domingo, 31 de março de 2024

SEGUNDO BIMESTRE - AULA 11: JOGOS INTERNOS ESCOLARES E EDUCAÇÃO FÍSICA – UM BREVE COMENTÁRIO REFLEXIVO (Prof. José Antônio Brazão.)

SEGUNDO BIMESTRE 
AULA 11: JOGOS INTERNOS ESCOLARES E EDUCAÇÃO FÍSICA – UM BREVE COMENTÁRIO REFLEXIVO (Prof. José Antônio Brazão.)

Observação: Ao longo do texto, há algumas palavras e expressões que foram colocadas em caixa alta a título de realce, para pontuar elementos importantes na apresentação do que é dito.

No Brasil e em outros lugares do mundo, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, escolas públicas e particulares têm o costume de proporcionar, seja anualmente ou semestralmente, jogos internos. Esses jogos são competições entre turmas de estudantes que fazem parte de cada série ou ano escolar da escola.

Ao longo de alguns poucos (quatro a cinco) dias, o Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás Vasco dos Reis proporcionou, a seus estudantes e demais membros da comunidade escolar, os Jogos Internos.

Jogos são atividades físicas que envolvem seguimento de regras.

Ao longo dos jogos, os “perdedores”, equipes que foram perdendo as disputas, e, ao final, há os que saem “vencedores” e os finalistas também “perdedores”. “Perdedores” e “vencedores” estão entre aspas, aqui, de  Mas quem sai perdedor e quem sai ganhador? Na verdade, toda a comunidade escolar perde e ganha, mais ainda cada estudante, cada time. Como assim? É preciso refletir um pouco.

O que que se perde e o que que se ganha? Para que hajam jogos em uma escola, é preciso uma equipe que prepare e toda a escola que esteja envolvida, bem como equipe(s) (time[s]) de cada sala que prepare e se comprometa com os treinos. Aqui, vários GANHOS reais, de início:

(1)o aprendizado de ORGANIZAÇÃO, com cronograma de jogos e horários;

(2)aprendizado de PREPARO, este envolvendo uma equipe organizadora e toda a comunidade interna, contando com a direção, coordenações, professores(as) de Educação Física, professoras e professores de todas as matérias, representantes de estudantes que acompanham e repassam informações a seus times, as “tias” do lanche (cantineiras e, às vezes, outras pessoas que se propõem ajudar), o pessoal da segurança, conforme cada escola,  e até externa escolar (pais, mães e outras pessoas representantes);

(3)aprendizado de ENVOLVIMENTO, com todo mundo comprometido com a atividade, dada a importância e o peso desta na vida escolar e da comunidade;

(4)aprendizado de REGRAS: regras já definidas por leis internacionais (exemplo: regras de futsal, de basquetebol, de voleibol, de xadrez, etc.) e regras que devem ser seguidas por todos nos jogos e fora deles (polidez, bom tratamento, educação diária, a regra fundamental do respeito de uns para com outros e para com os adversários, bem como cuidado dos espaços escolares, entre outras). Regras ensinadas nas aulas de Educação Física e outras regras que se aprende com a família, com a sociedade e também se reforça como valores na escola.

No meio das regras, o aprendizado de VALORES ÉTICOS. Por exemplo, o Livro Nacional de Regras de Futsal 2022 deixa bem claro:

“Embora ocorram acidentes, as Leis do Futsal devem tornar o jogo o mais seguro possível. Isso exige que os jogadores mostrem respeito por seus oponentes, e os árbitros devem criar um ambiente seguro, lidando fortemente com aqueles cujo jogo é muito agressivo e perigoso. As Leis do Futsal incorporam a inaceitabilidade do jogo inseguro em suas expressões disciplinares, por exemplo, "jogada temerária" (cuidado = cartão amarelo) e "colocar em risco a segurança de um oponente" ou "usar força excessiva" (expulsão = cartão vermelho).” (Negrito e sublinhado meus.) (CBFS. Livro Nacional de Regras de Futsal 2022. Disponível em: < https://lnfoficial.com.br/documentos/livro-nacional-de-regras-de-futsal-2022-cbfs/ > Acesso em 28/03/2024.)

Um valor ético essencial: o RESPEITO PELOS OPONENTES. Pode-se acrescentar, sem perda, o respeito também pelos membros da equipe de que se faz parte e para com toda a torcida, sem dúvida alguma. Ver os oponentes não como inimigos, mas como colegas, companheiros de escola, amigos possíveis para a vida toda, de repente. Nesse sentido, evitar conflitos, brigas desnecessárias e que poderiam manchar a boa partida.

E o que é a boa partida? Aqui vão outros aprendizados!

Podem ser mencionados, como aprendizados:

(1)O COMPANHEIRISMO. Quem joga de forma respeitosa desenvolve o companheirismo, vendo tanto nos jogadores da equipe companheiros! Com certeza, também nos adversários.

(2)O ESPÍRITO DE EQUIPE. Perceber que não se pode vencer uma partida e um torneio sozinho(a), mas que cada vitória é resultado do trabalho e do empenho de todos os membros da equipe e de cada um(a) em particular. Se  esse empenho individual e coletivo a vitória se torna mais distante e difícil. Mesmo quando se perde, a equipe chora, o que anima cada chorão ou chorona a ver que não está sozinho(a). Espírito de equipe e companheirismo são exigidos ao longo de toda a vida, seja no trabalho, na igreja, no órgão ou instituição de que se venha a fazer parte, enfim, de muitos modos.

