domingo, 4 de fevereiro de 2024

PRIMEIRO BIMESTRE - AULA 03 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS. ORIGENS DA FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)

  

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

COMANDO DE ENSINO POLICIAL MILITAR

 CEPMG - VASCO DOS REIS

Divisão de Ensino / Coordenação Pedagógica

PRIMEIRO BIMESTRE

AULA 03 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS

ORIGENS DA FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)

Diálogo interdisciplinar com a Sociologia, a História, Arte e outras.

A palavra filosofia é uma palavra grega, composta de duas outras: PHILO, termo grego que quer dizer AMIGO, de PHILIA, amizade, e SOPHIA, também grega, que quer dizer SABEDORIA. Filosofia é amizade com a sabedoria. Filósofo é o amigo da sabedoria. De acordo com Marilena Chauí: “Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (c.570 a.C. – c.495 a.C.) a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os seres humanos podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.” (CHAUÍ, 2017: p.33.)

Como foi visto anteriormente, antes de existirem a filosofia e as ciências, os fatos naturais e até mesmo da vida humana eram explicados pelos mitos e pelas religiões, que tiveram sua origem, por sua vez, na crença na existência de algo sagrado na natureza e no universo: seres divinos, por exemplo, que se transformaram em deuses, deusas, que viriam a ser adorados, inclusive, em locais determinados e, como o tempo e o desenvolvimento das sociedades, em templos, dependendo da sociedade.

O SAGRADO (Wikipédia – Imagens): https://it.wikipedia.org/wiki/Sacro

Em slides:

https://it.wikipedia.org/wiki/Sacro#/media/File:Gabillou_Sorcier.png

Sagrado é o que está separado, aquilo que pertence à ordem do divino, isto é, o que está ligado diretamente a Deus ou aos deuses e deusas e outros seres imortais. O local onde se faz oração (uma árvore, um monte, um templo, etc.) não é o mesmo onde ser realizam coisas cotidianas da vida das pessoas (por exemplo: cozinha; locais de caça, etc.).

TEMPLO (Wikipédia – imagens): https://en.wikipedia.org/wiki/Temple

Em slides: (Obs.: templos – em sociedades mais desenvolvidas.)

https://en.wikipedia.org/wiki/Temple#/media/File:G%C3%B6bekli_Tepe,_Urfa.jpg

A filosofia diverge dos mitos. Vejamos o quadro comparativo:

MITO

FILOSOFIA

Dá uma explicação sagrada, divina, para o que ocorre na natureza (exemplo: o relâmpago de Zeus).

Busca uma explicação racional que parte da própria natureza. Por exemplo: Leucipo e Demócrito de Abdera propuseram que tudo é feito de átomos. Antes deles, Tales, da água.

Apela para o divino para entender os fenômenos: o relâmpago que cai é o raio lançado por Zeus a partir do Olimpo ou dos Céus (gregos); o trabalho duro do dia a dia é fruto de uma desobediência primordial (mitos de Prometeu e Pandora e de Adão e Eva, por exemplo).

Ainda que nem sempre negue os deuses, a filosofia apela para a RAZÃO (o logos, em grego), a partir da observação atenta e reflexiva acerca dos fenômenos.

O mito é aceito pelo grupo ou povo a que pertence como uma verdade, muitas vezes, incontestável.

As descobertas e afirmações da filosofia são postas em discussão, podendo sofrer questionamentos e até mesmo virem a ser derrubadas.

Acrítico ou quase acrítico. Quem aceita o mito não faz a crítica, mas, por conta de seu caráter sagrado, aceita-o como verdade e, em religiões estruturadas, até como dogma (verdade inquestionável).

Crítica. A filosofia problematiza, questiona, “cutuca” as crenças em verdades seculares e até mesmo milenares.

Junto com o mito vão os ritos ou rituais, isto é, as celebrações aos deuses, deusas, a seres sagrados.

A filosofia, ainda que não negue os deuses, não admite o apelo explicativo da realidade a eles, nem os celebra.

O mito apela para o mágico, ou seja, para a crença de que por trás dos fenômenos naturais há forças mágicas (forças divinas) que atuam sobre eles. Por exemplo: os ventos do deus Éolo (grego).

A filosofia apela para o pensamento reflexivo, crítico (questionador, problematizador), que busca na própria natureza e nos fatos da realidade uma explicação ou conjunto de explicações a fornecer uma compreensão precisa. A isto une o debate caloroso de ideias, pela própria filosofia incentivado.

Estes são alguns pontos de diferença entre mito e filosofia. Outros poderão ser encontrados em livros didáticos e até mesmo na internet.

