SECRETARIA DE SEGURANÇA
PÚBLICA/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
COMANDO DE
ENSINO POLICIAL MILITAR
CEPMG -
VASCO DOS REIS
Divisão de
Ensino / Coordenação Pedagógica
PRIMEIRO BIMESTRE
AULA 03 DE FILOSOFIA DOS PRIMEIROS ANOS
ORIGENS
DA FILOSOFIA (Prof. José Antônio Brazão.)
Diálogo
interdisciplinar com a Sociologia, a História, Arte e outras.
A palavra filosofia é uma palavra grega, composta
de duas outras: PHILO, termo grego que quer dizer AMIGO, de PHILIA, amizade, e
SOPHIA, também grega, que quer dizer SABEDORIA. Filosofia é amizade com a
sabedoria. Filósofo é o amigo da sabedoria. De acordo com Marilena Chauí:
“Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (c.570 a.C. – c.495 a.C.) a
invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e
completa pertence aos deuses, mas que os seres humanos podem desejá-la ou amá-la,
tornando-se filósofos.” (CHAUÍ, 2017: p.33.)
Como foi visto anteriormente, antes de existirem a
filosofia e as ciências, os fatos naturais e até mesmo da vida humana eram
explicados pelos mitos e pelas religiões, que tiveram sua origem, por sua vez,
na crença na existência de algo sagrado na natureza e no universo: seres
divinos, por exemplo, que se transformaram em deuses, deusas, que viriam a ser
adorados, inclusive, em locais determinados e, como o tempo e o desenvolvimento
das sociedades, em templos, dependendo da sociedade.
O SAGRADO (Wikipédia – Imagens): https://it.wikipedia.org/wiki/Sacro
Em slides:
https://it.wikipedia.org/wiki/Sacro#/media/File:Gabillou_Sorcier.png
Sagrado é o que está separado, aquilo que pertence
à ordem do divino, isto é, o que está ligado diretamente a Deus ou aos deuses e
deusas e outros seres imortais. O local onde se faz oração (uma árvore, um
monte, um templo, etc.) não é o mesmo onde ser realizam coisas cotidianas da
vida das pessoas (por exemplo: cozinha; locais de caça, etc.).
TEMPLO (Wikipédia – imagens): https://en.wikipedia.org/wiki/Temple
Em slides: (Obs.: templos – em sociedades
mais desenvolvidas.)
https://en.wikipedia.org/wiki/Temple#/media/File:G%C3%B6bekli_Tepe,_Urfa.jpg
A filosofia diverge dos mitos. Vejamos o quadro
comparativo:
MITO |
FILOSOFIA |
Dá uma explicação
sagrada, divina, para o que ocorre na natureza (exemplo: o relâmpago de
Zeus). |
Busca uma
explicação racional que parte da própria natureza. Por exemplo: Leucipo e
Demócrito de Abdera propuseram que tudo é feito de átomos. Antes deles,
Tales, da água. |
Apela para o
divino para entender os fenômenos: o relâmpago que cai é o raio lançado por
Zeus a partir do Olimpo ou dos Céus (gregos); o trabalho duro do dia a dia é
fruto de uma desobediência primordial (mitos de Prometeu e Pandora e de Adão
e Eva, por exemplo). |
Ainda que nem
sempre negue os deuses, a filosofia apela para a RAZÃO (o logos, em grego), a partir da
observação atenta e reflexiva acerca dos fenômenos. |
O mito é aceito
pelo grupo ou povo a que pertence como uma verdade, muitas vezes,
incontestável. |
As descobertas e
afirmações da filosofia são postas em discussão, podendo sofrer
questionamentos e até mesmo virem a ser derrubadas. |
Acrítico ou quase
acrítico. Quem aceita o mito não faz a crítica, mas, por conta de seu caráter
sagrado, aceita-o como verdade e, em religiões estruturadas, até como dogma
(verdade inquestionável). |
Crítica. A
filosofia problematiza, questiona, “cutuca” as crenças em verdades seculares
e até mesmo milenares. |
Junto com o mito
vão os ritos ou rituais, isto é, as celebrações aos deuses, deusas, a seres
sagrados. |
A filosofia,
ainda que não negue os deuses, não admite o apelo explicativo da realidade a
eles, nem os celebra. |
O mito apela para
o mágico, ou seja, para a crença de que por trás dos fenômenos naturais há
forças mágicas (forças divinas) que atuam sobre eles. Por exemplo: os ventos
do deus Éolo (grego). |
A filosofia apela
para o pensamento reflexivo, crítico (questionador, problematizador), que
busca na própria natureza e nos fatos da realidade uma explicação ou conjunto
de explicações a fornecer uma compreensão precisa. A isto une o debate
caloroso de ideias, pela própria filosofia incentivado. |
Estes são alguns pontos de diferença entre mito e
filosofia. Outros poderão ser encontrados em livros didáticos e até mesmo na
internet. |
Mas o mito é irracional (destituído de razão, de
pensamento, de reflexão)? NÃO. Os mitos, sem dúvida alguma, foram fundamentais
até mesmo para o posterior nascimento da filosofia. Como assim? Os mitos fazem
uso da PALAVRA (logos, em grego) para
serem comunicados. A filosofia também, ainda que seja a palavra do debate
caloroso e crítico. Os mitos apontam fatos que são frutos de observação, como,
por exemplo (interessante exemplo): Adão é feito de barro, ou seja, feito de
matéria-prima advinda da terra, junto com o sopro divino (a alma, dada por
Deus) – em outras mitologias também é tirado do barro; a água, a terra e o ar,
além do fogo, que aparecem em vários filósofos antigos (a água de Tales, o ar
de Anaxímenes, a terra de Xenófanes de Cólofon, o fogo de Heráclito) como
princípios originantes de todas as coisas, encontram-se na terra ou acima dela.
