COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
QUARTO BIMESTRE
AULA 34 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:
APLICAÇÃO DA TIPOLOGIA DA DOMINAÇÃO WEBERIANA PARA
COMPREENDER A REALIDADE BRASILEIRA: CLIENTELISMO, PATRIMONIALISMO, NEPOTISMO,
CORRUPÇÃO (Parte 1) (Prof. José Antônio Brazão.):
ESTUDO DE TEXTO:
O PODER LEGÍTIMO E AS FORMAS DE DOMINAÇÃO
(Afrânio Silva e outros) – Estudo (PARTE 1: A dominação tradicional.):
“As formas de exercício do poder
podem ser legítimas ou não. Segundo Max Weber, elas são legítimas quando a
influência exercida é aceita por aqueles que se submetem à vontade do outro,
como no caso dos moradores de uma cidade ante as decisões da prefeitura. E não
são legítimas quando pressupõem apenas o uso da força para imposição da
vontade, como no caso das ditaduras. O
exercício legítimo do poder é chamado por Weber de dominação. Quando o poder é
exercido exclusivamente com o uso da força, a dominação não é legítima. Para a
Sociologia, o que importa é a análise da dominação legítima, aquela em que o
dominado aceita as condições em que o exercício do poder acontece.” (SILVA,
Afrânio et alii. Cap. 6: Poder, Política e Estado. IN: ____________________. Sociologia
em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2017. Pp. 142-144.)
COMENTÁRIO
(Prof. José Antônio.)
Poder é uma palavra que tem como significados ter
domínio ou controle sobre, exercício da vontade sobre, autoridade, mando,
influência, entre outros. O poder se exerce, em termos políticos, na direção da
sociedade. Segundo Weber, existem formas de exercício de poder que são
legítimas (verdadeiras, reconhecíveis) ou não (destituídas de fundamento). O
poder impõe a submissão de alguém por alguém, “como no caso dos moradores de
uma cidade ante as decisões da prefeitura”, isto é, os moradores respeitam e seguem
as determinações da prefeitura, que exerce sobre o povo uma certa dominação.
Há dominação legítima (baseada na lei) e dominação
ilegítima (baseada na força, não na lei). A seguir, os tipos de dominação
legítima.
“De acordo com Max Weber,
existem três tipos puros de dominação legítima: a tradicional, a carismática e
a racional-legal. A tradicional consiste na crença em
instituições e regras transmitidas de geração em geração, conduzidas por um
indivíduo ou grupo de pessoas, que se baseiam nos costumes para exercer a
dominação. São exemplos desse tipo de dominação as relações feudais, o
patriarcalismo e o coronelismo.” (SILVA, Afrânio et alii. Cap. 6: Poder,
Política e Estado. IN: ____________________. Sociologia em Movimento.
2.ed. São Paulo, Moderna, 2017. Pp. 142-144.)
COMENTÁRIO
(Prof. José Antônio.)
A dominação tradicional se baseiam na tradição e
nos costumes definidos em uma sociedade, ao longo de décadas e séculos. Três
exemplos citados: “as relações feudais, o patriarcalismo e o coronelismo”. No
período feudal, na Europa, quem mandava (exercia dominação) eram os senhores
feudais, isto é, os donos de grandes
feudos (latifúndios, enormes extensões de terras), nos quais residiam vassalos
e servos (também vassalos), além de artesãos e outros avassalados. Vassalagem
era um tipo de dominação em que o senhor garantia proteção para seus vassalos
(dominados) em troca de serviços e tributos. Não era definida por escrito,
muitas vezes era baseada na tradição, nos costumes, a dominação.
O patriarcalismo, segundo a Infopédia:
“patriarcalismo
pa.tri.ar.ca.lis.mo
nome masculino
1.sistema social que atribui aos homens um lugar central quer enquanto
chefes de família, quer na vida política
2.preponderância da autoridade masculina num grupo ou numa sociedade
3.autoridade e prestígio social conferidos ao patriarca ou figura
masculina tutelar
De patriarcal+-ismo” (INFOPÉDIA.
Patriarcalismo. Disponível em: < https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/patriarcalismo > Acesso em: 18/10/2024.)
Um bom e simples exemplo de patriarcalismo aparece
na Bíblia, livro disponível em muitas casas: no livro de Gênesis, entre outros,
aparecem os patriarcas, tais como Abraão, Isaac, Jacó, José e outros que foram
fundantes do povo de Israel (e de outros povos, como no caso de Esaú, Ismael e
de outros não fundadores diretos de Israel), conforme os textos ali presentes
apresentam.
