mensagem dos nazistas.
Grande parte das informações
recebidas reforçava a mensagem da superioridade racial ariana, além de
demonizar judeus e outros "inimigos" do regime.
Junto ao rádio, o uso de vídeos
como recurso inovador para chamar a atenção das pessoas para a divulgação de
conceitos nazistas foi uma das marcas da gestão de Goebbels à frente do
ministério da Propaganda de Hitler.
Fotos de Hitler estavam por todas
as partes, e ele era retratado como o salvador da Alemanha. Slogans simples
foram usados para introduzir a ideologia nazista ao povo alemão: ‘Acabe com o
comunismo’, ‘Livre a Alemanha dos judeus’, entre outros.
O símbolo da suástica aparecia em
todos os uniformes do governo e prédios públicos. Além disso, o povo alemão
tinha que se cumprimentar dizendo ‘Heil Hitler’ com a famigerada saudação do
braço levantado.
Demonstrações públicas em apoio ao
nazismo envolviam música, discursos e demonstrações da força alemã. Todos os
anos, uma grande demonstração acontecia em Nuremberg.” (BBC
NEWS BRASIL. Fogueiras de livros e lavagem cerebral: quem foi Goebbels,
Ministro de Hitler... Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 > Acesso em 04 de março de 2023.)
Somava-se
a tudo isto, ainda, o diligente cuidado com a aparência. Enfim, de acordo com a
BBC News:
“'Semblante
cavalheiro'
Em entrevista ao jornal inglês The
Guardian, em 2016, a secretária pessoal de Goebbels, Brunhilde Pomsel, admitiu
que entre suas tarefas estava "adulterar estatísticas reduzindo números
oficiais de soldados mortos, bem como aumentar os índices de estupros de
mulheres alemãs pelo Exército Vermelho".
Ao jornal, Pomsel descreveu o
ministro nazista como "baixo, mas bem tratado", com um
"semblante cavalheiro", sempre "com um bronzeado leve" e
usando "os melhores ternos". Goebbels mancava por uma má-formação em
um dos pés e por isso não foi lutou em guerras.
"Ele tinha mãos bem cuidadas,
provavelmente fazia manicure todos os dias", disse a secretária.” (BBC NEWS BRASIL. Fogueiras de livros e lavagem
cerebral: quem foi Goebbels, Ministro de Hitler... Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 > Acesso em 04 de março de 2023.)
Todo
esse aparato e tantos outros meios bem usados e articulados como estratégias de
CONVENCIMENTO e até mesmo de transformação de mentiras em verdades absolutas.
Como dizia o próprio Goebbels: “Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade.” (BRASIL ESCOLA UOL. Uma mentira dita mil vezes torna-se
verdade. Disponível em: < https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/banco-de-redacoes/13716 > Acesso em 04 de março de
2023.)
Outros
instrumentos de convencimento: as vestimentas militares de soldados, dos chefes
e de outras autoridades, incluindo as do próprio Hitler e de seus ministros,
reforçando a aparência; os estandartes, as bandeiras, as fotos do Fuhrer (palavra
alemã que significa líder) nas escolas e em todas as repartições e também em
muitas casas; a saudação nazista com braço levantado; a imponência das
construções de prédios (sugestão: vídeo Arquitetura da Destruição, no
Youtube), escolas novas e outros, incluindo estádios de atletismo; arte
(música, pintura, desenhos, revistas, além de outras formas de expressão
artística), etc. Tudo montado para CONVENCER as pessoas e fazê-las a acreditar
no novo regime totalitário.
Por
trás do regime: muitas mortes, assassinatos, escravidão de inúmeras pessoas
(homens e mulheres), perseguições, invasões, domínios, experimentos científicos
com cobaias humanas, atrocidades, enriquecimento das autoridades e de todos os
grupos ligados a estas e ao Partido Nazista (no caso do fascismo, também),
juntamente com muita corrupção! Com isto, se vê claramente uma aliança entre os
poderes econômico, político e ideológico.
A
escravidão e o uso de riquezas advindas de impostos, pilhagens – ex.: de muitas
famílias judias e de outros grupos considerados inferiores ou perigosos,
malvistos, perseguidos e presos pelo regime, além de países invadidos, como a
Áustria, a Tchecoslováquia e, ao que fará eclodir a II Guerra Mundial, a
Polônia. Também colônias na África, onde haveriam batalhas ferozes durante a
guerra.
Em
termos políticos, o próprio totalitarismo, ou seja, o controle total do Estado
(país) em torno de somente e exclusivamente um partido e de um líder (Fuhrer).
Poder conquistado com grande estratégia e aproveitamento de situações que
vieram a ser propícias, como a crise econômica de 1929, que jogou a Alemanha
numa profunda depressão, como fez com outros países do mundo inteiro.
Enfim,
o poder ideológico, como foi descrito ao longo deste estudo. Um poder, como se
vê, de grande ação e ainda mais reforçado em a aliança com aqueles dois outros
poderes.
Para
o povo alemão (e, no caso do fascismo, da Itália também), se, em um primeiro
momento, o poder do totalitarismo fez o país sair da crise e elevar a alto grau
de desenvolvimento (ainda que às custas de ações como as vistas acima), ao
final da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), a Alemanha, como outros muitos
lugares, sairia toda arrasada. Basta lembrar do armamentismo levado ao máximo
com o novo regime que havia sido implantado, junto com sede de vingança por
causa da derrota na I Guerra Mundial (1914 a 1918). Um claro alerta até para os
dias de hoje, em que se sabe da existência de grupos neonazistas espalhados
pelo Brasil e pelo mundo afora.
REFERÊNCIAS
BÁSICAS:
BBC NEWS BRASIL. Fogueiras de livros e lavagem cerebral:
quem foi Goebbels, Ministro de Hitler... Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51071094 >
Acesso em 04 de março de 2023.
BBC NEWS BRASIL. 'Ilusão da verdade': A importância da
repetição para o sucesso das mentiras. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-37852352 >
Acesso em 04 de março de 2023.
BRASIL ESCOLA UOL. Uma mentira dita mil vezes torna-se
verdade. Disponível em: < https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/banco-de-redacoes/13716 >
Acesso em 04 de março de 2023.)
FANTÁSTICO (REDE GLOBO). Polícia prende grupo de jovens
acusados de neonazismo em SC. Disponível em: < https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2022/10/23/policia-prende-grupo-de-jovens-acusados-de-neonazismo-em-sc.ghtml >
Acesso em 04/03/2022.
YOUTUBE. Arquitetura da Destruição DOCUMENTÁRIO.
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=7Z8aQN-L8pI >
Acesso em 04 de março de 2023. Obs.: Não veja este vídeo se for muito sensível.
Contém cenas pesadas, de acordo com o próprio Youtube, tanto que este exige
registro antes de ver. Aqui neste estudo foi posto por dispor de muitas
informações no que tange à arquitetura e à arte nazistas.
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