(3)O RESPEITO A REGRAS. Além das regras nacionais e internacionais, as regras éticas e outras! Cada regra carrega consigo um ou mais valores éticos essenciais ao bem comum (o bem de todos).

(4)A AMIZADE. Jogos contribuem para fortalecer amizades, abrindo cada membro da equipe e da turma para o diálogo um (uns) para com os outros. Amizade é algo de enorme valor para a vida toda.

(5)A SAÚDE. Praticar esportes, principalmente com frequência, é um dos melhores meios para se obter um corpo saudável, forte e imune a doenças, juntamente com a alimentação adequada e o sono positivo, adequado.

(6)A DISPOSIÇÃO. Com a saúde, a disposição para realizar várias coisas na vida, uma das quais aprender hoje e sempre, ao longo de toda a vida.

(7)O FORTALECIMENTO DO CARÁTER. Por envolver equipe, companheirismo, exigência de respeito a regras já existentes e outras definidas em comum acordo ainda antes dos jogos, estes contribuem para fortalecer o caráter, a marca da ética que cada um(a) deve desenvolver ao longo da vida toda. Ética não se aprende apenas na teoria aprendida ou nas igrejas, tão somente, ela vai mais: é aprendida no convívio, sendo que jogos são oportunidades profundas de convívio entre colegas e entre estes e outras turmas. O caráter é aquilo que vem a marcar a vivência do CIVISMO, ainda e cada vez mais importante nos dias atuais!

(8)MELHORIAS CORPORAIS E MENTAIS. “Mente sã em corpo são”, diziam os antigos romanos, os mesmos que fizeram obras retratadas em maquetes montadas por algumas turmas do vespertino, há poucos dias atrás. O cérebro tem uma melhoria nos vasos sanguíneos, no funcionamento dos neurônios, na imunidade, na rapidez de resposta aos estímulos – aliás, jogos internos escolares são grandes fontes de estímulos-repostas cerebrais, respostas, boas vezes, rápidas, como as provocadas por um lance de bola ou no movimento de uma peça do xadrez.

(9)ATÉ O HUMOR, que é aumentado com um aglomerado de hormônios que são liberados ao longo dos jogos.

(10)A CAPACIDADE DE TORCER, tanto pela equipe da sala de aula propriamente dita quanto por toda a escola. Torcida é energia liberada, energia positiva, liberada em cada grito, em cada gesto e em cada movimento!

(11)EDUCAÇÃO. De acordo com o Dicionário Oxford Languages, do Google: “Educação: (2)aplicação dos métodos próprios para assegurar a formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano; pedagogia, didática, ensino.” (Em GOOGLE Dicionário Oxford Languages, verbete Educação.) Esta é apenas UMA definição de Educação. Educação que envolve, como o texto diz: formação, isto é, ação de dar forma, de estruturar, e o desenvolvimento físico (do corpo, da constituição natural corpórea), intelectual (da inteligência, da razão, das emoções e outros elementos característicos da inteligência) e moral (formação e desenvolvimento de valores éticos). Como se pôde ver, os jogos internos são um meio extremamente positivo de formação e desenvolvimento das capacidades e das condições necessárias no presente e ao longo da vida inteira de todos(as) os(as) estudantes.

Uma outra palavra: FÍSICA, cuja origem é grega, PHYSIS, que se traduz por NATUREZA. A natureza como aquilo de que todos os seres vivos fazem parte e, aqui, mais especificamente: natureza enquanto organização e estrutura próprias do corpo humano. A escola como contribuidora para o desenvolvimento da educação do corpo humano como um todo.

(12)Aprendizado de ESTRATÉGIAS. Nenhum jogo ou batalha se vence sem estratégia. Estratégias como artifícios ou artimanhas para se obter, aqui, de modo positivo e honesto, cada competição de que se participa. Independentemente da vitória ou da derrota, estratégias se aplicam também na vida, no dia a dia, no trabalho e em muitas outras ações, no decorrer do tempo vital.

E aqui começam as perdas de que se falou no começo. Perdas muito positivas, que vão muito além da perda de qualquer partida: perda ou redução da inibição, em alguns casos; perda de quilos e ganho de massa corpórea muscular; perda da ignorância em relação às regras desportivas; etc.

Outro ponto importantíssimo que não se pode olvidar (esquecer): jogos são BRINCADEIRAS. Portanto, todo jogo tem um caráter LÚDICO, de brincadeira e toda brincadeira, na verdade, é um jogo, com regras, mesmo regras as mais simples. Até pular amarelinha tem lá suas regras, só para lembrar. Os seres humanos são seres lúdicos por natureza, e não somente eles, muito certamente: gostam de brincar, algo observável desde a infância até hoje, na vida de cada um(a). Deste modo, a Educação tem um papel de extrema importância, tanto para com os indivíduos que dela participam quanto para todos os membros da sociedade em que estes se situam.

BREVE CONCLUSÃO:

O que aqui encontra-se apresentado é apenas uma parte de outros tantos benefícios que podem ser descobertos e aprendidos por meio de jogos escolares e de práticas de educação física, refletidos a partir da prática de alguns dias.

Como foi dito antes, mente sã em corpo são. O desenvolvimento do aprendizado pode ser potencializado com o auxílio dos exercícios físicos, entre os quais aqueles que são proporcionados e potencializados pelos esportes e por sadias competições.

Outro fato importantíssimo: a convivência entre todos os membros da comunidade escolar. Enfim, como se pôde ver, ao longo deste texto, o trabalho da escola é amplificado pela relação que se estabelece entre exercícios físicos, jogos e atividades que, direta ou indiretamente, proporcionam a melhoria do aprendizado.