A separação da explicação filosófica em relação à explicação religiosa e mítica
não se deu por um rompimento abrupto (de uma vez e de uma hora para outra), foi
um processo que levou tempo mas que foi sendo realizado.
O que veio primeiro: as ciências ou a filosofia?
Depende de como encararmos essa questão: se ela se
referir às ciências tais como as temos hoje, a filosofia é mais antiga e é,
inclusive, mãe de várias delas (p. ex.: da psicologia, da física); se
entendermos ciências como conhecimentos, saberes, aí são mais antigas que a
filosofia – por exemplo: a matemática é mais antiga que a filosofia, a medicina
também é, a astronomia enquanto mapeamento e conhecimento dos céus para, por
exemplo, se fazer calendários e para outros fins, entre outros saberes.
IMAGENS (CIÊNCIA): https://it.wikipedia.org/wiki/Scienza
Em slides:
https://it.wikipedia.org/wiki/Scienza#/media/File:Tito_Lessi_-_Galileo_and_Viviani.jpg
https://en.wikipedia.org/wiki/Technology#/media/File:Dampfturbine_Montage01.jpg
O que diferencia a filosofia das demais ciências
atuais e que a marca desde o princípio, de suas origens?
De onde tudo veio? Como tudo surgiu? São perguntas
que os seres humanos fazem, com certeza, desde o momento em que aprenderam a
fazer uso da linguagem falada. A filosofia as fez outrora, através dos
primeiros filósofos gregos, por exemplo. A Física e a Química modernas fizeram
essas perguntas também. Em todos esses casos, buscaram-se respostas.
IMAGENS DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_ci%C3%AAncia
Em slides:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia#/media/Ficheiro:Levallois_Preferencial-Animation.gif
A filosofia busca ir até mesmo além das ciências:
Onde as ciências tratam do conhecimento científico,
a filosofia pergunta: Como é possível o conhecimento científico? Como o
cientista descobre? A que propósitos e interesses servem os conhecimentos
científicos? A ciência é neutra (isto é, destituída de qualquer interesse
político-econômico)? A ciência tem ética? Além de outras tantas.
Nesse sentido, a filosofia pode se dedicar também à
busca do conhecimento a respeito dos procedimentos de ciências particulares.
Deste modo, nasceram: a Filosofia da Física, a Filosofia das Ciências, a
Epistemologia (filosofia do conhecimento científico), a Filosofia da
Matemática, a Filosofia da Educação, a Filosofia da Química, etc.
A filosofia não vê nas ciências um caráter mágico e
hermético (oculto, fechado) nas ciências. Mas sabe que as ciências têm uma
estrutura, sabe que cada cientista produz conhecimento e faz descobertas a
partir do aprendizado que teve e de pesquisas, por exemplo, em laboratórios,
com instrumentos de precisão.
IMAGENS (Laboratório):
https://pt.wikipedia.org/wiki/Laborat%C3%B3rio
Em slides:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Laborat%C3%B3rio#/media/Ficheiro:Lab_bench.jpg
https://en.wikipedia.org/wiki/Laboratory#/media/File:CICB's_Laboratory.jpg
Assim como as ciências e os conhecimentos humanos
em geral, a Filosofia, que é um desses conhecimentos, tem uma história. Ela se
encontra no tempo e no espaço, ora buscando respostas para as questões que são
postas em cada tempo, ora fazendo perguntas que vão além desse tempo, tanto
aquelas que recuam até o passado distante quanto as que adentram no futuro.
REFERÊNCIAS:
ARANHA, Maria L. de A. e MARTINS, Maria H.
P. Filosofando: Introdução à Filosofia.
4.ed. São Paulo, Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. 3.ed. São Paulo, Ática, 2017.
WIKIPÉDIA. Verbetes: Sagrado, Templo,
Ciência, Laboratório. Disponíveis em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal > Acesso em 03 de fevereiro de 2024.
MATERIAL COMPLEMENTAR (EM POESIA):
FILOSOFIA EM POESIA 1: O mito e os
pré-socráticos.