Mas o mito é irracional (destituído de razão, de pensamento, de reflexão)? NÃO. Os mitos, sem dúvida alguma, foram fundamentais até mesmo para o posterior nascimento da filosofia. Como assim? Os mitos fazem uso da PALAVRA (logos, em grego) para serem comunicados. A filosofia também, ainda que seja a palavra do debate caloroso e crítico. Os mitos apontam fatos que são frutos de observação, como, por exemplo (interessante exemplo): Adão é feito de barro, ou seja, feito de matéria-prima advinda da terra, junto com o sopro divino (a alma, dada por Deus) – em outras mitologias também é tirado do barro; a água, a terra e o ar, além do fogo, que aparecem em vários filósofos antigos (a água de Tales, o ar de Anaxímenes, a terra de Xenófanes de Cólofon, o fogo de Heráclito) como princípios originantes de todas as coisas, encontram-se na terra ou acima dela. A separação da explicação filosófica em relação à explicação religiosa e mítica não se deu por um rompimento abrupto (de uma vez e de uma hora para outra), foi um processo que levou tempo mas que foi sendo realizado.

O que veio primeiro: as ciências ou a filosofia?

Depende de como encararmos essa questão: se ela se referir às ciências tais como as temos hoje, a filosofia é mais antiga e é, inclusive, mãe de várias delas (p. ex.: da psicologia, da física); se entendermos ciências como conhecimentos, saberes, aí são mais antigas que a filosofia – por exemplo: a matemática é mais antiga que a filosofia, a medicina também é, a astronomia enquanto mapeamento e conhecimento dos céus para, por exemplo, se fazer calendários e para outros fins, entre outros saberes.

IMAGENS (CIÊNCIA): https://it.wikipedia.org/wiki/Scienza

Em slides:

https://it.wikipedia.org/wiki/Scienza#/media/File:Tito_Lessi_-_Galileo_and_Viviani.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Technology#/media/File:Dampfturbine_Montage01.jpg

O que diferencia a filosofia das demais ciências atuais e que a marca desde o princípio, de suas origens?

De onde tudo veio? Como tudo surgiu? São perguntas que os seres humanos fazem, com certeza, desde o momento em que aprenderam a fazer uso da linguagem falada. A filosofia as fez outrora, através dos primeiros filósofos gregos, por exemplo. A Física e a Química modernas fizeram essas perguntas também. Em todos esses casos, buscaram-se respostas.

IMAGENS DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_ci%C3%AAncia

Em slides:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_ci%C3%AAncia#/media/Ficheiro:SumerianClayTablet,palm-sized422BCE.jpg

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia#/media/Ficheiro:Levallois_Preferencial-Animation.gif

A filosofia busca ir até mesmo além das ciências:

Onde as ciências tratam do conhecimento científico, a filosofia pergunta: Como é possível o conhecimento científico? Como o cientista descobre? A que propósitos e interesses servem os conhecimentos científicos? A ciência é neutra (isto é, destituída de qualquer interesse político-econômico)? A ciência tem ética? Além de outras tantas.

Nesse sentido, a filosofia pode se dedicar também à busca do conhecimento a respeito dos procedimentos de ciências particulares. Deste modo, nasceram: a Filosofia da Física, a Filosofia das Ciências, a Epistemologia (filosofia do conhecimento científico), a Filosofia da Matemática, a Filosofia da Educação, a Filosofia da Química, etc.

A filosofia não vê nas ciências um caráter mágico e hermético (oculto, fechado) nas ciências. Mas sabe que as ciências têm uma estrutura, sabe que cada cientista produz conhecimento e faz descobertas a partir do aprendizado que teve e de pesquisas, por exemplo, em laboratórios, com instrumentos de precisão.

IMAGENS (Laboratório):

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Laborat%C3%B3rio

Em slides:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Laborat%C3%B3rio#/media/Ficheiro:Lab_bench.jpg

https://en.wikipedia.org/wiki/Laboratory#/media/File:CICB's_Laboratory.jpg

Assim como as ciências e os conhecimentos humanos em geral, a Filosofia, que é um desses conhecimentos, tem uma história. Ela se encontra no tempo e no espaço, ora buscando respostas para as questões que são postas em cada tempo, ora fazendo perguntas que vão além desse tempo, tanto aquelas que recuam até o passado distante quanto as que adentram no futuro.

REFERÊNCIAS:

ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS, Maria H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. 4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.

CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.

WIKIPÉDIA. Verbetes: Sagrado, Templo, Ciência, Laboratório. Disponíveis em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 03 de fevereiro de 2024.

MATERIAL COMPLEMENTAR (EM POESIA):

 

FILOSOFIA EM POESIA 1: O mito e os pré-socráticos.

(Prof. José Antônio Brazão.)

Um possível bom meio ou recurso de trabalho didático no tratamento das ideias filosóficas é a transformação destas em poesias simples e, com certeza, muito úteis. Um exemplo a seguir. Pode ser escrito no quadro ou repassado em slides ou cópias fotocopiadas.