Enfim, vale lembrar: exercícios físicos, como os realizados em jogos e no dia a dia, devem andar junto com alimentação simples e variada, sem excessos, e sono, isto é, dormir bem, por um tempo adequado a cada idade.

REFERÊNCIAS:

CBFS. Livro Nacional de Regras de Futsal 2022. Disponível em: < https://lnfoficial.com.br/documentos/livro-nacional-de-regras-de-futsal-2022-cbfs/ > Acesso em 28/03/2024.

GLOBO SAÚDE. Quem dorme bem tem mais facilidade para adotar exercícios e dieta. Disponível em: < https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/post/2023/03/04/quem-dorme-bem-tem-mais-facilidade-para-adotar-exercicios-e-dieta.ghtml > Acesso em 28/03/2024.

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Sono: aliado da atividade física. Disponível em: < https://vidasaudavel.einstein.br/sono-aliado-da-atividade-fisica/ > Acesso em 28/03/2024.

TERRA. Sono regular facilita adesão à dieta e exercícios, diz estudo. < https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/sono-regular-facilita-adesao-a-dieta-e-exercicios-diz-estudo,bebe0b80ea75251e38e6942bee8163791j34aqya.html?utm_source=clipboard > Acesso em 28/03/2024.

 

domingo, 24 de março de 2024

SEGUNDO BIMESTRE - AULA 10 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS: OS DIREITOS HUMANOS NO PASSADO PRÓXIMO E HOJE (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

SEGUNDO BIMESTRE

AULA 10 DE SOCIOLOGIA DOS SEGUNDOS ANOS:

DEMOCRACIA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS:

OS DIREITOS HUMANOS NO PASSADO PRÓXIMO E HOJE (Prof. José Antônio Brazão.):

Quando se fala em direitos humanos, é preciso ver que a luta em favor deles não é de hoje. É antiga. Se se fizer uma viagem no tempo, na imaginação e com base nos documentos, poder-se-á ver que já na antiguidade havia empenho para que direitos básicos fossem obtidos e garantidos, inclusive, por meio de textos legais-religiosos. Um texto curioso, é o que trata do direito ao descanso semanal, como se pode ver na Bíblia judaica e na Bíblia cristã.

Um dos mandamentos da Lei Divina, segundo o livro do Êxodo (Êxodo, cap. 20, versículo 4 diz o seguinte:

“Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, o teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou.” (BÍBLIA ONLINE. Êxodo, cap. 20, versículo 4. Disponível em: < https://www.bibliaon.com/os_10_mandamentos/ > Acesso em 22/03/2024.)

Curiosamente, além da pessoa propriamente dita (o judeu), a obediência do sábado, com caráter divino, se estende a membros da família e ainda a servos, servas, animais e até a estrangeiros que morassem nas cidades do povo judeu (israelita). O texto menciona até mesmo o fato de o dia de descanso seguir o acontecimento de Deus ter descansado no sétimo dia, após os seis dias da criação, mencionados nos dois primeiros capítulos do Livro do Gênesis (Gênesis, cap. 1,1 ao cap. 2,4). O descanso inclui os próprios animais!

O descanso como um direito e, ao mesmo tempo, uma obrigação com caráter divino, religioso, um dia a ser dedicado ao descanso e ao próprio Deus. Um direito que reapareceria, ao longo dos séculos, e viria a se firmar em leis claras, especialmente, no mundo ocidental (influenciado pelo pensamento e a cultura da Europa). O cristianismo assimilou essa lei, o islamismo também, ainda que em dias diferentes: o domingo e a sexta-feira, respectivamente.

A luta pelos demais direitos humanos teriam, ao longo dos séculos, um caráter humanístico (embates), mas ainda também religioso, com os Livros Sagrados incentivando, de certa maneira, o empenho de diferentes pessoas em prol dos direitos humanos: direito à vida, à liberdade, ao trabalho, a uma carga horária menor de trabalho e outros tantos. É claro, a influência de posições filosófico-sociológicas, históricas, viriam a ter peso sobre a luta por direitos humanos: discussões éticas, por exemplo, foram imprescindíveis.

Um caso que vale a pena ser citado, de luta pelos direitos humanos, encontra-se no Frei Bartolomeu de Las Casas, espanhol que viveu entre os séculos XV e XVI e que viria a se empenhar intensamente em prol dos direitos dos índios em colônias espanholas na América. De acordo com a Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas:

“(...)Em 1510, Bartolomeu de Las Casas retornou à ilha Espanhola, agora como missionário, para combater o tratamento cruel e desumano dado aos índios pelos colonizadores. Para defender os índios no novo continente, Bartolomeu viajou várias vezes à Espanha, apelando aos oficiais do governo e a todos que o quisessem ouvir. Desde que ingressou na vida religiosa dominicana, ele se dedicou à causa indígena em defesa da vida, da liberdade e da dignidade. Lutou, também, para que tivessem direitos políticos, de povos livres e capazes de realizar uma nova sociedade, mais próxima do Evangelho.” (PIA SOCIEDADE FILHAS DE SÃO PAULO PAULINAS. Bartolomeu de Las Casas. Disponível em: < https://arquisp.org.br/liturgia/santo-do-dia/bartolomeu-de-las-casas  > Acesso em 22/03/2024.)