(Prof. José Antônio Brazão.)
Um possível bom meio ou recurso de trabalho
didático no tratamento das ideias filosóficas é a transformação destas em
poesias simples e, com certeza, muito úteis. Um exemplo a seguir. Pode ser
escrito no quadro ou repassado em slides ou cópias fotocopiadas.
UMA BELA HISTÓRIA (Prof. José Antônio Brazão.)
Uma bela história registrar:
O nascimento da filosofia,
Em suas origens,
Eu vou narrar.
No início, de deuses e deusas,
Por mitos, muita gente contava
Histórias fabulosas
Que a imaginação criava.
Deusas e deuses, de imensos poderes,
Na natureza e no cosmos atuavam.
Para obter seus favores,
Os seres humanos oravam.
Poetas chamados aedos
E outros conhecidos por rapsodos,
Em seus poemas, os cantavam
E feitos divinos registravam.
Agricultura, comércio, guerras e escravidão,
Póleis, cidades-estados, a crescer,
Monumentos e magníficos prédios em construção,
Nesse contexto, novas ideias a florescer.
Por toda a Grécia antiga
Aqueles poetas se espalhavam.
De deuses e deusas até alguma intriga
Não ocultavam.
Muito humanos os seres divinos pareciam,
Seres poderosos eram com certeza,
Eternos e imortais os relatos os definiam
Dos poetas que os contavam com presteza.
Ouvindo de outros povos pessoas comuns e
mercadores
De deusas e deuses as histórias que contavam,
Alguns homens argutos e observadores,
Por serem diferentes, desconfiaram.
Desejando melhor a natureza e o mundo
entender,
Respostas mais claras e profundas queriam
achar,
Observações e estudos começaram a empreender
E em princípios criam as poder encontrar.
Nas colônias gregas viviam
Da Ásia Menor e da Magna Grécia,
Buscando fugir das certezas a inércia
Contrapondo ao que os mitos diziam.
O primeiro princípio foi a água
Do filósofo Tales de Mileto:
Para além dos mitos navegava,
Certo de que por ela tudo é feito.
A seguir, outros princípios,
Por filósofos denodados,
Foram levantados,
Dando à filosofia seus inícios.
Dizia Anaxímenes que tudo do ar viera;
Anaximandro, de um tal Ápeiron,
Ou da terra de Xenófanes de Cólofon
Todo existente nascera.
Dos números surgiu o cosmos,
Como na música a beleza se tocava,
Segundo o filósofo de Samos,
Que Pitágoras se chamava.
Da filosofia o nome se originou
Do fato de que, com muita alegria,
Por crer-se amigo da sabedoria,
Pitágoras filósofo se nomeou.
Da música a harmonia o inspirou.
No monocórdio, de diferentes sons
Sete notas Pitágoras descobriu,
Percebendo aí o enlace de diferentes tons.
Parte de da Matemática o sistema,
O quadrado da hipotenusa
Da soma dos quadrados dos catetos resulta:
De Pitágoras eis o famoso teorema.
De fogo, o princípio, para Heráclito de Éfeso,
Todo existente se compõe
Mas algo mais viu o filósofo:
Em tudo o devir-movimento se dispõe.
Parmênides de Eleia a Heráclito contradiz
Movimento é ilusão
Para os olhos falsa diversão
Mas que de nada é matriz.
Em Eleia outro filósofo apareceu
Zenão por nome tratamento
Do mestre Parmênides o pensamento
Na forma de argumentos defendeu.
Um dos argumentos dizia
Que se, à frente de Aquiles, no espaço,
Numa corrida, a tartaruga desse um passo,
O grande guerreiro jamais a alcançaria.
Subdividido matematicamente
O espaço pode ser infinitamente
À frente de Aquiles, portanto, um pouco
avançada,
A razão diz que a tartaruga não pode ser
alcançada.
Os parmenídicos argumentos são mantidos,
Pois o movimento que mostram os sentidos
Do humano ser provou-se ser puríssima ilusão,
Porquanto muito mais certa é a humana razão.
Empédocles quatro princípios resolveu juntar
Ar, água, terra e fogo,
Que variados seres formam logo
Ao dar-se em precisos modos seu combinar.
Anaxágoras minúsculas partículas dizia
Comporem toda a pluralidade
Por disporem, em cada diverso, igualdades
Cada uma delas denominou homeomeria.
Leucipo e Demócrito observaram dos seres o
dividir
A existência de muitas partículas indivisíveis
Aos olhos humanos, sozinhas, invisíveis
Usando a inteligência, acabaram por concluir.
Os átomos, indivisíveis partículas definidas,
Milênios depois, por cientistas comprovados
Postos em tabela por períodos dividida
Hoje, por fissão nuclear estilhaçados.
Da filosofia a grande história aí se iniciou
Com o uso do logos-palavra-razão-discurso
Nas colônias da antiga Grécia o curso
De um novo modo de pensamento se firmou.
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