A palavra patriarca vem de patri-, latim, do pai,
referente ao pai, e arqué (arché), grego, princípio, no caso princípio de
poder. A figura do pai, do chefe de família, que domina. No caso dos patriarcas
da Bíblia, os pais fundadores, que exerciam poder sobre tribos – basta lembrar
das doze tribos de Israel. A palavra do patriarca valia ouro, isto é, é a que
dominava, seja sobre as mulheres, os filhos, escravos(as) e outros servos e
servas, além de familiares e outros ligados à tribo.
O coronelismo, por sua vez, segundo a INFOPÉDIA:
“coronelismo
co.ro.ne.lis.mo
nome masculino
POLÍTICA sistema político-social, próprio do meio rural e que
desenvolveu durante a Primeira República (1889-1930) no Brasil, em que os
proprietários rurais dominavam os meios de produção e o poder económico, social
e político local
De coronel+-ismo” (INFOPÉDIA.
Coronelismo. Disponível em: < https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/coronelismo > Acesso em 18/10/2024.)
Coronéis eram, geralmente, fazendeiros ricos
(agricultores e pecuaristas) ou homens ricos em cidades, que controlavam a
região e exerciam domínio sobre as pessoas, inclusive sobre o voto, garantindo
assim a continuidade do poder de sua família e de seus apoiadores. Não tinham,
em sua imensa maioria, patente militar. O nome coronel era uma forma de
prestígio e poder, um poder exercido para garantir privilégios e aumento de
riqueza. A palavra dos coronéis é o que valia, conforme cada região. Sob seu
domínio também estavam capangas a seu serviço, a fim de imporem os desejos e o
poder do coronel mediante o uso da força e das armas.
“A
dominação carismática é estabelecida quando os
dominados possuem a crença de que há qualidades excepcionais em determinado
indivíduo, algo que o torna superior aos outros e lhe permite exercer liderança
ou controle sobre eles. Pode ser ilustrada por figuras de lideranças religiosas
ou políticas com grande poder de influência social. Para Weber, a dominação
carismática se contrapõe à dominação tradicional e propicia a transformação
social, visto que a crença nas qualidades excepcionais do líder permite a ele
estender suas ações para além dos limites das normas vigentes. No Brasil,
figuras como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, entre outros, são exemplos
de lideranças carismáticas.” (SILVA, Afrânio et alii. Cap. 6: Poder, Política e
Estado. IN: ____________________. Sociologia em Movimento. 2.ed. São
Paulo, Moderna, 2017. Pp. 142-144.)
“A
dominação racional-legal,
fundamentada em normas e regras aprovadas e aceitas por todos, tem como exemplo
a burocracia. Na concepção weberiana, esse tipo de dominação caracterizaria o
Estado moderno, no qual as relações entre cidadãos e Estado seriam marcadas
pela impessoalidade, ou seja, com base em regras e normas convencionadas e
seguidas por todos os membros de uma coletividade, sem nenhuma distinção.” (SILVA,
Afrânio et alii. Cap. 6: Poder, Política e Estado. IN: ____________________. Sociologia
em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2017. Pp. 142-144.)
“No Brasil, como em outras
nações, há graves e variados casos de corrupção política, situações nas quais
integrantes do Estado, muitas vezes eleitos pela população, fazem uso indevido
de verbas públicas, empregando-as para fins privados. Isso indica que mesmo em
regimes democráticos, guiados por leis que criminalizam tais práticas, ainda há
muito a ser feito para que as condutas de representantes políticos obedeçam ao
princípio de impessoalidade determinado pela democracia moderna. (SILVA, Afrânio et alii. Cap. 6: Poder, Política e
Estado. IN: ____________________. Sociologia em Movimento. 2.ed. São
Paulo, Moderna, 2017. Pp. 142-144.)” (Grifos e sublinhados:
do Prof. José Antônio.)
REFERÊNCIAS:
INFOPÉDIA.
Coronelismo. Disponível em: < https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/coronelismo > Acesso em 18/10/2024.
INFOPÉDIA.
Patriarcalismo. Disponível em: < https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao/patriarcalismo > Acesso em: 18/10/2024.
SILVA,
Afrânio et alii. Cap. 6: Poder, Política e Estado. IN: ____________________. Sociologia
em Movimento. 2.ed. São Paulo, Moderna, 2017.
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