Entre as posições filosófico-sociológicas, mais próximos do século XXI encontram-se os socialistas utópicos e científicos, que imaginavam, propunham e lutavam por uma sociedade igualitária. Karl Marx e Friedrich Engels, inclusive, escreveram o Manifesto Comunista (século XIX), no qual falam da luta pela construção de uma sociedade socialista e igual para todos, na qual todos teriam trabalho e direitos garantidos, opostamente à desigual e exploradora sociedade capitalista. E qual era a situação de ataque aos direitos humanos, no século XIX, particularmente, que levou a essa luta?

*Muitas horas de trabalho por dia.

*Trabalho de homens, mulheres e crianças.

*Fábricas insalubres.

*Salários muito baixos.

*Direitos trabalhistas quase inexistentes.

*Atendimento precário ou inexistente a acidentes leves e graves, sem possibilidade de recurso ou de direito, chegando-se a perder o emprego e, pior ainda, perder a vida por esgotamento de sangue ou infecção.

*Entre outros ataques aos direitos humanos.

Antes desses dois grandes pensadores, vale lembrar de pensadores antecedentes que refletiram sobre os direitos humanos. Entre eles, além do já mencionado Bartolomeu de Las Casas, vale citar Thomas Morus (More), inglês do século XVI, que escreveu a Utopia. Nesse livro, imagina uma sociedade ideal, vivendo em uma ilha (Ilha de Utopia), na qual não havia fome, nem desemprego, nem qualquer outra injustiça, havendo justiça efetivamente igual para todos os cidadãos e cidadãs.  O que não se podia fazer era a vadiagem. Todo mundo trabalhando. Uma sociedade organizada e sem corrupção! More denuncia, inclusive, muitas injustiças que via em seu tempo, na Inglaterra. Vale a pena ler o livro.

O socialismo, nos séculos XVIII e, principalmente, XIX em diante, não seria o único movimento de luta por direitos humanos, trabalhistas. Haveriam também o anarquismo e sindicalismo!

No século XX, vale citar o movimento feminista, que se intensifica e se fortalece, lutando em prol dos direitos das mulheres: direito ao voto, direito mais extenso à educação formal, direito de igualdade de condições de trabalho e salários com os homens, entre outros.

Ainda no século XX, com o ocorrido nas duas guerras mundiais, um clamor cada vez maior para a constituição de direitos humanos internacionais, o que ocorreu com formação da ONU – Organização das Nações Unidas, idealizada pela Carta das Nações Unidas, um tratado que nasceu nos primeiros anos da década de 1940, porém:

“As Nações Unidas, entretanto, começaram a existir oficialmente em 24 de outubro de 1945, após a ratificação da Carta por China, Estados Unidos, França, Reino Unido e a ex-União Soviética, bem como pela maioria dos signatários. O 24 de outubro é comemorado em todo o mundo, por este motivo, como o Dia das Nações Unidas.” (ONU. A Carta das Nações Unidas. Disponível em: < https://brasil.un.org/pt-br/91220-carta-das-na%C3%A7%C3%B5es-unidas#:~:text=As%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%2C%20entretanto%2C%20come%C3%A7aram,o%20Dia%20das%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas.  > Acesso em 22 de março de 2024.)

Com a ONU, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, três anos após o fim da II Guerra Mundial (1939 – 1945), documento de referência no empenho em prol dos direitos humanos, ainda hoje.

Duas figuras importantes do século XX, na luta pela garantia e efetivação dos direitos humanos, entre outras muitas pessoas, foram o brâmane indiano Mahatma Gandhi e o Pastor estadunidense Martin Luther King, dos quais se falará, no tempo devido, mais adiante.

Direitos humanos e sua discussão são temáticas vivas, ainda hoje (século XXI), tempo em que situações desumanizantes continuam a existir, como: pobreza dentro e fora do Brasil, escravização de pessoas (com denúncias que têm aparecido com frequência em jornais e até mesmo na internet), guerras, como a da Ucrânia, em que muita gente sofre por conta do jogo de interesses internacional em torno desta e de outras regiões do mundo, o trabalho infantil que continua existindo, infelizmente, além de outros casos que virão a ser discutidos com as aulas por vir.

REFERÊNCIAS:

SILVA, Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. (Manual do Professor) 2.ed. São Paulo, Moderna, 2017.

WIKIPÉDIA. Verbete Analfabetismo Político e outros verbetes acima citados. Disponível em: <  https://pt.wikipedia.org/wiki/Analfabetismo_pol%C3%ADtico#:~:text=O%20Analfabeto%20Pol%C3%ADtico%20de%20Bertolt%20Brecht,-Bertolt%20Brecht%20em&text=Ele%20n%C3%A3o%20sabe%20que%20o,rem%C3%A9dio%20dependem%20das%20decis%C3%B5es%20pol%C3%ADticas.&text=e%20estufa%20o%20peito%20dizendo%20que%20odeia%20a%20pol%C3%ADtica.  > Acesso em 22/03/2024.

MINISTÉRIO DA CIDADANIA. Ministério da Cidadania abre consulta pública para compor documento-base para os desafios da agenda de Segurança Alimentar e Nutricional. Disponível em: < https://www.gov.br/cidadania/pt-br/noticias-e-conteudos/desenvolvimento-social/noticias-desenvolvimento-social/ministerio-da-cidadania-abre-consulta-publica-para-compor-documento-base-para-os-desafios-da-agenda-de-seguranca-alimentar-e-nutricional  > Acesso em 22/03/2024.

WIKIPÉDIA. Disponível em: <  https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal  > Acesso em 22/03/2024.

 

SEGUNDO BIMESTRE - AULA 10 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS: ÉMILE DURKHEIM (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

SEGUNDO BIMESTRE

AULA 10 DE SOCIOLOGIA DOS PRIMEIROS ANOS:

Em caso de devolução de provas corrigidas: expor e comentar no quadro.