UMA BELA HISTÓRIA (Prof. José Antônio Brazão.)

Uma bela história registrar:

O nascimento da filosofia,

Em suas origens,

Eu vou narrar.

 

No início, de deuses e deusas,

Por mitos, muita gente contava

Histórias fabulosas

Que a imaginação criava.

 

Deusas e deuses, de imensos poderes,

Na natureza e no cosmos atuavam.

Para obter seus favores,

Os seres humanos oravam.

 

Poetas chamados aedos

E outros conhecidos por rapsodos,

Em seus poemas, os cantavam

E feitos divinos registravam.

 

Agricultura, comércio, guerras e escravidão,

Póleis, cidades-estados, a crescer,

Monumentos e magníficos prédios em construção,

Nesse contexto, novas ideias a florescer.

 

Por toda a Grécia antiga

Aqueles poetas se espalhavam.

De deuses e deusas até alguma intriga

Não ocultavam.

 

Muito humanos os seres divinos pareciam,

Seres poderosos eram com certeza,

Eternos e imortais os relatos os definiam

Dos poetas que os contavam com presteza.

 

Ouvindo de outros povos pessoas comuns e mercadores

De deusas e deuses as histórias que contavam,

Alguns homens argutos e observadores,

Por serem diferentes, desconfiaram.

 

Desejando melhor a natureza e o mundo entender,

Respostas mais claras e profundas queriam achar,

Observações e estudos começaram a empreender

E em princípios criam as poder encontrar.

 

Nas colônias gregas viviam

Da Ásia Menor e da Magna Grécia,

Buscando fugir das certezas a inércia

Contrapondo ao que os mitos diziam.

 

O primeiro princípio foi a água

Do filósofo Tales de Mileto:

Para além dos mitos navegava,

Certo de que por ela tudo é feito.

 

A seguir, outros princípios,

Por filósofos denodados,

Foram levantados,

Dando à filosofia seus inícios.

 

Dizia Anaxímenes que tudo do ar viera;

Anaximandro, de um tal Ápeiron,

Ou da terra de Xenófanes de Cólofon

Todo existente nascera.

 

Dos números surgiu o cosmos,

Como na música a beleza se tocava,

Segundo o filósofo de Samos,

Que Pitágoras se chamava.

 

Da filosofia o nome se originou

Do fato de que, com muita alegria,

Por crer-se amigo da sabedoria,

Pitágoras filósofo se nomeou.

 

Da música a harmonia o inspirou.

No monocórdio, de diferentes sons

Sete notas Pitágoras descobriu,

Percebendo aí o enlace de diferentes tons.

 

Parte de da Matemática o sistema,

O quadrado da hipotenusa

Da soma dos quadrados dos catetos resulta:

De Pitágoras eis o famoso teorema.

 

De fogo, o princípio, para Heráclito de Éfeso,

Todo existente se compõe

Mas algo mais viu o filósofo:

Em tudo o devir-movimento se dispõe.

 

Parmênides de Eleia a Heráclito contradiz

Movimento é ilusão

Para os olhos falsa diversão

Mas que de nada é matriz.

 

Em Eleia outro filósofo apareceu

Zenão por nome tratamento

Do mestre Parmênides o pensamento

Na forma de argumentos defendeu.

 

Um dos argumentos dizia

Que se, à frente de Aquiles, no espaço,

Numa corrida, a tartaruga desse um passo,

O grande guerreiro jamais a alcançaria.

 

Subdividido matematicamente

O espaço pode ser infinitamente

À frente de Aquiles, portanto, um pouco avançada,

A razão diz que a tartaruga não pode ser alcançada.

 

Os parmenídicos argumentos são mantidos,

Pois o movimento que mostram os sentidos

Do humano ser provou-se ser puríssima ilusão,

Porquanto muito mais certa é a humana razão.

 

Empédocles quatro princípios resolveu juntar

Ar, água, terra e fogo,

Que variados seres formam logo

Ao dar-se em precisos modos seu combinar.

 

Anaxágoras minúsculas partículas dizia

Comporem toda a pluralidade

Por disporem, em cada diverso, igualdades

Cada uma delas denominou homeomeria.

 

Leucipo e Demócrito observaram dos seres o dividir

A existência de muitas partículas indivisíveis

Aos olhos humanos, sozinhas, invisíveis

Usando a inteligência, acabaram por concluir.

 

Os átomos, indivisíveis partículas definidas,

Milênios depois, por cientistas comprovados

Postos em tabela por períodos dividida

Hoje, por fissão nuclear estilhaçados.

 

Da filosofia a grande história aí se iniciou

Com o uso do logos-palavra-razão-discurso

Nas colônias da antiga Grécia o curso

De um novo modo de pensamento se firmou.

 

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