ÉMILE DURKHEIM (Prof. José Antônio Brazão.)

ORDEM, FUNÇÃO, COESÃO E ANOMIA: O DIAGNÓSTICO DE EMILE DURKHEIM PARA OS CONFLITOS SOCIAIS (Texto de Afrânio Silva e outros):

IMAGENS (ÉMILE DURKHEIM, na Wikipédia):

https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim

https://fr.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim (via Google Trad.)

https://en.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim (idem)

Em slides:

Conjunto 1:

https://en.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim#/media/File:%C3%89mile_Durkheim.jpg

Conjunto 2:

https://fr.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim#/media/Fichier:%C3%89mile_Durkheim.jpg

Conjunto 3:

https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim#/media/Ficheiro:%C3%89mile_Durkheim.jpg

Quando a sociedade é comparada a uma máquina ou a um organismo vivo, quando os indivíduos são tomados como ‘peças’ ou ‘órgãos’ que contribuem para o funcionamento de algo maior, surge outro tema importante nessa perspectiva sociológica: a questão da ordem e da função. A sociedade seria dotada de uma ordem que direciona as partes de acordo com funções específicas que concorrem [correm juntas] para sua manutenção, sua reprodução e seu aperfeiçoamento; ou seja,  existiria uma ordem na disposição [posicionamento, encaixe] das peças para que a máquina realizasse sua função.

IMAGENS (MECANISMO, na Wikipédia):

https://en.wikipedia.org/wiki/Mechanism_(engineering)#/media/File:Landing_gear_schematic.svg

https://ca.wikipedia.org/wiki/Mecanisme#/media/Fitxer:M%C3%A9canisme_griffe_cin%C3%A9ma.gif

https://es.wikipedia.org/wiki/Mecanismo#/media/Archivo:Gears_animation.gif

Esse funcionamento é obtido somente quando os elementos que constituem a sociedade estão unidos, coesos [juntos firmemente]. É por isso que a questão da ordem é compreendida com base no conceito de coesão [união, firme ajuntamento] social; quando cada elemento atua de modo que os demais também trabalhem adequadamente e todos juntos constituam um organismo maior, dizemos que são solidários uns aos outros e ao todo. Assim, o tema da ordem social deve ser compreendido tendo por base a ideia de coesão social, que resulta da ação solidária das partes, a solidariedade social.

IMAGENS (COESÃO SOCIAL, no Google):

https://www.google.com/search?q=coes%C3%A3o+social&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjwoIaCg_7vAhW4GbkGHTbsDi8Q_AUoAXoECAEQAw&biw=1242&bih=597

Instituições como a religião, a escola e a família, por exemplo, são avaliadas por Durkheim como elementos fundamentais na construção da solidariedade social, enquanto as manifestações de insatisfação de trabalhadores, as revoltas e as taxas elevadas de criminalidade são consideradas desvios dos padrões que estabelecem uma vida social saudável; um processo de interrupção da solidariedade a que ele chamou anomia (nómos é uma palavra grega que significa ‘norma, regra, lei’; [a-, prefixo que significa NÃO, FALTA, AUSÊNCIA]; logo, anomia é a ausência de regras).

IMAGENS (ANOMIA SOCIAL, no Google Imagens):

https://www.google.com/search?q=anomia+social+ejemplos&tbm=isch&ved=2ahUKEwjcufOFg_7vAhVWspUCHVKBAVYQ2-cCegQIABAA&oq=anomia+social&gs_lcp=CgNpbWcQARgCMgIIADICCAAyBAgAEB4yBAgAEB4yBAgAEB4yBggAEAUQHjIGCAAQBRAeMgYIABAFEB4yBggAEAUQHjIGCAAQCBAeOgYIABAHEB46BwgAELEDEEM6BQgAELEDOgQIABBDOggIABCxAxCDAToICAAQCBAHEB5Q4vEEWN2WBWCgsAVoAXAAeACAAeMCiAGlGZIBBjItMTEuMpgBAKABAaoBC2d3cy13aXotaW1nwAEB&sclient=img&ei=ngZ3YNzyEdbk1sQP0oKGsAU&bih=597&biw=1242

A anomia é um exemplo extremo de patologia [doença] social (o patológico opõe-se ao normal, no campo da Medicina). De acordo com Durkheim, a anomia acontece quando os elementos que constituem a sociedade deixam de funcionar para cumprir seu objetivo existencial; assim, caracteriza-se como uma patologia [doença], uma disfunção [mau funcionamento] social.

IMAGEM (DOENÇA SOCIAL, no Google Imagens):

https://www.google.com/search?q=doen%C3%A7a+social&tbm=isch&ved=2ahUKEwi44rmxg_7vAhVmqJUCHd2xDv0Q2-cCegQIABAA&oq=doen%C3%A7a&gs_lcp=CgNpbWcQARgAMgQIABBDMgcIABCxAxBDMgcIABCxAxBDMgUIABCxAzIICAAQsQMQgwEyBQgAELEDMgUIABCxAzICCAAyBQgAELEDMgUIABCxAzoECAAQEzoECAAQA1CH7AdY68IIYP7YCGgAcAB4BIAB_wGIAacTkgEEMi0xMZgBAKABAaoBC2d3cy13aXotaW1nsAEAwAEB&sclient=img&ei=-QZ3YPiBJubQ1sQP3eO66A8&bih=597&biw=1242

Solidariedade social: Segundo Durkheim, a sociedade é explicada pelos laços que unem os indivíduos à coletividade (solidariedade social). Esses laços podem ser construídos por meio das semelhanças entre as consciências individuais, o que dá origem à solidariedade mecânica [contribuição de todos, possibilitando o bom funcionamento da máquina social, em sociedades simples, como as indígenas], ou pela interdependência entre os indivíduos, o que gera a solidariedade orgânica [contribuição de cada pessoa, como órgão dentro da sociedade, vista como um organismo composto de órgãos, em sociedades complexas, como as cidades].

IMAGENS (SOLIDARIEDADE MECÂNICA E SOLIDARIEDADE ORGÂNICA, no Google Imagens):

https://www.google.com/search?q=solidariedade+mec%C3%A2nica+e+org%C3%A2nica&tbm=isch&ved=2ahUKEwivycS7hP7vAhUxpZUCHcJ3BD8Q2-cCegQIABAA&oq=solidariedade+mec%C3%A2nica+&gs_lcp=CgNpbWcQARgAMgIIADIECAAQHjIGCAAQBRAeMgQIABAYMgQIABAYMgQIABAYMgQIABAYMgQIABAYMgQIABAYMgQIABAYUIuiB1iLogdg2LIHaABwAHgAgAGFA4gBhQOSAQMzLTGYAQCgAQGqAQtnd3Mtd2l6LWltZ8ABAQ&sclient=img&ei=Gwh3YO_PDLHK1sQPwu-R-AM&bih=597&biw=1242

Anomia: Ausência ou redução da capacidade do tecido social de regular a conduta dos indivíduos. Nesse sentido, configura-se como um problema a ser solucionado, sob pena de causar risco à coesão social e levar a sociedade ao fim.

Texto extraído de: SILVA, Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. (Manual do Professor) 2.ed. São Paulo, Moderna, 2017. Pp. 44-45)

(Todos os grifos e os colchetes no texto: do Prof. José Antônio Brazão, a título de esclarecimentos ou reforço de pontos centrais.)

COMENTÁRIO DO PROFESSOR JOSÉ ANTÔNIO:

Ao comparar a sociedade com o funcionamento dos órgãos de um corpo, o francês Émile Durkheim percebe que existem regularidades que permitem compreender a sociedade. Além do mais, ao funcionar como um organismo, a sociedade tem órgãos e sistemas que se auxiliam mutuamente e que se interdependem (dependem uns dos outros).

O funcionamento desses órgãos (órgãos políticos, jurídicos, educacionais, religiosos e outros) é solidário, isto é, uns dependem dos outros. Ver comentários acima.

REFERÊNCIAS:

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. (Manual do Professor) 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.

SILVA, Afrânio et alii. Sociologia em Movimento. (Manual do Professor) 2.ed. São Paulo, Moderna, 2017.

WIKIPÉDIA. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 21/03/2024.

 

SEGUNDO BIMESTRE - AULA 10 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS: OS SOFISTAS (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

SEGUNDO BIMESTRE

AULA 10 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS

Em caso de devolução de provas corrigidas: expor e comentar no quadro.

OS SOFISTAS (Prof. José Antônio Brazão.)

Os sofistas foram filósofos professores itinerantes, isto é, que iam de um lugar a outro, por toda a Grécia, vendendo seus conhecimentos a quem os pudessem pagar. Eram professores de Retórica e Dialética, respectivamente: eloquência ou a arte de falar bem e com domínio em público; arte do diálogo, do debate, da discussão de ideias.  O uso das palavras de modo a convencer as pessoas e seus pares (no caso de políticos, outros políticos) para sua causa ou sua proposta.

IMAGENS (Debate em assembleia política na antiguidade):

https://www.google.com/search?q=debate+em+assembleia+pol%C3%ADtica+na+antiguidade&tbm=isch&ved=2ahUKEwjA7YntvffvAhXQl5UCHZf1B1oQ2-cCegQIABAA&oq=debate+em+assembleia+pol%C3%ADtica+na+antiguidade&gs_lcp=CgNpbWcQA1D4zAJYqvYCYIb_AmgCcAB4AIAByAKIAe4ckgEIMC4zLjEzLjGYAQCgAQGqAQtnd3Mtd2l6LWltZ8ABAQ&sclient=img&ei=wZhzYICJLtCv1sQPl-uf0AU&bih=597&biw=1242

IMAGENS (Debate em assembleia no mundo atual):

https://www.google.com/search?q=debate+no+senado+do+brasil&tbm=isch&ved=2ahUKEwiL7eeFvvfvAhUWp5UCHR-iDAQQ2-cCegQIABAA&oq=debate+no+senado+do+brasil&gs_lcp=CgNpbWcQAzoECAAQGDoCCAA6BAgAEB46BAgAEBM6CAgAEAgQHhATUOfsClj4xwtgndILaABwAHgBgAHGAogBujeSAQgwLjUuMjUuMZgBAKABAaoBC2d3cy13aXotaW1nwAEB&sclient=img&ei=9ZhzYMueJpbO1sQPn8SyIA&bih=597&biw=1242

Os sofistas ensinavam aos jovens e a adultos que queriam uma posição no mundo da política daquele tempo, sabendo usar as palavras com maestria (domínio), precisão e até mesmo fazendo uso de argumentos nem sempre verdadeiros. O que é um argumento?

De acordo com a Wikipédia:

“Um argumento pode ser definido como uma afirmação acompanhada de justificativa (argumento retórico) ou como uma justaposição de duas afirmações opostas, argumento e contra-argumento (argumento dialético).” (Wikipédia, verbete Argumento)

Argumento é uma afirmação (pode ser também uma negação) acompanhada de uma justificativa (RAZÃO, uma fundamentação, um porquê, etc.). Na vida do dia a dia até mesmo nós fazemos usos de argumentos para defender nossas ideias e posições quanto a determinados assuntos, temas, certas questões, etc.

Para se argumentar é preciso ter conhecimento e domínio das palavras e de seu uso – aí entram a Retórica e a Dialética, além da Gramática e outros conhecimentos referentes às palavras. Os sofistas antigos (e os atuais) sabiam (e sabem) fazer grande uso das palavras.

Até mesmo hoje, de onde vem o aprendizado das palavras, além da família em primeiro lugar? Vem da ESCOLA. Primeiramente, com o aprendizado da Língua Portuguesa, mas também com o aprendizado de todas as matérias escolares. Vem de CURSOS feitos ao longo da vida, nos quais a palavra seja continuamente requisitada. Vem da vivência no dia a dia, com amigos e outras pessoas. Da UNIVERSIDADE, onde muitas coisas são aprendidas e, junto com estas, a língua portuguesa e seu uso. Por meio dos LIVROS. Da TV.  Enfim, vem de MÚLTIPLOS MEIOS. Mas é preciso ficar atento(a) para que esse aprendizado da palavra ou das palavras seja bem cimentado em forma de conhecimentos úteis à vida, a si e à sociedade.

Semelhantemente, é o que ocorreu com os sofistas: ensinaram a  cidadãos da polis (cidade-Estado), recebendo por isto. Além Retórica e Dialética, o ensino da gramática (no caso, a gramática da língua grega antiga). Ensinavam o uso das palavras a juízes e magistrados também.

IMAGENS (HELIEIA em Atenas e outras cidades gregas antigas):

https://www.google.com/search?q=helieia+grecia&tbm=isch&ved=2ahUKEwjx1vfhvvfvAhVUtJUCHbfjCvUQ2-cCegQIABAA&oq=helieia&gs_lcp=CgNpbWcQARgCMgIIADIECAAQHjIECAAQGDoFCAAQsQM6CAgAELEDEIMBOgQIABADOgQIABBDOgcIABCxAxBDOgYIABAKEBhQv7-aAVju3JoBYP75mgFoAHAAeASAAbsDiAHSFpIBCDItMTEuMC4xmAEAoAEBqgELZ3dzLXdpei1pbWewAQDAAQE&sclient=img&ei=tplzYPGjMtTo1sQPt8erqA8&bih=597&biw=1242

Foi na Helieia de Atenas que ocorreu o julgamento de Sócrates, por exemplo, que será estudado depois dos sofistas, a seu tempo.

Magistrados (conhecedores das leis, como juízes, por exemplo), advogados e cidadãos eram chamados a participar de assembleias. É claro, na maioria das vezes, prevaleciam os julgamentos de quem apresentava maiores argumentos (ver, acima, o temo argumento).  Os sofistas davam uma mãozinha intelectual a estes também.

Górgias, sofista, por exemplo, no Elogio de Helena, se mostra um grande advogado em defesa de Helena grega raptada por um príncipe troiano apaixonado por ela e por quem, se acreditava, ela veio a se apaixonar também. Vista por muitos gregos antigos como adúltera e causadora da Guerra de Troia, mostrada no livro ILÍADA, de Homero, antigo poeta grego. Górgias se pôs a defende-la no referido texto. Vejamos um trecho significativo:

“Pois, ou por determinação da Sorte e por deliberação dos deuses e por decreto da Necessidade fez o que fez, ou foi raptada à força, ou persuadida pelos discursos, ou surpreendida pelo amor. Se foi, então, por causa do primeiro, o causador merece ser acusado, pois o ímpeto de um deus, por precaução humana, é impossível impedir. Pois não é natural o mais forte ser impedido pelo mais fraco, mas o mais fraco pelo mais forte ser governado e conduzido, e o mais forte conduzir, mas o mais fraco seguir. Um deus é mais forte do que o homem em força e em sabedoria e nas outras coisas. Se, então, deve-se atribuir a causa à Sorte e ao deus, deve-se absolver Helena da infâmia.” (GÓRGIAS. Elogio de Helena. Tradução de Daniela Paulinelli. Disponível em: < https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/270803/mod_resource/content/1/GORGIAS%20Elogio%20de%20Helena.pdf > Acesso em 11 de abril de 2021.)

Helena é assim descrita na Wikipédia:

“Numa viagem a EspartaPáris encontra a princesa Helena, que está casada com Menelau, irmão de Agamenon, filhos de Atreu, rei de Micenas. Após nove dias entretendo Páris, Menelau, no décimo, parte para Creta, para os rituais fúnebres de Catreu, seu avô materno.[6] Helena e Páris fogem para Troia, abandonando Hermíone, então com nove anos de idade;[6] Menelau, Agamenon, e outros reis juntam-se numa guerra contra Troia.” [WIKIPÉDIA. Helena (mitologia). Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_(mitologia) > Acesso em 11 de abril de 2021.]

IMAGENS [Helena (mitologia), na Wikipédia:

https://de.wikipedia.org/wiki/Helena_(Mythologie)#/media/Datei:Helen_Menelaus_Louvre_G424.jpg

Helena foi RAPTADA e levada, por Páris para Troia. Mas o que levou Helena (da Grécia) e Páris (de Troia) a se sentirem atraídos um pelo outro? De acordo com a mitologia grega, por conta das flechas de Cupido (deus do amor) a mando de deusas descontentes com certa escolha de Páris tempos antes. Aqui entra o discurso de Górgias, advogando em favor de Helena. Vejamos, novamente, o texto acima.

Górgias usa argumentos em defesa de Helena (em cada trecho do texto se pode ver um argumento). Vejamos:

1)    “Pois, ou por determinação da Sorte e por deliberação dos deuses e por decreto da Necessidade [Helena] fez o que fez, ou foi raptada à força, ou persuadida pelos discursos, ou surpreendida pelo amor.” (Górgias). (O nome de Helena que está entre colchetes foi posto por mim a título de esclarecimento.)

2)    “Se foi, então, por causa do primeiro, o causador merece ser acusado, pois o ímpeto de um deus, por precaução humana, é impossível impedir.” (Górgias).

3)    “Pois não é natural o mais forte ser impedido pelo mais fraco, mas o mais fraco pelo mais forte ser governado e conduzido, e o mais forte conduzir, mas o mais fraco seguir. Um deus é mais forte do que o homem em força e em sabedoria e nas outras coisas.” (Górgias).

4)    CONCLUSÃO: “Se, então, deve-se atribuir a causa à Sorte e ao deus, deve-se absolver Helena da infâmia [má fama, difamação (ação de dar má fama a alguém, no caso, a Helena].” (Górgias). (O que está entre colchetes foi posto por mim para esclarecimento do termo.)

O que se quis mostrar com o texto de Górgias é um pouquinho do que foi o trabalho de sofistas, no manuseio das palavras no intuito de convencer as pessoas e defender ideias. Argumentações desses tipos eram ensinadas por eles a seus estudantes.

No entanto, os sofistas (Górgias, Trasímaco, Protágoras e outros) fizeram uma grande revolução no pensamento filosófico da Grécia antiga:

1)    Trouxeram a discussão para o âmbito da realidade humana, realidade vivida, particularmente, nas cidades (póleis, plural de pólis) gregas, diferenciando-se da preocupação cosmológica (de origem e fundamentos do cosmos) de filósofos que os precederam (Tales, Anaxímenes, Heráclito, Parmênides...) e que até lhes foram contemporâneos (ex.: Leucipo e Demócrito). Como dizia Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas.”

2)    Puseram em dia a discussão em torno da política. Trasímaco, por exemplo, citado por Platão, diz: Trasímaco: ``Cada governo estabelece leis para a sua conveniência. Promulgadas tais leis, dizem que é justo para os governos aquilo que lhes convém... há um só modelo de Justiça em todos os Estados -o que convém aos poderes constituídos". (TRASÍMACO. Citação feita por Roberto Romano, na Folha de São Paulo de 09 de outubro de 1995. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/09/opiniao/11.html#:~:text=Tras%C3%ADmaco%3A%20%60%60Cada%20governo%20estabelece,ou%20capazes%20de%20errar%3F%22. > Acesso em 11 de abril de 2021.)

3)    Duvidaram de crenças estabelecidas, mostrando a contrariedade possível de argumentos. Exemplo, de Protágoras de Abdera: “Todo o argumento permite sempre a discussão de duas teses contrárias, inclusive este de que a tese favorável e contrária são igualmente defensáveis [sujeitas à defesa].” (Em: https://www.pensador.com/frases_sofistas/ )

4)    Relativizaram a verdade (a verdade depende de cada um). Diz Protágoras: “Tal como cada coisa se apresenta para mim, assim ela é para mim, tal como ela se apresenta para você, assim ela é para você." (Em: https://www.pensador.com/frases_sofistas/ )

5)    Reforçaram o ensino da Retórica e da Dialética, além de outros conhecimentos que pudessem ajudar no uso persuasivo (convencedor) das palavras. Como diz Isócrates: “Eloquência é a arte de avolumar as pequenas coisas e diminuir as grandes.” (Em: https://www.pensador.com/frases_sofistas/ )

6)    Discutiram a Justiça: “Das coisas belas, umas são belas por natureza e outras por lei, mas as coisas justas não são justas por causa da natureza, os homens estão continuamente disputando pela justiça e a alteram também continuamente.” (Protágoras, citado em: https://www.pensador.com/frases_sofistas/ )

7)    Contribuíram para o desenvolvimento da Educação, ao se preocuparem em oferecer uma formação humanística, que fugia em parte da educação tradicional grega. Até cobravam pelo ensino: o conhecimento e o preparo para a vida política têm preço!

8)    Etc.

OBS.: Fazer uma ponte entre o passado e o presente pode ser muito enriquecedor no aprendizado da filosofia, mostrando sua vivacidade e atualidade!

Há cursos de retórica e dialética ainda hoje. Pagos!

REFERÊNCIAS:

ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS, Maria H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.

GÓRGIAS. Elogio de Helena. Tradução de Daniela Paulinelli. Disponível em: < https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/270803/mod_resource/content/1/GORGIAS%20Elogio%20de%20Helena.pdf > Acesso em 21/03/2024.

O PENSADOR. Frases de Sofistas. Disponível em: < https://www.pensador.com/frases_sofistas/ > Acesso em 21/03/2024.

TRASÍMACO. Citação feita por Roberto Romano, na Folha de São Paulo de 09 de outubro de 1995. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/09/opiniao/11.html#:~:text=Tras%C3%ADmaco%3A%20%60%60Cada%20governo%20estabelece,ou%20capazes%20de%20errar%3F%22. > Acesso em 21/03/2024.

WIKIPÉDIA. Página Principal. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 21/03/2024.

WIKIPÉDIA. Helena (mitologia). Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_(mitologia) > Acesso em 21/03/2024.